Acredito que até percebam da poda, mas apetece-me falar nisto. Porque sim.
Parece que o projecto de um tal de Freeport foi viabilizado ao mesmo tempo que os limites de uma ZPE foram alterados. Ou melhor, redefinidos. Ou ainda melhor, clarificados.
Não sei, não faço a mínima ideia do que aconteceu por lá, mas sei o que pode ser uma redefinição de limites de uma Zona de Proteção Especial. E pode ser isto, querem ver?
Aqui ao lado está uma carta. A carta da Reserva Ecológica do Concelho de Faro. Fui buscá-la à net, não fiquem já com ideias.
Nesta carta, se a aumentarem, podem ver uma linha que marca os limites da Reserva Natural da Ria Formosa. É a linha do "pode não pode", do "até constroi ou não põe tijolo de maneira nenhuma". Continuem a aumentar o mapa e olhem para a legenda. Ao fundo, no canto direito, tem a escala - 1/25000. Agora, e se quiserem, meçam a espessura da linha. Podemos fazer contas?
Se a linha tiver um milímetro de espessura isso quer dizer que ocupa 25 metros de terreno. Como estas linhas são feitas em cartas, que eu juro que nunca as vi desenhadas na terra, onde estão aqueles 25 metros? É que continuemos a brincar. Vamos supor que têm um terrenozito ali na zona, sei lá, uns 300 hectares, e aquela linha passa lá pelo meio e aquela linha diz que de um dos lados podem construir qualquer coisinha e do outro é melhor estarem quietos.
25 metros, não é? Agora vamos supor que esses 25 metros se estendem por dois quilómetros, e garanto que estou a ser meiga, que pode ser por muitos mais. Ora bem, feitas as contas, 25 metros vezes dois mil metros dá cinquenta mil metros quadrados, portanto temos cinco hectares de linha. Cinco. E ali, naqules cinco hectares, ninguém sabe o que se pode fazer.
E isso interessa para quê? Cinco hectares em trezentos? Parecem pormenores, pormenores tão pequenos como o milímetro de grossura da linha. Pois é, mas se nos trezentoshectares que o avô vos deixou só foram urbanizáveis sessenta e se o PDM disser que na zona urbanizável podem construir 40 fogos por hectare, ou se quiserem brincar aos hoteleiros disser que a densidade de ocupação máxima são 12 camas por hectare, aquela linha representa mais, ou menos, 60 camas ou 200 casas. Tanta coisa para uma linha tão fina, não é?
Mas isto sou só eu a pensar. A pensar como se agitam bandeiras e a malta fica com o coração aos saltos a pensar nas pobres avezinhas que já não têm onde fazer os ninhos e criar os filhinhos porque se alteraram limites de um Parque Natural. E às vezes, muitas vezes, o que se discute é o milímetro daquela linha.
O Freeport foi aprovado e os limites de uma ZPE foram alterados? Foram. Já fiz compras no Freeport, já vi as alterações da lei, tudo verdade verdadinha. Agora algum dos muitos que andam para aqui a bracejar por o sacana do Sócrates ter alterado a lei e clarificado os limites sabe se o que estava em discussão era muito mais que a largura de uma linha? Ou outra coisinha fininha assim?
Eu não sei, mas é por não saber que ainda não apontei dedos.
Mas claro, esqueci-me de falar num outro pormenor. Os tais cinco milhões.
A seguir - O (in)crível Mr. Smith
Sim City
Morenos Giros
Cuidados e caldos de galinha...
O Google prega algumas partidas engraçadas. Ou sem graça nenhuma.
Fiz uma pesquisa no meu PC com o nome de uma empresa e apareceram-me os resultados do Google mais uns tantos no Google Desktop. Achei estranhos estes resultados no desktop, porque não era suposto este nome aparecer em ficheiros aqui guardados, e tive a surpresa do dia.
Já por algumas vezes que um amigo (e para o caso não preciso de dar mais explicações) usou o meu computador para aceder à caixa de correio dele. À profissional.
Login. Password. Abriu, leu, fechou.
Tudo certo se o Google Desktop não tivesse guardado en cache todos os emails por ele abertos. E hoje aqui estavam. Os emails, os endereços, os anexos abertos. Tudinho.
Quantas vezes eu não fiz já o mesmo em computadores estranhos. A pergunta "Posso ver só o meu correio?" já faz parte da gíria. Da minha e, certamente, da vossa. Pois eu não vou voltar a fazê-la que não me agrada nada andar a deixar cópias dos meus emails em computadores que não são meus.
Loiros giros
Por falar dessa água...
Estive a ver uma jornalista na SIC (na RTP, mil perdões...) a dissecar com mestria a informação existente acerca dos factos ligados ao Freeport, revelando à vontade e entendimento perfeito nestas coisas da corrupção política e dos abusos de poder.
Desta água nunca bebi nem nunca beberei?
Chegaram um dia de manhãzinha e num instante já só se via fumo. Parecia milagre.
A Serra do Caldeirão estava há dias a arder e não havia maneira de darem conta daquilo. O fogo vinha de Almodôvar e já chegava a Tavira e aqui, a quase setenta quilómetros de distância, as chamas viam-se tão perto que despachei as miúdas para casa da avó. Por esses dias viviamos colados às notícias mas os aviões não havia maneira de chegarem. Por cá estavam todos ocupados e lá de fora só vinham negas.
Naquela manhã vieram dois, apagaram o fogo e foram-se embora como chegaram. Sem dar grandes satisfações a ninguém.
A história destes aviões soube-a mais tarde, meses mais tarde. Quem me a contou foi um dos intervenientes nela, mas aqui, nesta praça pública, olvidam-se-me convenientemente os nomes das personagens principais. O resto conta-se depressa.
Vivia-se um Verão complicado em França e o Presidente da República mandou que todo o seu governo cancelasse as férias. Viagens só em trabalho.
E foi em trabalho que o première deles teve que vir a Lisboa. Numa sexta feira. Despachado o serviço montou no avião oficial e à sucapa, muito à sucapa, veio até ao Sul que aqui é que se está bem e tinha cá muitos amigos.
Quando entrou na Club House não levava calças curtas mas o boné estava enterrado na cabeça. Tão enterrado que só o reconheceram pelo calão habitual. Cumprimentos, abraços, e a seguir a conversa vai directa para o Inferno que lá dos céus viu nas serras.
Aviões. Só mesmo aviões iam conseguir apagar aquilo. Porque raio o nosso governo não mandava os aviões?
Não havia aviões. Nós não tinhamos e os russos e os franceses estavam a pedir um preço que não podiamos pagar. Aquilo ia arder tudo.
Ia? Não, não ia, que amigos são assim, sempre prontos a ajudar.
Foi logo ali, naquele fim de tarde de uma sexta feira, que foi feito o telefonema que apagou o fogo. Simples. Muito simples. Um telemóvel, uma ordem que nem precisou de ser explicada e ao outro dia, pela manhãzinha, os dois aviões franceses, aparecidos não se sabe como, apagaram o fogo da serra algarvia.
Quantas etiquetas podemos pôr aqui? Algumas, sem dúvida.
Tráfico de influências. Corrupção (agradar a um amigo é uma vantagem, mesmo que não seja paga com os tremoços do costume). Abuso de poder. Tudo e mais alguma coisa.
Mas as perguntas, as únicas perguntas para as quais não tenho resposta, são quantos de nós, naquela mesa e naquele dia, tinhamos resistido sem meter a cunha? E quantos de nós, no lugar do outro, tinhamos deixado de fazer o tal telefonema?
O respeitinho anda pelas ruas da amargura.
Telefonou agora da escola. Ela e os colegas à volta do telefone. Precisavam da minha ajuda.
Por favoooor... Vá láaaa...
Hummm!
Vozes untuosas, o A. a ajudar no coro, o telefone do D... Não devia ser para lhes explicar uma matéria qualquer para o teste de amanhã. Dali só podia vir asneira.
Mamã, és a nossa fonte de inspiração, estamos todos a contar contigo...
O meu que querem? já saiu na defensiva, muito na defensiva.
O F. pôs bombinhas de mau cheiro nas nossas cadeiras. Precisamos que nos arranjes uma partida muito boa para lhe pregarmos.
Raio dos miúdos. Eu sou fonte de inspiração!!???
Será que isto foi por ontem me terem pedido uma sugestão para o nome da equipa no Concurso de Leitura, eu lhes ter dito que era giro se fosse um nome de um livro e eles me terem começado a olhar de lado até lhes atirar com " Os cus de Judas"?
Caramba, baralham tudo. Isto foi uma manobra educativa. Sairam daqui a saber quem era o Lobo Antunes, o Saramago e os prémios Nobel (estranha associação de ideias... nem sei porquê...).
Mas partidas? Eu sou a fornecedora oficial de partidas? Será que não vou nunca conseguir que me respeitem? Afinal sou uma adulta, não sou?
Levámos um selo!
E foi bem no meio da testa.
Pelo que parece a Sofia acha que o Cabra traduz um pouco das loucuras de seus/suas escritores/as e que aproveitamos este espaço para mostrar ao mundo, os nossos momentos de loucura, curiosidades, entretenimento, desabafos...
Não consigo perceber onde terá ela ido buscar esta ideia, mas um presente é um presente, portanto aqui fica.
(acho que temos de passar isto a outros 11 malucos mas eu não tenho jeito para essas coisas...)
Crédulos... muito crédulos...
Então acharam que eu ia perder uma oportunidade destas? Que ia ser assim, fácil como saltar à corda?
Aquele teste ali de baixo, lembram-se? O tal em que os nossos machos alfa garantem que fizeram o pleno?
Senhores, querem conhecer rabos quando nem sequer conhecem as mulheres?
Passou-vos pela cabeça que eu, que quer queiram ou não, sou uma gaija, ia dar as soluções de bandeja sem antes vos ver por aí a... sei lá, talvez rabiar?
As meninas que erraram e confessaram o erro talvez possam até ter feito o pleno. Os gaijos, os garganeiros, os tipos vividos, os de olho clínico que não falharam um, acabaram de ser enganados.
Por uma gaija.
E por sete rabos!
Querem as soluções certas? Mostrem primeiro os vossos resultados ou ficarão na dúvida para sempre.
Ai os gajos do Cabra apreciam um rabo giro?
Então ficam aqui 20. Só para vocês.
Giros? Apreciem bem que não é todos os dias que têm uma montra assim.
Já viram? Se precisarem de mais zoom já sabem, é só clicar na imagem.
Tudo apreciadinho? Como deve ser?
Então agora façam-me um favor e digam-me de vossa justiça. Peguem num papel e num lápis e a cada número dêem, não um ponto, mas um género. Homem ou mulher??
Pois é, quase que me atrevo a dizer que aqui é que o gajo distorce o rabo...
Soluções e conclusões no primeiro comentário.
(e sim, já sei, não falharam um...)
Precisa-se : Oposição
Até admito que deve ser frustrante para o PSD fartar-se de dar tiros e nunca acertar no porta aviões, mas cabeça fria era capaz de dar jeito, não?
Foi hoje apresentado, na Câmara da Guarda, o relatório sobre os projectos assinados por José Sócrates entre 1981 e 1990. Segundo foi noticiado as conclusões são que «não houve qualquer tratamento de favor dos processos em que assinava o senhor engenheiro José Sócrates relativamente aos outros processos assinados por quaisquer técnicos».
Não sei se é assim ou não, mas sei que a oposição PSD na Câmara da Guarda, pela voz da vereadora Ana Manso, já comunicou que «este relatório vai exigir uma leitura muito pormenorizada e, se as nossa dúvidas e preocupações não forem esclarecidas, enviaremos este relatório para o Ministério Público».
Dr.ª Ana Manso, a senhora tem um vasto curriculum, duas licenciaturas, uma pós graduação e ampla experiência como deputada, presumindo eu que deve ter uma ideia, ainda que vaga, das leis da República. Assim sendo, diga-me lá, quer que o Ministério Público faça o quê? É que mesmo que haja por aí marosca, muita marosca, já lá vão 19 anos no mínimo e diga-me, Doutora, quantos crimes conhece que 19 anos depois ainda não estejam prescritos? Se a prescrição extingue o procedimento criminal que vai o Ministério Público fazer, para além de gastar o nosso dinheiro, com uma investigação ferida de morte à partida?
Continuo a dizer que até pode haver marosca mas, caso assim seja, ao cidadão José Sócrates já não podem ser pedidas responsabilidades. Resta o outro, o político, e esse não se sabe se terá que esclarecer qualquer coisinha, mas é para isso que nós, cidadãos, costumamos contar com a oposição. Infelizmente, e ao que parece, o PSD dos últimos tempos prefere que seja o Ministério Público a tratar dos seus assuntos, mesmo que, como é o caso, já não seja tido nem achado.
Quer um julgamento de carácter, Drª Ana Manso? Trate disso, mas sem agitar o papão dos Tribunais ou o único julgamento que pode ser feito é o seu e a conclusão talvez seja a de que a senhora é, politicamente, incompetente!
Ódios de estimação, as Irmãs
Há demasiada história entre nós. Às vezes somos as melhores amigas das amigas delas. Se são mais velhas, passaram muito tempo a escorraçar-nos quando queríamos fazer tudo tão bem como elas. A fazerem troça e a fecharem-nos a porta do quarto. Se são mais novas, passaram demasiado tempo a fazerem-se de sonsas e meninas do papá. Claro que quem discute à mesa e desbrava o terreno é a irmã mais velha. A mais nova já pode sair à noite e ir ao passeio de finalistas, afinal, a outra abriu o precedente. Há sempre uma que é mais desembaraçada que a outra, mas inexplicavelmente é sempre a outra, mais engraçada, a protegida. E passados tantos anos, ainda a vêmos a deitar-nos a língua de fora nas costas dos nossos pais.
Mas...!!!! Mas!!!!!!!.... (ou vice-versa)
Está tudo doido?
Ok, tenho uma semana um nadita mais complicada que o habitual e a minha agenda de reuniões já dispara para os meados de Fevereiro, mas isso não me parece motivo para aproveitarem o curral para escrever o que vos dá na telha. Então?? Mas isto é o da Joana Amaral ou quê??
Só para vos dar uma dica do porquê do meu espantado protesto cito algures os abaixo postados:
"...trazer uma super-bock fresca, que têm sensibilidade para não dirigir a palavra ao macho alfa sempre que o Sporting..."
"...vai para o altar, caladito que não estranha, podendo deixar correr uma lágrima de quando em vez..."
E decidi não abordar as caixinhas respectivas que me fariam citar de forma exaustiva e deprimente.
Sim, eu sei que tenho boas ideias
Tenho estado aqui a pensar que se em tempo de guerra não se limpam armas em tempo de crise tudo o que brilha é ouro. Ora, se assim é, porque andaremos nós cabras, que já provámos ser absolutamente brilhantes, a perder tempo com o que não nos dá provento?
Como no comer e no pensar tudo está no começar rapidamente concluí que nos poderiamos dedicar a uma actividade muito mais proveitosa, que nos rendesse qualquer coisinha, porque esta coisa de fazer posts é muito engraçada mas se não dá o pão muito menos nos consegue a manteiga e nós queriamos mesmo eram umas tostas com Beluga.
Acompanhem-me lá no meu raciocínio, o que se vende bem nestas alturas de pouca esperança e ainda menos dinheiro? Fé, meus caros, a Fé tem sempre mercado. Vai daí, identificado o produto, foi fácil descobrir o negócio adequado - vamos fundar uma igreja!
É que está mesmo a calhar pra nós.
Santo já temos, que é sempre o mais difícil, e o nosso até tem uma legião de crentes e tudo, rebanho também anda por aí e pastores não nos faltam.
'Tá visto, andámos a desperdiçar as nossas potencialidades mas eu, que não durmo na formatura, cá estou para nos fazer a todos ricos. Muito ricos.
PILIM. Pobre Igreja Livre e Independente da Malta (o pobre é só para enganar o fisco).
Aqui entre nós, esta é a melhor ideia que tive este ano portanto confiem em mim que ainda vão achar que o euromilhões é para tesos.
Para já, tratemos dos pormenores.
O Visconde fica encarregue do protocolo, redige o catecismo e faz contas aos dízimos involuntáriamente entregues. O Shark pode tirar as medidas para a opa e começar a escrever os sermões porque difícilmente arranjariamos melhor pregador. O Santo vai para o altar, caladito que não estranha, podendo deixar correr uma lágrima de quando em vez ou passar as mãos por alguma crente desvalida se precisarmos de curas milagrosas. A Gaija, que é de outra nação, está encarregue de expandir a nossa fé pelo mundo e abrir novas Missões, dado que já tem a perspectiva internacional da coisa, e a Gabs trata de arrebanhar os fiéis que por aqui não nos importamos que eles pensem que vêm para um blind date. Aliás, quanto mais blind forem melhor.
E eu? Eu vou ser a Bispa. Não é por me querer armar ao pingarelho, mas têm de convir que ser Bispa me assenta que nem uma luva e não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar vocações.
Está tudo? Não, claro que não. Falta o teólogo de serviço e esse só pode ser o Z. O Z vai fornecer-nos, como já o faz, de infinitos, astros, contemplações, amor ao próximo e místicas em geral.
Digam lá, temos ou não temos negócio? Aliás, igreja, enganei-me, que por enquanto sou só Bispa e a infalibilidade só me chega quando for Papa. E, esse sim, é o meu sonho. Terei, finalmente, uns sapatinhos vermelhos da Prada feitos à medida.
Breve nota explicativa do post lá de baixo, o das gajas serem gajos ou lá o que era
Machos alfa cá da casa: Designa um restrito e selectivo conjunto de indivíduos do sexo masculino, com assombroso sentido de humor, extremamente bem apessoados, com lendárias e bem documentadas capacidades ao nível físico e que têm em comum o facto de terem sido convidados a debitar as suas palavras sábias no blog “Cabra de Serviço”;
Mulheres desempenadas: Mulheres que não sofreram as agruras do tempo, que mantêm intocáveis os predicados que as faziam únicas na década de noventa, que têm as articulações absolutamente oleadas e vigorosas;
Nós cegos nas cabecinhas: Entulho que preenche as cabeças de determinados grupos específicos do género feminino e que lhes tolda a capacidade de discernimento. Normalmente tem raízes em acontecimentos funestos acontecidos durante as adolescências, nomeadamente rejeições amorosas por aquele tipo que entrava no “Dallas” e que elas sabiam que sorria só para elas e, no entanto, enveredou por uma vida de preferências sexuais alternativas;
Versáteis: Que falam em verso, com palavras que nos soam a pura poesia;
Conversas de Carroceiro: Linguagem grosseira, com recurso a conjugações de palavras desagradáveis, que não têm qualquer aderência com a realidade (exemplo: “Porto campeão”);
Sensíveis até à quinta casa decimal: Mulheres que prezam, acima do seu próprio interesse, o conforto do seu macho alfa, que têm capacidade de intuir o momento certo para trazer uma super-bock fresca, que têm sensibilidade para não dirigir a palavra ao macho alfa sempre que o Sporting, por redução ao absurdo, esteja em desvantagem num jogo de futebol;
Parzinhos com risos tontos: Designa dois indivíduos do género feminino que riem sem motivo aparente;
Abordar o giraço: Meter conversa com o Visconde de Vila do Conde;
Dizer ao giraço o que tem que ser dito: Informar o Visconde de Vila do Conde que o Horácio Inácio é muito melhor partido;
Fazer o giraço dar três piruetas: Isso mesmo…
O giraço que não querer outra coisa senão a companhia delas: O Visconde de Vila do Conde, enquanto puxa uma baforada no Cohiba Lanceros, aposta tudo no sete vermelho e segura o cálice de Hennessys numa das mãos, consegue ter ainda disponibilidade para perguntar “como está?” à loura que se aproxima sorridente;
Trocar um sorriso cúmplice entre elas: Quando duas mulheres sorriem entre si, enigmáticas e esse sorriso, descodificado, quer dizer “O Visconde comigo também foi sensacional…”;
Pensar sofisticadamente simples: Pensar como o Visconde de Vila do Conde;
Ter um ar cuidadosamente descuidado: Ter um aspecto parecido com o Visconde de Vila do Conde;
Fazer de conta que estão a ir, e na verdade já foram e já estão de volta: Nem eu sei porque escrevi isto, provavelmente seria uma figura de estilo.
Mulheres generosas: Mulheres que têm um decote generoso. Não deverá ser tentado por copas inferiores a D+++;
Mulheres gentis: Mulheres que se dão com muita gente, que alargam os seus horizontes contactando com grupos étnicos diferentes;
Mulheres que sabem estar: Mulheres que acenam afirmativamente com a cabeça enquanto o seu macho alfa discorre sobre temas que podem versar o mundano ou a problemática do ião de sódio e a sua influência na produção de batata do Azerbeijão e consequente alavancagem do índice Nikkei
Mulheres que não amuam por tudo e por nada: Lenda urbana, comparável ao abominável homem das neves;
Mulheres que têm um requintado sentido de humor de gajo: Designa o grupo de mulheres que, após leitura destas linhas, deixa comentários abonatórios ao seu autor;
(psst, Visconde, falta falar do principal, daquilo da moral sexual de um gajo…)
Um mundo por descobrir
Cheguei à triste conclusão que sou uma ignorante. Uma gaija atinge esta idade e ouve falar pela primeira vez de quecas à gaijo e quecas por telefone! Será que andei a perder alguma coisa? Os meus conhecimentos sobre a matéria são assim tão básicos? Sei que Natal é sempre que uma gaija quiser, mas já agora, quem sabe, podia entrar noutras festas, noutros carnavais, sei lá…
Apesar dos vários pedidos de esclarecimento às entidades que julgava competentes, uma esquiva-se ou remete a clarificação para um sulista voluntário que por sua vez me quer obrigar a fazer milhares de quilómetros para participar naquilo que, ninguém me garante, pode ser um workshop da treta. Posto isto, e porque suspeito que há para aí muita queca que desconheço, façam o favor de me iluminar.
Serão mesmo burras ou é boato?
É um facto que algures a malta de cabelo louro ganhou uma reputação de que não se livra tão depressa. E eu, que rejeito distinguir a capacidade das pessoas em função da cor da pele ou da largura das ancas (isto é só para dar um exemplo), dou comigo a pensar (sou moreno, claro) neste preconceito de cada vez que observo uma loura escultural.
E esforço-me por estudar os, vá lá, comportamentos e, digamos, as formas. De pensar e de se exprimirem, claro. Assim de repente não me saltam à vista os indicadores que comprovem a teoria em voga, pelo que gostava que no Cabra pudessemos contribuir para a confirmação ou para a desmistificação deste pressuposto tão arreigado no pensamento colectivo.
Claro que isto não é um problema da maior relevância para o mundo em geral e para mim em particular.
Mas é um pretexto tão bom como outro qualquer para justificar uma observação mais atenta da espécie em causa.
Confundir alhos e bugalhos.
Uma miúda de 14 anos está sozinha no campo de basquete de uma escola. Aparecem vários colegas que a cercam, começam a chamar-lhe nomes e a bater-lhe.
Razões para isso? Sei lá, podiam ser inúmeras - não iam com a cara dela, não os deixava copiar nos testes, não lhes emprestou a bola, era magra, gorda, alta, baixa, branca, preta, usava saias como as da Floribela ou cantarolava as músicas do José Castelo Branco.
Sei, e é isso que interessa, que o resultado final foram várias nódoas negras, dois dentes partidos e um enorme enxovalho. Também sei, porque a notícia o diz, que a miúda fez queixa ao conselho executivo da escola. Queria um pedido de desculpas e que lhe fossem pagas as despesas de dentista. A escola nada fez e foi apresentada pela mãe, em nome dela, uma queixa na polícia contra os colegas agressores. A queixa seguiu para Tribunal e a miúda ganhou o processo.
Certo? Sim, certo. Há uma agressão, a vítima apresenta queixa e os agressores são condenados. Se a miúda gostava do Castelo Branco, de saias à Floribela ou de pezinhos de coentrada e se foi por causa disso que lhe bateram é o que menos interessa. Não quero saber das razões, não há razões melhores ou piores, há violência física e verbal, dentro de uma escola, e essa tem de ser castigada e foi só essa que o Tribunal puniu. Os motivos são fúteis? Sim, podem ser, mas ela não se queixou por ter sido discriminada, o que também poderia ser crime, queixou-se por ter sido agredida.
Podem, então, explicar-me este título do Diário de Notícias? É que me parece que isto (também) é discriminação, apesar de ter a cobertura polida das boas intenções...
Tribunal dá razão a aluna lésbica vítima de agressão.
Ela foi agredida, diz no título, mas o Tribunal podia não lhe dar razão, era?
Imaginemos este título Tribunal dá razão a aluna sardenta vítima de agressão.
Estranho, não era?
Se se dissesse que uma miúda, numa escola, foi agredida por colegas por ser lésbica isso teria relevância, o enfoque estaria a ser posto nos motivos, agora dizerem que foi agredida, que o Tribunal lhe deu razão e que ela é lésbica parece-me um pouco disparatado. Ofensivo, até. Mas talvez seja um defeito meu, que tenho a pele muito fina e me arrepio com coisas de nada.
Coup d'oeil
Sim, eu sei que os bastidores despertam sempre muito mais curiosidade que o palco propriamente dito e que, muitos de vós, se interrogam de que falamos nós, os cabras, no privado.
Pois vou fazer de mágico de cara às riscas e desvendar-vos os nossos segredos.
Neste momento temos em discussão vários temas de importância nacional. Por mail, telefone e sms trocamos impressões sobre assuntos que não podem deixar de ser discutidos.
A saber:
- crepes com chocolate belga;
- xixis na cama;
- outros assuntos de somenos importância mas que metem ahnnnn... aiiiiiii... issoooo.. issooo
Santa terrinha.
Já todos vimos um julgamento americano num filme qualquer. E já todos vimos como não há por ali papel e mais papel, nem salamaleques, nem vossas excelências, nem sine deis, nem tempo a perder. Também já todos vimos como por lá se negoceia. O prosecuter faz bluff, o advogado de Defesa faz bluff, medem-se os bluffs, acusa-se para mais, defende-se para menos e lá chegam a um acordo qualquer pela mediania. O tipo matou mas as provas podem não chegar para uma condenação? Faz-se um negócio, claro, e aceita-se uma confissão de agressões graves que garante a pena.
Eficaz.
Pouco justo? Eu acho que não mas por cá, neste nosso país à beira mar plantado, esta é uma das primeiras enormidades que qualquer estudante de direito aprende sobre o sistema de justiça da common law. Nunca, mas nunca, poderia ser possível uma heresia destas num sistema como o nosso onde Justiça se escreve com letra maiúscula. Porquê? Porque por aqui se garante, constitucionalmente pois claro, que ninguém pode ser condenado por um crime que não cometeu e uma agressão não é um homicídio e um homicídio qualificado não é um homicídio simples e não há pena sem crime, nem crime sem previsão legal, nem blá blá blá blá blá blá..., páginas e páginas de teorias, de princípios, de filosofias, de introduções ao estudo de qualquer coisa e dissertações sobre a coisa de qualquer estudo.
Saímos das Faculdades cheios de conhecimentos, cheios d'O Conhecimento.
E muitos conhecimentos depois a justiça anda pelas ruas da amargura, os tribunais pouco respeito impõem, já ninguém acredita na lei, mas o que é preciso é perceber que isso são pequenos detalhes, porque nós bebemos directamente na fonte da virtude e filosoficamente o nosso sistema é o melhor.
Recorrendo novamente aos americanos, bullshit!
O Freeport está aí outra vez. Manobra política ou não, há acusações de corrupção. E acusações graves. E nós, que até já vimos uns filmes, muitos filmes, dizemos o quê?
Que podemos dormir descansados porque se alguém embolsou umas massas para contornar umas regras os nossos tribunais resolverão o assunto. Que essa história da Gertrudes ter pago ao médico do Ferrari para ele marcar uma reunião com o Vale e Azevedo e fazerem um fax ao Melancia para ele entregar a Esmeralda ao Valentim Loureiro não vai ficar por esclarecer de certeza absoluta. Eles vão é todos presos. E é que é já!
E agora tenho de tratar do Senhor Visconde
Pois que gostei muito do seu post, Visconde. Pareceu-me até que nos fez um elogio qualquer, apesar de, muito francamente, não ter gostado do tom. O que me vale é que lá por o Visconde achar que pareço mesmo mesmo um gajo, de pensar como um gajo, de ter conversas de gajo e de, pelo queV. Ex.ª adivinha, dar umas quecas à gajo ( o que, tendo em conta a minha sanidade mental, não pode ser verdade), ainda tenho muito de gaija e lá vou dando o tal desconto ao que um gajo gajo diz.
Mas mesmo depois de ter dado todos os descontos e de ter descodificado os eufemismos e reduzido os pleonásmos ficou-me qualquer coisinha a martelar cá dentro. Uma preocupaçãozita, nada mais. E, desde aí, que não páro de pensar na L.
A L. deve ter uns nove anos e é filha de uma amiga minha. Tem um ar lindíssimo, pele branca, olhos azuis, cabelos extraordinariamente loiros. A L. é divertida, inteligente, tem um imenso sentido de humor, mesmo sendo alemã, e fala fluentemente três linguas. A L é amiga das minhas filhas e muitas vezes, quando as vejo juntas, penso que mais uns aninhos e não há quem as segure. É certinho que vão dar cabo de muito coração de gajo por esse mundo fora. Mas ontem fiquei inquietada. Muito inquietada. Será que as minhas filhas, caso continuem a ser amigas da L, vão ter de se contentar com os machos beta, que os alfa não vão ter olhos que não sejam para ela?
É que a L tem uma característica que a distingue de todas as outras meninas que conheci. A L, para além de não ir às casas de banho acompanhada, o que só lhe augura coisas boas, consegue fazer xixi em pé, assim, tal e qual como os meninos. E o que, até aqui, era só um motivo para umas gargalhadas, dela e nossas, passou a preocupar-me como mãe.
Se o Visconde me diz que gajo que é gajo gosta de gaijas que fazem tudo como eles, eu terei de arranjar maneira de ensinar as minhas filhas a fazerem xixi de pé, como a L., se quiser que um dia elas arranjem um macho alfa?
Eu até consigo perceber que gostem de uma mulher que vos acompanhe em tudo, uma mulher que seja capaz de encarar um urinól de frente e, sem vos olhar de lado, esteja ao vosso lado em todos os momentos da vossa vida de machos, mas não estou é a ver muito bem se serei gaija para conseguir ensinar uma proeza dessas às minhas filhas.
O que me leva a concluir que afinal sou muito menos gajo do que seria desejável e, mesmo correndo o risco de ver a minha cotação descer nas tabelas dos machos alfa, não posso deixar de o confessar. Prefiro até que estes meus defeitos sejam conhecidos desde já do que um dia fazer má figura ao pé do senhor Visconde num wc qualquer.
Ódios de estimação, os donos de cães
Eu também sou dona de uma cadela. Mas quando ando sem ela, sou como os peões, detesto os automobilistas....
Por muitas unhas negras.
Há um exercício que desde há muito gosto de fazer. Começo por imaginar um mar primitivo e um batráquio estranho. Depois imagino-o a espreitar a praia, a pôr uma pata ainda quase guelra na areia e a evitar, por um bocadinho, um imenso lago de lava. Depois vejo um símio qualquer a saltar da árvore segundos antes do raio a destruir, ou uma moca primitiva a falhar por milímetros a cabeça do lado, ou uma perna com uma enorme ferida que não infectou, ou uma flecha que falhou o alvo. E vejo cruzados em batalhas sangrentas, navios que se afundaram deixando um punhado de gente agarrada às tábuas, um pedaço de pão encontrado numa velha arca e que evitou a morte certa no Inverno rigoroso, e vou correndo uma história de milénios mas que é feita da soma de muitas vidas, vidas cheias de surpresas, de altos e baixos, de bençãos e infortúnios, vidas que se foram encadeando umas nas outras desde os primórdios dos tempos até chegarem aqui, até chegarem a hoje. Com sorte. Com muita sorte.
E no meio dos milénios e das vidas e das surpresas, estou eu. Eu, que se não apareci de geração espontânea, só posso ser o resultado da sorte, da imensa sorte que o batráquio lá de cima teve. Da sorte que durante mais tempo do que aquele que consigo imaginar foi desviando espadas e afastando maldições para que um dia, eu, pudesse nascer.
E é assim que gosto de olhar para mim, para a minha vida, como uma excêntrica cheia de sorte, que apesar de ter muito menos possibilidades de ter nascido do que as de acertar nos números do euro milhões, ganhei - nasci! E volto a agradeço à sorte, ou lá como lhe queiram chamar, que num dia de Sol como o de hoje tenha feito o exército romano poupar aquela minúscula aldeia onde uma avó que nunca conheci rebolava no feno com um avô qualquer.
Este fim de semana voltei a pensar que as nossas vidas se fazem de pequenos golpes de sorte e que só mesmo o nosso umbigo não nos deixa perceber o quanto afortunados somos. Maldizemos os azares mas esquecemo-nos de agradecer sempre que as coisas correm bem. E elas correm bem a grande maioria das vezes. Estamos vivos, não estamos?
Ontem, depois de uma noite de tempestade, acordámos cá em casa no meio de mais um azar. O vento puxou a chuva, a água entrou no telheiro, chegou aos cabos eléctricos da arca congeladora e o resultado estava à vista pela manhã. Uma arca queimada, uma parede completamente negra e as traves do telhado a mostrarem bem até onde tinha chegado o fumo, ou o fogo, ou o que quer que tenha andado por ali. A primeira reacção foi de medo, muito medo. Eu não conseguia aceitar que a casa onde dormiam as minhas filhas pudesse ter ardido sem um enorme alarme me ter despertado. Como é que eu não tinha feito nada, não tinha dado por nada, como era possível um azar tão grande.
Foi a minha filha que me fez pôr os pés no chão, que me fez perceber que estava a maldizer quando devia agradecer.
Mamã, se tivessemos acordado não se sabe o que podia ter acontecido. Assim não aconteceu nada.
Eu pensei no chão molhado, nos cabos eléctricos a arderem, no pânico que me teria feito correr para lá para tentar apagar o incêndio e nesse momento resolvi parar e pensar como ela estava coberta de razão, como mais uma vez tinha, tinhamos, sido protegidas pelo destino, bafejadas pela sorte, e como era muito mais gratificante pensar que uma outra flecha foi desviada sem ter atingido o alvo. E como é muito mais fácil ser feliz assim, como é muito mais sereno pensar em toda a sorte que vou tendo que viver angustiada com o registo dos poucos azares que vão acontecendo.
Não sei se é optimismo se loucura, mas sei que vou continuar a acreditar que a minha vida é feita de sorte. De muita sorte.
Este blog é um blog de gajos
Definitivamente. Este blog é um blog de gajos. Não falo dos machos alfa cá da casa, quero falar é das mulheres, dos outros gajos.
São mulheres desempenadas, não se queixam, não têm nós cegos nas cabecinhas lindas que o Criador lhes disponibilizou, são versáteis, ora demonstram que, em querendo, conseguem ter conversas de carroceiro, ora são sensíveis até à quinta casa decimal. Não andam aos parzinhos com risos tontos e não precisam de se fechar na casa de banho para falar do giraço que ficou lá fora ao balcão e que já lá não estará quando elas voltarem. Elas abordam o giraço, dizem-lhe o que tem que ser dito, fazem o giraço dar três piruetas e, em menos de meio minuto, é o giraço que não quer outra coisa senão a companhia delas (e, aí sim, trocam um sorriso cúmplice entre elas).
As mulheres deste blog são gajos. Pensam sofisticadamente simples, têm um ar cuidadosamente descuidado e quando estão a fazer de conta que estão a ir, na verdade já foram e já estão de volta.
As mulheres deste blog são generosas, gentis e sabem estar. Não amuam por tudo e por nada, têm um requintado sentido de humor de gajo e, provavelmente, têm a moral sexual de um gajo.
Este é um blog de gajos, com mulheres que pensam como gajos. E não há nada melhor, nem mais estimulante, nem mais agradável nem mais tremendamente delicioso que uma mulher que pensa como um gajo.
Também se sente em pé (2)
Talvez não exista na masculinidade profunda um paradoxo tão inexplicável e qualquer homem que tenha vivido essa experiência saberá exactamente do que trata esta conversa de gajos que, faz de conta, a gente distrai-se já com os copos e deixa o mulherio encostado à porta a ouvir.
Falo-vos da erecção involuntária, esse despropósito que parece ter sido criado como uma espécie de lição de humildade para o macho comum.
Salta à vista, passe a redundância, o facto de tal manifestação corporal constituir para a maioria de nós gajos um transtorno de inimagináveis proporções.
Basta a malta imaginar o cenário se por acaso se instala no meio de um balneário de futebol…
Mas nem precisaria de recorrer a exemplos tão extremos para enfatizar o dramatismo da referida situação. Bastaria, todos o sabemos, ter enfrentado esse acesso extemporâneo na presença da cunhada e com o marido ao pé, no campo de nudistas em que queremos passar despercebidos como se fossemos habitués ou mesmo no interior da carruagem do metropolitano (como alude o post anterior) colados sem apelo nem agravo ao traseiro da louraça na qual, faz de conta outra vez, nem tínhamos reparado por aí além.
Todavia, um dos aspectos mais perturbadores da erecção involuntária (que, de resto, progride na proporção inversa da idade na sua capacidade de nos embaraçar) é o desânimo que nos provoca quando acontece no meio, sei lá, do chá de caridade do Lar Nossa Senhora do Amparo depois de horas antes nos ter falhado na hora da verdade com a secretária da instituição.
Isso sim, pode constituir um problemão porque um gajo começa a julgar-se avariado e a tomar de ponta, passe esta também, um indicador tão apreciado da nossa saúde física e mental. O trauma psicológico que advenha da eventual repetição do fenómeno pode muito bem, e todos sabemos como é frágil a estrutura emocional de qualquer tesão, dar-nos cabo dessa inegável razão de viver.
Pelo cariz aleatório da sua ocorrência, a erecção involuntária não pode ser prevenida e só o tempo acaba por resolver o problema (como acontece até muito cedo a boa parte da rapaziada, segundo por aí se comenta), embora essa garantia não nos traga nada de muito tranquilizador.
Contudo, sinto como minha obrigação transmitir uma mensagem positiva a todos quantos se revejam nestas linhas e por isso chamo a vossa atenção de que, mesmo involuntária, uma erecção é sempre um sinal de esperança e enquanto vai acontecendo ela será sempre a última a perecer.
Não entendam por isso a coisa como um problema tão sério e enfrentem o papão com o sentido de humor.
No fundo, quando a coisa “disfunciona” de alguma forma é mesmo o que nos resta fazer…
Também se sente em pé
Se já alguma vez viajaram no metropolitano em hora de ponta sabem bem o que quero dizer.
Também se sente em código binário
Se já alguma vez partiram um braço sabem bem o que quero dizer. Carregamos com o gesso durante umas semanas e quando finalmente nos tiram aquela coisa medonha e pensamos que recuperámos os nossos movimentos percebemos que o braço, que um dia foi nosso, ganhou vida própria. De repente deixou de nos obedecer e é vê-lo a bater no chão sem pegar na mala, a virar a chávena do café, a acertar-nos no olho quando queremos acender um cigarro, totalmente alheio às nossas ordens precisas, como se fosse um qualquer Fernão Capelo Gaivota a fazer acrobacias no céu.
Ele vai ao sítio, que o nosso cérebro só precisa de um tempo para refazer uns cálculos - muito bem, este gajo está mais leve, portanto a força e a velocidade vão ter que ser reajustadas e se p é igual a t e s é a distância até à mesa então façam vocês as contas que a minha calculadora interna sabe fazê-las mas eu não sou tida nem achada no assunto.
Foram seis semanas, ou até menos, mas adaptámo-nos a uma nova realidade braçal e lá por termos visto, com estes olhos que a terra há-de comer, que o gesso já lá não está, a nossa cabeça continua a funcionar como se estivesse e nós reagimos instintivamente dando ordens a um braço com um peso muito diferente do que ainda achamos que tem.
Isto pode parecer estranho, porque afinal foram só umas semanitas contra toda uma vida, mas foram o suficiente para nos descoordenar os gestos. Aprendemos a viver com o gesso, da mesma forma que voltamos a aprender a viver sem ele.
Nas minhas últimas semanas, nas nossas, vários aparelhos de gesso foram sendo postos e tirados mudando as regras habituais das nossas forças e equilibrios, mas podemos ter a certeza que os cálculos já foram refeitos e não corremos o risco de andar a bater nas paredes.
Quantas coisas mudaram nas nossas vidas num par de anos? Muitas, imensas, mas mudou principalmente a nossa forma de interagir, de estar, de nos relacionarmos com os outros.
Durante milénios os círculos por onde andavam os nossos outros foram-se alargando e depois de saído da nossa caverna o outro foi ficando mais e mais longe, até se transformar num outro que é quase nada, num outro que nunca catámos, nunca cheirámos, nunca vimos, mas que, contra todas as lógicas, sentimos. Mas ensinaram-nos que o que os olhos não vêem o coração não consegue sentir e apesar de agora a situação ser outra teimamos em hesitar, em ter medo de arriscar novos gestos, de aprender novos sentires, como se não soubessemos que o braço pode derrubar a chávena umas vezes, mas depressa aprende o caminho certo até ela.
Muitos dos meus afectos diários estão aí, desse lado do monitor, onde os meus olhos não os vêem mas onde os consigo sentir. E talvez nem nunca os meus olhos os tenham visto, mas o meu coração sente-os. E tenho amores e raivas iguais às que tenho por quem toco, vejo, mexo, escuto ao pé do meu ouvido.
Tal como quando puseram o gesso no meu braço não percebi que lentamente os meus instintos se foram adaptando àquele braço mais pesado que o normal, que a minha cabeça passou a controlá-lo de uma forma diferente, com outros pesos e medidas que não eram os habituais mas que eram eficientes, também não percebi que fui adquirindo novos filtros para a minha percepção dos outros. Mas eles estão cá, perfeitamente apreendidos e assimilados e se entre mim e esses novos outros existe um aparelho de gesso a minha cabeça já o percebeu e reorganizou-me os gestos para que não ande por aí a dar murros nas paredes. Mas se, de repente, o peso do braço volta a mudar, se tiro este filtro novo e tento usar o que sempre conheci e que acho que sei controlar, arrisco-me a fazer asneira. As regras são diferentes, usei forças diferentes, e não posso querer misturá-las. Não sei como avaliei, não sei como funciona este novo mecanismo, mas também nunca percebi como funcionava o antigo. A minha cabeça, os meus sentidos, tratam do assunto e eu, como já disse, não me preocupo muito com os cálculos que faz - sei que acabam sempre por ser os certos.
Nos últimos tempos conheci muitas pessoas que nunca vi. Gosto de umas, não gosto de outras e sei porque gosto e porque não gosto. Preciso de as olhar nos olhos para saber se posso confiar, preciso de lhes ouvir a entoação da voz, de lhes perceber o torcer das mãos? Sim, foi assim que fomos ensinados a avaliar, mas o meu braço também foi ensinado a abrir uma porta e um dia, apesar da porta estar mesmo ali na minha frente, de a estar a ver, de lhe poder tocar, bati com a mão no puxador porque calculei mal a distância. Cá dentro já tinha sido configurada uma outra realidade e, num instante, tinha aprendido a viver com ela.
Não posso pretender que se gosto sem ver é porque gosto mal, ou pouco, porque se o instinto me disse para ir até ali é porque o até ali era o certo. E não corro o risco de ficar longe da mesa nem de meter a mão no café, porque isso pode acontecer nos primeiros momentos mas cá dentro a máquina não pára e num instante afina o gesto.
Não sei o que mudou nos meus sentidos, na minha forma de ler o mundo, para ter começado a aperceber os outros, os desconhecidos, tendo deles só o que me chega numa fiada de letras num ecrãn branco, ou mesmo uma voz num telefone, uma voz que saiu de uma garganta húmida, de uma boca quente, mas que entretanto viajou até aqui numa onda e passou a sinal eléctrico que me faz vibrar o tímpano e me diz qualquer coisa, mesmo que esteja longe, muito longe, da garganta que a gritou ou da boca que a aqueceu. Sei é que consigo avaliar a voz ou as letras, transformá-las em gente e dizer se gosto ou não gosto, se sinto ou não sinto se me mentem ou me falam verdade.
E o meu coração sente. E eu deixo-o sentir sem lhe fazer muitas perguntas, que ele, tal como a cabeça, também nunca me deixou espreitar os cálculos que faz. O que sei, e sei de certeza absoluta, é que, mesmo que os olhos não vejam, ele não me engana e se entornar uma ou duas vezes o café depressa vou aprender como se pega naquela chávena e para que lado está virada a asa.
Ódios de estimação, os Arrumadores
Efeito contrário, parecia um sketch televisivo, de repente já não tinha pressa e desata "Há com cada ignorante!" etc. Ai, ai. E não se pode responder, é politicamente incorrecto, são doentes.
Pequenas confusões
Ontem recebi a notícia a meio do dia que o pai do T tinha falecido.
Um ano e picos mais velho que eu, o T era o meu principal companheiro de infância porque morava 4 ou 5 portas ao lado. Quarteirão pequeno, bairro ainda antigo, pouco trânsito e muita brincadeira na rua (horas a jogar à carica nos lambris do passeio como se fosse uma pista de automóveis), eramos os dois miúdos dali da zona.
Os pais do T são sensivelmente da idade dos meus, e tinham-se visto ainda a semana passada . Foi uma surpresa, mas definiu o serão: velório na Igreja local.
Sendo o T também muito activo em grupos de jovens (sim, até eu em tempos fui jovem), acabaram por se juntar nos degraus da igreja uma série de antigos amigos dele e a maioria deles fomos partilhando ao longo dos anos. Mais ano menos ano todos da mesma idade estamos agora cada um em seu poiso nos arrabaldes da cidade, com excepção do C. que ainda e sempre permanece no bairro.
Apesar da solenidade claro que houve muitos sorrisos e recordações dos velhos tempos e até apesar da borrasca ainda surgiu a hipótese de... bora uma futebolada quando sairmos daqui? Famílias, filhotes, empregos, mulheres, namoradas, ex... de tudo se falou um pouco. Alguém disse ao J.?? Qual J.? Ah, esse. Acho que sim, deve vir amanhã ao funeral. O J. é mais um dos que andava na molhada com a malta e por isto ou por aquilo nunca mais se viu, com excepção destes momentos solenes.
O J. tinha uma particularidade engraçada que era a sua alcunha. Devido a alguns problemas de saúde apresentava sempre um ar meio macilento e tinha extremos cuidados com uma série de situações que lhe poderiam causar transtornos ou mesmo problemas agravados. Por isto e por aquilo o J. era pura e simplesmente conhecido como - o "morto".
O J. hoje apareceu no funeral e mais uma vez, no meio da solenidade, houve abraços e sorrisos e as frases do costume - estás na mesma pá - tu também, tirando uns pelitos mais claros aqui e ali, de resto para quem não te põe a vista em cima já há séculos.... Estás óptimo pá.
O problema maior foi que dei por mim à saída do cemitério a comentar com a minha irmã, enquanto passávamos por um outro grupo que pertencia ao próximo funeral, a estranha frase, pelo menos para este grupo:
Viste o morto? É pá aquele gajo tá na mesma há anos.
Adeus.
Adieu.
Adios.
E agora podia dizer que me vou embora e poupava um post, mas por acaso nem é isso que me está a passar pela cabeça. Raios parta se foi essa a impressão, mas graça a deus não é o caso, apesar de tencionar chamar deus ao assunto, mesmo que a minha opinião sobre Deus seja parecida com o meu Benfiquismo ou Sportinguismo - tem dias.
Parece que anda por aí muita gente incomodada com o facto do Obama, que se afirma agnóstico, ter feito o juramento da tomada de posse sobre uma Bíblia. Por acaso até era uma Bíblia histórica, era a Bíblia que o Lincoln usou em 1861 e o Lincoln é o modelo dele, mas pronto, era uma Bíblia e, pelos vistos, não devia ser. E é este não devia ser que me tem andado a incomodar.
Uma sociedade secular não deve, não pode, pactuar com qualquer resquício religioso? Os Estados Unidos são um país de inúmeros credos, e de agnósticos, como o próprio Obama referiu no seu discurso, e portanto é quase ofensivo ser usada uma Bíblia no acto de tomada de posse do presidente de todos eles?
Se o Obama, com a mão em cima da Constituição, tivesse jurado defender a Bíblia eu diria que poderiamos começar a preocuparmo-nos. Como, não por acaso, foi o contrário, não vejo grandes razões para tanto bradar aos céus. Ou àquela coisa azul que está lá em cima.
Crentes ou agnósticos vivemos rodeados de símbolos religiosos, cumprimos formalismos que têm as suas raízes em práticas religiosas - a celebração do contrato matrimonial, o civil, é um bom exemplo - temos hábitos com origens em práticas religiosas, palavras e expressões que reportam directamente a deus. Como Adeus, pois claro, ou o raios parta que usei lá em cima, que é só a simplificação da velha praga raios partam o Diabo. Temos até mais, temos muito mais. Temos tabus profundamente enraizados no nosso ser que nos levam, crentes e agnósticos, a repudiar comportamentos que se foram há muito condenados pelos Deuses também há muito que deixaram de ser punidos pelos homens ou censurados pela ciência. Incesto, por exemplo, e para não me perder com exemplos menores. Não, o incesto não é crime. Não, o incesto não é um comportamento que ponha em risco a sobrevivência da espécie - pelo menos os cães aqui de casa são cada vez mais e é uma pouca vergonha entre mães e filhos que nem queiram saber. Mas o incesto é um comportamento que todos nós repudiamos. Em nome de quê? Das leis dos homens ou das leis dos deuses?
E o Domingo? Dia de descanso, pois claro, mas um descanso muito santo. E não é pela santidade do assunto que vejo por aí campanhas para que o domingo seja substituido pela quinta-feira, que até dava mais jeito por ser a meio da semana.
Mas voltemos ao Obama e à Bíblia. Obama jurou pela Bíblia. E eu acho que jurou muito bem.
Recentemente, numa campanha que muito deu que falar, apareceu em autocarros londrinos e madrilenos a frase "Provavelmente Deus não existe". A campanha foi patrocinada por associações ateístas. E que dizem eles? Dizem que Provavelmente Deus não existe. Quase certo, mas entre o quase e o certo vai uma enorme distância, tão grande como a que vai entre o não acreditar no Diabo, ou nas forças do mal sejam elas quais forem, e o facto de 85% dos hóteis no mundo não terem o 13º piso. Pelo sim pelo não, não é?
E, pelo sim pelo não, convenhamos que se se jura cumprir a lei maior de um país na frente do seu Juiz maior é bom que se convoque uma autoridade qualquer e Deus foi lá chamado para isso. E se uma das dez Leis dos Cristãos até é " Não prestarás falsos juramentos" não deve fazer mal nenhum pôr o tal Deus, que provavelmente nem existe, a vigiar o cumprimento de uma promessa tão solene. Este Deus, o da bíblia, ou outro Deus qualquer, que nisso eles são todos muito parecidos - estão lá em cima, vêem tudo e até a um presidente dos Estados Unidos são capazes de fazer a folha se tiver invocado o seu nome em vão e andar para aí a fazer juramentos falsos em nome dele.
Como já disse até é provável que nem Deus nem o Diabo existam, mas pelo sim pelo não, ou just in case, que afinal estamos a falar da América, eu prefiro não jantar a uma mesa com 13 pessoas e que um juramento seja sagrado. Seja lá o que isso for.
Bem, mas deu-me cá uma vontade de fazer uma fotoreportagem de um dia dos meus e meter aqui no Cabra...
...mas depois passou-me, acho que vou meter no Visconde. Amanhã, se calhar.
Para mim não é uma ciência exacta, mas eu sou apenas um amador…
Introdução
Na impossibilidade de contarmos com um tratado por parte de quem domina alguns temas do interesse geral, resolvi avançar com a alternativa com que um leigo pode preencher estes espaços brancos na programação de qualquer blogue.
A leitura deste pequeno ensaio não dispensa a consulta de posteriores e mais abalizadas dissertações por parte de quem possua o know how que as legitima.
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A sua imprevisibilidade tem impedido, salvo raras excepções, uma previsão rigorosa na sua ocorrência. De facto, explicar o fenómeno acaba por constituir um exercício de especulação sempre que alguém tenta ir além da explicação mais óbvia e simplista: pode ou não ocorrer, é influenciado por inúmeros factores endógenos e exógenos (alguns assumem-se como verdadeiros imponderáveis) e é cada vez mais indiscutível a sua relevância enquanto válvulas de escape para diversos tipos de pressão.
É inegável que não constituem mais do que a manifestação à superfície de processos originados no interior, sendo essa uma questão que explica a dificuldade na identificação concreta do que afinal os origina. Estudos levados a cabo indiciam a sua propensão para acontecerem quando estão reunidas determinadas condições que, contudo, variam em função de realidades tão distintas como a procura natural do equilíbrio nas pressões a que aludi ou a simples reacção a um estímulo de origem externa, a um abanão na estrutura que pode despertar o fluxo energético latente.
A essa libertação de energia podemos associar uma tendência efusiva ou mesmo explosiva, o que se explica pelas características intrínsecas (caso a caso) do palco da ocorrência. Existirão até verdadeiros simulacros dessa prodigiosa e sempre espectacular manifestação da natureza, ao ponto de conseguirem iludir os mais entendidos, mas que não constituirão mais do que autênticos “ensaios” para as ocorrências propriamente ditas e que, regra geral, acabam por se verificar noutros locais e com diferentes protagonistas e espectadores.
Ou seja, é quase aleatório (embora possa, comprovadamente, ser influenciado pela intervenção mais adequada).
Ainda assim, é ponto assente que sendo relativamente simples a respectiva definição é quase impossível a sua determinação exacta e isso explica-se pela multiplicidade de condicionantes que podem impedir ou, por outro lado, suscitar de forma decisiva a sua concretização. Os mecanismos da sua formação revelam-se complexos e tão variáveis que inviabilizam uma abordagem universal a cada um destes episódios que desde sempre fascinaram a Humanidade e têm sido foco de acesas polémicas e discussões.
Por isso seria sem dúvida arrogante da minha parte falar com certezas absolutas desse fenómeno tão complexo que são os vulcões.
Do orgasmo
Eu nem era para vir aqui falar do assunto, afinal já passaram dois dias sobre o dia em que se debateu o tema e a minha não comparência deveu-se ao facto de eu estar ocupado a fazer o mundo girar, entre duas baforadas de Cohiba Lanceros e um almoço de que retenho especialmente a memória do vinho, um Tapada do Chaves de um ano que eu cá sei.
Não era para vir, mas que querem? este meu espírito de abnegação, de sã partiha do conhecimento, aliado ao facto de ter ouvido o discurso do Obama e de estar ainda sob os efeitos da firme crença que temos que dar todos as mãos e caminhar no mesmo sentido, que o bem comum terá que se sobrepor às nossas pequenas idiossincracias pessoais, somando-se a todos estes factores o evidente estatuto de condutor de massas que me é, injustamente a meu ver, atribuído, por todos estes factores e acrescendo ainda que estou num período particularmente agradável do meu dia, vou então tecer algumas considerações sobre o orgasmo, bastando para tal que alguém, na caixa de comentários imediatamente abaixo deste post me interpele, manifestando de forma inequívoca que deseja aprender alguma coisa sobre este tema em que, inquestionavelmente, me é reconhecido o grau de perito.
A tal caixa de comentários imediatamente abaixo.
Eu, na caixinha abaixo, solenemente interpelo - ou interpelo solenemente, que hoje o outro baralhou-me - o sr. Visconde, manifestando, de forma inequívoca, que desejo aprender alguma coisa sobre o assunto, não obstante duvidar que tal seja possível com tão ilustre, mas comedida, pessoa.
(pessoal, sirvam-se à vontade que a caixinha está aqui)
A nossa inserção na CE
Ainda eram só meia dúzia deles já nós estávamos de bicos de pés para sermos logo a seguir na foto dos países que se integravam a bem ou a mal na, na altura, CEE. Mas com a devida pompa e circunstância lá se engalanou os Jerónimos e arredores para que ninguém tivesse qualquer dúvida que era com enorme e redobrado orgulho que nós afirmávamos ao Mundo - Somos Europeus.
O que já não resultou tão bem foi o sentar à mesa ao pé dos outros todos, ou tínhamos que sair mais cedo e já íamos no final da refeição ou chegávamos atrasados para a paparoca, Portugal nunca conseguiu ir de braço dado com a Europa. Enfim, é uma maneira de estar na vida sermos sempre dos piores a nível Europeu, ou dos primeiros a nível Europeu, nunca estamos na molhada a nível Europeu, e isso venha lá quem vier. Se conseguíamos com 12, também o conseguimos com 43 ou 92 ou os que quiserem, estamos sempre no Top 3 ou Bottom 3.
Hoje tenho recordado muita vez esta nossa maneira de ser e estou convicto que tal como as doenças genéticas não há nada a fazer. É do clima. Garantido. Qual o maior problema que o velho continente atravessa hoje em dia? Exactamente o Aquecimento Global
Confesso
Que tenho lágrima fácil, mas nada as faz correr mais depressa que ver uma multidão unida por um ideal feliz. Pode estar a apoiar a Selecção Nacional, no Santuário de Fátima ou num concerto dos Rolling Stones. Choro sempre.
Ver uma manisfestação de professores, com o Nogueira à frente, faz-me ir às lágrimas mas por outras razões. Razões muito, mas muito, diferentes das que me levam agora a limpar os cantos dos olhos, fungar discretamente e a sentir um aperto no estômago ao ver os milhares de pessoas (dois milhões, segundo a CNN) felizes e cheias de esperança em frente ao Capitólio para receber Obama.
Ódios de estimação, os Taxistas
Os taxistas são os profissionais do volante, todos os outros guiam mal.
Ah, e os taxistas raramente são mulheres.
O meu sobretudo igual, mas igualzinho ao do Georges Moustaki
O que é absolutamente indesculpável é eu chegar aqui às três da tarde de um dia em que todo o país está em alerta laranja, caramba, vem mesmo antes do vermelho, tem que ser coisa de fazer mossa, e nada, nem um post sobre o tempo, nem uma fotografia do granizo, nada.
E, sem um post a confirmar que sim, que está frio e que se prevê um acentuado arrefecimento nocturno, apesar das boas abertas, tenho para mim que há um equilíbrio cósmico que garante que, a um acentuado arrefecimento nocturno se seguirá sempre um período de boas abertas, dizia eu que, sem um post prévio sobre o estado do tempo e o frio e a chuva e a neve acima dos seiscentos metros, não há ambiente para eu falar aqui do meu sobretudo igual ao do Georges Moustaki.
Se estivesse aqui um post sobre o tempo (céus, são quase três da tarde de um dia de alerta laranja!...), haveria ambiente para eu contar como entrei na alfaiataria e pedi um sobretudo igual ao do Moustaki. Que não tinham, podiam fazer-me um igual ao do Mourinho, cinzento e com as golas levantadas, podiam fazer-me um igual ao daquele rapaz que era dos Take That, aquele das tatuagens, esse, o Robbie Williams, mas eu achei que aquele padrão de riscas pretas e brancas era capaz de me dar um ar de mau rapaz, e eu não sou um mau rapaz, podia ser um rapaz mau, que seria uma coisa completamente diferente, mas nem isso, sou definitivamente um lindo menino, amigo do seu amigo, só me aborreço com certas e determinadas situações e, mesmo essas, cada vez são menos, eu agora não me aborreço com ninguém, isto se exceptuarmos o Hélder Postiga e o Ronny, mas até esses cada vez contam menos.
Maneira que era isto, havia aqui uma história bonita sobre o meu sobretudo igual ao do Georges Moustaki, se cá estivesse um post sobre o tempo, sobre o frio. Não há post sobre o frio, apesar do alerta laranja de norte a sul olimpicamente ignorado por todos os meus companheiros de blog, nem pensem que vou ser eu a escrever sobre tempo, e assim se perde um post genial sobre o meu sobretudo igual, igualzinho ao do George Moustaki.
Paciência, eu não posso estar em todo o lado…
O Último Figurino.
Pode ser geral, mas eu sei é de mim. Ou melhor, sei das minhas. Das minhas memórias escondidas, das memórias que me ficaram de um tempo em que o mundo era medido pelo meu tamanho e que mesmo hoje, apesar de saber o que é o princípio da relatividade, ainda guardo cá dentro como se verdades fossem. E não largo.
Hoje, não sei se pela chuva que nos quebra se pelas crianças em casa, dei por mim a visitar-me e a relembrar as fantasias perdidas às quais nunca fiz um update. As verdades entretanto aprendidas estão cá, mas não as substituiram, criaram outro espaço e foram guardadas noutro ficheiro. Aquele ficou assim, tal como foi criado, porque todos precisamos de guardar o que nos sobrou da infância. E se agora até já conheço o Sr. Volta, ou o Sr. Ampère, ou o Ohm, ou o Franklin ou mesmo o Edison, também sei, porque sei e só assim me faz sentido, ou só assim me faço sentido, que a electricidade foi inventada pelo meu pai. E não abro mão dessa certeza. Nem das outras.
O Último Figurino é mais uma dessas memórias guardadas em caixas especiais. O Último Figurino é, ou era, que não sei se ainda existe, uma loja na baixa de Coimbra. Uma loja de "modas", como na altura se dizia, e consigo ainda descrevê-la.
Lembro-me das prateleiras com os cortes para os tailleurs, das sedas para os vestidos, das malhas do lado esquerdo, do pronto a vestir, da cave com a roupa de homem, dos empregados Laurel e Hardy, como lhes chamava, com o Sr. Fausto, alto, magro e de ar sisudo a mandar cumprimentos para o senhor engenheiro, e o outro, de quem nunca me lembrava do nome, mas baixinho, redondo e sorridente, a mostrar o tecido fantástico para o casaco de Inverno, com carimbos a dizer Made in Italy, e que era o mesmo, exactamente o mesmo, que já tinhamos comprado na fábrica da Covilhã antes de ter viajado até Milão para regressar à pátria com uns carimbos novos.
Mas este Último Figurino, o real, coexiste pacíficamente nas minhas memórias com o outro de que me recuso desfazer. E o outro foi um por mim criado e por mim continua a ser guardado.
O outro fazia parte do meu mundo fantástico e a ele está ligado a minha mãe. A minha mãe acabada de chegar de Coimbra onde tinha ido tentar comprar um vestido para aquela festa. A minha mãe, a senhora bonita que era casada com o meu pai. A senhora que era a senhora que eu nunca iria ser, porque era senhora, e era loira, e tinha olhos azuis, e gostava de vestidos e sabia coisas de senhoras, segredos por elas guardados tal como o druida do Astérix guardava o da poção. E chegada de Coimbra dizia a frase que me convencia que aquele mundo, o mundo onde ela vivia, não era de acesso a todos. Nem a todas. Dizia que tinha ido ver o último figurino.
E estas eram as palavras mágicas que me faziam partir até ao lugar que ainda cá guardo. No meu mundo, naquele meu mundo, via a minha mãe a subir umas escadas de madeira baça, com um velho corrimão agarrado à parede, até chegar a uma sala no primeiro andar. Era uma sala quase secreta, uma sala escondida da rua das multidões. Via-a do lado direito de quem sobe, com uma janela empoirada ao fundo a dar para a Ferreira Borges. À volta das paredes tinha cadeiras encostadas, cadeiras ocupadas por outras senhoras como a minha mãe, e no meio uma mesa pequena. Em cima dessa mesa, por todas cobiçado e consultado, estava o último figurino. E a minha mãe entrava, sentava-se, e esperava a vez dela para poder ter nas mãos aquela revista mágica, que eu não sabia de onde vinha nem como lá chegava, mas que era sempre a última de todas, a mais nova, a que trazia as novidades que as senhoras procuravam e que estavam ali só para elas. Só para os olhos delas, daquele clube secreto.
Era O Último Figurino e o acesso a ele tornava a minha mãe uma sacerdotisa daquele culto. Era importante, uma senhora importante, só podia ser.
Esta memória está guardada cá dentro tal qual como muitas das outras, das reais. E se consigo descrever bem a loja onde acabei por ir muitas vezes, onde comprei os meus vestidos de bailes de finalistas, a loja real, a que lá está ou esteve, não consigo sentir o cheiro dela como consigo sentir o cheiro daquela sala que nunca existiu. Daquela sala que guardava os segredos do Último Figurino.
Ou talvez este sítio tenha existido e na sua irrealidade seja, para mim, mais real que o outro. O outro que nunca foi meu, só meu, como este foi até hoje.
A queda de um mito.
Meninas, andaram a vender-nos gato por lebre, que o firmes e hirtos não é garantia de nada.
Na hora de todas as verdades parece que quanto menos tesos melhor...
Homens mais ricos proporcionam mais prazer às mulheres durante as relações sexuais, segundo um estudo de dois cientistas da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha.
Tanta conversa acerca de orgasmos...
...E uma pessoa pode lá concentrar-se como deve ser no expediente normal de uma segunda-feira...
O Mais Parecido Com um Orgasmo é:
Para mim são compras, de roupas, sapatos , carteiras. Não há nada melhor do que entrar com um ar non chalant numa loja, "eu não preciso de roupa..." e depois, "olha o vestidinho preto que não comprei porque não tinha o meu número e agora tem e tem 40 %"... E se lhe tocamos estamos lixadas, segundo estudos o que se toca tem 80 % de probabilidades de ser comprado... Em saldos 99%... e o casaco de pele e a carteira a condizer, a metade (mesmo assim um dinheirão) e ficam-me tão bem, e não passam de moda, e ,,e,,,,
Um homem consegue perceber se a mulher está a fingir o orgasmo?
Pergunta e responde o jornalista Anahad O'Connor, do 'The New York Times' num livro chamado "Não tome banho em dia de tempestade".
Directamente do Expresso Online, aqui ficam os argumentos do optimista, idealista, convencido e derrotado Anahad.
Uma olhadela pelos vários inquéritos mostra que entre 50% a 70% das mulheres dizem que já fingiram o orgasmo numa ocasião ou noutra, a maior parte das vezes porque ou queriam agradar a um homem, ou estavam nervosas ou stressadas, ou, para citar uma deixa de Seinfeld (da série da TV), porque já chegava e queriam simplesmente conseguir dormir.
Os inquéritos que perguntam aos homens se acreditam que estiveram alguma vez na situação de receber um falso orgasmo são muito mais difíceis de encontrar. Mas as observações do meu percurso sugerem que, num inquérito assim, a percentagem de homens que admitiriam ter vivido essa situação cairiam para qualquer coisa entre 0% e 1%.
(...)
Uma amiga minha fez um sorriso sarcástico quando lhe perguntei se um homem seria capaz de o afirmar dizendo que eu estava destinado a escrever uma das peças jornalísticas mais pequenas da história porque a resposta correcta consiste obviamente numa única palavra: não.
(...)
As mulheres podem aperfeiçoar as suas capacidades de representação como quiserem, mas um observador perspicaz com conhecimento suficiente de fisiologia poderá provavelmente saber. Deixemo-nos de histórias, se os orgasmos fossem tão facilmente forjados poderiam não ser tão cobiçados.
De acordo com sondagens, estudos e textos médicos, cada orgasmo feminino é precedido por quatro estádios. Não são diferentes dos estádios que antecedem o orgasmo masculino. No primeiro estádio, o clítoris fica erecto, os dois terços internos da vagina incham e a pele em volta fica mais escura.
Isto são sinais de que está a aumentar o fluxo sanguíneo nessa zona. No segundo estádio os mamilos endurecem e as mamas tornam-se sensíveis. Depois vem o terceiro estádio, que tem a ver com a respiração. O ritmo respiratório torna-se mais rápido, mais curto e mais profundo, e nalguns casos até rítmico, à medida que o corpo tenta inalar mais oxigénio.
Depois, precisamente antes do todo-importante estádio de clímax, a parte de cima do corpo fica corada, o pescoço da mulher e o peito ficam vermelhos e as faces ganham uma tonalidade rósea.
É aqui que o Vesúvio está prestes a explodir. O que se segue a seguir são espasmos musculares que se estendem por todo o corpo, particularmente na vagina, no útero e na zona pélvica. As primeiras contracções são as mais fortes. À medida que isto acontece, as coxas da mulher tremem ligeiramente e as costas arqueiam-se e alongam-se incontrolavelmente.
Os sons são uma boa forma de revelação. Os gemidos suaves e as frases incompletas são sinais de que um orgasmo pode ser verdadeiro. Se uma mulher profere uma frase coerente ou grita tão alto que acorda os vizinhos, há hipóteses de ela estar a fingir.
Durante o clímax, o corpo liberta oxitocina, endorfinas e outras hormonas agradáveis que induzem sentimentos de vertigem, calor agradável e relaxamento. Nas mulheres, esta corrida de hormonas e emoções resulta num breve pico que permanece a rondar mesmo quando o sexo acabou. Por isso, se uma mulher começa a falar sobre organizar o seu armário imediatamente a seguir ao sexo ou salta da cama como se nada tivesse acontecido, então as hipóteses são de que não aconteceu mesmo nada.
Tudo muito giro Anahad, mas estás a partir de um princípio errado, o de que o homem que levou com o orgasmo fingido é um observador eficaz, que tem capacidade para detectar pormenores e tirar conclusões. É que se fosse observador, se percebesse os arqueares, os rubores e calores, os sussurros, as erecções e contracções, se ouvisse o suficiente para distinguir uma frase completa de outra deixada a meio, enfim, se fosse capaz de saber a diferença entre as costas e as faces, o clítoris e a vagina, seria muito mas muito pouco provável que uma mulher tivesse de fingir um orgasmo com ele.
Portanto, e para concluir, se o orgasmo é fingido é porque o gajo é um bocadinho para o calhau e se é calhau pode, quanto muito, descobrir o umbigo dele e mesmo assim é capaz de ter algumas dificuldades!
Afinal ele existe!
Sempre fui grande admiradora do Arsène Lupin, o gentleman-gatuno, e nunca fui na conversa dos que me queriam convencer que ele não passava de uma personagem de ficção.
Tenho hoje a certeza que Arsène Lupin existe e está entre nós, tendo escolhido Portugal para passar os seus anos de reforma, apesar de não ter contado com esta crise maldita que lhe deu cabo dos rendimentos e o obriga a voltar ao activo.
Provas?
Assaltou oito taxistas com um garfo e uma faca.
Só mesmo Arsène Lupin teria a delicadeza de atacar um fogareiro com o talher completo!
Convidaram um de nós, mas chefa é chefa...
Manter um blog onde descreva o dia a dia. Acompanhar com fotos. O blog só tem de ser actualizado semanalmente.
Vão ser estas as minhas únicas obrigações nos próximos seis meses. Os meus queridos colegas que me desculpem, mas como o convite veio para o email do blog eu voluntariei-me de imediato. Só para vos poupar trabalho, claro.
Querem mais pormemores? Muito bem. Aí vão.
Tourism Queensland is looking for applicants willing to walk white sandy beaches, sit under palm trees and swim with turtles as they soak up the sun.
The successful candidate will be asked to keep a blog and photo diary in exchange for six months rent-free on Hamilton Island as part of a $150,000 salary package.Pois foi, arranjei um emprego novo, mas não estejam já a chamar-me nomes, que as minhas responsabilidades vão ser grandes.
There’s so much to see and do, so you’ll have plenty to write about in your weekly blog. And with so much life above and below the water, you’re sure to capture some entertaining moments for your video diary and photo gallery. To keep you busy, Tourism Queensland will organise a schedule of travel and events on the Islands of the Great Barrier Reef. Your schedule could include sampling a new luxury spa treatment at qualia on Hamilton Island, trying out new snorkelling gear on Heron Island, or bushwalking on Hinchinbrook Island.
Feed the fish
There are over 1,500 species of fish living in the Great Barrier Reef. Don’t worry – you won’t need to feed them all.
Clean the pool
The pool has an automatic filter, but if you happen to see a stray leaf floating on the surface it’s a great excuse to dive in and enjoy a few laps.
Collect the mail
You’ll have some time on your hands, so why not join the aerial postal service for a day? It’s a great opportunity to get a bird’s eye view of the reef and islands.
E, como se isto não chegasse, o escritório é uma miséria...
In between travelling to various islands of the Great Barrier Reef, the Island Caretaker will live at Blue Pearl, a beautiful three-bedroom home on Hamilton Island featuring stunning views of the Whitsunday Islands, modern facilities and exquisite furnishings.
The bright, airy interior features three spacious bedrooms, two bathrooms, a fully equipped kitchen, state-of-the-art entertainment system, ceiling fans, air-conditioning and laundry facilities.
The Island Caretaker will enjoy Blue Pearl’s outdoor areas including a private plunge pool/spa with exceptional views, sun lounges, large balconies and the traditional Aussie barbeque. A golf buggy is also included with the house, so you can explore the island with ease.
A minha única dúvida?
Porque chamarão a isto The best job in the world e porque já haverá mais de 200.000 candidatos.
E é que nem vale a pena tanto candidato, que o emprego é meu!