As partículas da minha física

Se um génio de uma lâmpada mágica me oferecesse três desejos eu pedia-lhe um dia inteiro, ou dois, porque teria muito caminho para percorrer, a poder olhar para mim  pelos olhos dos outros que me olham e a seguir, só a seguir, faria o segundo e o terceiro.

A mãe das minhas filhas não é a amante do pai delas, a amiga da loira não é a irmã dos outros dois, a cúmplice da Peixa não é a miúda do Santo, a  penfriend não é a filha da minha mãe, a gorda não é a jeitosa, a vizinha da frente não é a vizinha do lado,  a Teresa não é a Txintxin,  e quando tento juntar estas todas até posso sair eu, só posso sair eu, mas a eu que sai desta balbúrdia é uma eu que sendo eu não sou só eu e de quem não consigo adivinhar os desejos porque tenho um par de olhos para olhar para mim mas vivo a ser olhada pelos muitos mais que me alteram a matéria tal como fariam a um quark qualquer confinado e sem estado livre que não pode ser conhecido mas somente inferido pela medida das partículas de que é feito.
E eu sou, mesmo que não o conceba, o resultado das visões dos olhos todos que me vêem.

ARTUR E OS MINIMEUS

Estive a ver este filme, pela primeira vez. Sempre tive curiosidade mas nunca tinha calhado passar as retinas pela película.

Curiosamente, eu quando acabei de ver, só me lembrava d'"A Cor do Dinheiro" e do Paul Newman a dizer ao Tom Cruise que "Every action has a reaction". Quando o mauzão do filme do Artur dá um pontapé no carrinho de brincar e ele cai na grelha, está longe de pensar que será esse pequeno carro que, mais tarde no filme, vai salvar o Artur e a Princesa e o Beta e o avô. 

É assim nos filmes e é assim na vida. A diferença é que ao vermos um filme podemos, mais ou menos, prever o desfecho. Na vida, normalmente, a reacção é mais surpreendente do que a que esperávamos para aquela acção. Mas talvez seja essa a magia de viver. O inesperado, o não sabermos o desenlace. Talvez seja isso que nos move. Isso e a crença de que tudo acontece por um motivo, ainda que esse motivo seja a maior incógnita da nossa vida.

Dr. Daniel Sampaio,

Quando um adolescente nos diz "Tu ainda tens um rabo rijinho", devemos:
- dar-lhe uma lapada porque nos apalpou?
- dar-lhe uma lapada pelo "ainda"?
- dar-lhe uma lapada por não ter idade para ser pai dele?

Agradecida.
Mrs. Robinson

Já agora, doutor, que tá ca mão na massa...

Quando o Shark nos diz: "vais ter um rabo lindo até ao fim dos teus dias", devemos:

- dar uma trancada com ele por ter tão bom gosto?

- dar uma trancada com ele pelo "lindo"?

- dar-lhe uma lapada por ter demorado tanto tempo a dizê-lo e depois uma trancada para fazermos as pazes?

Agradecida,


leitora anónima

Cabra de Serviço

Diálogos Marinhos

Foto: Shark

-A Peixa? A última vez que a vi estava a tentar livrar-se de uma barbatana que se-lhe entrelaçou no pálio...

OS AMIGOS DOS AMIGOS E OS AMIGOS DAS AMIGAS

A história conta-se em duas penadas: A miúda anda com um fulaninho. Acordam a exclusividade e combinam que antes de qualquer traição é preferível acabarem tudo. Com 1 mês e pouco de namoro, ele acaba porque quer dar uma ciscadela numa amiga dela. A amiga da miúda alinha na coisa e temos os ingredientes da desgraça. Mais tarde, a amiga teve um rebate de consciência e acabou a coisa em honra da 'grande amizade' que as une. 

Eu até me ria se e diria umas asneirolas se isto não se tivesse passado com uma gaijinha de 13 anos. Tudo isto é banal e corriqueiro e com que lidamos com relativa facilidade se temos maturidade e a couraça e calo que a vida e o viver nos dão. Quando temos 13 anos, isto é, basicamente, o fim da nossa vida e de todos os sonhos. E, o que é mais grave, uma machadada quase mortal na nossa auto-estima. E foi disso que a Tia Peixa teve que tratar hoje, antes de jantar, antes que ela se dedique a comer meia folha de alface por semana. E quando questionada sobre o que fazer acerca dos sentimentos eternos (eheh) que nutre pelo gaijo, a Tia Peixa (refodida com os intervenientes desta história) teve que lhe explicar que mais importante que pensar no gaijo, ela tinha que escolher os amigos e começar a estabelecer os princípios pelos quais se quer reger na sua vida. E que só ela e mais ninguém poderia escolher os seus. Poderia adoptar os meus, adaptá-los, ignorá-los e até escolher uns e depois achar que não eram válidos. Nesta idade, é normal. Tudo parece eterno e decisivo e todos nós sabemos que não é. Até os princípios. 

É que (e ela sabe-o bem que eu sou honesta com ela apesar de novinha) eu posso ser uma pessoa sem muitos escrúpulos, que sou. Bolas, eu sou aquela pessoa que acha que no fundo todos somos prostitutos. Podemos é ter um preço muito elevado, mas, pelo preço certo, todos lá vamos. Mas neste campo, há 2 princípios inquebráveis: 

Primeiro - O gaijo que a minha amiga gosta/come/ama/deseja/está interessada/namora é intocável. Não mexo! Poderia ser gaijo para me levar a executar todas as manobras do Kama Sutra e ainda inventar umas novas, mas não toco. E nunca quebrei. 

Segundo - Os amigos do gaijo que eu gosto/como/amo/desejo/namoro são off-limits. 

(Ex-amores de amigas é uma área cinzenta em que se navega em terreno pantanoso e cheio de lodo. Nunca aconteceu, por isso, estou um bocado na dúvida. Mas acho complicado. 'Pró que é' talvez não valha a pena os trabalhos...)

Isto, parecendo que não, é uma merda. É que, parecendo que não, risca uma data de gente da lista! E, assim sendo, talvez algumas pessoas se interroguem porque o mantenho.

É simples. Há um principio basilar que me rege e que eu me esforço todos os dias para não quebrar e no qual, infelizmente, nem sempre sou bem sucedida. Mas todos os dias me recordo dele e todos os dias me esforço para não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem a mim.

É que nem dá para fazer sondagem

Mas que estou curiosa, estou. Digam, ali em baixo na caixinha, em que circunstâncias, tirando as óbvias em que elas servem de grampo e porque ninguém quer acabar a estatelar-se no chão,  se tem um orgasmo com as pernas entrelaçadas no outro e terminado o orgasmo as pernas se mantêm entrelaçadas, ou seja, de músculos retesados tal qual estavam.

Só curiosidade, claro.

OLHÓ BONECO

entrelaçar
(entre- + laçar)


FÓNIX QUE EU DEVO ANDAR A FAZER A COISA MAL FEITA

Diz então a Chefa que quando se acaba de dar a real queca do 'pró que é' não há corpos entrelaçados. Mui bien... Peço então muitas desculpas pela minha falta de perícia sexual. É que eu quando acabo de ter um orgasmo acabo sempre em contacto com a outra parte que estas coisas não se querem telepáticas nem com grandes distâncias. Talvez seja da idade ou da minha esmerada educação num colégio interno na Suiça mas não me parece de bom tom ou sequer saudável (que sofro de quedas de tensão bruscas) num minuto estar no valente striclobaite e no segundo que se segue estar de pé e prestes a debandar. A coisa segue o seu rumo habitual e existe ali (seja o ali sexo, foda, amor, amizade, ódio, nojo, whatever) um momento em que nos quedamos entrelaçados e exaustos. Tenha esse momento a duração de 10 segundos ou 10 horas. Quer se queira, quer não, quer agrade, quer desagrade, esse momento existe.

E se, de facto, a prática corrente é quebrar o recorde dos 100 mts barreiras depois de se virem, eu não percebo mesmo nada de sexo. O que, bem vistas as coisas, é capaz de ser o caso.

P.S.: Os segundos têm tendência a estender-se se acabares debaixo do adversário. Dizem-me que é mais difícil sair debaixo do que sair de cima... Dizem...

P.S.1: O Coyote Ugly foi um mau exemplo, Chefa. "Did you ever wake up sober after a one night stand, and the person you're next to is layin' on your arm, and they're so ugly, you'd rather chew off your arm then risk waking 'em? That's coyote ugly." Não só estão entrelaçados como dormem juntos, Chefa. E abraçadinhos e tudo... Será amor?

Sócia, tu concentra-te, estás a falar de sexo.

Havia ali qualquer coisa que não me fazia sentido mas estava tão bem disfarçada que foi preciso começar a fazer o desenho para dar com o rabo do gato escondido.

Sexo puro e duro, mesmo sem trocadilhos, não é? Pulsão, tesão, uma é pró que é sem flores nem rodriguinhos, o animal e coisa e tal, a busca do prazer infinito do desejo aplacado. Corpos suados na luta, corpos que se servem e são servidos, corpos que se engolem, se devoram, corpos que gemem de prazer sem dono e sem hora marcada, corpos sem outras regras que não sejam as deles, corpos de gente que quer ser bicho, corpos que fodem. Corpos que derreiam e são derreados. Corpos aplacados.

Não, não queremos amor nessa altura, queremos foder, tout court. O amor, o tal amor, pode estar a montante e a juzante ou mesmo nem ser para aquela cama chamado porque os corpos não precisam dele mas, e é aqui que pela boca morre a Peixa, corpos derreados não se entrelaçam se não se quiserem para além do desejo satisfeito. Corpos derreados repelem-se, não se procuram, a partilha do momento, ou das horas, ou dos dias, acaba com o momento que foi partilhado, o animal está satisfeito. A não ser que já não seja o corpo que se procura mas o outro que está ali naquele corpo e é esse, e só esse, que se entrelaça mas isso, miúda, já não tem nada a ver com sexo. Deixa-te lá de romantismos e foca-te, tira o amor daquela cama e no fim tens corpos satisfeitos, derreados e espalhados por tudo quanto é canto, cruzados se assim ficaram no orgasmo final em que se esgotaram mas nunca ronronantes e entrelaçados a partilharem o momento em sussurros de é tão bom não foi.

"I THINK I COULD FALL MADLY IN BED WITH YOU."

Sexo não tem nada a ver com amor, disse o amigo da CJ. Ela quer opiniões, eu dou-lhe a minha. Ele está coberto de razão.

Se para haver amor, o sexo é condição essencial como sua última expressão, até. Para haver sexo, o amor não tem que ser chamado à colação. Sexo puro e duro (sem trocadilho) é uma pulsão. Uma necessidade que deve ser atendida. Quem nunca sentiu a inquietação de um desejo não satisfeito? Quem nunca deu voltas e voltas, numa cama, sozinho, com o fogo lento a arder no ventre?

Não é amor que queremos nessa altura. Não é isso que nos apazigua. Não é partilhar a nossa alma e o nosso coração. O que queremos é uma boca sedenta da nossa. Queremos mãos que percorram o nosso corpo sofregamente. O peso e o calor de outro corpo em cima do nosso. Queremos o pulsar de outro sexo no mesmo ritmo que o nosso. Não são palavras doces que procuramos. É mesmo saliva, suor e a explosão libertadora do orgasmo.

E quando, derreados pelo prazer, os dois corpos jazem entrelaçados e sem palavras, não é o amor que os une, mas única e exclusivamente o momento partilhado, a necessidade primordial, física e animal mais antiga do mundo.

E AGORA VAMOS EM DIRECTO PARA WESTMINSTER...



Tubarão, vou ter de dizer isto em público

Fazes-me muita falta. Eu não consigo enrolar um cigarro.

Triste, muito triste....

É ter ido lá fora, reparado que o pátio estava cheio de folhas caídas e as sebes aparadas, ter pedido explicações à mais nova e ter ouvido um Ai tu não percebeste? Andaram aqui a cortar as nossas sebes.
- Ai foi? O anão aqui do lado veio tratar-nos do jardim?
- Não!!!.... Foi o da frente. O alto, giro e de olhos azuis...

Ora muito bem, tive um gajo alto, giro, de olhos azuis e de serra eléctrica empunhada a aparar-me a folhagem e não dei por nada.
Foda-se, ou estou cega e surda ou devo estar apaixonada.

(EU ESTOU DE GREVE! JÁ ALGUÉM REPAROU?)

(O que me chateia solenemente porque tenho aqui um postzinho que podia ajudar o amigo da CJ. Mas como estou de greve devido a práticas laborais injustas, não vou poder ajudar ninguém, n'é? Quem perde é mesmo o amigo da CJ...)

Amizades Compiladas - O vídeo. (E a música, caraças, a música...)



Roubada daqui.

Sexão correio sentimental, mais uma posta amorosa

Já que a Chefa anda distraída com casamentos reais e a tentar pôr ordem no curral, alguém tem de botar alguma titica no ventilador, de modos que vou já colocar a segunda questão existencial da sexão de correio sentimental. E vou já dizendo que isto - à diferença da posta anterior - não é um supônhamos. É um assunto sério e merece reflexão aturada.

Hoje ao almoço um amigo meu proferiu a seguinte frase: "Sexo não tem nada a ver com amor". Aguardo os contributos do rebanho.

Alguém tinha de fazer o frete, não é?

UM TEXTO PARA UMA TARDE DE SOL

"Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.

Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.

Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.

Oferece-lhe outra chávena de café com leite.

Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.

Ela tem de arriscar, de alguma maneira.

Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.

Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.

Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo.

Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.

Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.

Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.

Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.

Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve."

(Rosemary Urquico)

VIÚVA NEGRA

(Tou quase a desistir desta merda. Atão não é que a Chefa acha que eu sou uma Viúva Negra?)

(É que nem uma letrinha me sairá destes dedinhos até a Chefa me dar autorização para enfiar a pila onde me apetecer!!!)

Ass: Mente em strike mode

Já que se está com a mão na pila

Regra #324-A do Cabra

1. No caso de se vir a verificar a entrada de novos elementos nesta casa fica rigorosamente proibida a introdução de pilas e/ou troca de fluídos com e entre os novíços;
a) A Chefa, e unicamente a Chefa, tem a prerrogativa de ANTES da inscrição se tornar definitiva fazer o devido teste ao material, se assim o entender, considerar necessário e/ou  lhe apetecer muito ;
b) Em caso algum ficará a Chefa obrigada a prestar contas ou a apresentar relatório do serviço efectuado podendo, não obstante e se lhe aprouver, fazer descrições pormenorizadas em público ou em privado.

2. O previsto no número anterior não se aplica aos cabras com mais de dois anos de casa desde que o façam exclusivamente entre eles e cumpram, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Estejam devidamente autorizados pela Chefa devendo a referida autorização ser requerida com, pelo menos, uma hora de antecedência sendo que cabra que é cabra tem de se aguentar mais que isso;
b) Pagamento à Chefa de uma Bula a determinar caso a caso e podendo ser exigido por ela que este pagamento seja feito em espécie;
c) À cautela a Mente Quase Perigosa AKA Peixa nunca poderá beneficiar deste regime excepcional.

E por falar em pilas

Bom, diz que a nova cabra de serviço se emancipou mais um bocadinho de modos que eu gostava de lançar uma (ou várias, quiçá) acha(s) para a discussão primaveril aqui do curral.
Lembrei-me de vos propor uma sexão Consultório Sentimental e sem esperar pela resposta vou desde já inaugurá-la, colocando aqui uma questão existencial.
Apesar de ter ali afirmado numa caixa mais abaixo que tenho um amigo que sabe ser colorido sem imaginar que quero casar com ele, tenho algumas dúvidas sobre a possibilidade de manter amizades coloridas saudáveis e profícuas. Por exemplo, e isto é um supônhamos:
Gaija meets gaijo. Dão-se bué da bem. Gaijo mostra interesse em gaija. Gaijo é casado. Gaija é livre e desimpedida e começa a ver gaijo com outros olhos - e até corre sério risco de se apaixonar. Sendo que a) gaija pretende que a amizade seja preservada e até tem cadastro de amizades anteriores destruídas por via de coloração apaixonada; b) gaija e gaijo não falam de um assunto que está latente mas não é verbalizado; c) gaija e gaijo têm poucas hipóteses de se encontrar e em princípio estará sempre gente à volta a não ser que combinem e para isso teriam de verbalizar; que deveria a gaija fazer: a) atirar-se de cabeça ao gaijo e seja o que deus-nosso-senhor quiser; b) deixar-se ficar sugadinha e deixar que seja o gaijo a tomar a iniciativa; c) voltar-se para o outro lado e dar umas belas quecas com um amigo colorido por quem não corre o risco de se apaixonar e ficar com o coração partido?; d) nenhuma das anteriores; e) todas as anteriores.
Repito, isto é um supônhamos.

Mas que las hay las hay...

- Isto não funciona.
Ok, a gaijinha bloqueou o telemóvel que a Tia Peixa lhe desenrascou. Bloqueio de telefone, está lá, escrito sem margem para dúvidas e sem apelo nem agravo.
- Que fizeste?
- Não sei....
- Andaste a brincar com isto?
- Não sei.... estava assim....
Tenta, Teresa, tenta, inventa números, vá, começa pelo 1111 e vai por aí fora que as combinações não são assim tantas, devem ser 10 elevado a qualquer coisa ou assim que de números não percebo nada. Código incorrecto. Código incorrecto. Código incorrecto. 'bora lá tentar palavras. Código incorrecto. Código incorrecto. Código incorrecto.
- C., diz-me, tu estiveste a brincar com o telefone?, que números aqui puseste?
- Então, era ...., e era ......., e era......, e era.....
 e ia debitando números aparentemente sem nexo e eu ia escrevendo, tentando, código incorrecto, e escrevendo outra vez, estás a inventar para aí mas olha, inventa que pode ser que acertes.

Não, não estava a debitar números ao acaso. Tinha-me dado o meu número de telefone, o da irmã, o do pai, o da avó, mais uma porrada deles e, a cereja no topo do bolo, a porra do PIN, do PUK e da referência multibanco em que tinha posto os olhos por poucos minutos há mais dias do que aqueles que consigo contar quando deixei o cartão do telefone esquecido em cima da mesa. Está tudo ali, certinho e sem falhas na cabeça dela mas a minha é que já não tem capacidade para lidar com mais isto porque talvez se eu não estivesse tão esgotada visse aqui qualquer coisinha boa, sei lá, deve dar para a pôr a render, ou não? Eu já vi aqueles filmes todos dos gajos que contam cartas em Las Vegas e dos outros que vão para a NASA e assim....

"NUM AMBIENTE DE GUERRA NINGUÉM CONSTRÓI. TUDO O QUE SE CONSEGUE É DESTRUIR."

Hoje tive uma reunião com uma pessoa que trabalha na mesma empresa que eu há 3 anos. Nunca nos tínhamos cruzado a nível profissional. Encontrávamos-nos à hora de almoço, lançávamos umas larachas e seguíamos o nosso caminho. De vez em quando, o cavalheiro trazia bolos, doces e afins. Mas nunca tínhamos estado na mesma sala de reuniões.

Hoje descobri que trabalho com um grande homem. Alguém que com o seu discurso me convenceu que existem grandes pessoas. Alguém que ri das adversidades e não tem medo de nada. Alguém que me soube falar de caracteres chineses mas que começou o seu percurso profissional a lavar pratos noutro país porque este estava (já na altura) nas lonas. Alguém que interpretou o meu silêncio, no meio da balbúrdia, como aborrecimento e que eu não fui capaz de o deixar sair da sala sem lhe dizer que não. Que estava enganado. Que estava longe de aborrecida.

Hoje conheci uma pessoa fascinante. E mais uma vez, tive a confirmação de que podemos falar com alguém durante anos e só sabermos aquilo que nos querem dar a conhecer. Felizmente, de vez em quando, existem momentos em que nos consideram dignos o suficiente para entreabrirem um pouco a porta e deixarem entrar em contacto com mais um pouco. E esses momentos tornam a vida melhor. Um desses momentos, faz de hoje, um bom dia.

Da amizade compilada

Isto dos blogues mistos tem a vantagem de a pessoa poder aceder a pontos de vista dos dois lados da barricada que afinal é uma barrigada (de riso), isto dos géneros, a menina e o menino e o mundo tão diferente como a gente afinal o vê.

Mais abaixo, a Peixa aborda um tema que mexe imenso comigo: o de um gajo enfiar a pila nas amigas. E eu apeteceu-me introduzir um nadinha de contraditório na coisa.

Em condições normais, fora de uma terça com sabor a duas segundas comprimidas em 24 horas, eu seria incapaz de falar numa coisa assim. Mas como estou com a telha e a Peixa falou acerca de uma coisa tão importante no domínio das relações humanas e eu até sou amigo dela, entendi pegar então pelo ângulo que mais me toca (e sim, eu deixo).
A Peixa dá a entender que uma pessoa com pila muda de atitude depois de enfiá-la numa amiga. Mais: vai ao ponto de afirmar que nisso não há excepções e arrasta por tabela quilómetros de pila no seu raciocínio tão desfavorável à imagem de uma amizade no masculino.

Tenho, e isso é raro, que discordar da cabra minha parceira (e amiga, não sei se já referi). A amizade séria depreende partilha, entrega, interacção, contacto próximo, espírito de entreajuda, firmeza no empenho com que aprofundamos essa relação bonita que uma amizade pressupõe.
Ora, em nada do que enumerei se pode excluir o uso de uma pila. Ou seja, enfiar a pila numa amiga acaba por ser apenas mais uma manifestação da amizade mais ou menos profunda que nos une.
Não consigo conceber, nesta minha percepção de amigo do peito (e do resto do corpo. Ah, e da alma e assim...), ver-me a olhar a Peixa de uma forma diferente só por lhe enfiar a pila algures. Quer dizer, seria normal que acabasse por vê-la sob novas perspectivas (nem sempre uma amizade favorece a observação a partir de determinadas posições). Mas se a pessoa até for curta de vista, e enfatizo a (multi)óptica desta afirmação, acaba por nem notar a diferença na postura da amiga e ela, até porque pode perfeitamente voltar as costas à situação, terá reunidas as condições para também não alterar a sua forma de ver o amigo tão próximo.

Considero, pois, uma falsa questão, a que a Peixa levanta no seu post. E se calhar é só por aí que passa o busílis da coisa, se calhar existem amizades masculinas que quando chega a hora de usarem mais do que a inteligência emocional só conseguem levantar... obstáculos.

E nesse caso o problema resolve-se e a má impressão desvanece num canto recôndito das memórias dispensáveis, bastando para o efeito reunirem-se uma amiga com abertura total para o aprofundar destas questões importantes que uma amizade colorida como todas deveriam ser suscita e um amigo com uma mente desempoeirada aliada a um volume apreciável de... amizade pura e dura.

E é isto.

Porque um dia também vamos ter o Dia Internacional da Blogaria e vão-me entrevistar como àquele velho castiço que é rádio amador há mais de sessenta anos e nem imagina menina isto é uma maravilha eu sento-me aqui nesta cadeira, ponho os auscultadores, ligo o rádio e falo com gente de todo o mundo e depois pode estar até Sol aqui e lá a chover e tenho amigos em todo o lado e nunca os vi e a malta dos sms e do facebook e dos tuítes e de sei lá o que mais vai olhar para nós, os bloggers empedernidos velhos e teimosos e fazer um sorriso condescendente como eu fiz ao ver aquela parafernália imensa  - a onda entra, bate na válvula, esta aquece, já está a fazer barulho, e o som sai  - que lhe permite, vejam lá, ter o mundo todinho aqui neste escritório, e quando me tentarem explicar que eu já passei à história e que quaisquer 140 caracteres podem muito mais porque até já fazem cair facínoras e tudo eu vou dizer que sim, pois claro, mas, que querem?, isto é um vícioAllo, D. Rosa, D. Rosa, chegou a sua filha do Brasil.

A ROSE IS A ROSE IS A ROSE IS A ROSE*

A premissa é simples. Uma gaija é amiga de um gaijo. Só somos amigos de quem gostamos, certo? Nós preocupamo-nos com os nossos amigos, certos?

 
Mas adiante, a amiga acha piada ao amigo. Quer ir para a cama com ele. O amigo também quer ir para a cama com ela. Lembrem-se da premissa mais simples e a base de tudo: eles são amigos. Como tal é livre de dizer que gosta dele e que se preocupa. O que o amigo acha normal. Ela diz-lhe com as letras todas que o que pretende é ir para a cama com ele. Aliás, ela tem até alguns problemas de consciência porque é só isso que ela quer e não quer que ele ache que ela o está o usar. Ela entra em pânico quando ele se engana numa sms e em vez de escrever "quando conviveres comigo", escreve "quando viveres comigo". Pânico tal que telefona para uma amiga a gaguejar porque não foi para aquilo que se 'inscreveu'. E os remorsos de que ela e as suas intenções possam estar a ser mal-entendidas avolumam-se dia após dia.

Os amigos dormem juntos. E ocorre o fenómeno que existe desde que o mundo é mundo. Tudo o que existiu para trás é apagado. Tudo o que é A.F. (Antes da Foda) é esquecido. No momento em que ocorre a penetração, o macho faz delete de tudo o que sabe da fêmea. A partir daquele momento, entramos na era D.F. (Depois da Foda) e a mais velha guerra do universo é deflagrada: a guerra dos sexos. Aquela fêmea já não é a amiga com quem se falava destas coisas. É uma mulher que o quer prender numa relação. É uma criatura patética que quer um relacionamento. E para isso é capaz de tudo. Até mesmo dizer que gosta dele e que se preocupa. Já não é a amiga que gosta dele e se preocupa. É a fêmea! E faz isso com o único intuito de o controlar.

Meus queridos, nem vale a pena virem-me dizer que nem todos os homens são iguais que isso é bullshit. Um gaijo até pode conhecer John Locke de trás para a frente, mas no momento em que enfia a pila numa gaija, ele faz tábua rasa de tudo o que aconteceu antes e ela passa a ser vista como a 'mulherzinha'. E a mulherzinha quando diz que gosta dele, está à espera de que ele diga que a ama. A mulherzinha se se preocupa é porque o quer controlar e obrigá-lo a justificar cada um dos seus passos. A mulherzinha é também incapaz de humor e de brincar, tudo é feito com segundas intenções.

Tudo o que a amiga fazia e era considerado normal, agora é feito pela mulherzinha que o amigo imaginou na sua cabeça (não perguntem qual delas que eu ainda estou na dúvida) e é mau. Muito mau. Medooo...

Sabem uma coisa, gaijos por esse mundo afora, às vezes, o óbvio é a resposta certa. Às vezes, se uma gaija diz que não quer explicações e que quer só saber se estão bem, é só mesmo isso. Não há nada nas entrelinhas. É só isso mesmo: saber se estão bem. Algumas mulheres quando dizem que gostam de vocês é porque sentem carinho por vocês, não porque querem casar e ter um rancho de filhos. E quando uma gaija vos diz que quer sexo, meus amigos, é isso que ela quer. Mind blowing fucking sex. Se conseguirem ser amigos, melhor. Torna a coisa mais agradável. Mas aqui entre nós, deixem-me que vos conte um segredinho. Não é condição essencial. Nós vimo-nos à mesma.

Moral da história: A amiga fica sem fuck buddy e sem amigo e altamente refodida porque andou não sei quanto tempo a falar sozinha. O amigo é parvo e, muito provavelmente, vai encontrar pela frente uma gaja que o enrola com jogos, meias palavras e que nunca lhe diz exactamente o que quer e quando ele der por ela vai-lhe fazer uma cena de berraria no meio de um restaurante. E sabem o que é mais engraçado? Nesse momento, ele vai dizer que todas as mulheres são iguais!

*Gertrude Stein

Cabra que é cabra


imagem daqui


é cabra revolucionária. Hoje, numa avenida da liberdade perto de si.

ARRE PORRA!

(Acham mesmo que eu tenho vida para isto? Esta gente vem imbuida do espirito da Páscoa e do voltar à vida e assim e esquece-se que a malta já não tem mãos a medir e o tempo não estica. Eu vou ter mesmo que me desunhar e escrever posts? Era só o que faltava...)

Foi a Chefa que me obrigou a meter os cornos outra vez.

E a pessoa interroga-se, claro, como é possível acontecer tal coisa. Mas a pessoa olha para a exigência de um bocadinho de coerência e acha-a sempre pequenina, por comparação.

Nunca mais isto, nunca mais aquilo, e afinal é o tempo quem se encarrega de limpar o pó nas prateleiras de emoções adormecidas e de desmentir a cabeça, essa estúpida impiedosa, com a voz do coração que não reconhece outra razão que não seja a sua, imaculada das porcarias que a outra, mais acima, espalha ao longo do caminho como uma espécie de nevoeiro para evitar, por exemplo, um regresso que lhe pareça mal.
E a pessoa acha que não, às tantas, parece mal é mergulhar no lodo em vez de nadar ao largo de uma praia de areia fina, num mar azul transparente. Com montes de gajas descascadas na areia sentadas como as mais belas flores de um lindo jardim.
A pessoa prefere pensar as coisas assim, bonitas como elas devem ser, mesmo quando por algum motivo deixam de acontecer, porque isso não lhes retira a beleza que é intrínseca, aquela que só o coração consegue ver, esse espontâneo das avenidas que só tem olhos para as miúdas giras no areal que foram o melhorzinho que me ocorreu para acompanhar os violinos na imagem que acima pretendi criar.

Hoje é dia de Páscoa, um dia excelente para tirar coelhos da cartola, depois de lhe conseguir deitar a mão às orelhas por entre a carrada de amêndoas que lixam a dentição e aumentam o peso a uma pessoa mas sabem sempre muito bem e a boca, essa ganda maluca, é tão voraz nos apetites gulosos como é capaz dos disparates sem nexo de que a pessoa se arrepende algum tempo depois.
E é o tempo o segredo, esse gajo cheio de experiência de vida que nos ajuda a ultrapassar pela direita quando essa cena de seguir as regras do jogo não permite que a vida avance e a pessoa faz aquela figura palerma de quando se vê obrigada a levar com os gases de escape na traseira de um enorme e vagaroso camião.

Prego a fundo com a segunda bem metida que a estrada está sempre desimpedida quando a pessoa se deixa de merdas e olha para o tempo que passou entretanto, trocista, e percebe que ele não dá mostras de abrandar a passada e a pessoa simplesmente não dispõe de tanto tempo assim para desperdiçar.

E por falar nisso eu não tenho mais tempo para vos tomar, nesta mensagem de votos de uma Boa Páscoa para todas/os quantas/os aterrarem aqui nesta altura e perceberem que a Chefa (que saudades de poder chamá-la assim) is back.

E continua a fazer de mim o que quer.

Isto não está para graças

Ontem perguntaram-me se gostaria de ser mais nova e, pela primeira vez na minha vida, respondi que sim.
F***-se, sinto-me velha.*


*e devo estar mesmo que já nem um foda-se de jeito escrevo.

Xou!....


Estou farta de ver as caixas de comentários desta casa a serem usadas para tentarem vender iphones desbloqueados, viagra e quejandos. Porra, se querem fazer disto mercado ao menos vendam erva porque para além das óbvias vantagens eu gostava de ser como a gaja.

A NOITE DOS MORTOS-VIVOS

Susto, susto era se tentassem ressuscitar este blogue também!

Ufas... Quase que comecei a acreditar naquela coisa da Páscoa e assim...