Sabes, às vezes as palavras explodem-nos na boca para não acontecerem no coração as suas deflagrações.
São mecanismos de defesa, instintivos, anti-corpos que desenvolvemos no silêncio das palavras reprimidas e que as expulsam como granadas sem cavilha para evitarem a infecção que nos rebenta por dentro se a deixamos por combater.
Por isso cuspimos as palavras quando nos fazem doer no peito com os estilhaços das emoções que libertamos assim, pouco antes de implodirmos sob o peso dos desabafos adiados que nos ateiam o pavio.
Um rastilho muito curto, quando a corda da paciência estica demais.
E depois dão-se as explosões e as palavras são como dinamite nos alicerces corroídos por uma maleita qualquer como as que enfraquecem a madeira, enferrujam o metal ou destroem aos poucos ao mais belo e cuidado jardim.
Mas nem sempre a explosão das palavras representa um fim, mesmo perante as marcas visíveis dos danos colaterais que possamos provocar dessa forma. Mesmo quando conduzem ao encerrar de um ciclo que se calhar precisava apenas de um derradeiro abanão. Desespero de causa, às vezes, aquilo que mina o campo por onde preferíamos caminhar descalços e sem preocupações que não as de procurarmos a felicidade e se possível a partilharmos com pessoas queridas, pessoas de bem.
Muitas dessas pessoas podem surgir na nossa vida apenas no dia depois de amanhã, surgidas de surpresa por detrás do pó por assentar na sequência do rebentamento das palavras disparadas à queima-roupa, por simples reflexo condicionado do dedo que a vida nos obriga a engatilhar.
E na maioria das vezes nem precisamos de as procurar, autênticas brigadas de minas e armadilhas que o acaso nos estende ao caminho embrulhadas no seu papel por cumprir.
Prefiro acreditar-te a sorrir, já passadas as ondas de choque e toda a turbulência que as palavras explosivas provocam a quem as detonou.
Um dia, quando o tempo bastante decorrer, as palavras detonadas serão apenas um eco distante de uma trovoada que, como as outras, choveu e passou.
Amanhã o sol vai nascer e a vida irá acontecer mais esclarecida, mais avisada. E necessariamente melhor.
Há 2 anos
38 comentários:
obrigada Shark, sinceramente.
Bonito texto camarada, somos parceiros de tempestades e arco-íris. Desejo-te o mesmo que a mim, como cantava o Cazuza: um amor tranquilo com sabor de fruta mordida.
E o Sol está aí.
e depois da tempestade, mesmo que tarde, há-de chegar a bonança!
aqui também está sol :)
Está sol, está. Em tempo de guerra não se limpam armas. Se te dão limões faz limonada. Para a frente é o caminho. Não há mal que sempre dure. Fecha-se uma porta, abre-se uma janela. Etc.
Arrobana, há coisas em que nem precisas de estalar os dedinhos...
;)
Boa definição, Z. Vê-se logo que gostamos ambos da fruta.
Verão do caraças!, eu lembro-me da cara da Turner no body heat, e dos outros, portantos...
quem ganha perde
Aí também tá sol? E os olhinhos, estão de que cor?
:)
a definição é do Cazuza meu, o seu a seu dono
barão vermelho
We will always have paris...
devem estar verdes, né? mas agora com o azul da piscina vão ficar vermelhos, equívocos perigosos
praia ao domingo não faço, saltar nas rochas talvez
praia é amanhã que agora este tempo veio para ficar uns tempinhos
Eu percebi, Z. Mas isso não te deslustra a tendência fruteira, pois não?
não! tu já viste um jaca? é do caraças meu,
lá vou nadar, fica bem
(bem, mas quer dizer, aquilo é mais para a gente ficar descansados que existe, porque dá jeito uma naifa -> zum, manu chau, esperanza y ...)
Z, body heat é outro dos meus filmes..
shark, há palavras que estão presas em todas as nossas gargantas mas que tu soltas melhor que ninguém.
sol, aqui também.
ora então temos um país soalheiro!
os olhos estão verdes :)
(até podia dizer que a cor se está a tornar monótona, mas não consigo!...)
eventualmente monótona ou começa a passar a definitivamente verde?
não, não! eventualmente...
por aqui ainda há nuvens, aguardo pacientemente que venha um vento e as leve para longe
já tens o teu arco-íris e este é só para ti.
deve ser como o tal saco das batatas - foi para uma eventualidade, mas foi ficando no congelador... e olha que assim não se estraga.
:)
22
E eu não paro de soprar o céu.
:)
pára lá de soprar que ainda mandas as nuvens cá para cima.
(bem, pode ser que se fiquem pelos lados de zé eheheh)
Pelo meio?? achas que o folego do tubarão deixa as coisas por metade?
faz o favor de estar caladinha e reza, pode ser?
gaija, tem dó de mim! o shark que se esforce... já tenho nuvens cinzentas por cima de mim que cheguem!!! não sejas má pra mim...
vou ver se ainda vou a tempo de meter o requerimento para se ficarem por leiria :)
e cada vez o fôlego do esqualo vai ficando mais fraco. Já só chega a Leiria...
(ele que não te leia...)
eheheheh... espero bem que sim, mas ainda deve andar às voltas com o livro de instruções do novo sitemeter... achas que o devo avisar que não vale a pena?
era de amiga, mas gaigo que é gaijo gosta dessas picuinhices... às tantas ainda lhe vais tirar um gosto. deixa-o estar.
e enquanto estiver assim entretido escusa de brincar com outras coisas.
pois!!! não o mandes brincar com mais nada.
(achas que é preciso dar sugestões? logo ele que tem dois??)
é melhor não. ficava para ali entretido e nunca mais se ouvia falar nele...
Vocês não me fecundem!
Sabem lá as horas que perdi a agrupar os vários blogues que tenho por aí, e a estudar a cagada em três actos que eles congeminaram para depois... dar com aquela merda outra vez na mesma...
Gajos.... não tens exaustor? Já sabes - manuais de instruções são guardados, sem serem abertos, no armário de cima.
se tivesses desistido, como nós, e vindo para o granel não tinhas perdido tempo...
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