Avenida Principal

Gente muito apressada, gente entalada em autocarros de ponta na hora de ir ou de regressar.
Uma buzina a vociferar aquilo que berra um condutor impaciente por detrás dos vidros fechados que o isolam do mundo exterior, mas apenas o poupam ao martírio do som.
Compras de última hora, na farmácia ou na mercearia. Mulheres de expressão vazia, condenadas a uma existência ritual, casamentos, baptizados e um ou outro funeral nos intervalos de uma vida escoada a servir.
Homens de semblante fechado, um ar carregado de mágoas e de frustrações, as gajas em casa reservadas para as precisões, como barguilhas com pernas, instaladas num dormitório onde lhes compete o purgatório tradicional. As restantes todas putas porque vendem o prazer ou coisa ainda pior quando o sentem com eles, maridos das outras, as poucas que cedem vergadas ao desprezo a que as deixam votadas e à sede de carinho que disfarçam com o desejo aparente de um sexo exigente a que eles nunca sabem corresponder.

E ao virar de uma esquina o teu rosto luminoso e confiante, um sorriso contagiante, toda a esperança do mundo condensada na evidência radiosa do teu sentir feliz.

61 comentários:

Anônimo disse...

tubazão

shark disse...

Com Z maiúsculo.
;)

Anônimo disse...

tu malandro ;-),

tenho ali uma coisa de Santo Anselmo para meter mas tenho de tomar outro café primeiro

O Santo disse...

chamaram? ah, era co Anselmo, desculpem

Anônimo disse...

poiz é, lembrei-me de ti ontem por causa disso

estou a ganhar coragem para escrever aquilo, não posso enganar-me em coisa nenhuma

Anônimo disse...

portanto gajo não só andou a pensar estas coisas, como deixou para os outros pensarem:

«De facto pode pensar-se que exista alguma coisa que não pode ser pensado não existente; e isso é maior do que aquilo que pode ser pensado não existente. (...). Portanto, se aquilo em comparação com o qual não se pode pensar nada maior existe de tal forma verdadeiramente que não pode sequer ser pensado não existente.»

isto deve ser para tirar a tuza ou coisa assim

Anônimo disse...

já Platão dizia esta coisa bonita, a grande tentação:

« uma vez chegado ao grau supremo da iniciação amorosa, terá subitamente a revelação de uma beleza maravilhosa pela sua natureza, essa mesma ... Pela qual fizera todos os esforços anteriores»

Teresa disse...

...O Santo Anselmo e o Platão foram com o palhaço ao circo... mas depois veio o Kant e comeu-os...

"Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e espaço são formas fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem extensão no espaço. A mente humana não pode produzir tal idéia. Nada pode ser percebido excepto através destas formas, e os limites da física são os limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos conhecer fora do espaço e do tempo." Emanuel Kant

Anônimo disse...

Credo, o que está esta gente a fazer à caixinha do meu post?

Anônimo disse...

Eu gosto de conhecer no espaço. Sobretudo quando me deixam usar as mãozinhas para enfatizar a atitude empírica.
E depois o resto, só para não restarem dúvidas existenciais ou outras.

Anônimo disse...

(Têm é que me dar tempo para estudar o espaço na boa...)

Anônimo disse...

o ponto: o ponto não tem extensão e existe para sempre

Anônimo disse...

irritam-me sempre que me dizem que não posso pensar uma coisa, penso logo.

Agora aquele Anselmo trocou-me as voltas - eu sei o que ele precisava sim, para não andar com aquelas coisas

fogo de Sant'Anselmo é o que é

Teresa disse...

portanto o ponto existe e as conclusões que tiras são empíricas

Teresa disse...

ó tubarão mas tu é que nos alimentas os pensamentos e a alma..

Anônimo disse...

Cantas bem mas não me alegras...
Alimento à brava mas comer é só mesmo cozido e feijoada...

Anônimo disse...

o ponto não tem existência material, só conceptual, como abstracção, e portanto num certo sentido está fora do empírico

todos os 'pontos' que fazes com a ponta do lápis ou da caneta são ícones desse ponto mental, não é desses que falo mas do outro, o referente final

Teresa disse...

os quindins estavam lá e o chantilly com frutas também... e quem não como por ter comido não morre de doença de perigo

mas mesmo o conceptual parte do real, da existencia fisica do teu cerebro. consegue-se criar um pensamento sem origem nas sensações?

Anônimo disse...

para Platão as formas ou idéias existem em si mesmo, o tal cérebro só acede a elas, e o mais das vezes vagamente

Teresa disse...

o mundo das ideias onde não conseguimos chegar.. mas se não conseguimos não existe porque a existência tem o ser como medida.

Anônimo disse...

eu não disse que não conseguíamos chegar, disse vagamente,

ou nem poderíamos falar delas

Anônimo disse...

voltando ao real: tenho ali um casal de pombinhos do lado de fora da janela há horas!, eu a tomar duche e eles no sururu, com asas pelo meio e tudo agora estão a fazer toilette, e a deixar as penas lisas

conclusão: acho indecente que já não haja o mínimo receio de um gato sapiens

Teresa disse...

por aqui são as rolas bravas. passam o dia a namorar por aí e eu a pensar em arroz...

do mundo das ideias, ou ideais, só apreendes portanto uma pequena parte, a que "descodificas"..

Anônimo disse...

exacto

não sei se é pequena ou grande, às vezes vem-me uma coicidênciazona daquelas de ficar ko e a seguir ok

Teresa disse...

serão coincidências ou a atenção à flor da pele e o foco apontado para um determinado ponto?

Anônimo disse...

bem, sinceramente não me passava pela cabeça ter um casalinho de pombos na minha janela quando fui tomar duche,

atenção à flor da pele talvez, tenho muitas vezes a pele em flor, o gajo mais parecido com uma árvore que havia no curso, diziam

Anônimo disse...

mas coincidências quer dizer apenas isso: co_incidências

considerar-se casual ou causal já é um atributo posterior

Anônimo disse...

Tinhas o galho maior, Z? Era por isso?

Anônimo disse...

:), não pá, ou plo menos acho que não, é bom mas não é assim

Anônimo disse...

podes ficar descanzado ;-)

@na disse...

tá bonito, tá...

Anônimo disse...

:))))))))))))))

Anônimo disse...

calma pézinho, isto é tudo brincadeira de tubarão com árvore feita golfinho

gaija do norte disse...

tá bonito, tá... o post, que é um grande nó!

Anônimo disse...

Um nó? Ò rapariga, fala comigo que eu desato já isso...

issufo napakova disse...

possas... que profundidade!

gaija do norte disse...

ai beto, ias ter tanto trabalho, que quando chegasses ao fim já não sentias as mãozinhas!

Anônimo disse...

Mas elas não perdiam a sensibilidade, pois não?
Atão não há azar...

gaija do norte disse...

até os dedos perdiam, quanto mais a sensibilidade...

Teresa disse...

o beto também desata nós? pensei que só dava..

gaija do norte disse...

o beto é multitask, chefa

Anônimo disse...

Vês como sabes, Gaija?
Tu é que me topaste bem...

gaija do norte disse...

pois foi, esqueci-me dos óculos, mas vi tudo!

shark disse...

E como é que conseguiste resistir? Tu és durona, pá...

gaija do norte disse...

só resisti por timidez. é a única explicação...

Anônimo disse...

Olha, foi comámim...
Prá próxima temos que ter isso em conta.

gaija do norte disse...

vou já pegar num baraço para atar no dedo. assim não me esqueço (espero)

shark disse...

Eu não ato no meu, fiquei esperançado de perdê-lo juntamente com a sensibilidade nas mãozinhas...
:-)

gaija do norte disse...

eu lembro-te :)

Anônimo disse...

Eu sei.
(até meto uma velinha a Nossa Senhora dos Clérigos)

gaija do norte disse...

(não sei se existe, mas uma velinha fica sempre bem)

Anônimo disse...

(Se não existe eu invento. E sim, uma velinha dá a luz perfeita para uma oração como deve ser.)

gaija do norte disse...

tu rezas muito?

Anônimo disse...

Sempre que posso. É que gosto mesmo de evidenciar a minha fé.

shark disse...

Fazemos as pazes se eu embrulhar este 55 para ti, arrobana?

gaija do norte disse...

então não és homem de pecar...

(vais ter que embrulhar muito. ai vais vais...)

shark disse...

Depende, tem dias...
Mas depois vou ao confessionário e concedem-me o perdão.

(Já viste? Tou mesmo preocupado...)

Teresa disse...

Tadinha, ela ontem estava com mais sono ainda que eu...

Anônimo disse...

Ah foi? Então ainda alimento a esperança do perdão...

Teresa disse...

e acho bem que te vás alimentando que se não fôr a esperança a matar a fome não estou a ver mais nada...

gaija do norte disse...

sim, vai fazendo as refeições todas e arranja uma cadeirinha bem confortável!