Vejo folhas amarrotadas de um calendário, tombadas sobre o tampo de uma mesa como as que lá fora já forram o chão que há muito não pisas.
Vejo dias desperdiçados com o vento de feição e o veleiro no meu coração em doca seca, apontado como uma seta para o horizonte sem fim, à espera de um corte no cordão umbilical que o prende a uma âncora imaginária que agora parece feita de papel. Como o das folhas amarrotadas, numa mesa pousadas para marcarem a passagem do tempo num tiquetaque sem quartel. À espera de um sinal que tarda a chegar e eu preciso muito de embarcar na próxima maré favorável.
Esta sensação desagradável de olhar para o calendário prestes a esgotar as munições, como a árvore despida lá fora, recorda-me que se aproxima a hora de dar início a um recomeço como todos os que definimos, arrogantes, redundantes, sem podermos sequer ter como adquirida uma continuação.
E eu alimento uma ilusão (des)necessária, escondida nos bolsos de uma história que tento alimentar à socapa da realidade que me atraca ao teu porto de abrigo que, na verdade, não passa de um puro castigo.
O preço da minha indesculpável acomodação
Há 2 anos
23 comentários:
e é com cada carga de água...
este verão está muito atreito a fenómenos climáticos.
Ou então é da idade... começo a acreditar nisso. Já carregamos lastro de mais para levantar ancora e zarpar com a facilidade com que o costumavamos fazer..
(Este também é um belo naco de prosa...)
Só começo a acreditar nisso no dia em que começar a falhar-me o fiel amigo (o cérebro, claro)...
(Obrigado, chefa. É um prazer oferecer-lho.)
e eu aceito-o com todo o prazer. (devia dizer todo o gosto mas falho sempre nestas coisas de educação clássica...)
era para comentar.... mas não quero interromper este interessante bajolar misto. prossigam.
sabes como é, nós aqui somos uns para os outros...
(e já estás armado em espenhol? bajolar???)
pronto... eu ja nao tive direito a elogios. quem manda não estar calado....
está bem, sai já elogio - tinha(mos) saudades tuas, que isto sem ti perde metade da graça...
metade????
ai ainda consideras isso um elogio??
achas que o tubarão não pode ficar com a outra metade?
já agora... por acaso comentaste o post???
Toma que já levaste, coño!
pssst, meninos, por acaso estou a ver as provas de esgrima, mas são em Beijin e de mulheres...
olha metade até acho muito que aui o gaijedo é que tem mantido o tasco a funcionar enquanto o menino anda no meio do salero. Sim Santinho, porque até o arrebatador que está lá para o meio das Áfricas faz uns postezinhos tivo enviado especial. Tu nem comentos. E agora chegas aqui e ainda reclamas metade da graça disto?? Era só o que faltava...
(já está armado em Castelhano, pensa que chega e é tudo nosso, mas esquece que por aqui,e se for preciso, voltamos à táctica do quadrado, que Nunos, Alvares Pereira ou não, é o que não deve faltar. Atiramos-lhe com a Ala dos Namorados, pedimos ajuda à virgem - havemos de descobrir alguma - e arranjamos uma aljubarrota tamanha que ele desiste logo do veni, vidi, vici...)
azeite quente para cima e mai nada!
um santo frito? para mim prefiro mal passado se não te importas...
só um banhinho, para ficar tostadinho por fora e mal passado por dentro... boa?
Uma virgem? Adonde? Com idade para ter carta de condução não tou a ver...
Azeite quente? Ou não vai às compras ou tem pais ricos...
Mas qual azeite, pá? Água de lavar pratos e já é um dinheirão.
Isto com gajedo a tomar conta das decisões militares ia logo o castelo à falência.
e eu que pensava que tu só percebias de orçamentos de navios naufragados... sempre a surpreender...
ó tubarão se o azeite não for virgem sempre fica mais barato... claro que o sabor não é o mesmo, mas no poupar pode estar o ganho...
Ana frito só se fôr à chinesa - fritura rápida, agua gelada com ele e comer de seguidinha..
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(aí... tadinho... essa imagem agora até me arrepiou)
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