Por vezes lembro-me de uma ou outra e pergunto-me o que lhes terá acontecido. Pessoas que por uma razão qualquer tiveram os holofotes da curiosidade das gentes em cima, andaram nas bocas do mundo e atravessaram-se assim nos nossos dias. Pessoas que por algum tempo fizeram parte das nossas conversas, sentaram-se connosco à mesa, a quem esmiuçámos a vida, tratámos por tu e deixámos para trás, para darem lugar a outras pessoas e outras histórias e outras vidas.
Hoje, no sítio mais improvável, tropecei numa delas. Foi na caixa de gmail, mas não era um email com notícias de longe. Era um link azul, em cima, para uma notícia. E um nome. Um nome conhecido. Por mim e por quase toda a minha geração.
Ela chama-se Christiane e tem agora 46 anos. Foi-nos apresentada a todos com 13 e tinha como sobrenome um simples F. "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituta". Um dos livros mais lidos quando andámos no liceu.
Ela, Christiane F., 46 anos, drogada. O prostituta não faz parte desta história, talvez por ser contada na terceira pessoa, mas a miséria da vida não se lhe descolou da pele.
Não voltou a escrever outro livro, mas continua a ser notícia, que a desgraça humana vende sempre jornais e todos nós gostamos de saber por onde anda e que tem feito um velho conhecido.
Hoje, no sítio mais improvável, tropecei numa delas. Foi na caixa de gmail, mas não era um email com notícias de longe. Era um link azul, em cima, para uma notícia. E um nome. Um nome conhecido. Por mim e por quase toda a minha geração.
Ela chama-se Christiane e tem agora 46 anos. Foi-nos apresentada a todos com 13 e tinha como sobrenome um simples F. "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituta". Um dos livros mais lidos quando andámos no liceu.
Ela, Christiane F., 46 anos, drogada. O prostituta não faz parte desta história, talvez por ser contada na terceira pessoa, mas a miséria da vida não se lhe descolou da pele.
Não voltou a escrever outro livro, mas continua a ser notícia, que a desgraça humana vende sempre jornais e todos nós gostamos de saber por onde anda e que tem feito um velho conhecido.
5 comentários:
Tal como no caso dos medos de um post abaixo, não é só o mostrar ao mundo que resolve os problemas. Somos seres únicos, com problemas e precisamos de ajuda. Mas também precisamos muito de nos ajudar.
Esta relação do "eu" com o Mundo tem esta particularidade engraçada, fazemos o que não queremos ou que não concordamos.
E desculpem a referência, mas já S. Paulo dizia isto... penso que passaram 2000 anos...
Quando eu tinha 15 anos, soube pelos maus pais que o meu irmão um ano mais velho era toxicodependente. Não sabia muito bem o que isso era mas percebi que devia ser mau. Cresci a ver ressacas, mentiras, sonhos, promessas, desilusões, manipulações, gritos e os meus pais cada vez mais pobres.
Ao final de 20 anos e pelos menos 100 mil contos, uma quinta, carros, ouro e a saúde e sanidade mental de todos desaparecerem, o meu irmão faleceu.
E só sob um anonimato é que se confessa que foi com alivio que soube da noticia. A paz de alguns começou com a morte de um.
E só quem nunca viveu semelhante é que pode criticar.
Milu, percebo bem muito do que diz.
um abraço, milu.
imagino que seja uma enorme tristeza,
votos de felicidades para os que sobreviveram,
e perdoem-no, agora que já foi
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