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Gosto deste blog desde a primeira vez que o v(l)i. Já nem sei como vim aqui parar mas tenho a certeza que se não fosse por aquele caminho naquele dia, seria por outra conjugação de endereços html mais cedo ou mais tarde. Já ninguém acredita em coisas do acaso hoje em dia e muito menos eu que tenho um pendor natural para os aspectos metafísicos da existência. Mas dizia eu que gostei deste blog logo à primeira e tanto que até me custou começar a comentá-lo. É fácil mandar uma bujarda qualquer num tasco qualquer. Mas quando se percebe que estamos a franquear as portas de um sítio especial, já o caso muda de figura.
Fui, pois, entrando de mansinho, eu, que até não me distingo pela subtileza. Lowprofile é coisa que nunca tive e já me tem saído cara, esta mania de me faire remarquer - se é que me aturam os galicismos -, de não passar despercebida em lado nenhum. Quando era miúda, havia de ser a primeira a ser posta fora da aula, mesmo que não tivesse aberto a boca. A minha fama precedia-me e era incomensuravelmente maior que o proveito, já se vê.
Dizia, então, no meio dos entretantos e dos considerandos, que me aproximei do curral como cabrita envergonhada, não fossem as cabras e os bodes residentes estranhar-me o jeito de caprina não iniciada aos hábitos do rebanho. Tenho esta forma desabrida de galgar caminhos desconhecidos, mas sofro de pânico da rejeição e, quanto maior a atracção, maior o abismo, logo, o risco de espalhanço.
Mas a coisa foi andando, fluindo até, naturalmente. Timidez não rima com Calamity. No entanto, admito, uma das coisas que mais receio, que me apavoram até, é o ridículo. Traumas de infância, talvez.
Já o escrevi no meu tasco: estaria a mentir se dissesse que não me tinha passado pela cabeça poder ser um dia convidada a entrar nesta casa pela porta de serviço. Mas, e também o referi, quando a coisa aconteceu, sobressaltei-me. Não só pelo susto aguardado de que falei então, mas sobretudo, percebo-o agora, pela responsabilidade que logo se insinuou, lenta mas implacável. É como entrar para a faculdade (pelo menos, do que eu recordo da altura), ou ser escolhida para um trabalho: implica um voto de confiança, que tem a ver com algo que já se fez/demonstrou anteriormente, mas ao mesmo tempo, de repente, sentimos todas as atenções voltadas para nós. Não podemos falhar.
E eis que dou por mim a perder a naturalidade, a deixar de fluir. A hesitar antes de comentar (sim,eu sei, que absurdo!). A escrever e reescrever postas atrás de postas que depois nunca são suficientemente boas para pôr "no ar".
O meu superego sofre de hipertrofia, ou melhor, quem sofre com o assunto sou eu e o grilo falante cá em casa não se chama Jimmy the Cricket: para começar não é um grilo. Será, no mínimo um elefante. Um mamute. E também não é um superego. É um Ultra, um MegaEgo. Ele não sussura, não segreda, não murmura. Berra, até me ensurdecer. Tortura-me e dá comigo em doida.
Depois, houve a coincidência. Ou melhor, a sincronicidade. Dois casos cuja ocorrência quase simultânea com a nossa (minha e da peixa) entrada no tasco me deixou pensativa. Sobre os quais não pude deixar de reflectir. Porque acredito que me dizem respeito (e sim, eu tenho a mania que tudo me diz respeito) e também porque levo bestialmente a peito as coisas da blogosfera. Vivo-a, desde o início com a mesma intensidade com que trabalho, amo ou me zango. Porque ela tomou dimensões na minha vida que estava longe de imaginar a primeira vez que carreguei naquelas excitantes letrinhas "create blog". Porque me deu a conhecer gente que é hoje importante para mim. Porque me deu a dar uma parte de mim que estava até então posta em sossego.
E agora dou por mim em discussões mentais intermináveis, esta cabecinha pensadoira às voltas e mais voltinhas, o tico a ticotear o teco, o teco a fazer de conta que não é nada com ele. Vou escrever sobre isto. Não, porque isto demasiado sério para o Cabra. Sobre aquilo então. Não, porque aquilo não tem interesse para o Cabra. OK, então sobre aqueloutro. Não pode ser, esse assunto é demasiado pessoal, deves colocá-lo no teu próprio tasco e não chatear os senhores com isso. Tens de fazer serviço público, mas sem ser chata. Com graça, mas delicadamente, sem ser brejeira. Sem ser intelectual mas denotando cultura. Com leveza e acerto. E blabla blablabla blablablablabla. Posto não posto? Escrevo não escrevo?
E vem-me à memória uma frase batida.
Quando os deuses nos querem castigar realizam os nossos desejos.
29 comentários:
(e eu vou-te lá buscar)
não te escondas, calamity...
belo post!
Chefa, a miúda faz-se...
Helá! Maravilha!!!
CJ, levo-te emprestada a última frase, que até hoje dizia de outra maneira.
não querem fazer um movimento de apoio a ela? Não sei como isso se faz, mas realmente devia ser compensada de alguma forma e arranjando emprego,
oh deuses, pás, tratem lá disto que eu tenho outras coisas para fazer,
Eu bem que já tinha dito que tinha(m) sido boas aquisições!...
Só a tua última frase chega para eu ter a certeza de que só tu podias ser a minha gémea. É que ela não me sai da cabeça nos últimos dias...
Sabes que te digo? Escreves divinalmente. Mesmo que faças um post sobre a cultura da papaia verde da Sibéria, será com certeza com um talento e um esmero que beberemos as palavras com a mesma avidez com que lemos Brontë.
(e tu não achas que eu sinto o mesmo peso? Sou é mais nova e inconsequente!!!!)
:o)
Ai peixinha que só para ouvir uma dessas vale a pena andar às turras comigo própria durante semanas a fio!
Obrigada a todos pelo carinho.
Cy, a frase deve ser: Cuidado com o que desejas pois poderá ser-te concedido...
Z, não sei se... Li a notícia e fiquei com uma sensação incómoda. O meu desconfiómetro, que até não é grande espingarda, bipou...
Gosto de vocês :-)
E é a frase da Meryl Streep que me marca no 'África Minha'.
:) o inicio deste post parecia eu a pensar em voz alta :)
e sabes uma coisa Calamity, eu que sou extra a este filme, no dia em que aqui cheguei e verifiquei que vocês duas tinham entrado, fiquei mesmo contente (ok ok eu sei que às vezes fico estupidamente contente por coisinhas de nada... ou de muito)
:)
(acho que estás com o rabo de fora...)
porque pensas que fiz um post sobre guarda redes e angustias e penaltis? Com o nível a subir desta maneira aqui no tasco qualquer um de nós fica gelado de medo antes de mexer os dedinhos.
Aqui e na vida visto o que escreveste como se fosse meu.
(e apanhei a kpk, o que é muito bom para primeiro coment do dia... dormi tanto!.......)
gosto muito de te ler, cj, mas não passo pelas tuas amarguras porque sou desmesuradamente preguiçosa e fiz um excelente contrato com a chefa!
que vai ser revisto agora que está a acabar o prazo...
tres, tres bien.
estás a empandeirar-me, chefa? queres que eu chore?
Empandeirar vem de pandeira??
(isto está a ficar esquisito com esses termos... huummm...)
não chefa, mas pondera bem o que vais dizer a seguir. já estou com a lágrima no canto do olho....
(rachel, percebeste porque te chamei gordinha, não percebeste? é que já levei uma biqueirada da chefa...)
(não foi biqueirada foi canelada mesmo....)
Gaija, queres um kleenex ou vais fazer-me o almoço que estou esganada?
almoço, acabamos de pequeno-almoçar...
(bálhamedeus, tou perdida...)
Eu não pequenalmocei que já tinham fechado a sala.
Caldo verde. Acho que vou comer um caldo verde. Queres, gaija?
queres que me esgromite já???
(Já não estava escondida, que estes senhores puxaram-me para fora logo de manhã ;-)
Engraçado, Tereza, ñ te imaginava assim. Tb tens um elefante no lugar do grilo?
Gaija, quando os contratos são assim excelentes, fico logo a pensar que sou eu que não li bem alguma das cláusulas e que algo me vai cair em cima ;-)
Rachel, Escarlate, assim fico sem jeito...
eu respondo por elas: não fiques, faz outro! :)
Um elefante? Tenho uma manada deles...
eu diria mesmo mais - faz outro.
UAU!
É fácil mandar uma bujarda qualquer num tasco qualquer. Mas quando se percebe que estamos a franquear as portas de um sítio especial, já o caso muda de figura.
Pois.
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