Britânico tinha namorada virtual. Mulher descobriu e pediu divórcio.
A britânica Amy Taylor pediu o divórcio ao marido depois de o apanhar a traí-la. Uma história aparentemente normal, não fosse a traição ter sido «consumada» no programa virtual Second Life. A amante era uma avatar, mas o divórcio foi pedido na vida real, informa a SkyNews.
Afinal há mesmo dois mundos, o real e o virtual, ou são só duas dimensões do mesmo?
Há muito que me habituei a ter gente "virtual" na minha vida. Conheço dezenas de pessoas assim e ainda hoje penso na "filha da fortuna", no "emvooplanado" na "de rastos" ou no "ezequiel" como amigos que já não vejo há muito tempo. E tenho saudades deles exactamente da mesma forma que tenho de muitos outros amigos que também já não vejo há muito tempo. A única diferença é que se a alguns poderia dizer estás mais velho ou estás gorda que te fartas a outros poderia notar algumas diferenças, mas seriam todas muito mais opinativas, tipo tens menos graça, estás mais comedida no linguajar ou perdeste a capacidade de sonhar.
Quando gosto de alguém normalmente é pelo que vejo, pelo que me é dado ver, pelo que sinto quando os sinto. Da mesma forma que se a companhia me agradar não costumo perguntar de que côr são as cuecas também não tenho necessidade de saber se quem encontro por aqui tem barriga, usa bigode ou gosta de saias travadas pela barriga da perna. Não há uma pessoa por trás de um nick, há um nick que identifica uma pessoa. Ou uma falta de nick.
Todos, aqui no Cabra, conhecem o Z, o nosso anónimo de estimação. O Z não é uma sombra na parede, o Z é uma pessoa, perfeitamente identificada pelas características que o fazem único no mundo. O Z pode entrar nas nossas caixas de comentários com o anónimo do costume e escrever uma coisa tão simples como "caril de camarão" que sabemos que é ele, da mesma forma que saberiamos que o Zé Manel, vizinho do 5º esq., era o Zé Manel, mesmo que um dia entrasse no elevador a falar russo.
Não distingo também os sentires, ou os gostares, entre o tal mundo e o outro ou o contrário deles. As paixões, os amores, os desamores, os ódios e as raivas não precisam de um desenho que lhes dê forma ou de um nariz que os cheire. Porque será compreensivel gostar de um tipo que tem uns olhos lindos ou de uma gaja que tem um extraordinário par de mamas e tão estranho gostar de quem, por qualquer razão, nos arrancou um sorriso, um suspiro, um frémito de prazer, um lampejo de esperança? Teremos sentires para quem estamos a ver e sentires para quem estamos a ler? Serão uns mais sérios que os outros?
Quantas vezes não dissemos já, e não ouvimos dizerem-nos "afinal não te conheço"? Teremos a pretensão de julgarmos que o que os olhos vêem é-nos mais verdadeiro que o que os sentidos sentem ou a cabeça pensa? Fosse assim e ainda hoje um tal de Copérnico juraria a pés juntos, tal como toda a gente o jurava, que o Sol fartava-se de rebolar à volta da terra, então não se estava mesmo a ver?
Andei, antes de começar a escrever este post, a fazer umas pesquisas sobre o real e o virtual e encontrei uma definição, na wikipédia, que me agradou bastante porque é exactamente o que penso. Transcrevo-a aqui, mesmo que o brasileiro com que está escrita lhe dê aquele ar de signo do zodíaco.
Quando pessoas se encontram ao vivo, elas só sabem da presença da outra pelos cinco sentidos do ser humano.
Visão. Vemos outra pessoa graça à luz. Então somos mediados pela luz. Não vemos a outra pessoa, vemos a luz que refletiu nela e chegou às nossas retinas.
Audição. Não ouvimos a pessoa: ouvimos as vibrações no ar feitas pela outra pessoa.
Olfato, gustação, tato. Podemos sentir o cheiro da pessoa. Mas o que sentimos são informações nervosas desencadeadas por substâncias exaladas pela outra pessoa e que chegam ao nosso sistema olfativo. Da mesma forma, o tato e a gustação.
Uma interação "ao vivo", então, é mediada pela luz e pelo ar. Nas interações por computador, estes dois meios são traduzidos mais algumas vezes: a luz e o som são transformados em impulsos elétricos, depois digitalizados, transformados em orientações magnéticas (nos disco de computador), em energia elétrica (nos circuitos eletrônicos), em luz (nas fibras ópticas), em ondas eletromagnéticas, etc, e decodificados novamente na outra ponta da comunicação. O que aconteceu, na verdade, foi traduzir algumas vezes a informação, mediar mais algumas vezes uma mediação que já existia. Toda interação é mediada, não importa sua natureza. Isto acontece com pessoas ou com qualquer outra coisa no universo.
Não existe, a rigor, diferença entre uma interação ao vivo e uma interação por computador, a não ser na forma de maior resolução e qualidade da mediação. Uma interação ao vivo tem maior resolução, maior quantidade de informações que uma mediação por computador. Mas também é mediada. Sendo ambas interações mediadas e tendo ambas a mesma natureza, como todas as mediações, não faz sentido diferenciá-las, a não ser pelo nome da mídia: interações ao vivo, interações online, por exemplo.
Parece então que a grande diferença é a quantidade de informação simultânea que se passa e se recebe, porque a qualidade não é diferente. E, a quantidade, pode sempre ser compensada com mais e mais informação ou com informação mais precisa.
Nada do que sinto por aqui será muito diferente do que sinto lá fora. A grande questão, aqui e lá, é conseguirem fazer com que sinta ou predispôrem-me a sentir. Tudo o resto só pode ser igual com estímulos diferentes. A Amy, a lá de cima, estava coberta de razão. Se apanhar o marido com outra é razão para divórcio por o considerar uma traição então não vejo qualquer diferença entre uma avatar e uma avantesma.
Há 2 anos
12 comentários:
Ora toma lá mais um "amigo" que, é bom explicar, sou eu...
Gostei bastante do blogue e, como novo amigo, voltarei. A ti, minha nova "amiga", só desejo uma coisa: continua, porque com post destes, “tu tas lá”!
É pá, gostei tanto que até repeti. O comentário, diga-se.
Queira, s.f.f., ter a amabilidade de, se quiser, apagar um à escolha.
Fico sempre com dúvidas quando tenho de fazer escolhas destas. Ainda por cima era bastante agradável para o meu ego dois comentários, logo dois, e seguidos, a dizerem bem, mas como até "és amigo" e pediste com tanta delicadeza, apaguei um deles. Descobre qual.
Assim já fico menos embaraçado ao assumir que me acontece com frequência entumescer parcialmente na sequência de um contacto virtual.
Estava com medo de ser uma aberração ou assim...
Tu és uma aberração, bastas vezes entumescida (dizem...dizem...)
Cadê o amigo tabarão?!?!
Agora aparece um senhor de cigarro na boca, à jamesdin?!?!?!?
é também o meu, chefa! lembraste do tempo em que não nos conheciamos de todo, do tempo em que só imaginavas o meu sotaque?
(rachel, amigo tabarão nunca tivemos, mas, se é teu amigo, manda para cá que o recebemos bem!)
Ainda bem que apagás-te esse. Achei-o um bocado paternalista. Já cá estamos, meu, e a Teresa há bastante tempo! (Mas quem é este?)
Sim, mas quem é este (senhor de cigarro na boca)?
cheguei mas venho todo forrado de penas de ganso, que ao contrário das de pato não fazem furinho no forro (contou-me a menina quando me impingiu este lee, impingiu é uma maneira de dizer que eu sou gamado em lee)
mas é só para dizer que hoje é chaputa com arroz de pimentos, e para a Gaija continuo a dizer: queixo sim
feijoada! agora estou na marmelada :)
lembrei-me de ti ao fim da tarde, e queixei-me! ninguém me ouviu, mas queixei-me muito...
nós cá andamos com treinamentos de esfinge, mas forrados de penas de ganso por causa das coisas
pareço uma tendinha de campismo em cima do penhasco
mas os meus gatos bonitos bazaram
deve ser porque eu não estou a escrever aquela coisa que prometi aos deuses, só resmungo,
a ver se amanhã choro que ando húmido, já que vou deixar de ser Leão e passo a isto de esfinge vou ser um esfinge birrento (mas acho que não era suposto, antes era para ser a serenidade máxima)
Postar um comentário