Calamity, já que tanto e tão bem insistes...

Acho que o sushi é um aperitivo interessante se a seguir vier a refeição a sério, que sou de muito alimento e aquelas coisinhas minúsculas não me enchem a barriga, nunca tive um namorado espanhol apesar de já ter tido um namorado que usava bigode e gel no cabelo (até a mim me parece impossível...) e nunca, mas nunca, andei com dois ao mesmo tempo. Acho que só um já dá trabalho que chegue.
Quanto ao resto é tudo verdade verdadinha.

Até parece que os escolhi a dedo...

É que não há um que seja só assim assim.
Eu com tanto cuidado porque queria-os era inteligentes, com sentido de humor, cultos, interessantes, mas de preferência feinhos, para manter as hostes femininas arredadas, e afinal eles são do melhor que há.
O Santo e o Shark são aquilo que se sabe. Um lindo de morrer ou pelo menos de se ficar doente, como ele diz e eu confirmo, o outro assim, com ar de estrela de cinema. A esperança de ter acertado já só residia no Senhor Visconde e vivi nessa ilusão até hoje. Não torno a confiar em informações laterais ou a aceitar curriculae que não tragam fotografia. Tinham-me jurado, a pés juntos, que era feinho e eu, que acredito em tudo o que me dizem, fui na conversa e fiz o contrato.
Lixei-me!

Resta um aviso à navegação - meninas, estes são nossos! Querem gaijos assim, tudo-em-um como estes, tratem vocês disso que aqui não se dão moradas nem números de telefone.

Mania da Idade








So what?
I'm still a rock star
I got my rock moves
And i don't need you
And guess what
I'm having more fun
And now that we're done
I'm gonna show you tonight
I'm alright,I'm just fine
And you're a fool.

Pink

Sempre que ouço isto no carro ponho mais alto e abro a janela... Mas porque é que só me levam a discotecas "para a minha idade" com músicas dos anos 80/90 e brasileiradas, ou espanholadas?
Há aí discotecas em Lisboa que nem vale a pena entrar, nem deixam, pessoas com mais de 35 (podem ser pais de alguém que lá esteja) mas essas também dispenso.
As pessoas com mais de 35, escusam de pensar que parecem menos, porque não parecem. E não tem mal nenhum parecerem. Se têm 50 e lhes apetece andarem de cabelos compridos loiros, ar hippie e calças dentro das botas, andem, mas não pensem que passam por irmãs das filhas, que andam de cabelos compridos, mas calças e sapatos de ténis (all star ou timberland, ou nike) e nunca calçariam botas de salto... E se me apetecer andar de mini evasé ando e blusão, mas não é para parecer mais nova, é porque gosto. Desde que cortei o cabelo ando a embirrar com as quarentonas ruivas de cabelos compridos lisos e franja para o lado. É só cá, nos outros países já se anda de cabelo curto espetado de todas as idades. E quero parecer tudo menos a M.M.Guedes.
Embora outrora fosse a minha ambição...

Chamou, caro Shark?...


A verdade é que não sei o que fazer. E quando não sei o que fazer, peço ajuda. Mas pedir ajuda a quem, logo eu que não tenho amigos no Facebook nem no MSN? No Cabra? Hummm..., é uma boa hipótese, mas o risco é grande. Dos da casa, só posso esperar um conselho são do Shark. As meninas inibem-me, principalmente a Teresa. Tenho como certo que, se lhes pergunto a opinião, elas vão falar da relva lá atrás, das olheiras que denunciam a má vida que tenho levado nos últimos meses, vão falar de tudo menos do que eu quero saber. Restam-me os comentadores do Cabra, são bons comentadores, sérios, incisivos, com opinião. Arrisco então.
O problema é o cabelo. Não tenho tido tempo para cortar o cabelo. À hora que eu posso, algures entre as seis e as sete da manhã ou então a partir das duas da manhã, o meu fiel Jean-Pierre não está disponível para o corte do costume. E ele, o cabelo, cresceu até às proporções inimagináveis que anexo. E eu, pobre de mim, estou aqui desamparado, sem saber que fazer.
Por um lado os outros tipos importantes da empresa onde trabalho olham-me de lado, desaprovadores. É certo que tenho metade da idade deles e acompanha-me a minha lendária condição de excêntrico, mas a verdade é que começo a ficar transtornado com as conversas interrompidas quando me aproximo, com os acenares de cabeça, desolados.
Por outro lado, este corte tem a aprovação de mais de noventa por cento do meu público-alvo. É certo que a série de suspiros quando me aproximo também me incomoda, mas, ainda assim, confesso que me dá algum estímulo detectar-lhes os suores e verificar que todas elas têm aquela reacção típica que eu chamaria "ar condicionado a oito graus Celsius", quando me vislumbram.
Não sei que faça. Acho que vou cortar. Ou então, não.

Às tantas…

Ficava bem aqui uma posta em condições, mas, pelos vistos, os autores consagrados estão com os amores, com os azeites ou tão-somente entregues a qualquer outro afazer menor que não o dever supremo de me entreter!

Ó da casa!

Atão mas anda tudo na mandriagem?

Ó Shark,

Eu com tanto trabalho a mudar a hora do post e o Visconde tornou a lixar o alinhamento...

ESTE é que é o post que eu queria colocar aqui, o lá de baixo era para colocar no Blog 3, mas agora tem que ficar porque a Calamity Jane já comentou.

Acabadinho de chegar de Londres, digo-vos que a minha maior preocupação, o que mais atormentava era ter que escolher seguir uma das duas notícias de abertura dos telejornais, que ocupavam as primeiras páginas dos jornais gratuitos e do Sun, as duas notícias que tinham chamada na primeira página dos jornais a sério.

De um lado, a notícia sobre os últimos dias de uma rapariguinha de cabelo rapado que ficou famosa porque participou num programa de televisão qualquer, nunca sei de programas de televisão porque não vejo televisão e, se visse, faria zapping ao Big Brother, maneiras que é por isso que eu não sei qual foi o programa de televisão que tornou famosa a rapariguinha.
Do outro lado, a notícia do rapazinho com treze anos mas com cara de oito que foi pai e que aparecia nos jornais com a filha acabadinha de nascer, vestida com um “babygrow” (e nesta fase peço que se detenham no facto de eu, para além de identificar a peça de roupa designada como “babygrow”, saber grafar correctamente a palavra “babygrow”).

De um lado surgiam os pormenores do casamento da rapariguinha, do outro lado surgiam outros rapazinhos de treze anos a declarar-se como potenciais pais, mas que não ficavam tão bem na fotografia porque têm cara de quem já tem treze ou catorze anos e, já se sabe, resulta sempre mais engraçado um pai com treze anos mas com cara de oito.

Um e outro, o rapazinho de treze anos com cara de oito anos e a rapariguinha do programa de televisão com cancro, vendem a sua história aos jornais e às televisões. Uma vende os últimos dias da sua vida, outro, os primeiros dias do resto da sua vida. E, se há quem saiba de leis do mercado, esse alguém sou eu e eu sei, entre outras coisas, que, para haver quem venda, tem que haver quem compre. Os ingleses compram estas duas histórias e eu acho bem, penso mesmo que devia existir um incentivo governamental para os distrair com estas coisas e não os deixar preocupar com coisas menores como o desemprego ou a desvalorização da libra.

E isto é que interessa, uma libra baixinha, baixinha, que um dia destes lá estarei outra vez e ainda me faltam uns musicais e jantar no Ritz, tudo coisas que me vão custar menos vinte por cento daqui a dois meses. Siga…

Deviam era fazer-nos o almoço.

Isto não há dúvidas que um gaijo dá-lhes rédea solta e começam logo a explodir em fúrias quase animais despejando sem freio torrentes de palavras terríveis.

São terríveis são, sobretudo com aquele ensurdecedor tom agudo que assumem esganiçadas quando os seus feitios cinco estrelas descolam do firmamento para aterrarem nos tímpanos de uma pessoa. E têm a mania que sabem fazer contas, mas um gaijo é que tem que lhes ensinar com quantos paus se faz uma canoa.

Fazem gala em partir-nos a tola mas acabam sempre por se concluir gente mansa. E não são nada rancorosas, ora essa, ou vingativas, Deus as livre, ou mesmo capazes de perderem as estribeiras por dá cá aquela palha. Burros, é o que somos, por lhes permitirmos estas modernices contestatárias que os nossos avós tiveram o bom senso de as deixarem sem tempos para irem a outros arquivos que não os das tarefas a executar e sem fumfum nem gaitinhas.

Até já fumam, as gaijas! Como é que deixámos chegar as coisas a este ponto, digam-me lá? Eram ou não muito mais comedidas quando, duas ou três gerações atrás, engoliam em seco e sorriam (mesmo que por dentro lhes fervesse uma alma de Lucrécia Bórgia)?

Pois é, tudo muito bonito isto da emancipação feminina e o camandro mas elas agora se for preciso deixam-nos a braços com a refeição por confeccionar ou a passarmos fominha de cão porque acabaram as latas de conservas.

E ainda se dão ao luxo de gabarem o beneplácito da sua alegada paciência para com a nossa (legítima e ancestral) tendência machona que nos dá tanta graça e nos revela tão multifacetados na arte de domesticar os canídeos que nos soltam às pernas, agora que perdemos o ensejo de amansar sem apelo as feras.

Resta-me referir que este post foi publicado por um tal de Shark, mas quem o escreveu fui eu, José Heterónimo Simões, um gajo que não se inibe de coçar os… joelhos em público nem alinha nas mariquices com que o peixinho dourado lhes dá tanta cúnfia.

JHS, um mangas da velha guarda.

Trabalho duro...


Deviam era fazer-nos uma estátua.

Já tentei começar a escrever isto de muitas formas mas a melhor é ir directa ao assunto. Hoje, depois de ter passado anos enganada, percebi que não tenho mau feitio.
Não, não tenho, e a graça é que até eu pensava que tinha.
Eu sei como sou capaz de explodir numa fúria quase animal despejando sem freio torrentes de palavras terríveis. Eu sei como fico perdida de raiva, como sou capaz de agredir desalmadamente e de ferir sem dó nem piedade, mas, percebi hoje, só o faço se tiver razão para isso, porque só estar magoada não me chega. Posso ser um pouco, digamos que, colorida nas minhas demonstrações de desagrado, mas não tenho mau feitio.
Gaija que é gaija já ouviu pelo menos uma vez dizerem-lhe que tem mau feitio e provavelmente, tal como eu, viverá convencida que não é propriamente flor que se cheire, mas descansem as vossas consciências - nós somos é demasiado tolerantes.
O processo é simples e bem conhecido de todas. A nossa cabecinha, esperta e gira, nunca pára de pensar e os dois e dois que vão dando quatro vão sendo somados e postos na coluna do Haver. Normalmente deixamos passar sem reacção de maior. Somos tolerantes, já o disse, e prezamos o bom entendimento entre os homens e sobretudo com os homens. Mais propriamente com o nosso. Vão uma, vão duas, vão três, vão dúzias de coisinhas que até não nos agradam por aí além mas nós, contas feitas prova dos nove tirada e resultado à vista e sem erros, arquivamos. Precisamos de saber que não nos deixámos enganar, que estamos atentas, mas não precisamos de esfregar cada prova da idiotice masculina na cara do próprio, até porque a maior parte das vezes não percebem e só estamos a ter trabalho.
Desta forma inteligente, que nos poupa fôlego e nos permite viver com alguma tranquilidade o dia a dia, lá vamos seguindo com as nossas vidas, perdoando cá para dentro mas não esquecendo. Não esquecendo nunca.
E um dia, porque há sempre um dia, acontece mais uma. E nesse dia, quando mais uma vez tentamos arquivar, aparece o aviso que tão bem conhecemos - memória cheia, necessário apagar mensagens.
Apaguemos pois.
Está certo que até pode ter sido só uma coisinha de nada, uma meia fora do sítio, uma desculpa esfarrapada para o atraso habitual, um hálito a adega depois daquela reunião de horas onde se discutia o futuro da espécie, um telefone sem bateria, mas pronto, já não é possível arquivar. A partir daí sabemos bem o que acontece. Começamos por ir buscar a mais recente ofensa só para arranjar um bocadinho de espaço mas assim que a abrimos e nos voltamos a lembrar é difícil parar. A esta mentirinha de hoje juntam-se as outras dezenas, aquelas todas em que fizemos cara de parvas e acenámos que sim, pois claro!, as faltas de respeito aqui e ali que passaram incólumes, as pequenas traições, os abusos, todos os tais pecadilhos perdoados mas não esquecidos. E a nossa fúria vai crescendo e crescendo. E quanto mais cresce mais vontade temos de limpar o arquivo todo e fazemos questão de ir até ao fundo e acertar finalmente as contas penduradas no Haver.
Nessas alturas cada uma reage à sua maneira. Há as que são fãs dos venenos, outras preferem fogo lento, outras usam punhais, pistolas, jarras de porcelana, pratos de macarrão (sempre tive vontade de experimentar esta modalidade) ou copos de bebidas pela cabeça abaixo, queixas ao patrão, alianças estratégicas com a outra, mas para mim chega-me uma boa discussão.
Começo devagarinho, uma coisa aqui, outra ali, mas vou perdendo o pudor à medida que vão insistindo que as minhas somas estão erradas e aquilo não é um quatro mas um cinco. Nessa altura está o caldo todo entornado. Perdoo tudo, menos que me tentem fazer passar por burra. Pôr em dúvida a minha capacidade para avaliar, para analisar dados e extrair conclusões deixa-me fora de mim. E aí sim, a tempestade abate-se em toda a sua magnitude.
Mau feitio? Não, mau feitio era se não tivesse capacidade de arquivo, se reagisse assim que me sinto dorida e se ao minimo toque avançasse mesmo que sem razão ou para lá da razão.
Não sou assim. Sei isso agora, porque também só agora me vi danada sem razão.
Tentei, juro que ontem tentei. Estava danada, a tal memória cheia, e preparei-me para mais uma expedição punitória. Havia de arranjar qualquer coisinha para compor o ramalhete e atingir o ponto de ebulição.
Sim, havia muita coisinha, mas nada dali. Arquivos antigos que ainda estavam por lá perdidos mas com aquela etiqueta, nada. Nadinha. Mesmo aqueles dois e dois estavam difíceis de dar quatro, não era lógico, mas como me tinha deixado preocupada convinha fazê-lo sofrer um bocadito. Precisava de qualquer coisa mais que tivesse deixado passar para ajudar naquela festa. Mas nada, não encontrava nada. Decidi pensar em coisas que habitualmente me aborrecem, assim como que para adubar um bocadinho a minha zanga na esperança que crescesse, só que nada resultava. Nada resultou.
Acho que quando o telefone finalmente tocou eu ainda consegui dizer Estou danada contigo!, mas lembro-me bem que segundos depois estava a rir.
Hoje pensei nisto. Eu estava danada e não discuti. Afinal não sou uma gaja chata, impulsiva, que embirra por tudo e por nada, incapaz de se controlar e com alterações de humor.
Mau feitio? Não, afinal não tenho mau feitio, tive foi demasiadas pessoas mal feitas na minha vida. Não me dêem razões que, de certeza absoluta, nunca me irão ver soltar os cães.
Nunca nos irão ver a nós, gaijas, soltar os cães.

Estou deslumbrada!

A minha net já assapa, a linha telefónica já aguenta televisão digital com aquelas coisas muito giras de parar os filmes e gravar e sei lá que mais e tudo isto é possível porque apanharam os vizinhos brasileiros da casa ali do fundo que me andavam a roubar telefone e que cada vez que eu tentava fazer uma chamada me informavam que estavam ligando para u Brasiu ou, na versão de enfadado por lhes estar a interromper a conversa, É a mulhé di novu...

(ah! também já informei a PT que, por via das dúvidas, não tenciono pagar uma única chamada feita do meu telefone e os senhores até me deram razão e tudo. Parece que lá na casa não gostam muito que se saiba que as caixas que têm por aí pelas ruas são facilmente violáveis e que isto de usar a linha telefónica dos vizinhos é brincadeira de crianças. Pediram-me discrição e que não espalhasse esta informação porque é suposto o povinho não saber. Paga tudo e não bufa.
Eu prometi que não o faria, claro!)

Não se faz!

Já é a quarta vez que faço refresh no Cabra para ler o post que a chefa disse, de manhã, que ia fazer. Não é bonito defraudar desta forma as expectativas de uma subalterna que é também, e acima de tudo, uma grande fã!

Chefa, ainda é para hoje?

Purple

WARNING

When I am an old woman I shall wear purple
With a red hat which doesn't go and doesn't suit me.
And I shall spend my pension on brandy and summer gloves
And satin sandals, and say we've no money for butter.
I shall sit down on the pavement when I'm tired
And gobble up samples in shops and press alarm bells
And run my stick along the public railings
And make up for the sobriety of my youth.
I shall go out in my slippers in the rain
And pick the flowers in other people's gardens( . . . )

But maybe I ought to practice a little now?
So people who know me are not too shocked and surprised
When suddenly I am old, and start to wear purple.


Jenny Joseph, 1961 (english poem)

Soluções na página seguinte

Aquele jogo das verdades e mentiras, estou morta por dizer ! Ou fazem as vossas ou digo já que as últimas três são as mentiras!

Mascarados


Não sou uma gaija muito esquisita. Para além daquela treta toda da inteligência, da boa conversa e do sentido de humor, não os dispenso arranjadinhos, a cheirar a fresco e se tal se proporcionar, com os extras todos! Não é assim tão, tão, tão difícil encontrar um gaijo destes… eles andam aí. Só temos que tirar os olhinhos do chão e manter o radar ligado.

Reparem que não pedi lindo. Os lindos com todos os predicados que referi são, de facto, os mais difíceis de encontrar. Mas se pensar em gaijos como quem se lembra de um bom cozido à portuguesa (que por mais que se queira nunca faz uma travessa bonita), não posso deixar de concluir que para ver vistas vou ao cinema!
Posso ser feliz tempo sem fim ao lado de gaijo assim. Sei que quer que aos meus olhos ele seja perfeito por fora também e por vezes quase consegue. Gosto de lhes notar um certo cuidado, sem deixar de me preparar para a ocasião fatal que tudo deita a perder. As explicações são as mais variadas: foi a mãe que me fez a mala ou foi a mãe quem mo deu (as mais frequentes); a ex comprou-mo para umas férias na neve e hoje também está muito frio; é feio, eu sei, mas comprei na última viagem à Polónia quando soube que ia ficar no quarto do Zé. Será uma surpresa se exclamar: Oh, eu acho giro!

Não se iludam. Cedo ou tarde este momento acontece e será conveniente prepararmo-nos para o choque. Falo, como todas já perceberam, do pijama com punhos! Existem em vários tipos de malha e atingem o expoente máximo na versão turco! Quando eles nos aparecem com aquela coisa vestida, de arranjadinhos e cheirosos passam a andrajosos e quase repelentes. Aquilo não tem ponta por onde se pegue. Os ombros caem, as mangas tufam antes do punho, o rabo desaparece e a figureta da calça bem justa no tornozelo é tão deprimente que me escuso descrever ou começo a chorar… Normalmente têm padrões arrojados: verdes, castanhos e azuis com beije à mistura. Também existem na variante super-herói. Qualquer uma delas é catastrófica! Assim, cabe a nós gaijas com pavor a sofrer desilusões desnecessárias, ir avisando os nossos eleitos que nunca nos apareçam em tais preparos!

E gajas com ambição a gaija, esqueçam o pijaminha de flanela. Ganhem horror principalmente aos de ursinhos fofinhos que vos tornam ridículas depois dos 12 anos! Se por acaso ainda conservam na gaveta um de malha com punhos, e pior, algum na versão turco, esqueçam! Nunca mais cá chegam…

Como ser um perfeito réptil numa terça-feira de entrudo.

Num tacho não muito grande fritar dois dentes de alho em azeite. Juntar cebola picadinha e os restos de uma posta de perca do Nilo cozida. Acrescentar um golo de água a ferver, uma unha de um caldo knorr e um raminho de salsa. Tapar o tacho e deixar refogar.
Quando a cebola estiver cozida acrescentar água a ferver q.b., pão cortado às fatias fininhas, rectificar o sal e voltar a pôr o testo até o pão absorver bem a água mas deixando bastante caldo. Picar um raminho de coentros e ligar tudo com um ovo.
Acompanhar com meia dúzia de rissóis de pescada e dois livros do Lucky Luke. Convém ter cuidado com a coordenação temporal para terminar a açorda, os rissóis e os livros ao mesmo tempo.
De seguida sair da mesa de gatas, avançar de rojo até à relva mais próxima, que se espera que não seja longe já que isto não é promessa, e aboborar ao Sol até a digestão estar feita.
Que vos faça bom proveito!

Duplos sentidos

Há um homem que corre ao fundo desta avenida. Parece fugir de uma vida, pois nem por uma vez se volta para trás.
Parece sentir-se capaz de escapar a uma realidade qualquer, um problema financeiro ou o amor por uma mulher errada, o homem que corre ao longo desta estrada sem medo dos carros que o ladeiam no alcatrão.

Acabo de cruzar com ele o meu olhar curioso e acho sem dúvida espantoso o seu ar de quem tenta conjugar alívio e aflição. Parece ter perdido a razão algures, provavelmente nos bastidores do seu dilema, mas não consigo sentir pena da aparente demência que lhe preserva a consciência de alguns dolorosos beliscões.

Há um homem que corre para fugir às emoções demasiadas, indiferente a quais as estradas que precise palmilhar para atingir um lugar calmo e seguro, pois no mapa do seu futuro multiplicam-se as incógnitas.

E eu acabo de me cruzar com ele, corremos em direcções opostas.
Talvez, quem sabe, em busca das mesmas respostas...

Não está certo

Uma gaija que merece tanto o descanso, acorda durante as férias com os despertadores todos a tocar!

As minhas gavetas.

Guardo tudo. Tudo!
Bilhetes de cinema, cartas antigas, roupa com mais de vinte anos, recados em papéis soltos. De vez em quando dá-me uma fúria e tento pôr ordem no caos mas poucas coisas me atrevo a deitar para o lixo. Acho que nem nunca chego a esse momento de escolha final porque à medida que vou tirando a tralha das arcas perco-me em viagens no tempo.
Hoje decidi arrumar a minha pasta de Documentos e o Correio do Outlook, mas nem um ficheiro apaguei. Perdi-me na minha pré-história e descobri coisas tão engraçadas como esta (eu disse que guardava tudo, não disse?):

-----Original Message-----
From: Blogger [mailto:welcome@blogger.com]
Sent: sábado, 29 de Março de 2003 19:09
To: teresa
Subject: Welcome to Blogger

Hi teresa,

Thanks for signing up with Blogger. As you probably know by now, Blogger is a free, web-based tool that helps you publish to the web instantly.
(...)
Thanks again for using Blogger. Have fun!

Senhores do Blogger,
Fun é o que mais tenho tido nestes anos. Obrigada eu!

Três mentiras e Seis Verdades

Sobre mim? Tudo misturado, para não se perceber quais são quais. É melhor fazer já.
1. Dou uns arrotos fenomenais;
2. Estive duas vezes em coma alcoólico;
3. As minhas paixões foram todas do mesmo signo que eu;
4. Tenho pavor de aranhas.
5. Falo e ranjo o dentes a dormir.
6. Fumo desde os 18 anos.
7. Nunca tive um namorado mais velho que eu.
8. O meu maior medo é morrer afogada.
9. O meu sonho é ser actriz de telenovela.

As mentiras das verdades

A Emiele pediu e eu tardo mas faço.
Nove confissões minhas. Três mentiras e seis verdades. Não me apetece pensar muito e decidi escolher um de dois temas, gastronomia ou gajos, para contar umas verdades e outras mentiras. Decidi-me pela gastronomia. É mais seguro.
Parece que depois vão ter de separar o trigo do joio.

1. Tive um namorado espanhol que mandei passear porque se recusou a cortar o bigode e insistia em usar o cabelo empastado de gel;
2. Uma das minhas paixões foi um belga com dois metros de altura que estava apaixonado por uma brasileira com netos e que era puta num clube em Huelva;
3. Conheci um holandês em Albufeira com quem sai umas vezes num Verão e ele no ano a seguir veio à minha procura e insistia que eramos namorados e que tinha passado esse ano à minha espera;
4. Um namorado com quem quase casei passou cinco anos sem perceber que eu fumava;
5. Já fizeram mil quilómetros num dia para me entregarem um CD com a canção You are so beautiful;
6. Na idade adulta tive namorados com quem nunca tive sexo;
7. Durante um ano andei com dois homens ao mesmo tempo e apesar de serem amigos um do outro nunca souberam;
8. Tive dois namorados chamados Jorge, dois chamados Pedro, três chamados Rui e três chamados Luís;
9. Adoro sushi.

Bem, afinal tergiversei um bocadinho, mas como tergiversar é uma das minhas palavras preferidas em português não deve fazer mal...

E agora tenho de passar isto a outros. Acho que têm de ser nove. Despacho já para os meus queridos colegas de blog. Ficam a faltar três e os desgraçados vão ser:

Sem Se Ver
Calamity Jane
Z (faz que eu publico...)

Como acho que falta muita gente aqui, fica o convite aberto para todos e todas.

Fevereiro, claro!

Fevereiro sempre foi para mim um mês especial. É o mês diferente dos outros todos, o mês mais pequenino, o meu mês.
É o mês em que eu faço anos, é o mês em que os meus amigos especiais fazem anos. Raros foram, e são, os meus amigos que não fazem anos este mês.
Começou com a Naninha. Nasceu cinco dias depois de mim e está em todas as minhas memórias mais longinquas. Eramos o oposto uma da outra. Eu escura de tão morena, cabelo curto e escorrido, com os joelhos esmurrados, os cotovelos esmurrados, as pernas numa lástima, atrevida, desenfreada, sempre a chegar-me à frente para oferecer tareia a toda a gente do alto do meu meio metro. Ela branca, loira, com caracóis a descerem pelos ombros, tímida, medrosa, com as lágrimas sempre a saltar e medo da sombra. Era delicada, meiga, menina. Eu não... Foi a minha primeira amiga. Somos amigas ainda hoje.
Anos mais tarde chegou o Miguelote (nunca soube escrever o nome dele. Miguelote, Miglote, Miglotes, Miótes, era como saía...) o único rapaz no meio disto, que os outros do mês chegaram mais tarde e já pertenceram a uma outra categoria de amigo. Conhecemo-nos no primeiro dia de escola e andámos à tareia em tudo o que era recreio, jardim público, quintal de casa. Ele era uma pequena bola, eu continuava o fósforo do costume. Fomos amigos desde o dia em que nos vimos até ao dia em que morreu. Há demasiado tempo. Demasiado novo. Fazia anos no dia 5 de Fevereiro.
Muito mais tarde chegou a Paula P. , já eramos bem crescidas, estávamos na 4.ª classe. A Paula era alta e gorda, devia ser o dobro de mim. Também fazia parte das meninas, nem me lembro se sabia andar de bicicleta, mas com ela a guerra era outra, era a guerra das notas. Ela era a aluna certinha, cadernos limpos, letra redonda e desenhada, vinte em todos os testes sem nunca arriscar nas respostas. Eu era mais ou menos assim. Mais para o menos. Desorganizada, pespineta, sempre a dar palpites, incapaz de responder só ao que me perguntassem. What is your name? My name is Teresa but... E nos vários but lá se ia a décima que fazia a diferença na nota. Vinte para ela, 19 para mim. Esta pouca propensão para o risco fez com que tivesse passado anos a suspirar pelo J. sem nunca se chegar à frente. Eu cheguei, e finalmente acertámos contas - vinte para mim, muito menos que dezanove para ela.
Continuámos amigas mesmo depois da faculdade nos ter atirado cada uma para seu lado. Ainda dividimos segredos e desfiámos mágoas, mas há muito que não a vejo. Sei que está magra, tem uma filha com o nome de uma princesa qualquer (tinha de ser...) e nunca me esqueço do aniversário - 6 de Fevereiro.
Dia 3 de Fevereiro. Garanto que não vou trocar! Dia 3 de Fevereiro. Não, não é como a canção, não é dia 2 de Fevereiro, dia de Iemanjá, é dia 3! Dia quê? Ah!, sim, dia dois...
Já lá vão mais de vinte anos desde que eu e a t@basco nos encontrámos, lavadas em lágrimas, na frente de uma pauta de Direito Romano. Foi em 1982, somos uns estupores de umas amigas desde aí, chamo-lhe nomes todos os dias, ela chama-me a mim, é minha amiga, minha irmã, é tudo o que já disse por aqui. Vamos gostar uma da outra até o fim das nossas vidas e vamos continuar a amuar por tudo e por nada, mas de todas é a mais parecida comigo. Pequena, magra, morena, desenfreada, cabelo cheio de insuportáveis caracóis e muito, muito mais que de tão igual nos aproxima e nos faz dar choque.
Só nunca vou conseguir saber, saber de certezinha, se é dia 2 se dia 3!...

Quando o mês já estava cheio e a vida parecia que também, chegou mais uma. Veio de mansinho, discreta como só ela sabe ser, conversa aqui, mensagem acolá, tardes no messenger e, de repente, parece que a conheço desde sempre. Os Não pode ser, tu também? já desapareceram dos nossos diálogos, que há muito que sabemos que sim, que a outra também. Trocamos cromos, trocamos filhos, trocamos casas, trocamos segredos, muitos segredos, trocamos gargalhadas e maldades, trocamos telefonemas todos os dias, trocamos as vidas uma da outra e nem a distância, a enorme distância, ou os afazeres, ou os prazeres, impedem que ela me diga, como ontem me disse, Se precisares liga logo! E eu teria ligado se tivesse precisado. Nem que fosse para lhe dizer estou pior das costas, agora nem me consigo mexer. E ela, de lá longe, ia dizer qualquer coisa, como diz sempre, como só ela sabe dizer, com aquele sotaque tripeiro que nos afaga o coração, e eu ia desligar o telefone com muito menos dores.
Gaija, só podias fazer anos em Fevereiro!

Gone With the Wind


Podia estar a falar do jogo Sporting-Benfica de ontem, mas não, é mesmo do filme " E Tudo o Vento Levou" que deu de madrugada. Já não via há muito tempo, e foi a primeira vez que vi com a minha filha de doze anos. Dei por mim a dizer-lhe o mesmo que a minha mãe me disse, quando me levou a ver no cinema, "agora vai atirar o vaso!" e "está morta por dançar!", e recebi o mesmo "cala-te" ou "shiu" que devo ter dado na altura. Porque a personagem de Scarlett é a adolescente intemporal. Com 16 anos, no início, empenhada em fazer ciúmes a um Ashley indeciso, mas com noiva, faz as figuras que continuamos a fazer, e a fazer, e a fazer....
Aliás ela com umas jeans, parece-se muito com a filha de uma amiga e não destoava em qualquer escola. Já os homens, coitados, achei-os mesmo antiquados e ridículos. Excepto o Clark Gable.
Quando vi o filme a primeira vez, pareceu-me um velhadas, que insistia em perseguir a Scarlett.
Agora reparei que ele tinha olhos azuis.
* Vivien Leigh ganhou um Óscar pelo papel (Academy Award), foi casada 20 anos com Laurence Olivier e tinha menos dez anos que o Clark Gable

Estou marabilhado!

Hoje faz anos a nossa Gaija do Norte!

E eu tenho o privilégio de ser o primeiro a dar-lhe uma beijoca de parabéns.

Gosto muito de ti, Gaija mailinda, e quero que contes muitos e muito bons.

Prevenção Cervejária

Não sei se isto é um cartaz publicitário a alguma cerveja, mas a mim parece mais um cartaz da prevenção rodoviária...
Se beber é isto que acontece, à sua visão?
Um perigo,depois de se ficar sóbrio.

Será que tenho um tio Júlio?

Kissing cousins é o título de um artigo publicado ontem na BBC Online com um desafio engraçado How many relatives can you name in your family?
Comecei a fazer as minhas contas. Já passei dos sessenta e ainda estou nos primos direitos. Isto promete!
As primeiras conclusões são as óbvias - a linha materna é conhecida com mais pormenores que a paterna e na paterna a família mais chegada é a do lado materno também. As mães são as porta estandarte das famílias.
E vocês? De quantos primos sabem os nomes?

"E a leve impressão de que já vou tarde"

Chico. Buarque, claro.
Só ele para me pôr na boca as palavras que andavam por aqui mas insistiam em não sair.

Ser cabrão é o que está a dar.

É que todos, mas todos!, os gaijos deste blog estão a passar o fim de semana fora de casa e nós, gaijas, giras, inteligentes e com tanto para dar e receber, alapamos em casa e é se queremos.

A censura

Parece que anda por aí tudo aos saltos por causa das gajas nuas no Carnaval de Torres Vedras. Censura, gritam as hostes.
Censura? E se as gentes que gritam se preocupassem antes com o estado da nossa justiça? Ter um Procurador da Républica que durante o Carnaval configura como atentado ao pudor, por pornografia, umas fotografias com umas brincadeiras mais explícitas - nada que todos os dias não se veja nos canais generalistas das nossas televisões, no intervalo das novelas papadas pelas crianças, nos anúncios dos videos para telemóveis - preocupa-me muito mais que a censura que não houve aqui.
Se o Estado está representado nos Tribunais por pessoas com uma inteligência tão pequena que quase raia a estupidez então isso é demasiado perigoso para se poder deixar passar como uma brincadeira de Carnaval. O que acontecu em Torres Vedras não foi censura, foi aplicar a Lei tão mal que se quem o fez estivesse na Faculdade de Direito merecia chumbar três anos seguidos. E se nem num caso tão simples conseguem acertar como podemos esperar que a nossa justiça não esteja a cair de podre?

Mas censura, para mim, é isto.
O NY Post pediu desculpa aos leitores por ter publicado este cartoon. Tinha sido acusado de racismo.
Parece que comparar o Obama a um chimpanzé é ser racista. Mas racista porquê? Porque o gajo é preto? Mas não é isso que é racismo? Se ele fosse branco podiam chamar-lhe chimpanzé, como é preto não porque o coitado pode ficar ofendido. Talvez eu não esteja a ver muito bem as coisas, mas se estivesse no lugar do Obama ficaria perturbada se sentisse que tinham de ter cuidados especiais comigo por a minha pele não ser exactamente branca. Então se ao Bush, que era burro, podiam desenhar umas orelhas enormes e chamar-lhe nomes, ao Obama não podem fazer o mesmo? Isso sim, é racismo e censura.

Carnaval nas Escolas

São uns meninos, hoje nas escolas. A polícia está atenta aos petardos e bombinhas, podem ser perigosos. No nosso tempo é que era, a cada momento um ovo esborrachado na cabeça! Sem falar nas bombinhas de mau cheiro... É verdade que também não me lembro de estar levantada, ao lado da carteira do professor, muito menos a apontar-lhe uma pistola de plástico à cabeça... Até quando dei aulas, andava em pé, e evitava voltar muito as costas aos alunos, agora deixar um grupo rodear-me...
Claro que os exemplos vêm de cima (?) aquele cortejo de Torres Vedras, tem sempre imensa graça, e aqueles carros alegóricos com o Magalhães com mulheres nuas, o Ronaldo nem sei como, a ministra etc, são muito bons exemplos.

Dez coisas que você precisa de saber se me enviar um CV (e não, não falo de enormes seios...)

Por certas e determinadas razões que agora não cabe aqui explicitar, parte dos meus dias é passada a analisar curriculum vitae. E eu, que sou um tipo preocupado com o bem-estar do próximo, principalmente se o próximo tiver uma ínfima probabilidade de vir a alcançar a ambição de uma vida, o culminar de uma carreira, que é vir trabalhar comigo, quero dar aqui algumas informações importantes que, parecendo que não, são capazes de ser de considerar:

1. Não vale a pena colocar o número da carta de condução, nem mesmo o número de contribuinte. Podia ser um dos meus critérios de selecção dizer ao Horácio Inácio qualquer coisa como “Olha este número de carta de condução de motociclos, o 9873461, que engraçado, adoro números que acabam em um, vamos seleccionar este”. Mas não é.

2. Não se esqueçam de actualizar a data de candidatura. Candidatura recebida hoje, mas com data de 24 de Setembro de 2004 é liminarmente recusada, a não ser que fotografia na primeira página justifique uma segunda oportunidade.

3. Não me digam que fizeram um curso de Cobol avançado em 1992. Nem sei o que é Cobol mas deve ser coisa anterior a 2007, ou seja, está fora do prazo.

4. Não coloquem a nota final de curso, principalmente se for superior a dez valores. Detesto sentir complexos de inferioridade.

5. Não me escrevam que a situação militar está “resolvida”. A única coisa que quero que esteja “resolvida” é a vossa cabeça. Já não é pouco.

6. Saibam que a primeira coisa que leio são os interesses fora do trabalho. Escalada, xadrez e esqui serão hipervalorizados. Fazer parte do rancho folclórico ou ser vogal da junta de freguesia tem pontos negativos. Assumir publicamente a administração do condomínio é eliminatório.

7. Não preciso de saber a vossa filiação. Nem o local onde foi emitido o Bilhete de Identidade nem (pasme-se!) o dia em que foi emitido. Eu sei que é estranho não querer saber onde foi emitido o BI, mas eu sou um tipo excêntrico, perguntem a quem quiserem.

8. Não me apareçam suados, nem a cheirar mal nem a mascar pastilha elástica na entrevista. Até porque não haverá entrevista.

9. Apertem-me a mão com firmeza. E, muito importante, olhem-me nos olhos.

10. Repitam comigo: “Duas páginas”. Nem uma, nem três. Duas. Mesmo o meu curriculum vitae (que é o que é…) não tem mais de duas páginas e em letras grandes.

Não és homem se tocas numa mulher


Não é um cartaz que anuncie as delícias das praias da Costa del Sol nem um cartaz que anuncie agências de aluguer de automóveis que nos recebe quando chegamos a Madrid.

Se agrides uma mulher, deixas de ser um homem. É preciso que o digamos, nós, os homens, aos outros homens e, mais, é preciso que o gravemos nas nossas cabecinhas lindas para o caso de um dia bebermos de mais, sofrermos de mais ou seja o que for demais.

Se agrides uma mulher, deixas de ser um homem. Simples.

(Já agora, os outros cartazes da campanha)

E eu a dar-lhe...

Em Itália uma mulher vai ser fecundada com esperma do marido que se encontra em coma irreversível. Segundo a notícia do JN o homem, de 35 anos, tem um tumor no cérebro e a doença foi mais rápida que a vida - foi-lhe diagnosticada há um mês, precisamente na altura em que ele e a mulher tinham decidido ter filhos.
Severino Antinori, o polémico ginecologista italiano que se especializou a "engravidar" mulheres com idade para serem avós, ofereceu-se para dar uma mãozinha, o Tribunal autorizou a recolha do esperma e parece que vão todos ser felizes.
Todos?
Não. Uma pequena aldeia resiste ainda e sempre aos invasores. O Vaticano, pois claro, não está de acordo e já o fez saber.
Confesso que fiquei curiosa. O que estaria errado desta vez? Aqui, ao contrário da Eluana, ninguém queria tirar a vida sagrada mas dar-lhe a possibilidade de crescer e se multiplicar. Mas pronto, tinham de dizer qualquer coisinha, isso já seria de esperar. E disseram. Disseram isto:

"O que se está a preparar é ilegal porque é necessário o acordo dos dois pais para a procriação. Neste caso, o marido é considerado como um mero reservatório de células", criticou Elio Sgreccia, presidente de honra da Academia Pontifícia para a Vida, citada pelo Corriere della Sera.

Ora muito bem ó Elio, queres então dizer que se uma mulher for violada pode e deve abortar? É que parece-me que nesse caso também não há acordo dos dois pais para a procriação e, como percebes, a mulher não é só um mero reservatório de um útero ...
Caramba, nos últimos tempos não acertam uma. Cada declaração da Igreja é melhor que a anterior!

Kissing Zone

No kissing Zone, na estação de Warrington , UK.

Como se faziam filas enormes de carros com as despedidas, decidiu-se criar este sinal, na estação de comboio.
Mais longe há uma Kissing Zone. Para quem quiser demorar mais tempo na beijoquice...

Bem prega Frei Tomás

Como é que a Igreja Católica, que durante séculos tem vindo a educar crianças em ambientes onde a mistura dos sexos implicava pecado, porque, que eu saiba, colégios, mosteiros, conventos, seminários, missões, escolas, eram exclusivamente masculinos ou femininos, pode agora dizer uma coisa destas:

«Quando se juntam dois homossexuais, eles ou elas, se há crianças, evidentemente, aquela união, aquele casamento, não pode providenciar a formação das crianças»

"porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe. E não de dois pais ou de duas mães», acrescentou D. José Saraiva Martins.

Ter Peito

Carnaval de St. Louis

Hoje não tinha nada que fazer de manhã, por isso acordei e vim tomar o pequeno almoço a ver o Goucha e a Cristina. Aparece o tema da Mulher (hoje é dia da mulher?Parece que é da "mulher" igual a esposa) e um senhor que está todo contente pois o programa pagou umas "mamocas" à mulher, que emagrecera e perdera 60 kg? E ficara sem "peitos". 6o kg? Eu desaparecia do planeta, não eram só as mamas...
Depois vimos a operação (que ao todo leva uma hora) iac , lá vai a torrada. O marido todo contente, e ela, que escolheu um 36 C (o marido queria mais mas ela era baixinha). Todos espreitaram para dentro do decote, e lá estão todos contentes.
É preciso ter peito para ir à TV.

Cinquenta mil

Os meus dias são cobertos de números, há números para onde quer que me vire e, virando-me para o lado direito de ecran, há ali um número me diz que, algures hoje de manhã, o Cabra já passou dos cinquenta mil.

Eu sou o que chegou mais tarde, parte daquele número foram visitas minhas para ler o que escrevia a Teresa e todos os que cá estão, sem esquecer o que escreveram os que por cá estiveram antes de mim.

Lembro-me do meu primeiro contacto com a Teresa, eu era o Comendador Antunes de Burnay e cruzámo-nos numa caixa de comentários do Aspirina B. A Teresa disse-me que eu a "fiz rir" e eu enchi o peito, aproveitei a deixa, resolvi fazer-me de engraçadinho e respondi-lhe "Em verdade lhe digo, Teresa, vou fazê-la rir mais vezes". A Teresa não gostou, é sempre assim, as mulheres inteligentes nunca gostam de mim à primeira, precisam de tempo para perceber que além das garrafas de Barca Velha e dos Cohibas e do pedantismo há um bom tipo, carente e a precisar de atenção (o número do cão abandonado, resulta sempre...). Respondeu-me mal, a Teresa, disse-me que "só me faz rir quem eu quero" e tratou de me meter logo à distância, que é o melhor sítio para eu estar.

Cinquenta mil visitas depois, Teresa, sempre lhe digo que eu tinha razão. E, já agora, parabéns. Tem aqui um belo blog...

Doce

Talvez já tenham lido a notícia, afinal é uma notícia de ontem e o conceito de "notícia de ontem" é, por definição, sinónimo e coisa requentada. Mas, ainda assim, vou falar aqui no que li ontem no "El Pais" (não foi nada, foi no "24 Horas"...). Trata-se da ideia de um portal americano que colocou uns milhares de crianças a fazer petições a Obama. A coisa chamava-se "Dear Mr. President" e o portal é o kidthing.com. Claro que as crianças pediram paz no mundo (e no Iraque...), um planeta mais verde, o costume. Mas houve um dos meninos que pediu "que chovessem doces". E eu acho que uma chuva de doces é um pedido importante, tão digno como todos os outros e, ainda por cima, muito mais bonito que todos os outros. Eu já vi notas a cair do céu (certo, estávamos na Jugoslávia em 1990 e não valiam nada) e já vi sapos a cair do céu (certo, era no Magnólia), mas gostava sinceramente de ver gomas amarelas e cor de laranja a cair do céu (dos outros sabores não gosto*).

Se eu fosse Obama, seria este pedido que eu atenderia em primeiro lugar. Doces a cair do céu do Iraque, do Sudão e da Palestina. E isto era só para começar. Sempre queria ver se não paravam a guerra para recolher as gomas. Eu parava. E aposto que vocês também paravam.

(*) Quer dizer, não gosto tanto...

'Tou...

Cansada!

Quem não chora não mama?

Gosto de escarafunchar os argumentos até ao fim.

É que as situações são tão parecidas que até eu fico confusa. Viveram sempre escondidos dos olhares públicos, disfarçaram as suas vontades, construiram estratagemas para não serem marcados pela sociedade que fingia e finge que não os vê. Mas existem e são muitos. Os dedos apontados não os deixam assumir-se e as acusações que lhes fazem são ignóbeis, são a franja que se confunde com o lixo e que se esconde debaixo do tapete.
A humanidade tratou-os como trata muitos outros marginais - regras de excepção se fossem ricos e poderosos, com a própria Igreja a conceder licenças especiais, um buraco escuro e as pedras das gentes se fossem pobres e vivessem escondidos nos montes. Todas as grandes religiões os condenam, são considerados criminosos em muitos Estados, são párias em todo o lado.
No entanto andam aí e são gente como nós. Constituem famílias, têm filhos, vivem o seu amor longe dos olhos dos outros e, até agora, ainda não reivindicaram o seu direito a um tratamento igual. E, quer queiramos quer não, são muitos. Muitos mais do que as nossas imaginações gostariam que fossem. Sim, que nós, quase todos os nós, mesmo os nós abertos a todas as diferenças, não conseguimos aceitá-los, percebê-los, tratá-los como iguais. Eles são o nosso grande tabu.

E se um dia, um dia qualquer, decidissem dizer - Nós também queremos. Nós também temos o direito de nos casarmos legalmente. Que argumentos iriamos nós usar para dizer que não?

Não discuto o direito que pessoas do mesmo sexo têm de se casar civilmente, mas gosto de levar os argumentos até ao fim e se as razões servem para uns servem para todos, que desonesto é defendermos os nossos interesses mas depois pararmos onde nos convém.
Fui ao site da ILGA e copiei alguns dos argumentos legais usados na defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Deixo-os aqui.

Em Portugal, o Artigo 36º da Constituição refere que "Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade." Mais: A Constituição da República Portuguesa proíbe explicitamente, desde 2004, a discriminação com base na orientação sexual (Artigo 13º). No entanto, o casamento civil continua a existir exclusivamente para casais constituídos por pessoas de sexos diferentes, numa clara violação da Constituição – que é a nossa Lei Fundamental.

Artigo 13º da Constituição? Era giro dar-lhe uma vista de olhos, não era?

Artigo 13.º

(Princípio da igualdade)

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Sem dúvida que consta aqui a proibição de discriminação com base na orientação sexual. Mas constam outras proibições de discriminação. E o que eu gostava de saber era porque razão, com base no famoso décimo terceiro, nunca apareceu ninguém a pedir a declaração de inconstitucionalidade deste artigozito do Código Civil:

Artigo 1602.º
(Impedimentos dirimentes relativos)

São também dirimentes, obstando ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam, os impedimentos seguintes:
a) O parentesco na linha recta;
b) O parentesco no segundo grau da linha colateral;
c) A afinidade na linha recta;

Estranho.... Se forem lá acima, ao tal artigo 13º fica bem claro que ninguém pode ser discriminado com base na ascendência e parece que é exactamente isso que aqui está.
Perguntas? Aí vão elas.
Porque razão não é permitido o casamento entre familiares directos? Porque razão nem nos passa pelas cabeça permiti-lo? Razões religiosas, antropológicas, sociais, psicanalíticas, históricas, tabu universal?
O que quero, o que peço, é que me dêem uma razão, uma só razão lógica e atendível que possa ser usada para proibir estes casamentos e que seja diferente das que se usam ou usaram para não permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

E não, não estou a dizer que concordo ou deixo de concordar quer com um quer com outro. Estou só a pensar alto. E acho que me vou rir um bocadinho quando aparecerem por aí com as histórias da falta de peso social - visitem o Portugal profundo e depois conversamos... - com o desvio comportamental que estas situações implicam - nem comento! - com o tabu ou, melhor ainda, com a questão dos filhos.
Vá, surpreendam-me!

(afinal parece que ontem, no Prós e Contras que não vi, também se discutiu o casamento incestuoso.)


Homens de saias

Uma notícia avançada pela RTP deu-me a conhecer a existência da Associação “Homens de Saias” (Hommes en Jupe, no franciú original), cuja pretensão relega desde já para confrangedor segundo plano a minha tentativa de reclamar respeito e consideração pelas pessoas com pila e que mijam de pé.
De facto, o referido projecto visa exigir ao mundo que aos homens seja permitido usar saia da mesma forma que às mulheres foi, a custo, concedido o “privilégio” de usarem calças (o que até faz sentido por nem sequer disporem de penduricalhos que umas calças possam atrofiar). Ou seja, trata-se da reclamação de um direito, da pugna pela igualdade que parece ser reclamada só para algumas e apenas em matérias restritas que não impliquem a perda de qualquer regalia tradicional do género em apreço.

Claro que dificilmente poderia passar-me ao lado esta questão, dado que sempre fiz a apologia da liberdade do balançar sem restrições. E aqui dirijo-me directamente aos calções, por exemplo e para rimar também, que uso tão largos quanto possível à semelhança das cuecas que já aqui abordei.
A minha posição nessa matéria é clara: se os homens já usam rabo-de-cavalo, brincos, maquilhagem e outras antigas imagens de marca do sexo oposto, porque não haveriam de usar saias para poderem exibir a excelência da respectiva depilação nos membros inferiores?
Só quem não sabe o quanto custa (fazê-la e pagá-la, ao que sei) uma remoção dessas pilosidades horríveis que dantes nos distinguiam uns das outras, pormenores insignificantes e assim, poderá não abraçar a causa desta rapaziada com costela de escocês.

Muito gostaria de ver a referida associação abrir uma filial neste caloroso país do sul, cujo clima tanto favorece as correntes de ar libertárias entre joelhos e certamente daria origem a uma saudável discussão acerca do melhor padrão a adoptar tendo em conta a moda nos tons das gravatas e o grau máximo de coloração da pele que um solário consegue obter sem transformar a pessoa num boneco de feira.
No entanto, não querendo de forma alguma estigmatizar a louvável iniciativa dos meus homólogos franceses na sua eventual instalação neste país de brandos costumes, dá-me a sensação de que o facto de o linque patrocinado que no Google aparece quando introduzo como critério a expressão “homens de saias” ser www.gaylog.com e vir titulado como site gay gratuito pode indiciar alguma resistência à mudança por parte dos machos latinos tradicionais.

Isto porque há gajos que jamais aceitarão uma moda que os obrigue a arriscar exibir em público (ao passarem por cima de um ventilador do metropolitano ou assim) as suas cuecas de ir ao médico ou, ainda pior, as ceroulas que não dispensam nos rigores do Inverno desde o dia de Natal da década de 70 em que lhes foram oferecidas.

Espírito de corpo

Depois de ter integrado e de ter assistido à desintegração de vários projectos colectivos da blogosfera, tinha chegado à conclusão de que não tenho vida para grupos e determinado a carreira a solo como a que melhor me veste nestas andanças.
Quebrei (mais) essa firme decisão quando a fundadora deste tasco me forneceu a alternativa que me pareceu mais susceptível de me permitir emendar a mão, convicto que estava eu do facto de jamais se tornaria verdadeiramente colectivo um blogue que nasceu e cresceu individual.
A alternativa era postar quando desse na telha, sem critérios ou opções editoriais, apenas pelo gosto que a Teresa mostrava em abrir a uns quantos eleitos (e eleitas!) as portas do seu curral.
Foi com essa ideia em mente que publiquei aqui um primeiro post.

Contudo, agora que olho para o Cabra de Serviço percebo que não deixando de ser o blogue da Chefa e que todos reconhecemos como sua qualquer palavra final acerca do rumo deste trabalho, há muito se tornou claro que existe um colectivo por detrás de quase tudo quanto aqui se produz.
A alma do Cabra, muito mais do que pelo conjunto de posts que cada um de nós aqui publica quando quer e lhe apetece, deriva precisamente da cumplicidade que vamos criando nas caixas de comentários como nos bastidores do blogue.
É a sua característica fundamental, que o distingue dos restantes colectivos que integrei e acabaram por soçobrar à individualidade de cada umbigo que contrariou até esmagar o sentido de um colectivo que nunca existe só porque sim.

No Cabra, que reúne gente de norte a sul cujos laços em boa medida nasceram nesta via de comunicação virtual e agora já crescem e se consolidam de forma bem analógica nos muitos pretextos que encontramos para as trocas de vozes, de emoções e de olhares bem reais, para a presença física que até já resultou em ligações emocionais bem fortes entre nós, há amizade e há amor, respeito, cumplicidade e mais uma data de coisas que viabilizam uma equipa capaz.
É nisso que consiste a dinâmica do Cabra como a entendo e por isso percebo que fazer parte deste colectivo transcende em muito a simples “licença” para publicar posts num espaço repartido por diversos bloggers sem rosto e identificados por um nick.

Fazer parte do Cabra, e quem já está fora ainda perceberá melhor porquê, é pertencer a uma realidade feita de pessoas que se unem em torno deste pretexto para criarem laços entre si, o espírito de grupo que nasce por inerência, e não porque o formato de um blogue ou a intenção de quem o criou o impõe. E que depois tentam contagiar, com a força das ideias, a beleza das palavras e apenas a boa disposição que depois se instala nas caixas, outros nicks que se revelam pessoas e acabam por fazer parte do Cabra e desta dinâmica que descrevo na pele que melhor lhes servir.

De cada vez que tenho o privilégio de privar com os meus parceiros neste blogue colectivo de que muito me orgulho percebo melhor o quanto estou certo em tudo aquilo que acabo de vos dizer.

Qual X qual carapuça.

São 46!
E com muito bom aspecto.

HOJE É DIA DE FESTA

O Cabra de Serviço está de parabéns!

A nossa fundadora, a nossa mentora, a nossa musa, a nossa Chefa cumpriu hoje o seu xº aniversário. (Substituam o "x" por trinta e picos...)
E isso para além de ser um marco histórico é um facto que enche de alegria os nossos corações.
(Eu sei que soa lamechas, mas está na altura da renovação de contratos...)

Já se passaram cinquenta quilos depois da Kapa?...

Na coluna de ontem no Público, o Miguel Esteves Cardoso diz que vai ser avô. Eu repito: parece que o Miguel Esteves Cardoso vai ser avô.

(de repente fiquei a pensar que é capaz de ser melhor começar a preocupar-me com a próstata...)

A incrível odisseia do meu cartão de passageiro frequente

Eu teria gostado de vir aqui dizer que a Igreja faz a coisa certa, que não se poderia esperar outra coisa que não fosse a Igreja não aceitar o casamento homosexual, que gosto que se definam os campos, que cada vez menos aprecio as meias tintas e os bem-pensantes, que a Igreja só tem a ganhar com a definição de campos, que as zonas cinzentas me aborrecem.

Teria gostado de dar réplica à Jovem Senhora do Norte e dizer-lhe que, não havendo gajos perfeitos, conheço uma quantidade razoável de homens que cumprem os requisitos, que os homens não perderam a capacidade de seduzir, de ouvir, de fazer bem.

Também teria gostado de vir aqui no dia dos 200 anos do Darwin, tinha um post na cabeça sobre a minha visão da evolução de um certo e determinado género, partilharia a minha visão de como as mulheres evoluiram nos últimos vinte e cinco anos, havia até um parágrafo dedicado à zona da anatomia feminina que mais evoluiu nos últimos anos (é comparar o "Garganta Funda" com este último "Enfermeiras em Brasa"...).

Teria também gostado muito de vir aqui falar das minhas reservas em voar na Spanair numa sexta feira treze.

Teria gostado muito, mas é preciso alguém que dê razão ao Galileu e faça o mundo girar.

Ainda a opinião da Igreja

Gostava mesmo de saber se o que está a ser criticado é a opinião da igreja sobre o sentido de voto, se é a forma como foi dito ou se pura e simplesmente não concordam com a posição.
E já agora, também acham que o Vaticano devia utilizar a riqueza do estado em bens e obras para minorar a pobreza no Mundo? É que isso é um assunto da sociedade civil.

Ora então, é esta chefa?

Os Americanos são bimbos

Digo isto porque ouvi nas notícias que se demitiu um secretário de estado do novo governo de Obama, republicano, por não estar de acordo com as medidas anti crise tomadas. E já é o terceiro. O país mais poluidor em relação ao número de habitantes, nem consegue estar de acordo com medidas internas, quanto mais com as questões internacionais. E os presos de Guantanamo vêm para a Europa? Agora são problema nosso...
Eu já estava desconfiada quando vi dois filmes da tarde, na sic, recentemente. Um era com o Robin Williams, que aluga uma caravana e vai de férias com a família. Encontram outra família que vive numa caravana e percorre o país (Jeff Bridges ou assim) e fogem deles pois são muito parôlos. Eu estava com dificuldade em ver as diferenças entre os dois, pareciam dois estilos diferentes de bimbos. Outro foi de um miúdo que ía para a universidade de Nova Iorque e ninguém lhe ligava porque ele não tinha estilo, estudava e tal. Mas o estilo dos outros...parecia um filme dos anos 90. Depois há uma miuda que lhe trata do look e ele fica com um chapéu com um ganda estilo...pois. Deve ser o estilo americano.

Sim, estamos vivos...

... e nem estamos no Twiter, mas temos imensas (este imensas pareceu mesmo bem...) coisas pra fazer e não temos muito tempo para vir aqui.

E puore si muove!

Não fosse este "e puore" e Galileu até poderia estar a falar da Terra, mas a Terra não se move "e puore" e ele sabia-o bem. A Terra move-se e pronto, tal como Copérnico já o havia dito e ele o confirmou.
Sempre achei que este "E puore si muove!" ia direitinho para a Igreja Católica, a tal Igreja que o estava a julgar e agora o perdoou, a tal Igreja que insistia em baralhar Bíblia e ciência, em manter-se parada no tempo e nos tempos apesar de saber que os tempos se moviam. Mas Galileu sabia. Galileu sabia bem que a Terra, mesmo que não parecesse e mesmo contra o que os Doutores da Igreja diziam, se movia, e que a Igreja se movia também. Pode é demorar ainda mais tempo e notar-se ainda menos.

Apeteceu-me chamar a este post "Quem tem medo da Igreja Católica?". Quando a Igreja diz que pode apelar ao voto contra partidos que apoiam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, isso quer dizer o quê? Que os fiéis, os poucos que ainda vão à missa, vão temer as penas do Inferno e votar em quem o senhor padre diz?
Acho que só mesmo a Igreja, a classe política e quem há muito não vai à missa pode acreditar que tal é possível. Não me lembro de nenhuma eleição que, em Portugal, tenha tido resultados directamente influenciados pela Igreja. Nem mesmo logo a seguir ao 25 de Abril, quando as estruturas católicas ainda tinham um poder que hoje já perderam, o partido socialista deixou de ganhar apesar de, na altura, ser quase um pecado votar nos vermelhos.
Daí para cá o divórcio passou a fazer parte da lei, o adultério deixou de constar no Código Penal, o aborto foi despenalizado, a pílula do dia seguinte vende-se em todas as farmácias sem ser necessária receita médica, o preservativo é prática corrente e jejum à sexta feira já nem em casa da minha mãe se faz.
A Igreja não concorda com o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo? Acho muito bem que não concorde. Seria hipócrita e censurável se defendesse o contrário. A Igreja diz que vai exortar os seus fiéis a não votarem em partidos que defendem o que por ela é considerado uma ameaça aos valores da sociedade? Certo. O sagrado, por muito que custe a quem só vê batinas, é também uma postura ética, uma escolha de valores, um decidir entre o certo e o errado de acordo com princípios que estão definidos. Um cristão, ou um católico, deveria viver, conformar a sua vida, de acordo com eles e faria todo o sentido não pactuar com quem defendesse o que pusesse em causa a sua mundividência.
O Homem é o centro do Universo? A Terra, feita por Deus para o homem, é o centro do Universo? Então julgue-se Galileu porque diz o contrário. E se esta mistura do julgar na terra o que deveria ser julgado no céu está errada, este confundir o que é de Deus com o que é de César não pode nem deve acontecer, o que defenderam os Bispos está certíssimo. Mesmo que não concordemos com o que defendem. E não, que fique desde já claro que eu não concordo.

O que a Igreja esquece, o que as estruturas da Igreja esquecem, e os que têm medo dela esquecem também, é que a Igreja não são paredes, catecismos, encíclicas. A Igreja são pessoas. E as pessoas fazem escolhas. Escolhem religiões, partidos, clubes de futebol, amantes. E as pessoas têm o direito a fazer as suas escolhas com liberdade. E se com liberdade, porque somos um país livre, escolheram ser católicas será normal ouvirem o padre da sua freguesia. Mas ouvem-no da mesma maneira que ouvem o político da sua cor ou o presidente do seu clube, com fé, com esperança, com paixão, mas sabendo sempre que a escolha é sua. E duvidar disso é uma falta de respeito tão grande para com as pessoas como o padre da freguesia acreditar que na hora de por a cruz no boletim de voto quem manda é ele.
A política e a religião tratam de vida, da nossa vida. Os bispos católicos têm o direito de exortar os seus fiéis a fazerem escolhas de vida de acordo com as suas convicções, com os seus valores. Fazer dessas vozes lei, transcrever uma opinião que não foi sufragada nas urnas para lei de estado, como ainda agora ia acontecendo na Itália, é que está errado mas essa culpa a Igreja não tem. A lei ia ser feita por um homem, um homem que os italianos conhecem bem e em quem votaram. Foi o eleitorado italiano que abriu as portas à Igreja não foi a Igreja que tomou o Estado de assalto.

Será difícil a Igreja aceitar o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo? Sim, vai ser. Contraria a definição de família tal como a defendem, mas com essa definição só se conforma quem quer. E não me venham dizer que não se escolhe religião nenhuma porque a tomamos desde o berço, é a nossa herança genética. Sim, pode ser, mas se a religião for só isso, não vai ser a ameaça do inferno que transforma um pecador numa pessoa de bem, ou muda o sentido de voto na hora de escolher.
Quantos católicos conhecem que deixaram de se divorciar por a Igreja vedar (ainda?) os sacramentos aos divorciados? Eu conheço um único! Mas sei que desde que o divórcio passou a ser possível em Portugal polulam em Braga os advogados especialistas em Direito Canónico. Há mais de 10 anos que a conferência Episcopal Portuguesa reconheceu a crise que o casamento vive e que o divórcio não pode ser a solução. Desde aí foram aligeirados os processos para a anulação do casamento católico, a única forma de a Igreja apanhar o combóio sem perder os fiéis. E assim, em Braga, junto ao único Tribunal Eclesiástico Português, montaram banca advogados que só fazem isto - anulam casamentos católicos. Uma organização que sobrevive há mais de 2000 anos não deve ser tão pouco inteligente assim para ter a pretensão de viver separada da comunidade.
Não nos preocupemos com as posições estáticas da Igreja Católica, nem com supostas ameaças que já não assustam ninguém. Até porque, como dizia o Galileu, E Puore si muove!

Procura-se Gaijo com perfil de Gaijo

Há gaijos que têm uma, duas, várias costelas de gaja. Alguns, os mais sofisticados, chegam a ter de gaija… Neste tipo de gente, as tais gavetas estão todas abertas e muito desarrumadas. Ninguém sabe o sítio de nada!

Há gaijos que choram. É natural. Eu choro! São Gaijos com G maiúsculo que não receiam expor a sua sensibilidade.
Há gaijos atentos, preocupados, que o demonstram não só por actos, como encaixa nos parâmetros normais, mas também por palavras e por gestos, cultivando desta forma o apreço que temos por eles.
Há gaijos que ouvem o nosso ponto de vista, que tentam entender como pensamos e ainda dizem que nos amam no fim.
Há gaijos que sabem conversar sobre nada, sem se preocuparem com as grandes opções do plano, o estado da nação, o futebol, a Soraia Chaves, a do quinto esquerdo ou a de ontem. Que entendem uma simples e rotineira conversa como uma forma de alimentar relações.
Há gaijos que nos dizem linda e não se refugiam num gosto de ti quando amam.
Há gaijos que além de condensarem tudo o acima descrito, não se esquecem do básico, são incapazes de deixar as meias debaixo da mesa e comportam-se como cavalheiros.

Mas (ora aqui está ele), gaijas, tudo isto num gaijo só é uma dose que o meu pequeno estômago, por muito que se esforce não aguenta e embrulha-se todo. Estes gaijos são uns cristais finíssimos, uns vidros de cheiro, uns soufflés, um daqueles livros muito bem guardados na Biblioteca Municipal cujo manejo é feito de pinça e luvas! Não se lhes pode dizer nada. Padecem de síndroma pré-menstrual permanente e insistem desacreditar tudo o que sabemos sobre eles, transformando as poucas certezas que sensatamente mantemos e com as quais os confrontamos em ondas tsunâmicas! É-nos impossível prever o que estão a pensar porque ao contrário dos gaijos usuais, não conseguem não pensar em nada, deixando-nos em desassossego constante pois somos incapazes de prever que maquinação vai brotar daqueles cérebros magníficos! Sabem elaborar planos maquiavélicos, típicos da nossa imaginação fértil. São atrevidos, não se inibindo de afirmar que sabem o que pensamos. Quando nos envolvemos de forma apaixonada com este tipo de gaijo, temos que saber que não vão faltar oportunidades para sentirmos que o que devíamos fazer era agarrar no carro, percorrer, se necessário, milhares de quilómetros a grande velocidade, parar à porta de sua casa, ordenar-lhe que desça e assim que lhe vislumbrarmos os contornos levantar a mão, fazer o que tem que ser feito* e regressar sem nunca, nunca bater com a porta do carro. Uma gaija não perde a compostura!


* se for o caso, é importante acautelar os óculos! é à custa deles que nos vêem lindas...

A revolta dos (tali)bispos

Tal como acontece na política, com os países democráticos a copiarem o modelo uns dos outros com uma aproximação bastante razoável, agora as religiões começam a descobrir o benefício do plágio.

À semelhança do que já se verifica nas nações sob o domínio fundamentalista islâmico, a igreja católica (não, não tenho falta de maiúsculas) decidiu assumir-se capaz de influenciar a opinião dos fiéis em termos de opção partidária (já não é mau aceitarem eleições, por este caminho...), nomeadamente fazendo pender o único camartelo de que uma qualquer religião com tiques de seita é capaz: o do pecado inerente a votar nas opções que não sirvam à risca os propósitos da santa mãe nostálgica que evidencia dificuldades na interpretação do que Estado laico quer dizer.

A chantagem implícita nas afirmações episcopais acerca da questão do casamento gay, ameaçando utilizar o poder (que o Estado em muito sustenta) sobre os fiéis por forma a manipular a sua alma eleitora, constitui (mais) um retrocesso de séculos na evolução de uma igreja incapaz de entender que não pode aplicar num país europeu do séc. XXI o mesmo critério a que se podia permitir na América do Sul do séc. XVI.

Perante o que está em causa na posição oficial dos bispos católicos portugueses e nas respectivas repercussões potenciais, nada do que escrevo acima é um exagero.

Mimos do sul

Foto: Shark

A problemática da função última do aparelho urinário

A primeira questão é como lhe pegar. Será mais conveniente segurá-lo entre os dedos indicador e médio, como se segurássemos um Montecristo nº 1 (SG Ventil, para os indivíduos com ascendência japonesa)? Ou será preferível pegar-lhe com ambas as mãos, a esquerda para o retirar do seu sossego e a direita para o desenrolar com suavidade?

E durante o acto? Segurá-lo delicadamente, direccionando o jacto, ou deixá-lo livre e selvagem à sua sorte enquanto aproveitamos para nos espreguiçar ruidosamente?

E o jacto, deverá ser direccionado para um ponto específico ou deveremos efectuar movimentos circulares, arriscando desenhos imaginários e dando largas à nossa criatividade?

E, escolhendo a opção dos jactos com movimentos artísticos, deverão estes ser efectuados segurando-o entre os dedos ou deverão os movimentos do jacto ser resultado de um leve menear de cintura, deixando-o entregue à aleatoriedade do binómio pressão-velocidade?

E na parte final do processo, quando o arco se aproxima perigosamente da nossa gabardina, deveremos inclinar-nos ligeiramente para a frente e correr o risco de assumirmos uma postura corporal pouco máscula ou, arriscando tudo, assumimos a inevitabilidade de ser atingidos?

E na parte final do processo, devemos sacudi-lo?

E sacudindo, deverá ser com movimentos suaves verticais ou será mais vantajoso sacudir com movimentos horizontais, assumindo que os movimentos neste caso terão que ser mais bruscos?

E a partir de quantas sacudidelas poderá ser considerado que se iniciou um processo onanístico? E, na hora de o recolher, deveremos usar os dedos, gentilmente, ou será mais aconselhável um movimento de cintura rápido e agressivo, que o recolha automaticamente, porém com riscos óbvios de poder ficar menos aconchegado e o acabamento final ter que ser em modo manual?

E resumo, a única certeza do processo, o único referencial claro, é que não deverá existir qualquer interacção com tampas de sanita. Já temos tanto com que nos preocupar…

Shark, you'll never walk alone...

Na verdade, elas pensam que as nossas vidas se resumem a conduzir carros potentes, acelerando ligeiramente a meio das curvas com o sistema de correcção de trajectória desligado, a saber de cor quem era quem no meio campo do Sporting da equipa de 81-82 treinada pelo Malcolm Alisson, a saber distinguir entre um Ermelinda Duarte Reserva da colheita de 2004 e outro da colheita de 2007, a dizer com probabilidade não inferior a noventa e nove por cento se o peito da Maria del Mar foi artificialmente artilhado ou não.

Acontece que a nossa vida não é só isto. Já seriam uns dias bastante preenchidos se os nossos afazeres fossem apenas os do parágrafo acima, mas a verdade é que consegimos incorporar nos nossos dias ainda mais processos de decisão, um sem-número de opções que temos que fazer a cada minuto, em tempo real, com tempos de reacção de milissegundos.

O Shark, um estudioso destas matérias já aqui aflorou, com a habitual mestria alguns desses temas, o post sobre a escolha dos boxers certos para cada ocasião será recordado pela blogosfera como um referencial de até pode ir a reflexão humana, o estudo académico sobre o urinol será certamente adoptado por estudantes de todo o mundo para teses de mestrado sobre teorias comportamentais.

Eu, apesar de estar com uma agenda que a cada segundo ganha vida própria (por exemplo, quando iniciei este post ainda não sabia que teria que ir assistir ao Liverpool-Real Madrid), não quero ficar fora desta discussão, não me esquivarei à discussão sobre estas problemáticas, não me poderão acusar de faltar aos meus deveres de cidadania.

(A seguir: A problemática de abanar o órgão genital depois de executada a acção última do aparelho urinário)

Falando de pessoas

Hoje acordei muito mais cedo do que me é normal. O carro tinha de estar cedo na oficina para revisão e nestas coisas o cedo é um ponto importante para evitar a confusão, de modo que ainda o sol não iluminava o horizonte e já o despertador ressoava pelas paredes do quarto.
Enquanto degustava o copo de leite matinal e tentava abrir os dois olhos em simultâneo, achei por bem verificar o que os meus colegas tinham escrito na noite de ontem porque o serão foi passado sem informática.
Utilizando as tecnologias móveis (já sei que não posso dizer que é um Nokia com wifi), e dispondo também do acesso sem fios que os meus simpáticos vizinhos me disponibilizam em certas zonas da residência (se algum dos meus vizinhos estiver a ler este post, importa-se de por o AP mais perto da janela se faz favor? é que nalgumas situações o sinal é fraco. Agradecido), li os últimos posts com alguma atenção. E não sei se por ter madrugado ou pelo interesse dos assuntos quase que poderia citar de cor os posts e os últimos comentários escritos, até porque se resumem a duas palavras - Soraia Chaves.
Achei que Soraia Chaves era um excelente tema para um post. Soraia Chaves (isto é só para garantir que o Google cá chega) pode ser até a origem de diversos convites de jovens simpáticas senhoras da RTP1 para entrevistas ou comentários em programas de elevado share. Não sei de onde me ocorreu esta ideia mas tem surgido com alguma insistência. Ou quem sabe um fim de semana com a dita para uma avaliação mais profunda do ser... Umas férias na neve...

Tudo o que você queria saber sobre a entrevista do Visconde para as televisões, a propósito de um genial post escrito no Cabra

Eu nem queria falar nisto, de cada vez que me lembro até se me dá uns arrepios, coisas dos nervos, mas a Teresa pediu que eu falasse aqui do assunto e eu, em a Teresa me pedindo, transformo-me num homem-objecto, faço aquele número inicial de resistência heroica, mas depois a Teresa faz-me sempre uma proposta irrecusável e eu acabo sempre por ceder.

Maneiras que a coisa se proporcionou da seguinte forma: ao mail do"Cabra" (ao qual eu não tenho acesso, sou o parente pobre deste blog, tanto que eu me esforço por ser da casa mas depois nem me deixam colocar a mãozinha no blog ou administrar por um dia, nada, nem o telemóvel do Shark me facultam), ao mail do "Cabra", dizia eu, chegou uma proposta de entrevista para um programa de largo espectro de audiência da RTP1. Eu deva ter logo desconfiado, a missiva começava por Caro "Visconde de Vila do Conde", assim mesmo, Visconde de Vila do Conde entre aspas, logo a achincalhar uma pessoa, nem quero que me lembre, li aquilo, um nome de família tão antigo assim menosprezado, entre aspas, e percebi logo que aquilo não era coisa boa.

Era então uma jovem e bastante apresentável jovem que pretendia os meus serviços para gravar a minha opinião e passá-la em horário nobre. Resisti heroicamente dizendo que talvez fosse melhor consultar outros versados no tema, que o meu tempo já lá ía, que agora eu estava já retirado do mercado, mas a jovem moça, doce como só elas sabem ser, dizia que não, que era a mim que me queriam ouvir, que o share da RTP1 precisava da minha palavra sábia e avisada, que já tinham protocolos com quase todas as televisões do mundo.

Quase acedi, confesso. Gosto de ser agradável às pessoas, sei que uma palavra minha pode mostrar o caminho são a gerações inteiras de pecadoras, sei que um afago meu tranquiliza a mais agitada das águas, sei que sou uma espécie de Homem-Bimbi (tudo me sai bem...). Quase acedi. Quase (pequena pausa para ir buscar os sais). A verdade é que a jovem jornalista queria a minha opinião sobre uma mulher em especial. Não era a Scarlett. Não era a Soraia. Não era a Michelle. Não era sequer a Micéu, a mamalhuda do piso 12.

Queriam que eu opinasse (oh afronta...) sobre a mãe do Cristiano Ronaldo. Obviamente, recusei. Jamais admitirei publicamente a minha própria decadência...

Sempre a aprender...

A verdade é que o Salazar conseguiu sacar a Soraia Chaves e eu (ainda) não...

Morreu.

A Eluana.
Estranho. Quando li a notícia pareceu que me era alguém muito próximo.
E era. Ou acabou por ser.

Acredito que já não vivia há muito, mas no entanto não consigo deixar de sentir que morreu. Hoje. Às 19.10.


Violência Doméstica


A Soraia Chaves também é vítima de violência doméstica (nos filmes) --google?!---


A violência doméstica é física, verbal, psicológica.

É o amuo quando não se faz o que querem, as semanas sem falar. O empurrão quando se cruzam na porta. A crítica aberta em frente dos amigos. O sair e entrar sem dar explicações. O nosso emprego que é sempre menos importante. As responsabilidades extras que nos caem em cima.

Mesmo que os filhos nem sejam nossos. Pior se são. E se há revolta, gritos, e a estalada acontece, quem se lixa é o mais fraco, geralmente a mulher. Que pode bater com a porta, mas não quer sair, (e a casa?), que pode gostar dele, ainda, que pode ter vergonha ou medo de sair. E depois anda com aquela cara feliz com as amigas, e todos acham que é um casal tão adequado.

Por mais que se legisle, ninguém denuncia nada, muito menos a família. Tem que ser a própria a tomar a decisão.

Da flagrante discriminação sexual no wc comum

Foto: Shark

Ainda na continuação da saga de temas vitais para a Humanidade em geral e para os machos da espécie em particular, coloco-vos hoje perante mais uma daquelas questões relegadas para um segundo plano que a sua relevância no nosso quotidiano não permite tolerar.

Será fácil a qualquer dos nossos leitores mais exigentes rotular o presente post como mais um texto acerca de assuntos de merda, algo que de resto o próprio tema justifica por si, pelo que proponho a quem não defina as prioridades com o mesmo critério que passe de imediato ao post seguinte.

Contudo, e agora que conto apenas com quem confia na minha avaliação de pertinência, passo a desvendar o tema do presente e que incide na flagrante injustiça de não ser obrigatória a instalação de urinóis a par com as sanitas nas casas de banho dos apartamentos comuns. Parece secundário apenas para quem se senta habitualmente, mas nunca o será para quem, mesmo com uma bebedeira descomunal, tem que acertar a mira no espaço ridículo que uma sanita oferece para uma mija masculina como deve ser.

É que qualquer gajo sabe o quanto nos apraz usufruir desse momento de libertação sem condicionalismos e até não desdenhamos o movimento de vaivém para, por exemplo, desenharmos qualquer coisa no chão (solo arenoso serve melhor o propósito).

E a isto acrescentamos o abominável cliché, que estará até na origem de alguns divórcios, da tampa da sanita que só serve para estigmatizar gerações de pessoas com pila e criar mais um factor de pressão no momento de afinar a pontaria. Para o gajo que mija são demasiadas coisas em que pensar.

Assim sendo, e dado tratar-se de um constrangimento que enfrentamos diversas vezes ao dia, julgo que todos temos que pugnar pela melhoria das condições sanitárias para quem urina de pé. Não só porque a vontade que dá é um gajo aproveitar enquanto passeia o cão para se passear a si próprio atrás de uma árvore ou de um candeeiro de rua, mas porque mesmo as mulheres devem abraçar esta causa que lhes poupará tantos pingos que qualquer sacudidela mais vigorosa pode acarretar.

É uma questão humanitária de suma importância, contrariamente ao que se possa numa primeira análise pressupor.

E se não perceberem bem onde está o problema de nos confrontarmos com louça sanitária mal concebida, aberrante até, quase parecerá natural que passem a aceitar como solução generalizada, por exemplo, a que ilustro mais acima...



E agora para algo completamente diferente.

Não sei se sabem o que era, ou se lembram, ou se viveram, no tempo do stencil, mas eu lembro-me bem. O primeiro jornal que alguma vez fiz, tinha uns sete ou oito anos, chamava-se "A Tromba" e era em feito em stencil.
Nunca fui jornalista, mas já fiz, e já passei, por jornais, revistas, rádio, televisão. Em todos eles, desde a tal Tromba, senti a responsabilidade da vírgula, do bocejo em directo, da montagem em estúdio, do título que não podia sair. Em todos eles, de uma forma ou de outra, fui paga para fazer um trabalho. Pagou-me o Público por artigo, e pagava muito bem, foi mesmo quem melhor me pagou, pagou-me a renda de casa a rádio, ficou de me pagar o produtor que vendeu o programa para a RTP, pagou-me os transportes o Eles e Elas de má memória. Todos, de uma forma ou de outra, me pagaram, ou ficaram de pagar, ou um dia que não chegará me irão pagar de certeza.
Neste blog nunca ninguém me pagou nem ficou de me pagar. Escrevo porque gosto, porque me apetece, porque preciso. Escrevo, muitas vezes, sem ter a percepção que vou ser lida e que vou ser avaliada e que a minha escrita pode chegar muito mais longe que chegavam as cópias borradas d'A Tromba.
E, quando por vezes percebo onde esta quase brincadeira chega, assusto-me. Porque aqui, quando escrevo, não sinto a responsabilidade de nada. Ou sinto únicamente a responsabilidade de escrever igualzinho ao que me vai na alma. Sem limites que não sejam os meus.
Por aqui, tirando a lei em geral geral e o bom senso em particular, não há Livros de Estilo nem Códigos Deontológicos, não há linhas editoriais nem mínimo de caracteres (chamavam-se linguados noutros tempos, não era?), nem daqui nos vem dinheiro para o pão e muito menos para a manteiga. O que se escreve não paga taxas aduaneiras e o feed back pode nem fazer parte dos nossos planos.
Parece que temos toda a liberdade do mundo, até percebermos que podemos chegar onde nunca pensámos que chegaríamos, até percebermos que o Enter da tecla implica um entrem e estejam à vontade, sejam lá quem vocês forem, e desculpem qualquer coisinha se tiver exagerado nas cores do arco íris.

Primiro foi o convite ao Visconde, e se ele não fala falo eu. Um email para o blog a convidá-lo para um programa da RTP para falar de um post que tinha escrito aqui no Cabra (o que aconteceu a seguir fica a cargo do Senhor Visconde explicar).
Depois foi a Isabel.
Não pedi autorização à Isabel para falar nela, mas na falta do tal Livro de Estilo e do Código Deontológico e do editor carrancundo, tenho de decidir por mim e achei que ela não ia levar a mal ("levar a mal" é a expressão mais familiar que arranjei para esta circunstância).
A Isabel é a "aluna lésbica" a quem um tal Tribunal deu razão depois de ter sido agredida, e foi sobre a Isabel, que na altura não era Isabel, que escrevi este post.
A Isabel respondeu-me há uns dias e foi a Isabel que me pôs a pensar.
Nos meus tempos, se isso existe, dizia-se, para dar força a um argumento, "está escrito em letra de forma". Tudo o que aqui escrevo é em letra de forma, mas que forma é essa?
Por acaso correu bem com a Isabel, mas tenho, temos, o direito de chegar aqui, a este sítio que não é um stencil, e escrever sem limite nem fronteira? A Isabel leu o que escrevi, mas quando o escrevi não me passou pela cabeça que a tal aluna tinha nome e se chamava Isabel. Muito menos que me iria ler ou que iria responder.
A Isabel podia chamar-se Lurdes. Ou João. Ou Fernanda. Ou Teresa. E nós podíamos escrever o que quiséssemos sobre ela, ou ele, que aqui não há quase lei nem roque e somos livres de dizermos o que nos vai na alma.
Em letra de forma.
E, muitas vezes, sem pensarmos que isto não é uma mesa de café e que qualquer google pode levar o que escrevemos até onde nunca pensaríamos que ira chegar. E que as palavras que aqui deixamos soltas podem passar a ser uma carta de amor ou uma bilhete de suícida.
Ou podem ser lidas por uma qualquer aluna chamada Isabel.