Nós, as gaijas.

Gaija. Este gajo é uma gaija. O ter útero e trompas e ter engravidado e ter parido nunca me convenceu por aí além, mas agora sim, acredito, o gajo é uma gaija. Não há pila nem pêlos no peito que o safem - nasceu gaija, morre gaija e não há nada a fazer.
A criancinha nasceu e lá estão os instintos todos de gaija a funcionarem - chamou as revistas, a revista neste caso, a People para ser mais exacta, e toca de fazer olhinhos às câmaras com a filha ao colo. Gaija! Nenhuma de nós resiste a um bocadinho de atenção. Se meter fotógrafos e colunas sociais e o mundo a nossos pés, estamos no céu!
Não sei porque seremos assim, mas deve ser culpa das nossas mães, que também tinham o seu quê de gaija.
Olhem eu, que nunca brinquei com uma boneca, que era guarda redes avançada, só tinha amigos gajos, que conheci o pó de todos os largos lá da terra em muita tarde de pancadaria e de salve-se quem puder, assim que me nasceram as filhas toca de lhes fazer cueiros com fitinhas cor de rosa e verdes claro e camisas de organza bordadas e casaquinhos a dar com as fitinhas dos cueiros. Gaijices! E agora tenho o quê? Duas gaijas em casa, claro!
O pior é que eu, assumidamente gaija, não tenho paciência para qualquer outra gaija que não seja eu. O que também é típicamente uma qualidade de gaija. Mas as outras são muito complicadas, são estranhas, dizem sim ou não ou nim ou nada porque nim ou nada ou não ou sim e nunca se sabe para que lado sopra o vento.
Acabei de telefonar à gaija mais nova. Está triste como a noite, nota-se a 400 km de distância que está cheinha de saudades. Acham que ela o disse? Gaija! Esperneou, atirou com uns não, não estou, estava a ver televisão e agora tenho de estar para aqui ao telefone!, foi incapaz de perguntar pelos cachorrinhos, de perguntar quando íamos ter com ela ou de dizer que tem saudades de casa. Tratou na ponta do chicote e quem quiser que se aguente. Fosse um gajo a falar com ela e teria ficado ligeiramente chateado. Eu, gaija como ela, desliguei o telefone feliz da vida - a cabrinha está cheia de saudades nossas!
Mas isto é coisa de gente? Não, é de gaija!
Gaija é assim, nunca vai direita ao assunto, e quando diz que o vai fazer é porque nem ela própria sabe onde vai querer chegar. Vai-se ouvindo e logo se vê. E se a plateia fôr grande e tiver uns fotógrafos da People a gaija vai abrir a cauda em leque e fazer o que melhor sabe - ser gaija.
É que não há gaija que se safe, que se até a Manela Ferreira Leite pintou o cabelo de loiro e a Angela Merckl usa umas gargantilhas que deve achar que lhe ficam muito bem, não há mais nada a fazer.
É por isso que eu todos os dias agradeço à sorte gostar de gajos. Não é que sejam flores que se cheirem, mas sempre são mais básicos, mais curtos de ideias, menos elaborados e muito mais previsíveis. Para além disso têm vozes normalmente menos agudas, o que dá sempre jeito quando há necessidade de as elevar um pouco mais.
Há uns anos atrás, cansada de aturar gajos, fui pedir conselhos a uma amiga. Ela, que sempre aturou gaijas, que me dissesse - era mais fácil não era? É que pela minha felicidade eu já estava disposta a tudo, até a tentar encontrar a outra parte da minha laranja num laranjal desconhecido. Felizmente ela foi pouco gaija e muito clara. Em poucas palavras descreveu-me o que era ter de aturar uma gaija e eu percebi depressinha que pior que ser gaija e ter duas filhas gaijas seria ter de viver com outra.
E lá tenho eu continuado a aturar gajos, que podem deixar-me os nervos à flôr da pele, mas pelo menos não conhecem nem metade dos truques para chatear o parceiro que em nós, gaijas, já vêm de fábrica. E não há nada a fazer, que como disse no princípio, gaija que é gaija é sempre gaija e não há pila que a mude!

35 comentários:

@na disse...

parece que pela primeira vez conheço uma gaija que pensa como eu!

@na disse...

olha! tou cá sozinha....

Teresa disse...

(quase... eu vou ali e já venho...)

@na disse...

está alguém em casa???
(será que os srs agentes faziam o obséquio de me informar se está alguém?)

@na disse...

estarão a ser arrebatados na moita pelo outro???

Anônimo disse...

"Gaijas", "gaija"?! Gajas, gaja.

Ora, foida-se.

@na disse...

não... aqui é mesmo gaijas e gaija!!!

sem-se-ver disse...

«Não é que sejam flores que se cheirem, mas sempre são mais básicos, mais curtos de ideias, menos elaborados e muito mais previsíveis.»

absolutamente de acordo.

e mais não digo.

Anônimo disse...

Eu sei. Mas estou contra. Não gosto de gaijas, mas gosto gajas. Não há disso por aqui, gajedo? Só gaijedo?

Ora, foida-se.

Teresa disse...

E pronto, agora foi-se tudo... gaijas de pouca fé e gajo, que gaijo é só para a flor que não se vai cheirando...

e podes tu, iluminado Valupi, dizer-me que tens contra as gaijas?

Marias disse...

Mas não ías ter com a gaijita já este fim de semana? Qual é o problema? Não podes passar sem ela dois dias? Olha que nás, as divorciadas passamos dois dias e tres semanas de uma vez, e a coisa vai encaixando.

Anônimo disse...

Posso, sim, dona teresa. Tenho contra o i. Esse i não está aí a fazer nada, só empata, é um apêndice estranho. Já a gaja aparece-me livre, disponível, sem a presença de terceiros.

Teresa disse...

(olha um valup de meias palavras)

Estás enganado, o i abre o a, acentua o feminino do gaija, arredonda-lhe as formas e adoça-lhe o som. O i dá pelo menos mais pinta à gaja, nem que seja só mais uma, e leva-a para uma categoria diferente da tipa.

(tens andado pelos algarves? é que por aqui é que são todas donas...)

Anônimo disse...

além de que i=raiz_quadrada_(-1), um número imaginário porque não há operação real que o faça.

Teresa: eu gato vadio, mas quando tu, depois de tudo tratado, tudo arrumado, tudo deitado, menos tu, fumas dois cigarros seguidos na noite, e com a descontração chega a tristeza, quem te vai dar um beijo na tezta sou eu

como é de gato sideral é levezinho

Anônimo disse...

Tens razão, o i faz bem à gaja. Mas como não é o meu, prefiro a versão desocupada.

Ignorava serem todas donas pelos algarves, mas fico satisfeito por ter acertado. Também não me importava de ser dono.

gaija do norte disse...

vivo com o i desde sempre, nem me imagino sem ele. não tenho nada contra as gajas, nadinha, mas eu sou gaija!

(se for preciso comentar a posta apita...ah, sobre o instinto maternal da gaija que quis ser gaijo e usou a sua gaijice toda para ser uma confusão de pai e mãe. com todas as perguntas difíceis que os filhos colocam, como é que aquelae gaijao vai explicar que apesar do apêndice que tem entre pernas é mãe dela, ai, acho que já me baralhei toda, ou será que foi oa gaijoa que me quis baralhar?!?!?!?!?? acabei de me colocar outra questão: quando chegar à idade dos calores, como vai ser? nunca tinha pensado nisso! e agora? será que sofre de spm!nunca tinha pensado nisto, nem me incomoda nada, mas lembrei-me...)

Anônimo disse...

OK...
GAIJA GAJA...GAJOS I GAIJOS...
FAZ-ME LEMBRAR UMA COISA:
MANHAZINHA,UMA PERNA SOBRE A OUTRA OH TERESA AI AÍ UM CAFEZINHO---
AHAHAH
ALEXANDRA!DIZ-LHE ALGUMA COISA?
1GAJA
MAIS 1 GAJA
MAIS AS FILHAS GAJAS
XIII TANTA GAJA

@na disse...

tá 'pra qui um gajedo...

shark disse...

Gajedo? Digo presente.

Teresa disse...

z,
com os números imaginários conto os beijos na testa...

Valupi,
está a contradizer-te, que pelo que parece és dono de um i.
E a mim o dona arrepia-me quase tanto como o esposa...

Baby,
Faço minhas a palavra do Valupi - foida-se!!

Ana,
deixa-as poisar...

Teresa disse...

tubarão, não te vi... e aqui não há gajedo, só gaijas!

@na disse...

pois desculpa... gaijedo!

Anna disse...

Tubarão na area......
Há quanto tempo!
Oh teresa,não é foida-se é caraças,porra sei lá mais o que duas fufas em casa é dose..
ahahhahhahahhaahah
eu vo po inferno

Anna disse...

Tubarão na area......
Há quanto tempo!
Oh teresa,não é foida-se é caraças,porra sei lá mais o que duas fufas em casa é dose..
ahahhahhahahhaahah
eu vo po inferno

Anônimo disse...

O inferno é uma excelente escolha.

Teresa disse...

não é?? também sempre achei que o céu deve ser uma chatice. Mas e se nos lixam e no inferno é que há missas todos os dias?

Teresa disse...

(agora imaginei-me em plena missa a dar o abraço da paz ao Lenine... ou ao Bento XVI quando lá chegar...)

gaija do norte disse...

achas que no inferno nos castigam e nos mandam à missa todos os dias? abraços ao bento XVI? vou pensar serimente em melhorar a minha conduta...

Teresa disse...

Eu acho que o inferno só pode ser isso - um sítio onde te é absolutamente impossível pecar. Mesmo que seja um daqueles pecados mais levezinhos, como dizer "porra" eu comer dois gelados seguidos...

gaija do norte disse...

afinal o inferno é ainda muito pior do que a minha fértil imaginação alguma vez tinha alcançado! pobres aqueles que ainda não viram a luz do pecado

@na disse...

não pequem agora,não...

Anônimo disse...

Tens alguma coisa especial em mente, Ana?

@na disse...

não propriamente. Cada um saberá que pecados ainda tem para pecar. Os meus podem não ser necessariamente pecados para outrém, assim como o inverso.

Teresa disse...

ai o sugestões tem alguma coisinha para sugerir ou só fala para não entrar água?

gaija do norte disse...

ai, a entrar que seja binho!!! hoje quem beber água vai para o inferno