As prendas, ou os presentes

Para a semana tenho a reunião com a professora do meu filho, devo-lhe levar uma lembrança ou não?

Uma prenda (prendas do lar, saber passar uma camisa, fazer um jantar...) um presente, estar presente na reunião, eu. A Encarregada de Educação.

Mas dou-lhe o quê? As educadoras eram novas, dava-lhes uns colares da Parfois e dizia que tinha sido o menino que tinha escolhido, caso não gostassem. Como me disse uma que se vestia toda de preto, quando lhe dei uma pulseira azul "dá jeito, quando me vestir de azul...".

A prof. tem mais de 50 anos, dou-lhe flores (detesto dar coisas mortas), uma moldura do seu menino de ouro (ele é que é de ouro, não a moldura), não me cheira.

Devia seguir o raciocínio das pessoas que me dão prendas " Ela tem tudo, que lhe hei-de dar? Nunca a vi com um lenço de seda ao pescoço, é isso mesmo ! " ou " Ela gosta de ler, vou-lhe dar este romance de 800 páginas do Salman Susdie!". Os maridos também recebem coisa úteis, como os roupões. Eles que saltam da cama directos para o duche, café, trabalho, ficam todos satisfeitos com os roupões. Nunca se sabe quando serão hospitalizados, e deambularão com ele pelos corredores, empurrando a aparelho de intravenosa, arrastando os chinelos...

Mas à professora não lhe dou nada, só o meu obrigado por lhe ter ensinado o programa todo do 3º ano, naquela turma de sete meninas e dezasseis rapazes de 9 anos. E ter sobrevivido, os meus parabéns.

8 comentários:

Pedro Almeida disse...

Antes de ler a última frase pensei para mim, que sou professor: "...mas e dar porquê?". Um agradecimento vale por mil "bugigangas"!!

Anônimo disse...

Obrigada Tb já fui prof. Digo o mesmo...

Marias disse...

Sim, eu calculei, vou agradecer efusivamente e assim continue com saúde pois para o ano vai ter de os aturar de novo.

cereja disse...

Eu nunca dei uma prenda a um professor, apesar de ver que é um costume estabelecido, eu até ficaria envergonhada se o fizesse. Afinal são profissionais, não é? Se calhar por ser filha de dois professores, e excelentes, que não aceitavam coisíssima nenhuma.
Essa questão das prendas é de facto um bico d'obra. E porque não «consumíveis» assim umas velas por exemplo. Acendem-se, ardem, acabam e pronto!
Isto digo eu... :D

Teresa disse...

50 anos? Ui, muito mais velha que nós, não faço ideia, a não ser, e isso seria simpatico, sugerires aos outros pais fezerem-lhe um PPR.
E esquece lá as pulseiras azuis...
Mas quem sou eu para falar, que nunca dei presente nenhum a professores. A Clara sim, que muitas manhãs, antes de ir para a escola, vai apanhar uma flor para levar à professora. Apesar de as apanhar quase sem caule e nem num copo de água darem para pôr, acho que só podem ficar felizes. Eu ficaria.

Marias disse...

É mesmo, muito mais...
Lembras-te da Dina ter dado à prof. da filha uma coisa e a prof. ter dito," ah, mas para que se deu ao trabalho!" e a miúda "não foi trabalho nenhum, era uma coisa que a mãe tinha lá por casa!"

Teresa disse...

Lembro... essa foi genial.
Mas também lembro da minha mãe danada, lá na loja. Primeiro era a chusma de maezinhas a comprarem os presentes para as professoras, sempre a quererem o mais barato mas com um embrulho muito grande, depois era a invasão das professoras as trocarem os presentes das maezinhas...

O Santo disse...

não resisto a contar:
um dos meus alunos do 10º tinha uma revista de automoveis sobre a mesa. ja nao me lembro bem da capa mas penso ser um mercedes de gama desportiva. Peguei na revista e perguntei se a turma toda queria ter boas notas enquanto apontava discretamente para o carro.

Terei feito bem abandonar o ensino?