ESTE é que é o post que eu queria colocar aqui, o lá de baixo era para colocar no Blog 3, mas agora tem que ficar porque a Calamity Jane já comentou.

Acabadinho de chegar de Londres, digo-vos que a minha maior preocupação, o que mais atormentava era ter que escolher seguir uma das duas notícias de abertura dos telejornais, que ocupavam as primeiras páginas dos jornais gratuitos e do Sun, as duas notícias que tinham chamada na primeira página dos jornais a sério.

De um lado, a notícia sobre os últimos dias de uma rapariguinha de cabelo rapado que ficou famosa porque participou num programa de televisão qualquer, nunca sei de programas de televisão porque não vejo televisão e, se visse, faria zapping ao Big Brother, maneiras que é por isso que eu não sei qual foi o programa de televisão que tornou famosa a rapariguinha.
Do outro lado, a notícia do rapazinho com treze anos mas com cara de oito que foi pai e que aparecia nos jornais com a filha acabadinha de nascer, vestida com um “babygrow” (e nesta fase peço que se detenham no facto de eu, para além de identificar a peça de roupa designada como “babygrow”, saber grafar correctamente a palavra “babygrow”).

De um lado surgiam os pormenores do casamento da rapariguinha, do outro lado surgiam outros rapazinhos de treze anos a declarar-se como potenciais pais, mas que não ficavam tão bem na fotografia porque têm cara de quem já tem treze ou catorze anos e, já se sabe, resulta sempre mais engraçado um pai com treze anos mas com cara de oito.

Um e outro, o rapazinho de treze anos com cara de oito anos e a rapariguinha do programa de televisão com cancro, vendem a sua história aos jornais e às televisões. Uma vende os últimos dias da sua vida, outro, os primeiros dias do resto da sua vida. E, se há quem saiba de leis do mercado, esse alguém sou eu e eu sei, entre outras coisas, que, para haver quem venda, tem que haver quem compre. Os ingleses compram estas duas histórias e eu acho bem, penso mesmo que devia existir um incentivo governamental para os distrair com estas coisas e não os deixar preocupar com coisas menores como o desemprego ou a desvalorização da libra.

E isto é que interessa, uma libra baixinha, baixinha, que um dia destes lá estarei outra vez e ainda me faltam uns musicais e jantar no Ritz, tudo coisas que me vão custar menos vinte por cento daqui a dois meses. Siga…

2 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo Visconde

Para além de me sentir por demais lisonjeada por ter colocado o meu nome a encimar uma posta nesta casa que muito prezo (devem ser os tais 15 minutos de fama, a consagração, quiçá, a glória!), devo dizer-lhe que me identifico a 100% com o que escreveu. Ainda há dias, um crítico de TV cujo nome não recordo (é um tipo q escrevia no DN e agora pelos vistos está no Público) escrevia a respeito qualquer coisa como: "não há limites para a obscenidade". Referia-se a esta exposição vendida porque comprada (ou será versa-vice), como se de facto não houvesse um único facto noticiável debaixo do céu. E aqui na Tugalândia vamos pelo mesmo caminho pois o tal menino de 13 anos com cara de 8 teve direito a 'honras' de telejornal dias a fio.

Teresa disse...

Amanhã conto uma história. Hoje tenho mais que fazer.

Bons olhos o revejam, caro Visconde!