Acordamos aos poucos, devagar, um de cada vez. O dia não reflectia a alegria de estarmos juntos. Sorrimos durante quase todo o dia, dizendo da melhor forma, adeus ao ano que se despede.
2008 é um ano que fica para a história como o ano que uniu cabras e cabrões numa tasca só e por isso foi um ano bom. Foi o ano em que a minha vida deu mais um pedaço da volta que é suposto eu completar.
2009 vai ser o que cada um de nós, como sempre, quiser!
Eu quero que sim.
fica bem, 2008
Porto-Dakar
Não é bem Dakar, mas é quase no deserto.
Dez horas depois de sair do Porto estou em casa, mas foi difícil, muito difícil.
A pilota era boa, apesar do sotaque, que se eu dizia Paços Brandão ela teimava , e teima, que é Paços Brandôn (não consigo, ela diz que tenho sotaque esquisito, mas esta coisa não se consegue escrever em português corrente!...) o que para dar coordenadas é complicado.
Primeira etapa cumprida com uma sopa de feijôn (acho que continuo a não acertar com a m*** do sotaque), emalar do resto dos trapos que tinham ficado para trás, despedidas apressadas da casa da mãe e continuámos rumo a sul.
Viajar com 3, três, t-r-ê-s!, crianças no banco de trás a cantar o Camp Rock e a comer o farnel implica muita ameaça de estalada, travagens súbitas para ficarem uns momentos atordoados depois de baterem com as cabecinhas nos bancos, whiskey despejado com funil pelas gargantas abaixo e várias tentativas de nos esquecermos delas nas casas de banho das estações de serviço, nunca conseguidas graças aos valentes soldados das Brigadas de Trânsito da GNR que largavam atrás de nós, com sirenes ligadas, para entregarem as crianças supostamente esquecidas, e nova paragem para reunião de emergência do Cabra.
Encontro na Expo. Veio quem pôde, quem foi convocado, quem foi obrigado, que chefe sou eu e mando (esta foi a Gaija do Norte, porque se ainda não perceberam era a tal da pilota, quem me obrigou a escrever para livrar a água do capote dela) e lá discutimos assuntos essenciais para este blog, verdadeiramente essenciais, tipo passwords, nicknames, parágrafos e tabulações, acompanhados por uma cerveja rápida e uns cafés para os santos e condutores e rumo a sul outra vez.
E prontos. Os cães estavam todos vivos, a lareira apagada, as crianças finalmente adormecidas em cima do prato de esparguete e as garrafas de vinho abertas. E este post, começado a fazer a meio da viagem, acabado.
Voltei a viver no campo
Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara!
Franciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiisca!
E não é que andam mesmo a estudar isto a sério?
Só não entendo é o porquê de eles não terem simplesmente confiado no Cabra.
'Tou de férias
Desta vez os críticos do Expresso estão certos...
É oficial. "Amália" é o pior filme português que já vi.
E olhem que eu sou aquele tipo que viu o "Corte de Cabelo" do Joaquim Sapinho...
(Faço tanta faltinha a esta malta...)
Nem é a mim que compete proceder à análise da “enquete” ali da barra lateral, mas ninguém se chega à frente e aquilo incomoda-me na verdade que escarrapacha nas paredes deste blogue.
É que não sei se repararam mas há várias leituras possíveis e nenhuma é susceptível de tranquilizar o tubarão quanto à saúde na vida da malta que nos acompanha aqui.
Vamos por partes.
A parte mais complicada: mesmo com uma vantagem mínima, o resultado final do inquérito diz-nos que há mais pessoas disponíveis para abdicar de quinze dias de sexo do que privar-se de net ao longo do mesmo período.
Malta, pá, eu sei que o Cabra é indispensável para a vossa felicidade, isto é mesmo um consolo para a alma e mais não sei o quê. Mas quinze dias sem sexo? Quinze! E por opção voluntária? Por escolha de mal menor?
A minha leitura é contraditória. Se, por um lado, fico optimista por constatar que ainda há mercado para o meu magnífico desempenho sexual (que alteraria de forma significativa o sentido de voto num dos grupos em causa), por outro lado fico desalentado por saber que ou os meus homólogos não andam a cumprir o seu papel ou as moças que nos lêem perderam o norte ao melhor que a vida tem.
E inclino-me para a primeira hipótese. Porquê? Porque no lado masculino da questão a vitória do sexo foi tangencial e isso constitui para mim uma surpresa.
Estão a flipar ou quê? Sexo, malta! Lembram-se do que é?
Assim sendo, e dada a gravidade dos factos que esta pequena sondagem revela, julgo que se torna urgente reavivar no pessoal a memória do que é o sexo a sério. Não a queca para cumprir calendário, embora mesmo essa bata aos pontos nem que seja um post extraordinário do tubarão, mas a sessão de sexo como deve ser. E esta não deixa margem de manobra para hesitações na escolha, quinze horas passadas já a pessoa chora por mais.
Quinze dias? É uma eternidade sem sentirmos a sensação maravilhosa de felicidade e realização pessoal subsequente a um momento intenso de sexo!
Das duas uma: ou nunca desbundaram a experiência que afloro no parágrafo anterior ou já passou tanto tempo desde a última vez que mais vale doarem o corpo à medicina pois vai estar como novo quando deixar de fazer falta…
E agora fico numa aflição, pois sou um gaijo muito prestável e assim de repente não me ocorrem muitas ideias para contribuir para resolver o que entendo como um problema.
Alguém pode ajudar-me com sugestões ou assim?
Boxing Day
É o dia a seguir ao Natal, na Inglaterra. Hoje estou sozinha, e ontem adormeci muito cedo,acordei cedo. Já li o post da Teresa, o meu é mais ou menos igual, e diferente.
Também tive aqui a minha mãe no Natal, os miúdos foram jantar a casa do pai onde iam umas primas e avós. Eu que nem gosto de Natal, claro que tenho a sala decorada com árvore , um presépio, Pai Natal , mas só a sala! Por mim ficava sossegada a ver os filmes da Sic, mas com a minha mãe tive de arranjar a panóplia de Natal, no caso dela, bacalhau, com batatas e couves, bolo-rei e essas coisas. Mas não tinha alho, ainda bem, assim fiquei só a arrotar a couves...
A minha mãe estava muito animada, num nonstop-talking, que infelizmente inclui um desfiar de todas as suas doenças e de como as empregadas (sim, plural) a maçam por turnos. Eu ía recebendo sms alegres e telefonemas de primas divertidas, e amigas, mas a mãe nem notava, continuava a falar de como os outros estão mal, até os desgraçados do Coro de Sto. Amaro de Oeiras levaram por conta, "com aquelas caras tristes e sérias!", e eu lá murmurei que se tivesse 8 anos e estivesse no hospital do Alcoitão, também estava assim.... (isto foi antes).
Finalmente lá pus as prendas na árvore, para se abrirem no dia seguinte e fomos para a cama. Eu para ler. Depois acordei às 2h 30 com o pai a trazer os filhos de volta (noite) e a filha em prantos "porque só lhe tinham dado roupa e as primas tinham tido muitos brinquedos". Mentalmente simpatizei com ela, eu uma vez também ensaiei uma birra parecida (sim T. em Cantanhede) mas fui logo corrida com um "és uma mal agradecida e já não tens idade para essas coisas", e lá a trouxe e deixei dormir na minha cama , com o irmão que também murmurou algo sobre "lhe terem dado meias e ainda por cima serem de menina".
No dia seguinte, acordaram bem dispostos, a avó também, gostaram todos muito dos presentes e a paz foi restaurada.
Ontem também andei a vestir a roupinha que vou levar ao dito casamento, parece-me bem, mas é a primeira vez em 15 anos que vou a um casamento solteira e sem os filhos, com a família da minha mãe, e tal com a prima, lá vou eu de queixo erguido. A minha estratégia é sentar-me bastante ao pé da tias para evitar as tesouradas nas costas, e ter tento na língua nas respostas que dou, vou tentar manter-me sóbria.
Notícias mais detalhadas
Sobrevivi! (primeiro round...)
A miudagem está toda a dormir - espero, se forem como nós erámos não tarda está tudo cá em baixo outra vez... - os restos mortais dos presentes foram, como de costume, queimados na lareira por entre os, também de costume, ataques de pânico da avó que jura a pés juntos que o envelope com a notinha foi junto com a papelada, o perú que sobrou, quase todo - e, mais uma vez, também como de costume - já se conformou com a sorte de empadão, empadas e variantes, e tenho finalmente silêncio, computador e cigarros. O ter cigarros a esta hora, e depois de um dia destes, não é, de certeza, o costume.
Agora que o Natal passou, deveria, supostamente, entrar na tal semana de limbo, na semana que não existe, na semana que não começa numa segunda feira e acaba num domingo, como as outras, mas começa no Natal e acaba no Fim d'Ano. Mas não, este ano trocaram as voltas à semana e nela vai ter de se encaixar um casamento de família.
Isto só pode ser um teste de resistência criado por uma empresa de jovens executivos fanáticos d' O Jogo. Eu, pelo menos, sinto-me uma Michael Douglas perdida num mundo surreal onde cada passo que dou me leva a um novo pesadelo. Dias intensos, cheios de emoções em que a capacidade de sobrevivência é testada até aos limites.
Não, não é exagêro. Nadinha. 48 horas de casa de mãe podem ser, e aqui garanto que são, repletas de desafios.
Ter tido de derrubar três seguranças para entrar na Worten já fechada e comprar aqueles presentes de que a minha mãe se tinha esquecido foi só um pequeno aquecimento. E o regresso vitorioso a casa não foi descanso de guerreira que, à minha espera, tinha um novo trabalho. À minha espera, lá fora, encostado à porta, estava O Chato.
O Chato é, como todos Os Chatos, boa pessoa, se nos abstrairmos de que é chato. Este meu Chato faz parte do tipo que manda dezenas de sms com frases do Ghandi e do Saint Exupery e espera resposta, lembra até à exaustão aquela época em que tinhamos dez anos e dançávamos de patins, olha para nós como se estivesse a ter uma miragem e nos toca e abraça e beija para acreditar que somos reais e nós percebermos que tem muitas saudades, insiste que temos de ir beber um copo na noite de Natal e prontifica-se a ficar à espera, caladito, no sofá da sala enquanto despachamos a canja, e o bacalhau com couves, e o perú, e as sobremesas, e o café, e nos obriga a dizer que sim, também gostamos muito dele, MAS NEM PENSES QUE PASSAS ESTA PORTA, que já te disse que não, não vais entrar e muito menos vou onde quer que seja contigo. E O Chato continua com um sorriso deslumbrado, oferece-nos duas fotografias de pose, dá mais um par de beijos e muitos abraços e ao outro dia, às dez da manhã, vai estar colado à campainha para o tal café que está adiado, sim, mas para o dia de S. Nunca.
Difícil? Não, ou pelo menos não tão difícil como horas depois, lá pela meia noite e tal, estar com a roupinha de ir à missa, em pleno altar mor da Igreja Matriz, enfrentando a multidão de fiéis enquanto repetia as doutas palavras da Epístola de Isaías garantindo, com toda a convicção, que todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado... e por aí fora até à salvação final. E eu, que debitei aquilo tudo de cor porque me apeteceu criar alguma emoção nos ouvintes pouco atentos e porque, nem morta, punha os óculos que são condição absoluta para conseguir ler aquelas letras minúsculas, sentia-me uma Maria Madalena, pecadora não arrependida, a provocar várias indigestões de bacalhau e couves. Eu, a ovelha transviada (pode-se dizer cabra transviada?), com um papel principal na grande récita do ano. E a minha mãe, nos bancos da frente, já recomposta da indisposição que a impossibilitou de cumprir a sua obrigação de leitora de serviço, obrigando à entrada da suplente que nem aos treinos vai, marcava mais um ponto na caderneta onde já há muito entrei nos negativos que ela ganha-me folgadamente no jogo do Já Te Enganei Outra Vez.
E hoje, hoje foi a faca que conseguiu nunca sair da liga e as várias respostas que ficaram presas na garganta e o amai-vos uns aos outros e mantenham-se quietinhos que o primeiro a fazer um gesto brusco é o primeiro a levar e a minha personal trainer a mandar sms com técnicas e táticas absolutamente fundamentais, porque ler pensa naquelas coisas todas que os treinadores de futebol costumam dizer e agora não me lembro dá-nos um novo alento e coragem para derrubar qualquer adversário. Obrigada gaija, estas palavras foram preciosas!
Mas O Jogo continua e amanhã, daqui a um bocadito, começa a histeria das roupas e dos sapatos e dos cabeleireiros que sábado é para fazer boa figura ou então é melhor nem sair de casa. E sim, não sair de casa é daquelas meras hipóteses que nunca nos será permitida concretizar, portanto Here we go again...
Faltava o presépio por aqui
Na terra.
Há 24 horas na terra e as novidades estão quase esgotadas.
Boas notícias? Estou mais gorda, com bom aspecto e continuo na mesma, o que parece contraditório dado que afinal estou com melhor aspecto e mais gorda - esta sim, foi a grande e melhor novidade! - mas suspeito que este na mesma quer só dizer que ainda não passei à categoria das pessoas crescidas e respeitáveis.
O resto? O resto é o surrealismo do costume com muitas coisas para comer pelo meio.
As miúdas são tratadas como se continuassem ad eternum com dois anos - onde estão? que estão a fazer? olha se se magoam... estes bolos não podem aqui ficar que elas metem-lhes os dedos (nunca foi esquecido um certo merengue que a Francisca esburacou numa manhã de Natal!), não querem lanchar, tens de lhes fazer o lanche... (a alimentação é a grande preocupação aqui, como se não fosse uma casa que vive em economia recolectora e onde basta estender a mão para apanhar qualquer coisinha que se possa trincar. E elas tratam disso, ai tratam tratam...).
Parece que temos todos imensas coisas para fazer e eu não posso esquecer-me de ir dar um jeito ao cabelo que se vais ler na missa do galo não podes ir assim e é preciso ir buscar pão e pôr o perú no forno e embrulhar os últimos presentes e, e, e... Muito difícil isto de casa da mãe, principalmente quando ela não faz a minima ideia onde escondeu a chave da porta da cave, casas de mãe têm sempre muitas chaves e muitas portas fechadas, e sem aquela bendita porta aberta não há vinhos para o jantar...
E agora vou fazer uma das muitas coisas que, infelizmente, me competem fazer, que o estatuto não perdoa. Vou ter que me levantar, ir ao hall de entrada dar mais uns berros e pensar que são os mesmos, exactamente os mesmos, que eu ouvi da minha mãe e antes dela da minha avó - meninas, párem já de subir as escadas assim e estão proibidas de descer pelo corrimão!
Ainda não percebi muito bem porque se tem de gritar estas coisas no hall de entrada, mas parece que faz parte. E apesar de fazer o papel que me está distribuído - acho que já referi, de passagem, que esta é casa de mãe e em casa de mãe todos temos de obedecer - não sei se consigo segurar-me e resisto sem ir até lá acima, ao clube, ao velho clube que já foi o nosso e agora é o deles, a saltar os degraus fazendo mais barulho que o 20º de Cavalaria para depois descer dois andares às voltas pelo corrimão ao som dos gritos de guerra dos sioux tentando não aterrar em cima da manjedoura do presépio.
Iupiiii..... É Natal!! Que bom!!! E está quase quase a passar, que se fosse três dias, como o Carnaval, ninguém aguentava.
Bom Natal
Para todos os que nos aturam e têm o duvidoso gosto de passar por aqui e voltar, um OPTIMO, EXCELENTE, MAGNIFICO e SANTO NATAL.
Para vocês que são da casa também, não comecem já a refilar.
E para os que vieram aqui parar por acaso ou por serem cuscos, desejo o mesmo que para todos os outros, mas para vocês em especial - Podem e devem voltar em 2009 e ficar por aqui, ok?
Senão para o ano faço queixa ao velhote das barbas e tão tramados.
Bom natal.
Parkour
Eu também fazia coisas parecidas, mas era no campo, em casa da avó. Aqui na cidade, com tanto muro para saltar, tanto betão e cimento, parece que tem levado uma série de miúdos ao hospital.
Com traumas internos, além de braços partidos. Parece que viram nos videos americanos da Madonna e outros, deve ser inspirado nas fugas aos gangs e polícia.
Correr é bom, deviam se calhar levar capacetes, em vez de bonés....
Fogo Posto
Seguro-te o queixo com o indicador e disparo com o olhar as promessas que anseias concretizadas.
O tiroteio iniciado quando ripostas, fogo cruzado, com uma munição que é fornecida pela paixão que te explico onde começa e tu me ensinas, o corpo por tutor, como ela se transforma aos poucos num amor que prefere ignorar o momento do seu fim.
Esta força dentro de mim que te seduz, dentro de ti, a mesma força que te possui, o desejo que nos funde as fantasias onde assumimos o papel principal. Os cabelos desalinhados, os corpos colados, os dedos crispados, os medos dissipados enquanto o mundo inteiro decide parar em nosso redor.
O silêncio nos ouvidos de quem já só escuta o apelo interior, visceral, de um instinto animal assanhado que refinas com as carícias tão femininas e a expressão mais doce de que um olhar é capaz.
E eu luto pela paz como um bombeiro sapador, enquanto nas tuas costas faço fogo e quebro as tréguas voluntárias num assalto à mão armada com pontas incendiárias.
Powered by Gordon's
O primeiro gin tónico refrescar-vos-á, apesar da noite estar gelada. O segundo gin tónico aconchegar-vos-á o estômago, misturar-se-á com o Confit de pato com molho de bergamota e puré de grão-de-bico que acabasteis de jantar e transformará a vossa digestão numa ode à tranquilidade. O terceiro gin tónico transformar-vos-á no ás da pista de dança, as vossas adiposidades transformar-se-ão em músculos tonificados, as vossas articulações frouxas são agora pura fibra. O quarto gin tónico fará de vós um homem eloquente, as multidões femininas acotovelar-se-ão para vir beber da vossa sabedoria, para um segundo da vossa palavra.
Mas é do quinto gin que trata este post. Porque, meus caros, o quinto gin tónico tem o efeito de cinco arábica puros, tomados de seguida, em jejum. O quinto gin tónico faz-vos-á acreditar que o Rochemback dá vonte metros de avanço ao Usain Bolt nos cem metros, faz-vos-á ser capazes de beijar apaixonadamente a Odete Santos, faz-vos-á querer ser amigo daquele tipo dos professores, esse mesmo, o do bigode ridículo, faz-vos-á acreditar que o Lobo Antunes é genial, faz-vos-á comparar o ritmo do Manoel de Oliveira com o do último Bond.
O quinto gin tónico, meus amigos, faz-vos-á jurar a vós próprios que jamais tomarão um gin tónico.
Dia de Graças
Na América têm o dia de Acção de Graças, pelas blessings que receberam durante o ano que passou. Em vez de resoluções de fim de ano, vou agradecer :
Por não ter havido doenças, nem mortes na família;
Por não haver desastres naturais graves no nosso país;
Por todas as pessoas que conheci;
Por não ter tido AVC nem cólicas de rins, nem dores de dentes;
Por os meus filhos terem aulas e bons professores e gostarem de lá andar;
Por não estar tanto frio e chuva que não se consiga andar na rua;
Pela minha casa simpática;
Por os meus vizinhos não fazerem barulho, nem me chatearem;
Por os meus animais de estimação serem meiguinhos;
Por não ser cega, coxa, invejosa, e acordar bem disposta;
Por estar viva.
Pela vossa saudinha...
Ponham aqui daqueles comentários que dão logo vontade de ir à cara e fazer uma peixeirada.
Há quem esteja a precisar de uma boa briga para lavar a alma, portanto, e dado que esta é uma altura de oferendas, façam lá o favorzinho.
(Daqueles justos, não sei se estão a ver...)
É inacreditável o que uns boxers "Calvin Klein" podem fazer pela auto-estima de um homem...
Mãe desnaturada.
Sou.
Pronto, estou a dar a mão à pálmatória e engulo já as tretas que tenho andado por aqui a vender das minhas ricas filhas e coisa e tal e como vivo para elas e como não vivo sem elas e isso tudo que se diz e vou dizendo também.
O Cabra fez um ano, pois fez. Tivemos direito a muitos Parabéns, mas os melhores de todos - desculpem lá os outros... - não vi nem agradeci. Mãe desnaturada, já o disse hoje, não já?
A Xica tem um blog, melhor, criou um blog para a turma, mas eu, mãe dela, vou lá muito poucas vezes.
Fui lá agora. Encontrei isto.
Bonito, não é?
Obrigada Cabrinha!
correio aZul
Ao P.
Amigu, sim chamo-te amigo com u, saberás porquê. Há histórias assim, não sei como acabam, nem sabemos até onde continuam, mas acontecem e marcam. Lembro-me de quando nos cruzámos a primeira vez, há dois anos, já nem sei. Pedi muito aos deuses para te voltar a encontrar, nem o teu nome sabia, nem os teus olhos conhecia, alma a arder de pavio. Depois, já quase esquecido, e lá apareces tu um dia, e outro, e desta última a chamares por mim.
És parecido com Alexandre, tens o perfil igual enquanto conduzes sereno e atento a tua quadriga, o que se confirmou depois no teste que logo me fizeste passar: bomba atómica de ciúmes, naifada directa no coração. Mas eu gosto assim, gosto de frontais.
Não sei porque é que os deuses me retêm aqui, agora vieste tu ser mais um fio, nem sei se âncora. Quem me dera ter forças para cuidar de ti nos tempos que se avizinham. Não sei se consigo, nunca vivi com tanta impredictabilidade, mas vou lutar.
Engraçado foi ter descoberto que a única maneira de não te perder será mudar - já o astrólogo me tinha dito. Agradeço, farto de ondas avassaladoras de vermelho a flashar de amarelo e verde, deixa-me cá perder no azul do mar, numa onda a fluir, vou treinar. Noutros tempos isso seria insuportável para mim: tentar mudar por alguém - o que é isso? Agora não, o orgulho não é bom conselheiro, o amor-próprio sim, e o amor por ti.
Fui estudar. Deixo esse esquema aí porque pode ser que dê jeito a mais alguém, sabe-se lá. O esquema canónico proposto por Fontanille e Zilberberg para o desdobrar da paixão é o seguinte:
emoção->inclinação->paixão>sentimento,
E está certo: corri os passos todos e agora já só quero o sentimento. Não é assim tão simples, mas é verdade. O sentimento de amor é a única coisa que não erode facilmente, é a única coisa realmente forte, alíás seria o que ficaria mesmo que nunca mais te visse. Entretanto coisa aberta é multidimensional, para ti e para mim, riscos múltiplos, mas homens é assim.
Porque é que eu deixo isto aqui? Porque só as cabrinhas entendem o sabor a bronze do meu gato que eu guardo em mim, e penso que estão contentes.
FeliZ Natal
(post do Cabra Z)
Viagens
A convite do Tio Afonso regressei a Guimarães. Achei-o cansado e mais magro. Insiste usar a armadura diariamente, embora já todos lhe tenham referido que a Tia alterou os objectivos de vida, a mouraria se concentra num pequeno burgo na foz do Tejo e os territórios que o Visconde se propõe conquistar são outros. A Tia Tareja também já teve melhores dias. Aquela pele está um bocado carcomida e apesar de se apresentar sempre com os seus melhores trajes, as traças não a largam e não se conhece o paradeiro da costureira. Egas Moniz com o seu inseparável baraço também lá estava. Tem o mesmo aspecto dos outros dois…
A característica que une este trio é o sorriso. Não o desmancham nem por um segundo. Estive para lhes dizer que a ortodontia dos nossos dias faz milagres, mas achei que não me iam compreender.
Queriam que ficasse para o chá, mas tive que recusar.
Saí a correr, não sem antes sugerir ao Tio a rápida instalação de um duche lá no castelo .
Não se aguenta!
Sócrates diz que 2009 vai ser «O Cabo das Tormentas»
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa in Mensagem
a) O Mostrengo;
b) O Homem do Leme;
c) El-Rei D. João Segundo;
d) O próprio Cabo;
e) Bartolomeu Dias;
f) João Villaret?
O Caso Esmeralda
Que belo natal.... agora a custódia está dividida, é? Não percebo nada. Com a idade que tem, não pode dizer com quem gostaria de viver? E que pai biológico é este que vendo que a filha prefere os pais adoptivos, persiste em levá-la? Parece a sentença de Salomão "corta-se a criança ao meio".
Gostava de saber qual dos dois pais concordava.
Confirma-se.
A culpa dos bons pais de família estarem no desemprego é dos ucranianos.
Numa missão praticamente impossível à partida, o Benfica confirmou hoje o afastamento da Taça UEFA depois de perder por uma bola a zero frente à formação ucraniana do Metalist
Será uma Catalina Pestana de calças?
O administrador da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), Miguel Cadilhe, admitiu quinta-feira que alguns accionistas do grupo manifestaram vontade de processar o Estado por eventuais falhas na supervisão dos negócios do BPN.
Processar o Estado? Então e eles estavam lá a fazer o quê? Não eram eles que iam às Assembleias Gerais e aprovavam as contas?
Tomorrow, Tomorrow...
Foi preciso a Cabra Júnior informar-me, porque eu ainda não tinha percebido.
Estava farta de cantarolar por aí a música do novo anúncio do BCP, com a Bárbara Guimarães armada em timoneira a abrir os pulmões nuns unidos em tudo, directo ao futuro, estaremos contigo aqui, sem perceber que, tal como o resto, esta músiquinha tinha dono.
Segundo informação da Francisca isto é o Tomorrow, The sun'll come out, do musical Annie. A tal musiquinha do When I'm stuck with a day, That's gray, And lonely, I just stick out my chin, And grin, And say, Oh, The sun'll come out , Tomorrow...
Convenhamos que é muito apropriada, bastante, até, mas como a Xica tratou logo de dizer, se eles não sabem de banca queres que saibam de música?
Sim, filha, eu querer até queria, mas fico feliz por saber que te tenho a ti, do alto dos teus 11 anos, para me mostrar que a minha realidade é, afinal, uma opereta.
Sonho primaveras
Acordo aos poucos com os primeiros raios de um sol primaveril que desponta lá fora deste quarto que me entontece com o odor do corpo que na madrugada me enlouqueceu.
Os cabelos que brilham em redor do teu rosto que sorri, abraçada a mim, entrelaçada nas pernas e nos laços criados que nos conduziram aqui.
Beijo-te ao de leve na pele que me ofereces e avanço para a varanda para me deliciar com o nascer do sol.
Cumprimento a vizinha de cima, septuagenária. E só me apercebo nu quando me cobres, às gargalhadas, imaginária, com o alvo pudor de um lençol.
Quatro Seguidas - Ano II
#1
Foi assim, exactamente assim, com Quatro Seguidas, que este blog começou, e acho que é uma excelente forma de comemorar o primeiro aniversário.
E os outros aniversários todos, que tencionamos andar por aqui muito tempo. Está criada uma das duas tradições do Cabra, que as tradições, tal como o Universo, tiveram que começar em algum lado.
E agora, perguntam vocês (sinto-me uma Herman José de calças), qual é a segunda tradição?
A segunda é que este blog não festeja anos mas séculos e hoje é o primeiro centenário do Cabra. Razões? Sim, tenho.
Como muitos já sabem sou de Coimbra e por lá há umas instituições muito parecidas com este blog, as Repúblicas de Coimbra.
Citando a Wikipédia, uma república destaca-se das outras casas para estudantes pelo seu objectivo de , além do estudar para disciplinas procura também ensinar um “saber viver”, “saber fazer” e “saber dizer” utilizando a vida boémia e convívios para despertar o debate e reflexão por temas mais complexos.
É que é tal e qual (aqui citei a gaija do norte que é mais boa ainda que a Wikipédia). Nós também nos destacamos de outros blogs - presunção e água benta e o resto que se sabe... - por causa daquela coisa da vida boémia e do convívio. É que gostamos todos muito de fazer posts e de reflectir em temas complexos e de ensinar tudo e mais alguma coisa, mas sem o convívio e a boémia não chegariamos a lado nenhum, que é isso que nos abre as mentes. Portanto, tal como as Repúblicas, nós festejamos Centenários, e este é o primeiro centenário do Cabra de Serviço.
#2
Aos três atenta, aos seis assenta, aos sete adenta, ao ano andante, aos dois falante.
E tem sido assim com o Cabra. Aos três meses percebi, ainda sozinha e triste, o que era este mundo novo de escrever um blog, aos seis resolvi sentar-me e convidei a malta toda para começar a fazer alguma coisinha, aos sete descobrimos as caixas de comentários e desatámos a morder-nos uns aos outros e ao ano decidimos andar daqui para fora e só parar no Sapo. O que falta? Começarmos a falar, claro! Se pensavam que isto já era falar aguentem mais um ano por aqui e depois conversamos.
#3
Olá Teresa,
Desde que iniciei há algum tempo o meu blog (oquevemarede.blogspot.com) acabei por vir dar diversas vezes ao cabradeserviço, primeiro através da “sem-se-ver” e depois através do “Cantigueiro”. Claro que inicialmente não te reconheci através do nome “cabradeserviço” (o que deve ser um bom sinal...) nem de Teresa apenas, mas, um dia destes, dei com a tua foto que tens no blog e booom!, reconheci-te de imediato!
(...)
Não sei se isto te dirá alguma coisa. Eu era aquele magrinho, alto, de óculos, sempre a ir para todo o lado com uma viola atrás e pronto a tocar umas 300 músicas por noite!
Não gostaria de parecer intrusivo mas gostei sinceramente de te rever e de relembrar aqueles bons tempos por que todos passámos.
E foi assim que o fj voltou a aparecer na minha vida. A blast from the past, como ele chamou a este email que entrou no correio do Cabra de Serviço há uns meses atrás. Podia ter sido só por isto, por este blast from the past que me traz um amigo há muito perdido nos zig zags das nossas vidas, e já tinha valido a pena, mas há mais, há muito mais num ano de Cabra.
Não vale a pena dizer que, por aqui, mesmo com bateres de porta e zangas de sopa instantânea, somos todos amigos. Muito amigos. E se as zangas são knorr ou maggi, este blog parece uma sopa da pedra. Mais uma cenoura, um nabo, um pedaço de toucinho, uma chouriça das boas, repolho, batata qb, orelhinha para trincar, chispe, entremeada, e a pedra que não pode faltar, e temos um caldo de comer e chorar por mais (sim, distribuam como quiserem os ingredientes aqui pela malta de serviço).
E, de serviço ou não, já não podemos passar uns sem os outros. Vir aqui passou a fazer parte das nossas rotinas, e das rotinas da nossa família, coitada!..., e escrevemos e comentamos e fazemos das caixinhas o nosso messenger público e divertimo-nos muito, mas muito, e temos a pretensão de que quem nos lê também se diverte connosco, que os nossos leitores de serviço são muitos e dos melhores (Boa noite, Chicago! Nós sabemos que és tu, Obby, mas estás à vontade, a nossa casa é a tua casa. Não queres juntar-te ao granel?....).
A todos os que por aqui passam, que um blog não existe se não tiver quem o leia, muito obrigado!
#4
E agora o momento de ir à lágrima.
Na comemoração deste primeiro Centenário não posso deixar de agradecer a todos os que fazem este blog e, antes de quem quer que seja, está o Z.
Ele já andava por aqui ainda eu nem atentava, muito menos assentava. O Z foi o primeiro comentador intercontinental do Cabra - lembras-te Z, estavas lá nas terras quentes, do teu Sol, e vinhas aqui deixar uns mimos, e o Z é oficialmente o Cabra não residente.
Obrigada (e agora é no feminino, é obrigada mesmo!) Z. Eu, e todos os outros, gostamos muito de ti e gostamos de saber que os teus infinitos nos vão guiando.
A seguir, Shark, claro. Não por vir a seguir de quem quer que seja, mas porque se é da casa não pode vir em primeiro. Foi ele o grande responsável por este blog, foi ele que me levou até às primeiras Quatro Seguidas, mas a ele já nem agradeço, porque ele sabe que eu sei que foi ele quem fez o Cabra. E com ele acerto contas por outro lado, que se trocou as voltas aos meus dias eu também já troquei as dos dele, não foi Tubarão mais lindo?
E agora, o resto.
E o resto (gosto desta palavra...) são todos os que lêem, comentam e escrevem este blog. E se não posso agradecer aos leitores e comentadores um a um, posso agradecer a quem aqui escreve e já escreveu.
José do Carmo Francisco (muitas, mas muitas desculpas. Enfim, o habitual.....)
Mix. zbeb@. @na. Caos. (a porta, como sabem, continua aberta e o prazer será sempre meu)
Gaija do Norte (grande, grande gaija! Devo-te a minha diária sanidade mental).
Santo (já te disse hoje que gosto muito de ti?)
Shark (tu és o tal, portanto I rest my case)
Gabs (sem ti a minha tensão arterial não seria a mesma)
José (terra chama José... terra chama José...)
Tab@sco ( tu sabes)
Visconde (aqui trato-te por tu e aviso que as chantagens reles e torpes ainda não terminaram).
Promessas? Para o ano há mais, e vai ser ano de eleições e tudo!
A CABRA A ASSAPAR
Os aniversários são sempre uma fonte de inspiração para a mudança.
Hugo Van Lawick
Vi ontem na 2 (claro) , um documentário sobre este realizador holandês, casado com Jane Goodhall, que durante anos estudaram juntos e filmaram animais , no Serengueti. Criaram lá o filho, à maneira dos chimpanzés (ela é a grande estudiosa destes animais) e mais tarde separaram-se, mas ele ficou lá 33 anos, no acampamento, a formar realizadores de documentários dramatizados, sobre a vida selvagem. Sim, foi ele quem têve a ideia de seguir a vida de uma família, digamos de leões, dar-lhes nomes, fazer-nos acompanhar as caçadas e nascimento das crias, para depois as vermos ser chacinadas por um leão rival, que se tornou chefe do grupo...
Apareceu então aquele filme que pelos vistos foi o primeiro "Wild dogs in Africa: a Tale of Two Sisters", e lhe deu fama tal polémica criou, pela selvajaria que mostrava quando os mabecos (matilhas de cães selvagens), se atiravam à presa e a devoravam viva.
Eu vi esse filme na RTP, a preto e branco, era criança, e chorei durante metade do documentário, tal a violência emocional. Até o meu pai se assoava à sucapa. Eram duas fêmeas mabecos irmãs, que viviam em matilha, tinham nomes , claro, esqueci-me. Uma torna-se a fêmea dominante, e quando a outra tem a sua ninhada, resolve na sua ausência dar cabo dos cãezitos, um a um. Com a narração dramática de Jane Goodhall, ou outro. Que comentava que a imagem dela em câmara lenta " era a personificação do Mal". Uma cena inesquecível, ela a avançar para a toca...
Ufa, estou muito mais aliviada. Afinal escusava de ter chorado tanto e evitar ver mais docs da National Geographic!
Eu também já
ja fui menino
ja fui à escola
ja andei na rua a jogar à bola
ja aprendi línguas
ja resolvi equações
ja nao brinco há muito aos policias e ladrões
ja joguei pião
ja perdi ao guelas
ja cheguei a casa cheio de mazelas
ja meti golos
ja os defendi
ja muitas vezes ganhei e perdi
ja nadei a brincar
ja fiz competição
ja ganhei medalhas de prata e latão
ja apanhei sol
ja entrei no mar
ja salvei gente de se afogar
ja dei catequese
ja fui padrinho
ja comunguei o pão e o vinho
ja pedi perdão
ja fui perdoado
ja me confessei assim, sentado
ja ensinei
ja aprendi
ja perdi a conta aos livros que li
ja fui bolseiro
ja andei na ciência
ja publiquei um artigo de referência
ja tive mais amigos
ja tive menos amigas
ja tenho saudades de vidas antigas
ja cavei a terra
ja trabalhei de sachola
ja me doeram os dedos de tocar viola
ja cantei parabéns
ja toquei num bar
ja escrevi músicas que falam de amar
ja bebi vinho
ja bebi aguardente
ja bebi cachaça noutro continente
ja tremi de frio
ja me chamaram camelo, mas...
ja dormi em cima de um bloco de gelo
ja usei smoking
ja usei gravata
ja tive amigos em bairros de lata
ja aplaudi flamenco
ja com ciganos cantei
ja comi com pretos e abraços lhes dei
ja escrevi braile
ja me fartei de enganar
ja ajudei muitos cegos a atravessar
ja muito viajei
ja muito percorri
ja conheci gente daqui e dali
ja dormi nu
ja comi bem
ja andei na rua sem vintem
ja muito te recordei
ja meses sem te ver
ja não me custa dizer que gosto de te ter
ja escrevi posts
ja escrevi poesia
ja e tarde, o resto fica para outro dia
Circular de Serviço
Este blog faz amanhã um ano.
Isto quer dizer que, há um ano, por esta hora, estava eu a tentar responder ao desafio do Shark das Quatro Seguidas.
Eu já cá estou
Eu já nasci no fim da festa
Eu já bebi uma garrafa de snaps a descer o Danúbio
Eu já quase morri, mas não pensei nisso
Eu já vivi paixões impossíveis e alimentei-as o mais que pude
Eu já cantei no anfiteatro de Éfeso
Eu já fui enganada
Eu já subi ao Jacob Maersk encalhado
Eu já tomei banho de mangueira num baloiço
Eu já fiz amor num elevador do silo auto
Eu já corri com os meus melhores amigos de minha casa
Eu já chumbei a filosofia
Eu já traí
Eu já fui doce
Eu já tive fome porque gastei o dinheiro em cigarros
Eu já cantei a Desfolhada no palco do Carlos Alberto
Eu já soube cozinhar
Eu já me senti realmente infeliz
Eu já cantei tous les garçons et les filles de mon âge nos Champs Élysées
Eu já fui a melhor aluna da turma
Eu já levei na cara
Eu já toquei na Vitória de Samotrácia
Eu já disse que ele tem uma voz linda
Eu já defendi horas a fio quem mal conhecia
Eu já dei cabo das costas numa passagem de ano
Eu já fui o maior desencontro da vida de alguém
Eu já fiz chorar
Eu já nadei nua no Tua, no Egeu e na praia do Castelo do Queijo
Eu já comi formigas para saber a que sabiam
Eu já me casei, certa que não devia
Eu já acedi a comprar um tapete horrível, por amor
Eu já tive quem me fizesse uma cena de ciúmes e achei tão bonito
Eu já deixei de ver a minha mãe há quatro anos
Eu já plantei muitas árvores
Eu já andei até não saber onde estava
Eu já dancei enquanto nevava no jardim de minha casa no dia dos meus anos
Eu já fui muito feliz, muitas vezes
Eu já subi montes que pensava não conseguir descer
Eu já estive com homens porque sim
Eu já mandei calar um polícia
Eu já tenho saudades que me abraces
Eu já tive medo
Eu já tentei deixar de ser tímida, mas não tenho remédio
Eu já desisti de deixar de sonhar
Eu já perdoei mas não esqueci
Eu já despachei isto.
Eu já…
... tive a colecção toda das revistas do Tintin;
... fui yuppi e fui boémia;
... tive um ataque de riso num velório;
... escondi um homem no armário do meu quarto;
... acreditei em Deus;
... ganhei eleições;
... defendi convictamente um pedófilo;
... passei fins de tarde num bar de marinheiros a beber gin com eles em copos com sarro (enquanto a Gabs ficava a ler no quarto do hotel);
... roubei galinhas de madrugada e cozinhei-as a seguir;
... andei muitas vezes à pancada no meio da rua;
... tive um Porsche vermelho e um cavalo branco;
... chorei dias seguidos;
... decidi há muitos anos que a vida não me ia vergar;
... fui crédula e desculpei quem não devia;
... meti conversa num pub londrino com um médico sem fronteiras belga que me queria levar para a Etiópia;
... estive a amamentar uma criança acabada de nascer no quarto ao lado do quarto em que a bisavó estava a acabar de viver;
... me despedi de um ano, um século e um milénio a fazer amor numa varanda por cima do mar;
... comecei um ano, um século e um milénio a fazer amor numa varanda por cima do mar;
... parti corações;
... aprendia francês e inglês e matemática com quatro anos;
... fiz teatro e rádio e televisão e escrevi em jornais;
... trabalhei na mesma revista que o Shark e só descobrimos agora;
… aos 13 anos tinha lido os livros todos que o meu pai não sabia que eu sabia que ele tinha;
... virei muitas mesas;
... voltei a acreditar;
... fiz um cocktail Molotov;
... li várias vezes os Lusíadas;
... cacei gambuzinos, quis ser astronauta e escrevi cartas ao Pai Natal;
... me apaixonei por um canalha;
... tive um lago secreto;
... lutei com a morte e ganhei e lutei com a vida e perdi;
... fui a menina do papá;
... tive algumas mulheres apaixonadas por mim;
... conheci um grego chamado Jorge que tinha um barco;
... tive uma paixão pelo Rudolf Nureyev;
... trabalhei com um computador maior que uma sala;
... fui estupidamente temerária;
... fui apalpada sem saber por quem;
... fui expulsa de um coro por desafinar;
... quase morri no mar e mergulhei em ondas maiores que casas;
... fui exemplo a seguir;
... vagueei uma noite inteira sozinha pelo Quartier Latin;
... juntei amigos de seis nacionalidades diferentes nesta sala;
... tive um professor que me fazia poemas nas aulas;
... ganhei muito dinheiro e gastei-o todo;
... tive que ouvir dizerem-me que a minha filha tinha minutos de vida;
... desci a Avenida da Liberdade a dançar a meio da tarde porque a minha filha não morreu;
... fui confidente de muita gente e ouvi muitas histórias;
... tive uma pistola apontada ao peito;
... tive certezas;
... achei que era burra e feia;
... fui arrogante;
... passei mais de 48h seguidas a trabalhar sem comer e sem dormir;
... tive o rabo mais giro da praia;
... deixei de fumar mais de 100 vezes...
... fui brilhante;
... enganei e fui enganada;
... fui obrigada a assistir a uma autópsia e fugi a meio;
... ri mais do que chorei;
... parti duas vezes o mesmo braço a andar de patins;
... vivo sozinha há quase 30 anos;
... arranjei o motor de um carro com uma pastilha elástica;
... bebi até cair e vomitei na esquina de uma rua em cima dos pés da Tab@sco;
... tive o mesmo namorado que a minha irmã, a minha cunhada e a minha melhor amiga;
... quase me casei;
... fui feliz;
... fui cabra;
... falei demais!
Eu já...
Fiz dois filhos, tendo mais de 33 anos;
Andei numa Montanha Russa maluca, tendo hipertensão;
Passei sinais vermelhos com carros da polícia ao lado;
Pedi moedas na portagem aos outros carros, porque me esquecera da carteira;
Fiz chichi num elevador de um prédio, numa passagem de ano;
Subi à serra mais alta de Portugal;
Toquei o Hino da Alegria na flauta;
Fiquei no quarto a ler enquanto a minha prima se divertia em Cabo Verde;
Vi bois puxarem as redes de pesca na Praia de Mira;
Andei de gaivota e gritei debaixo da Ponte de Amarante (onde " os franceses não passaram!");
Fugi a correr de um cisne violento, nas margens do Tâmega em Amarante;
Comi uns bolos muito bons numa varanda a dar para o rio em Amarante;
Já chega, a minha memória parou em Amarante.
Eu era àquele tipo dos professores, o do bigode ridículo
E vocês, meus caros, se tivessem uns sapatos voadores iguais aos do Muntadar al-Zeidi, atiravam-nos a quem?...
Eu já aceitei muitos desafios
Eu já fiz uma filha
Eu já escalei um monte e limpei o rabo a um cachecol na sua encosta
Eu já fui recebido numa casa tradicional de uma família masai, feita de merda de vaca e galhos de madeira
Eu já tive um melhor amigo
Eu já fiz amor na berma de uma auto-estrada
Eu já bebi uma garrafa de uísque sozinho
Eu já fui o primeiro aluno expulso na longa carreira de uma professora
Eu já tive uma irmã
Eu já fui expulso de uma igreja durante a missa dominical
Eu já vivi com uma mulher estrangeira na sua terra
Eu já tive que fugir de uma matilha de skinheads
Eu já levei bastonadas da polícia numa manife
Eu já consegui amar duas mulheres em simultâneo
Eu já fui jornalista
Eu já militei num partido político e recusei um cargo elegível
Eu já escrevi um livro que ninguém publicou
Eu já tive um salário mais alto do que o do Presidente da República
Eu já aprendi a ouvir
Eu já fiz amor num estúdio de rádio em plena emissão
Eu já me deixei humilhar por paixão
Eu já fui viciado no jogo e deixei de o ser
Eu já disse não quando um talvez bastaria
Eu já menti
Eu já me arrependi
Eu já fui um ponta-de-lança goleador
Eu já me apaixonei por utopias
Eu já desiludi
Eu já beijava bocas aos cinco anos
Eu já dancei a valsa em Viena
Eu já tenho saudades tuas
Eu já tentei esquecer
Eu já arrisquei a vida por alguém
Eu já acredito que um dia acabarei por morrer também
E agora algo completamente diferente (é um desafio, sim...)
Eu já vi um homem morrer nos meus braços
Eu já dormi uma noite nos jardins do Champ de Mars, mesmo ao lado da Torre Eiffel
Eu já fui expulso da Turquia
Eu já vi o sol nascer no mar
Eu já nadei num lago alpino
Eu já atravessei um glaciar a pé
Eu já tive medo de morrer
Eu já li livros e, quando acabei, fui a correr comprar o filme
Eu já vi filmes e, quando acabei, fui a correr comprar o livro
Eu já pensei em francês
Eu já acampei junto à rede de um parque de campismo, do lado de fora, para não pagar
Eu já tive um Alfa Romeo e tenho saudades dele
Eu nunca comprei carros nem telemóveis nem relógios
Eu já fui presidente de uma associação de estudantes
Eu já andei à porrada
Eu já desmaiei a dar sangue
Eu já corri até ao fim a meia maratona de Lisboa e não fiquei em último
Eu já ganhei uma corrida de kart
Eu já jantei no relvado do estádio de Alvalade
Eu já pesei 65 quilos
Eu já joguei Tetris até ficar com lágrimas nos olhos
Eu já achei que podia mudar o mundo
Eu já perdi os dois meniscos a esquiar
Eu já escrevi numa máquina de escrever
Eu já tomei banho de mar à noite, nu
Eu já entrei no castelo da Bela Adormecida
Eu já conduzi bêbado
Eu já me apaixonei por uma mulher e ela não percebeu
Eu já achei uma mulher linda e, de manhã, ela afinal não era assim tão linda
Eu já sorri para uma mulher na rua só porque me apeteceu
Eu já joguei na roleta e perdi
Eu já ganhei mais dinheiro do que aquele que conseguia gastar
Eu já fiz amor num barco a caminho de uma ilha grega
Eu já trouxe para casa uma cadela abandoada. E uma gata.
Eu já fui o melhor aluno da turma. E da escola.
Eu já apostei tudo numa pessoa, contra todos, só porque achava que era a coisa certa. E era.
Eu já gastei todo o dinheiro que tinha numa ideia
Eu já sabia ler antes de ir para a escola
Eu já me emocionei a olhar para um quadro
Eu já chorei no ombro de um amigo
Eu já andei à chuva num descapotável enquanto bebia gin
Eu já fui menos cerebral do que sou agora
Fadas, fados e fadistices.
Chama-se "As Fadas não Foram à Escola".
É um livro da autoria de Maria Augusta Seabra Diniz e foi editado pela ASA. Comprei-o há uns 4 anos, no dia em que, por acaso, o encontrei na FNAC, e no mesmo dia em que me tinham chamado à escola das minhas filhas para me falarem de ... fadas! Ofereci-o, no dia seguinte, à biblioteca da escola (pergunto a mim mesma se algum dia terá sido lido...).
Mas estava ainda no tal dia em que fui chamada à escola. Era urgente e importante!
As caras que me receberam estavam fechadas e as notícias eram dramáticas - a Francisca acreditava em fadas! Mais, pior!, a Francisca falava com as fadas.
Grave, gravíssimo. Tão grave que ela estava fechada na casa de banho, num choro compulsivo, porque a tinham chamado à razão - ou será Razão?! - e tentaram que ela percebesse como tudo aquilo era um enorme disparate, como ela não podia acreditar nessas coisas, muito menos viver como se fossem reais. Parece que, para aumentar ainda mais a tal gravidade de tudo isto, ela lhes respondeu que não queria viver num mundo sem fadas.
Pronto, estava o arraial montado. A menina não era normal, a mãe tinha de falar com ela e tirar-lhe essas coisas da cabeça, ela já tinha oito anos e não podia acreditar em fadas, e muito menos, ó heresia!, dizer que não queria viver num mundo sem elas.
A mãe, eu, ora pois, tentava decidir se ia dar a resposta simpática ou se iria treinar algum do vernáculo que corre o risco de ficar enferrujado se não se usa. Fui simpática! Muito simpática! Expliquei às senhoras que realmente tudo aquilo era um enorme disparate, sem dúvida nenhuma, e que iria tomar as devidas providências. Iria explicar à minha filha que, infelizmente, os professores sofriam de uma incapacidade, algum feitiço malévolo, que não os deixava perceber que as fadas existiam. Não era por mal, era mesmo assim, há pessoas que não conseguem ver fadas, e não devemos pensar mal delas por isso.
Não sei se entretanto o feitiço já foi quebrado e aquela boa gente consegue, depois de uma vida nas trevas, viver no mundo das fadas, mas sei que a Francisca continua a ter as suas fadinhas amigas e eu continuo a achar que ainda bem que assim é.
No livro, no tal livro que ofereci à biblioteca, a autora faz uma análise dos manuais de leitura escolar do último século, ao longo de quatro diferentes regimes políticos, e através deles tenta perceber o pensamento oficial sobre a escola, a educação e a criança. Infelizmente parece que a conclusão é que na escola não há crianças, há alunos!
Lourenço do Rosário, no prefácio que escreveu para o livro, conclui assim: "As fadas não foram à Escola… E as crianças, Senhores?”.
Hoje lembrei-me disto quando li esta notícia: Uma professora britânica «matou» o Pai Natal durante uma aula e deixou os seus 25 alunos num mar de lágrimas. Dias depois foi despedida. As crianças, com idades compreendidas entre seis/sete anos de idade, foram surpreendidas com a notícia de que o Pai Natal «não existe».
Não sei se poderemos chamar só de sensatez à linha que deixa fora da escola as cegonhas que trazem os bebés de Paris ou o Adão e a Eva e deixa entrar as Fadas e o Pai Natal, mas sei que as crianças, essas, não podem ficar nos portões. É que não é só de alunos que a escola trata, pois não?
Rede ou cama, eis a questão.
Uma sondagem da Harris Interactiva, a pedido da Intel, concluiu que nos Estados Unidos 49% das mulheres e 30% dos homens preferem passar duas semanas sem sexo que sem internet. Apesar de não estar específicado se foi considerada a versão pré ou pós clintoniana de sexo, são números que metem respeito.
E por cá, como é? Mesmo tendo em conta esta altura de crise e a enorme vantagem que o sexo pode ter em relação à internet, se considerarmos que eventuais facturas a pagar não chegam no fim do mês, quantos prefeririam estar duas semanitas sem sexo que sem net?
Decidimos, aqui no Cabra, fazer a nossa sondagem. Coluna da direita, se fazem favor, e atenção que as perguntas têm género.
Os resultados serão avaliados pelos nossos peritos daqui a uma semana.
Agradecemos, desde já, a vossa contribuição.
Antes dos saldos
Há coisas que não percebo mas devo ser eu que sou estúpida!
Many of you are wondering if a vegeterian or vegan diet might be appropriate for your animal friends. Fortunately, your dogs can be vegetarians! Vegetarian Dogs provides answers and gives directions to easily purchase or prepare a healthy meal.
E quem quiser mais informações pode ir ao site da Vegan Dog Nutrition Association (!!!....)
Apesar de eu estar já a ver a enorme vantagem destas dietas para a economia doméstica, à minha sugestão de que comessem relva os meus cães responderam com um lacónico "come-a tu!...".
Cães pouco cultos, é o que é!
Alguém me anda a roubar.
Se eu só tenho asma, que é feito dos 0,8% da outra doença a que tenho direito?
Cada português terá, em média, perto de duas doenças crónicas (1,8).
O que fazem cem advogados no fundo do mar?
Não, a resposta certa não é um bom princípio, mas talvez a CIA consiga responder...
Cem advogados querem defender «herói» que atirou sapatos a Bush.
E vocês, qual é a música horrenda que nunca admitirão que gostam?...
Algures no i-Pod, entre Debussy e Dvořák, lá está ela, a música que jamais admitirei que lá está, a música que nem sob a mais tremenda ameaça de tortura confessarei que ouço deliciado, a que recuso passar à frente quando me soam os primeiros acordes nos ouvidos.
Jamais alguém poderá dizer que eu gosto dessa música, por isso o melhor é não insistir, que eu não terei a fraqueza de admitir que a ouço.
...e gosto de saltar nas poças de água.
Gosto de frio e de chuva e de vento. Podia ser só da chuva lá fora, eu com a lareira acesa a degustar um arábica enquanto Grieg sai direitinho desde as Bang Olufsen até aos meus ouvidos, podia ser do vento a rugir lá fora enquanto acendo o Cohiba Lanceros que me há-de durar três capítulos inteirinhos de Saint-Exupéry mais o seu Vol de Nuit, mas não, o que eu gosto mesmo é do frio da manhã, a terra molhada, eu a correr e a espantar os coelhos que estão fora das tocas às seis e meia da manhã, só eu, a minha cadela e um gigabyte de Keith Jarrett. Gosto de esquiar contra o vento, gosto de passear à chuva, gosto das folhas de plátano a cair, gosto de nevoeiro na serra de Sintra, gosto de neve a bater-me na cara.
Caramba, eu não posso estar em todo o lado...
Passatempo Dominical.
Andam armados em Tom Sawyer.
A Enoteca Douro propõe aos turistas agarrar nas varas e nos baldes para apanhar azeitona em Favaios, concelho de Alijó, num programa que custa 55 euros e que se realizará todos os sábados até 25 de Janeiro. Definitivamente os hábitos de leitura dos portugueses deixam muito a desejar. Se conhecessem os clássicos saberiam que este tipo de actividades lúdicas foi criada por um dos maiores génios de todos os tempos, um miúdo chamado Tom Sawyer, ele próprio criado por outro génio, Mark Twain. Acho que já o disse por aqui, mas há muito que as carpetes cá de casa são lavadas assim. Se as miúdas e os amigos cogumelos, que aparecem por todo o lado, pedirem com muito muito jeito e se prometerem que fazem todas as minhas vontades, deixo-os passar uma tarde no meio da relva com mangueiras, escovas e um frasco de karpex a estrear. Acreditem que ficam mesmo agradecidos. E as carpetes lavadas!
E o primeiro grupo, composto por 20 pessoas, a agarrar esta oportunidade de «trabalhar» no Douro chegou no sábado de Vila Nova de Gaia. António Monteiro é gerente de uma empresa que faz software informático para a olivicultura e resolveu realizar a festa de Natal no Douro.
Com ele vieram funcionários e familiares que não tiveram medo de encarar o frio transmontano para apanhar azeitona, a maior parte deles pela primeira vez. «Pensei que fosse mais fácil e que a azeitona estivesse mais solta. É preciso bater com força e ter jeito», salientou Jorge Castro, depois de ter agarrado numa longa vara e ter batido algumas vezes com ela nos ramos da oliveira para a azeitona cair.
Silvina Noronha considerou que o trabalho de se agachar para apanhar a azeitona caída na terra fria é um trabalho «muito mais duro» do que estar sentada num escritório.
Posto de castigo pela Tia Polly (acho que é este o nome da hárpia) e obrigado a pintar o muro da casa, na manhã de um sábado de Verão, quando todos os amigo passavam para nadar no rio, Tom Sawyer responde às provocações afivelando uma máscara de enorme divertimento. A história acaba com o muro pintado em menos de um ai, com várias demãos, por um verdadeiro exército de miúdos, a quem poderiamos chamar "toscos", que faziam fila para oferecerem a Tom os seus melhores tesouros e comprarem assim a possibilidade de se divertirem também com uma trincha e uma lata de tinta.
Andam por aí vírus?
Desta vez refiro-me ao computador. Estou eu a escrever e ele apaga-se, e vai tudo ao ar.
Espero conseguir escrever este aviso antes de me calarem.
Recebi uma mensagem no email, de uma pessoa conhecida, a dizer Fotos!. Apesar do computador me dizer que não era confiável, ou assim, eu abri na mesma. Não tinha nada, mas lixou-me o pc.
Agora parece que anda a mandar a todos os meus contactos , em meu nome , Fotos!, por isso não abram nada, eu não ando a mandar fotos assim... E recebo Fotos! de gente que nem sei quem é, mas claro que agora apago logo.
Vocês não devem ccorrer perigo, não vos tenho na lista de email.
Agora vou 1. ao meu cunhado para me passar um anti vírus melhor 2. se não resultar vou aqueles que estão no centro comercial e levam 35 euros mas dão no mesmo dia 3. Se quiser ser forreta vou procurar a factura da W. que perdi, ou pedir uma 2ª via indo ao banco pedir o extrato, mas eu detesto bichas, perdão filas.
Chove leve levemente...
Detesto chuva.
E chove. E está cinzento. E está frio. E está vento. E está frio. E está cinzento, E chove.
Pancadaria na Grécia
Brandos costumes.
Eduardo Fava Pinto de Sousa de 13 anos estava acompanhado com um outro adolescente da mesma idade quando foram atacados pelos ladrões que lhe roubaram um telemóvel e um iPhone.
Blá blá, blá blá, blá blá, e o crime e a violência e o perigo a que estamos sujeitos só por ir à rua e isto já não é o que era e blá blá, blá blá, blá blá...
Tudo certo, mas quantos países conhecem onde o filho, de 13 anos, do Primeiro Ministro pode andar sem guarda costas e a única coisa que lhe acontece é ficar sem um telefone?
Passa a outro e não ao mesmo
Logo nas primeiras linhas sabemos de imediato que Santiago Nasar vai morrer.
Descoberta a desonra de Angela Vicario na sua noite de núpcias e devolvida pelo marido ultrajado à casa dos pais, ela aponta o dedo a Santiago Nasar.
Santiago é amigo de Pedro e Pablo, os gémeos irmãos de Ângela.
Na verdade, Santiago é amigo de toda a gente da povoação e toda essa gente está na rua, nesse alvorecer, dirigindo-se ao cais onde o barco do Bispo vai atracar.
Pedro e Pablo atravessam a multidão e a todos anunciam que vão matar Santiago. Primeiro de mãos vazias e, depois de terem ido ao talho buscar as facas de desmanchar a carne, com elas na mão, bem à vista de todos e vistas por todos.
Vão ao contrário do povo, dirigem-se à casa da mãe de Santiago. Todos ouvem anunciar a tragédia e todos continuam a caminhar para o cais.
Ninguém quer que Santiago morra, ninguém acredita na acusação infame, ninguém faz nada para parar os assassinos ou avisar Santiago Nasar.
Duas pessoas, no final, tentam evitar a tragédia, mas são os últimos a terem dela conhecimento. A mãe de Santiago e o melhor amigo. Nenhum consegue.
O amigo chega no momento em que Santiago morre esfaqueado de encontro à porta de casa que tentou abrir, numa fuga desesperada, e que a mãe tinha acabado de trancar, porque devia ser por essa porta que a morte iria entrar para encontrar o filho que ela pensava estar a dormir. Ouve-o ainda dar os últimos estertores do outro lado.
Isto é um muito pequeno resumo da Crónica de uma Morte Anunciada, de Gabriel Garcia Marquez.
Ao longo dos anos já li este livro muitas vezes e a sensação com que fico é sempre a mesma - ninguém, de entre toda aquela gente, queria que Santiago Nasar morresse. Nem Angela Vicario, nem Pedro e Pablo, nem todos aqueles que dela souberam, porque foi anunciada por todos antes de acontecer. Aquela era uma morte impossível, era uma morte anunciada e Santiago Nasar foi escolhido por Angela porque nao seria possível conseguirem matá-lo. Ninguém o permitiria, os irmãos não o fariam. Alguém os iria parar. O caminho era longo e estava toda a gente na rua.
Aconteceu. Ninguém a queria, mas era tarde demais quando duas únicas pessoas a tentaram evitar.
Hoje, por aqui e por aqui, fui parar aqui. Este último aqui é o blog, a estrear, de Fernando Nobre, e se tenho heróis ele é um deles. O blog chama-se "Contra a Indiferença" e Fernando Nobre explica porquê. A Indiferença e a Intolerância são, para ele, médico, as duas piores doenças do mundo.
É nestas alturas que me lembro da Crónica de uma Morte Anunciada.
Aquela gente era indiferente? Não, não era, todos eles se preocuparam com o anúncio da morte de Santiago Nasar, nenhum deles queria que acontecesse. Nem os seus assassinos, que tentaram até ao fim que alguém os agarrasse e evitasse a tragédia. Mas não foi assim que a história acabou, ou melhor, começou. Santiago Nasar morreu.
Não somos indiferentes, somos ignorantes.
As tragédias anunciadas perturbam-nos, fazem-nos chorar lágrimas de telejornal em cima de pratos de sopa, mas não nos levantamos da mesa. Indiferença? Não. Irresponsabilidade, imaturidade, infantilidade e a tal ignorãncia. Nós pensamos como toda aquela outra gente pensou - se eu sei todos sabem e se todos sabem alguém deve estar já a fazer alguma coisa. Eu, aqui, a jantar em casa ou no cais à espera do Bispo, não posso fazer nada.
Engano. Não devemos, não podemos, ficar sentados à espera que alguém com mais competência, ou mais poder, ou mais bem apetrechado, ou mais bem posicionado, faça alguma coisa por nós. Faça alguma coisa melhor que nós.
As mães e os melhores amigos podem chegar tarde demais. Santiago Nasar morreu assim.
Sabedoria popular.
Mário Nogueira diz que se há guerra com os professores de que José Sócrates afirma estar cansado a culpa é do Governo.
Pode ser, mas como dizia o Nereu, o meu amigo brasileiro de serviço, "Téreza, quando um não qué, dois não briga".
"O destino é, quase sempre, bastante generoso"...
...escrevia ontem a gaija do norte numa caixa de comentários. Pode ser que tenha razão, mas nem por isso deixou de escrever aquele quase sempre precavido. Neste quase sempre que muda o sinal à tal generosidade que se espera, cabe quase tudo. Cabem dias, cabem anos, podem caber vidas inteiras.
E o destino tornou a valer-se deste quase que nos troca as voltas e brincou com quem não deve. Ou não devia. Ou não podia.
Tudo se foi desenrolando como se nada de importante fosse acontecer. Uma coisa aqui, outra ali, e o tal de destino a olhar para a arena, atrás das tábuas do quase, à espera da colhida fatal que ele já desenhou muito antes da faena começar.
Neste momento tenho duas crianças a chorar. A uma escorrem as lágrimas pela cara à outra escorrem as lágrimas por dentro, que só daqui a muitos dias vai conseguir que lhe rebentem nos olhos. Estão na escola, para onde quiseram ir, mas não estão lá. Estão as duas naquela curva do caminho onde acabaram de ver, mesmo na frente delas, o cachorro preferido a ser levantado pelos ares por um carro com pressa de chegar a um destino com um quase qualquer. Nos ouvidos delas não deve estar a algazarra habitual, mas aquele barulho surdo que ainda está nos meus também. O barulho que faz uma vida a acabar num pára-choques que não cumpre o prometido, num pára choques que não pára choque nenhum, mas o começa. E a seguir ao barulho, em cima dele, estão os gritos delas, e a imagem da Buderball estendida, morta, no meio da estrada, e a Francisca com uma guitarra às costas a correr desvairada pelos campos, e a Clara sem se conseguir mexer, sem falar, com as tais lágrimas que ainda não estão cá fora, nem vão estar tão depressa, a queimá-la por dentro.
O destino é generoso? Quase sempre... E escudado no quase que corta o sempre dá a duas miúdas que já tiveram quases demais na vida delas o presente que não fazia parte de lista nenhuma. Dá-lhes uma memória que certamente as irá acompanhar para o resto da vida, como se fosse preciso começar já a enchê-las de tristezas e amarguras. Dá-lhes, servida de bandeja, numa manhã fria de vésperas de Natal, a imagem horrível do cachorro com que acabaram de brincar a ser atropelado na estrada que todos os dias as leva para a escola.
Devia haver uma regra qualquer, escrita num sítio qualquer, inderrogável e sem excepções, que proibisse qualquer destino de pregar a duas crianças uma partida tão violenta como a que acabou de pregar.
Há coisas mais graves? Certamente que sim, mas estas são as minhas crianças, esta é a dor delas e pequena ou grande que seja está a fazê-las chorar. E isso é o suficiente para eu estar furiosa com um destino rancoroso que magoa meninas que brincam com cachorros numa manhã de Sol. Que magoa as minhas meninas.
Adenda: As minhas meninas. Chico Buarque. Álbum Francisco.
Porque sim. Porque (ainda) me apetece chorar.