Não me digas, espelho meu.

Hercule Poirot será sempre Hercule Poirot e até um espelho pode servir para as celulazinhas cinzentas lhe dizerem quem matou o senhor marquês. Há uns dias atrás, numas daquelas mini-séries que passam por todos os canais a horas mortas, Poirot desgovernou o plano da governanta por uma rasteira de espelho. A aspirante a assassina impune conhecia bem a sua ama e senhora e fez-se passar por ela num jogo de está não está complicado. Imitou tudo, até o tique do olho esquerdo. Saiu-lhe foi no olho direito e o belga não perdoou o lapso. As horas de treino passadas na frente do espelho tinham-lhe dado a imagem perfeita, mas era a do espelho. Ao contrário, como todos sabemos, mas nunca pensamos.

Quando criei este blog achei que me iria ser difícil ser cabra todos os dias. O meu coração de ouro, a minha boa disposição, a tolerância, a caridade, e todas as minhas outras virtudes acabariam sempre por transparecer e lá se iam as cabronices pretendidas.

Pois é, só nos conseguimos ver quando nos olhamos num espelho e a cara que lá está, sabemos e não pensamos, é a nossa mas ao contrário.
Já não me espanto, que se ainda fosse dada a espantações estava de queixo caído comigo. Nada, não me é mesmo nada difícil ser a cabra de serviço. O mau feitio afinal não é a excepção, mas a regra que faz os meus dias e, algumas vezes, tenho de tentar controlar não a minha abnegada benevolência, mas a vontade de mandar tudo para aquele lado que de preferência não tem volta.

Espelhos. Entregam a assassina do marquês nas mãos do Poirot e baralham-nos nas voltas do aquela ali sou eu!

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