Gosto de fins de tarde, muito. Sempre me lembro de gostar. Muito miúda, ficava sentada nas escadas de pedra da quinta do meu avô a ver o sol a pôr-se atrás das serras. a adivinhar as formas das nuvens e a sentir uma paz que ainda hoje lembro e me alimenta.
São horas serenas, com uma luz diferente, são as minhas horas do dia.
E também há muitos anos que gosto deste poema, que sei quase de cor. Hoje lembrei-me dele. Fica por aqui.
São horas serenas, com uma luz diferente, são as minhas horas do dia.
E também há muitos anos que gosto deste poema, que sei quase de cor. Hoje lembrei-me dele. Fica por aqui.
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
2 comentários:
sempre gostei desta hora dos mágicos cansados e deste poema muito por causa dela
calha mesmo bem, agora que chegou a primavera. :-)
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