confúcio explica o politicamente correcto:

"When good government prevails in a state, language may be lofty and bold, and actions the same. When bad government prevails, the actions may be lofty and bold, but the language may be with some reserve."

Nós e os outros

O Banco Alimentar contra a fome vai começar o seu habitual peditório. Mas, como este ano sabem que há pessoas que desenvolveram uma aversão à dita instituição, estão a fazer o trabalho deles e a tentar alterar a percepção pública. Até aqui, por mim tudo bem, respeito o trabalho bem feito, mesmo quando vem de tipos de marketing.

Antes de mais nada, este post não é sobre nenhuma declaração da senhora Jonet, nem sequer sobre o banco alimentar, é sim sobre um post ofensivo feito por uma senhora que claramente nada percebe de estatística e acha que a lógica deve ficar bem com batatas como acompanhamento.

Para referencia, podem ler o post Miserabilismo Português mas, para contexto, eu cito o mais relevante.

Diz a senhora Catarina Campos “Mas a maior parte das pessoas que tem surgido nestas manifestações não está nessa situação (de miséria). A maior parte, repito".
O que acho brilhante para um post que se quer a defender a solidariedade social. Então, pelos vistos eu sou hipócrita se for a uma manif protestar contra a "maconificação" do mercado, a extinção de oportunidades de crescimento profissional e a "cartelização" das empresas porque ainda tenho emprego? O facto de ver os meus colegas e amigos estarem genericamente todos pior não é causa para indignação porque eu, pessoalmente ainda tenho emprego? Se só me posso indignar com a miséria depois de ela me tocar na pele, ... bom, há uma história sobre isso que começa com "E eles vieram pelos Judeus, e eu não me insurgi porque não era Judeu".

"Não faltam a Zon ou a Meo, para poder ver as séries todas, os jogos, as notícias.
Ou as idas obrigatórias ao Optimus Alive, ao SuperBockSuperRock, ao RiR, ao Sudoeste."

Esta é igualmente brilhante e, ponho-a ao nível das velhas que reclamam com o celebre "e ainda dizem que não há dinheiro". É a falácia do terceiro excluído, negar que existe desemprego grave nos jovens à procura do primeiro emprego, que existem problemas graves nas camadas mais novas da população activa porque há outros jovens que podem ir a concertos? Se considerarmos "os outros" de um modo suficientemente grande, apanhamos, claro, imensos elementos que "provam" que aquilo é tudo um disparate. Afinal, eu acredito que os filhos (netos?) do Belmiro de Azevedo possam ir aos concertos todos que quiserem. Devem eles ficar em reclusão porque há pessoas que não têm que comer? É a senhora que participa naquele blog de algum modo censurável por andar a postar fotos em Paris quando há gente da geração dela que tem problemas graves? O facto de haver putos que podem ir a concertos, mesmo em tempos de crise é, quanto a mim, um elogio aos pais que se sacrificam de modo a poderem dar alguns luxos aos seus filhos.

Se há casos em que pessoas vão ao Alive e depois não têm dinheiro para comer? Bom, num Universo suficientemente grande conseguimos encontrar alguém que acredite ou faça praticamente tudo o que conseguimos conceber mas, tomar os casos isolados como norma é, mais do que um disparate, é um disparate puro.

Mas, a consistência continua, "Pois na minha opinião, inacreditável é a resposta dessa ínclita Geração: um boicote às Campanhas do Banco Alimentar." que é uma frase especialmente brilhante quando conjugada com um dos comentários onde referem que (à data) havia "700 e poucos" pessoas contra a Jonet no FB.
Até dou de barato tipos como o Louça pertencerem à mesma geração que os putos "à Rasca". Ó senhora, se 700 tipos em Portugal definem uma geração, então eu posso chama-la a si de puta? É que tenho a certeza que há mais de 700 senhoras dentro da sua geração que praticam essa profissão. Se é legitimo definirmos uma geração por uma amostra tão pequena, posso manda-la para a cadeia por assedio de menores? É que também tenho a certeza que houve mais de 700 indivíduos a cometerem este crime e que nasceram na mesma década em que a senhora nasceu. Ou será esta ideia totalmente parva, ofensiva e ridícula? Será que o Júnior tinha razão quando disse que era uma ideia fixe julgar um Homem pelo conteúdo do seu carácter?

Uma lei matemática é Universalmente válida, uma Lei Química é válida na Terra, à temperatura e pressão de laboratório, uma lei humana é valida no sentido estatístico, em que uma percentagem significativa da população faz ou segue algo. A história da amiga da vizinha não é exemplo de nada, é coscuvilhice e, 700 pessoas não marcam uma geração.

Nos próximos dias 1 e 2 vou dar para o banco alimentar, ... ou não, ... vou fazer o que a minha consciência (e carteira) me ditar. Não sou arrogante o suficiente para tentar impor a ninguém a minha moralzinha, ou para achar automaticamente que quem não fizer o que eu vou fazer é imediatamente uma besta sem valores de uma geração de merda (as palavras aqui são inteiramente minhas).

Eu percebo que, que a indignação é fogo que arde sem se ver (ainda mais que o amor) e, quando apanha um bocadinho de vento queima 100 hectares antes que alguém se aperceba. Por isso não altero a minha ideia previamente concebida da senhora Catarina Campos (genericamente boa) mas, este post deixou-me irritado o suficiente para escrever este e, calculista o suficiente para ter esperado umas semanas de “cool down”. Agora, ou param de me culpar pelas acções de gente cuja única coisa que têm a ver comigo é terem nascido na mesma década e/ou no mesmo país ou eu começo a pagar na mesma moeda.

Pensei em meter aqui o vídeo dos maridos das outras mas, o meu estômago não aguenta.

Leopoldina, Popota gorda ou magra?

Na tradição dos melhores serviços de informação nacionais – A CABRA junta-se à fina flor da informação nacional, lançando a discussão que efectivamente interessa. A principal diferença é que, contrariando a tradição do jornalismo de referencia que vejo por aí, tenciono lançar esta polémica 1 vez e não voltar a tocar-lhe (pelo menos, até ao próximo ano, para aí quando começar a campanha do Natal do Continente).

Mas, antes mesmo de começar a minha dissertação sobre a hipopótoma anorexica tenho de pôr o assunto de lado para perguntar que raio se passa com a comunicação social?
Eu lamento mas, já estou farto das discussões sobre a carga policial. Li os argumentos todos, que estamos de volta a um estado policial até ao só se perderam as que não bateram em ninguém e, lamento mas, não me podia estar mais nas tintas.

Tenho a sorte de ter uma colecção de armas brancas onde se incluem alguns cassetetes. Escusado será dizer que apanhei com vários no meio de malabarismos em que “I should have known better” e, consigo dizer que a esmagadora maioria de fotos que vi das vitimas da criminosa carga são tão verídicas como as fotos da referida hipopótama (qual é o feminino para um animal grande, pesado e que não faz nada senão foder tudo por onde passa? Pensei em Canavilhas mas, não sei se o AO já contempla isto). Não estou com isto a dizer que a carga policial não aconteceu, irra, acho que essa nem passa pela cabeça ao pior parvo conspiracionista (sim, hoje estou numa de inventar palavras). Estou sim a dizer 2 factos que considero óbvios eu não estive lá e, a maior parte das fotos que vi foram fakes.

Continuando na mesma senda, o facebook esteve uns dias ao rubro com um vídeo com uma entrevista que o Marques Mendes deu dia 8 de Novembro de 2012. O texto do referido vídeo era qq coisa como “Vejam depressa antes que seja retirado, bla bla bla”.
Só para começo de conversa (e saltando quase todas as piadas sobre estar à altura da situação) esse mesmo vídeo vi-o à mais de 1 ano e, foi me passado na colecção de links de alguém.

Porque raio é que as pessoas não podem ver um facto sem o tentarem “dourar” com lixo? Acham que aumentam a sua credibilidade? Acham que as palavras do Marques Mendes não valem por si só e que precisam de merdas como censura de conteúdos na Internet?

Passos Coelho foi casado com uma das doce. Dava-lhe tanta porrada que isso deu origem à canção Doi-doi.
Também ouvi esta e, se alguém consegue ler este disparate e não fazer um imediato facepalm, … diga-me como, por favor.
Sim, depois o “artigo” (posso chamar de artigo uma cena destas que só vive graças ao facebook?) continua a falar da experiência do nosso primeiro ministro e o caraças. Gente, ... o Curriculum do Passos Coelho vale por si. Não precisa de ser enfeitado com cenas parvas e tristes que só dizem respeito ao dito, à sua mulher (e à ex.) e, quanto muito à policia. Eu não estou farto do gajo porque ele bateu na mulher, … eu estou farto do gajo porque sou fodido à canzana e nem um jantarzinho ou um cinema tive direito.

Hoje é dia internacional de não dar enxertos de porrada nos filhos. Confesso que não percebo a ideia de haver um dia destes. Será que isto serve para lembrar às pessoas que, se souberem de crianças espancadas o devem reportar à Seg. Social? Curiosamente acho a ideia apenas ligeiramente menos ofensiva do que haver um dia em que não se deve espancar as crianças, …
Ou será que esperam que, ao saber que há este dia as criaturas que o fazem repensem a sua vida?

As bancadas parlamentares do CSD e do PSD conseguiram negociar com o governo uma redução de 0,5% da sobretaxa do IRS.
Sim, leram bem, a cena de lavar a roupa dentro de casa não só esta efectivamente morta como não vi nenhum jornalista a perguntar se isto não era uma manobra de marketing descarada que só fazia perder tempo. Lamento mas, não consigo respeitar que esta redução tenha vindo do próprio partido do governo e, tenha sido pública. Eu esperava que as bancadas do CDS e do PSD tivessem participado na elaboração do orçamento, não que viessem depois dar uma de externos. Afinal, eu sou sem qualquer dúvida o gajo mais inteligente que participa nos meu monólogos, …

Pois, fico-me mesmo pela polémica da Leopoldina que foi do mais interessante da semana passada.

para que serve uma greve?

As greves suspendem o acto de trabalhar. Têm por isso primariamente um impacto económico, e só em menor grau um impacto político, que é pouco mais que o da repercussão mediática que a greve pode ter e do seu eventual impacto na opinião pública, nacional e internacional.

A opinião pública internacional importa pouco ou nada para países pequenos como Portugal.
Não influencia grandemente a nossa balança comercial com o exterior, que anos de campanhas e rios de dinheiro a promover uma "marca Portugal" não conseguiram fazer. E não influencia nada a nossa política externa, que é cada vez mais condicionada por acordos internacionais e por questões comerciais do que por reais opções políticas ou por qualquer género de "prestígio" dos países.
O "prestígio" dos países, quando muito, dá desculpas para coisas como "ah, vamos subir-vos as taxas de juro nos empréstimos novos, que parece que vocês andam por lá a fazer greves e pode ser que não nos paguem". Mais uma vez, uma questão económica.

A greve tem efeitos quando mostra a existência de real poder dos trabalhadores perante o patronato.
Destina-se a levar o patronato a negociar ou a ceder às exigências dos grevistas.
Produz efeitos quando o patronato cede por comparação do custo económico da greve com o custo de implementação das medidas.

O que significa que a greve tem tanto mais impacto quanto maior for o potencial dano económico que pode provocar.

Mas também significa que a greve só é eficaz como arma contra quem se sinta lesado por esse dano económico. E é especialmente eficaz como ameaça, como moeda de troca numa negociação.

As greves não funcionam como instrumento contra o Governo.
Uma greve geral, num contexto em que não há negociação, não funciona como instrumento contra o Governo.
Uma greve geral, sem reivindicações concretas, não funciona.

Porque o Governo não é prejudicado economicamente pela greve. O País é, o Estado é, mas o Governo não é. E no momento de crise que o país atravessa, não é mais um dia ou menos um dia de greve que vai fazer o Governo subitamente ficar preocupado com o custo económico da greve. O problema, infelizmente, é muito maior que isso.

E a greve acaba por prejudicar toda a gente, menos o Governo.

Volto a dizê-lo. Uma greve geral sem reivindicações, sem ser uma peça no contexto de uma negociação, não funciona contra quem se limita a gastar dinheiro que não é seu.

A menos que seja apenas uma demonstração de força.
A menos que seja apenas o prelúdio de outra coisa.

não quero que um alemão me amarre e me espanque com uma raquete de ping pong

Ainda bem que não mostrámos aos alemães o vídeo em que damos abracinhos aos polícias e dizemos que aquilo é que é o Portugal real.

Senão, depois de ontem, corríamos o risco de eles ficarem com a impressão que nós gostamos todos é de BDSM.
E eu não gostava nada que eles ficassem com essa impressão minha.

hereditariedade

Há uma tendência para as profissões se perpetuarem ao longo de uma linha familiar.
Não é determinística, de longe, nem mandatória, mas é uma tendência que faz haver médicos filhos de médicos, advogados filhos de advogados, agricultores filhos de agricultores.

Hoje passou-me isto pela cabeça, isto e o facto de a igreja católica estar preocupada por haver escassez de padres.

descubra as diferenças - um post para pensar nisto

Figura 1

Tenho uma quinta, tem dez sócios.
São eles que entram com o dinheiro.
Precisamos de um caseiro. Abrimos uma espécie de concurso, aparecem candidatos.
Cada um apresenta, conforme pedimos, um plano de actividades e de trabalhos.
Votamos entre nós para escolher um.
Escolhemos, contratamos, a termo, a 4 anos.
Damos-lhe um orçamento para gerir que somos nós que definimos. A votação desse orçamento é separada e ele não intervém nela. Obviamente não pode endividar a quinta, nem ficar a dever, nem pedir empréstimos, Isso temos de ser nós.
Estabelecemos objectivos que são os que estavam no seu plano de actividades.
Se ele achar que tem de mudar os objectivos e o plano de actividades a meio, isso carece da nossa aprovação, e voltamos a ir a votos para aprovar ou não.
Se ele não cumprir o plano de actividades, ou se for mau profissional, cessamos o contrato de trabalho, unilateralmente, e voltamos a abrir concurso.
E não lhe pagamos indemnização por incompetência, sorte tem ele se não o processarmos por danos, se os houver.



Figura 2

Tenho um país, tem dez milhões de sócios.
São eles que entram com o dinheiro.
Precisamos de um governo. Abrimos uma espécie de concurso, aparecem candidatos.
Cada um apresenta, conforme pedimos, um plano de actividades e de trabalhos.
Votamos entre nós para escolher um.
Escolhemos, contratamos, a termo, a 4 anos.
Damos-lhe um orçamento para gerir que é ele que define. Não há votação, nem o orçamento estava submetido a escrutínio, é definido por ele a priori, e temos de contribuir com o dinheiro que ele entender.
Ele fica com plenos poderes para endividar a quinta, comprar o que quiser e ficar a dever, pedir empréstimos. Sem nossa autorização.
Não há objectivos nem gestão por objectivos. O plano de actividades não é vinculativo.
Se ele achar que tem de mudar os objectivos e o plano de actividades a meio, muda, sem nos perguntar nada, sem qualquer tipo de aprovação.
Se ele não cumprir o plano de actividades, ou se for mau profissional, aguentamos, sempre connosco a pagar. Parece que é ele que manda, que ele é que é o patrão e nós somos os empregados. E ainda nos diz que se não gostamos, podemos sempre emigrar.

a sopa é minha e fui eu que a paguei sem pedir dinheiro a ninguém

Há um argumento que nunca admiti:

Que tenho de comer a sopa toda porque há meninos a morrer de fome do outro lado do mundo.

Se alguém me conseguir explicar como é que o facto de eu comer a sopa ou não ajuda ou prejudica alguém que não eu próprio ou a minha família, cheguem-se à frente, que até hoje ninguém conseguiu.

estava capaz de dizer que...

quem, simultâneamente,

1. Se queixa do Governo mas ainda paga impostos em Portugal

e

2. Vem dizer que vai deixar de dar para o Banco Alimentar por causa das declarações da Isabel Jonet

é, pura e simplesmente, um hipócrita.

"o desemprego é uma oportunidade", diz ele...

Hoje deu-me para meditar um par de minutos nas palavras do nosso Grande Pastor.

A metáfora que me vem à cabeça para isto do Grande Pastor é o "though i walk through the valley of the shadows of death I shall fear no evil, because the Lord is my shepherd", que é coisa que vem à cabeça das pessoas quando numa família estão os dois desempregados e aparece o IMI para pagar.

Claro que resulta mal quando o "pastor" afinal é um coelho, que não só é gado que não percebe de rebanhos como se caracteriza por roer tudo, foder o que apanha e cagar às bolinhas.

Mas chega de preâmbulos. É que já há seis meses que o o nosso pastor nos disse que afinal o problema do desemprego é só falta de iniciativa.

E na verdade iniciativa há muita, vejam-se os exemplos desta senhora americana que inventou um bem sucedido serviço de dormir com pessoas sós, ou nesta inovadora empresa de limpezas, ou, mais perto da nossa porta, os serviços de acompanhantes que não dormem nem limpam, como são os casos da D. Cris Ventura, da D. Sissi Suzuki, e da D. Natasha, três exemplos de iniciativa que demonstram que Portugal tem espaço para todos os empregos que quisermos, desde que as pessoas sejam criativas.

Pois.

Buzine, pela minha saúde

Espreguiço-me de um modo espampanante na cadeira e levanto-me até à máquina de café, pelo caminho, dou uma boa coçadela ao instrumento e solto um sonoro arroto, volto-me para os meus colegas de trabalho e comento entre uma gargalhada com o volume no máximo que "o ar quer-se cá fora e não lá dentro, certo?"

Ao chegar cá fora, cuspo uma verdosca bem fundo do meu ser e chamo toda a gente que calmamente bebe o seu café matinal para apreciar os maravilhosos tons da minha criação espectural.

Ok, agora que já deixei toda a gente agoniada, acho que perceberam a ideia mas, que se note que, tanto quanto sei, nada disto é ilegal. A malta aqui do jurídico pode confirmar mas, apenas vi que cuspir para o chão é punível com uma multa de até 2 escudos e cinquenta centavos. Pelo que, se não é ilegal, pode se fazer, certo?

Claro que não, e, retórica estúpida à parte, felizmente, a maior parte de nós não faz coisas destas e, a razão disso é a critica (ou pressão) social (AKA educação).

Uma maneira mais interessante é ver a falta dessa critica social e as suas consequências. De repente, alguém decidiu que buzinar era feio, mal educado e, nunca se viu tanta barbaridade ao volante quanto agora. Chegámos mesmo ao ponto em que deixar o carro em segunda fila é um direito, fazer piscas é opcional e, deixar o carro a tapar uma garagem é culpa do proprietário da dita.

E, estas coisas têm tendência a alastrar. Desde o Fernando Nogueira e a triste desculpa que tal criatura deu quando foi o caso das OGMA e dos helicópteros (para quem se lembra) até aos mais recentes Audis como "custo da democracia", o caso Relvas e a licenciatura relâmpago, etc, etc.

Há dobras que uma coluna direita nunca consegue fazer e, uma coluna torna nunca consegue estar direita. Assim é com a moral e, não é com Heróis que se levantas as morais dos países caídos, é com critica social.

Daí ser tão importante as manifestações, ser de aclamar os tipos que insultam os nossos políticos na rua, e, ser de mandar um "thumbs up" à fila de carros que têm que circundar a criatura mal estacionada para deixar sair a madame mas, que o fazem com a mão na buzina, de quem pergunta à mamã que para à porta da escola para levar o menino lá dentro se quer que lhe arranje um lugar dentro da sala de aula.

O Mayor de Nova York (o antigo, o que dizem que era da Mafia) percebeu isso e, os resultados foram impressionantes, falta expandir, entretanto (e para me desculpar do começo algo nojento, fiquem-se com a parte humorística da coisa


E, Denis Leary fica sempre bem :)


volta, Stephanie Meyer, estás perdoada!

Por vezes é o nosso próprio feitio que nos trama.
Quase sempre, aliás.

Tenho um péssimo hábito, que me limita imenso na minha vida, que é o de não dizer mal de coisas que não li, não vi, não ouvi, não experimentei.

Talvez por isso não tenha nada contra a homossexualidade masculina***. Nunca levei no cu, não me pronuncio. Só não consigo é perceber como é que gostam de homens, mas isso é outra conversa.

Ora nada disto quer dizer que sinta qualquer género de interesse em ir experimentar tudo só para saber como é, ou para poder dizer mal. Voltando ao mesmo exemplo, não estou minimamente interessado em ser sodomizado por um senhor só para poder dizer se é bom ou não.

Mas passando ao tema de hoje:

Está meio mundo a dizer mal do livro da moda, 50 Shades Of Grey, outro meio a lê-lo, e outro meio a fingir que não sabe do que se trata porque associa isso a um fenómeno de pobres*, como a telenovela.

Li as críticas. Li excertos. Detestei. Achei que era um livro básico, com uma escrita desinteressante, repetitiva e desconexa, com um recurso entediante às mesmas metáforas uma e outra e outra vez, com uma esquizofrenia de discurso narrativo que nos faz pensar que a narradora são duas pessoas diferentes, e que ainda por cima se percebe que isto não é feito de propósito, e com monólogos interiores da narradora que eu achei que seriam coisa para experimentar em vez de azeite com mostarda e clara de ovo da próxima vez que precisasse de vomitar e nao conseguisse.

Mas lá se me levantou o meu próprio monólogo interior, que também consegue ser um pequeno cabrão quando lhe dá para isso, e que me disse "lá estás tu, pá, a querer dizer mal de uma coisa que nem sequer leste".

"Ai é? Resolve-se já!", foi a resposta que lhe dei no calor da discussão. E percebi logo que já me tinha lixado.

Eis portanto que dei por mim a ler o 50 Shades Of Grey.

O livro lê-se surpreendentemente bem, como aqueles canais no YouTube de vídeos de pessoas a cair para cima de bolos e a escorregar na lama de vestido de noiva, e em que damos por nós a clicar no vídeo seguinte. Caí num desses uma vez e consegui arrancar-me do transe e parar de clicar só quase meia hora depois. Jurei para nunca mais. Mas já vi, portanto já posso dizer mal se quiser. E aprendi nessa altura que as pessoas do telemarketing da PT - que me me ligam com frequência, como se fossem velhos amigos - só ligam às horas erradas. Meia hora de vídeos daqueles, e nem um ligou para me interromper e me salvar.

Mas voltemos às Shades Of Grey.
Lido o livro, achei que era um livro básico, com uma escrita desinteressante, repetitiva e desconexa, com um recurso entediante às mesmas metáforas uma e outra e outra vez, com uma esquizofrenia de discurso narrativo que nos faz pensar que a narradora são duas pessoas diferentes, e que ainda por cima se percebe que isto não é feito de propósito, e com monólogos interiores da narradora que eu achei que seriam coisa para experimentar em vez de azeite com mostarda e clara de ovo da próxima vez que precisasse de vomitar e nao conseguisse.

Eh pá, eu achava que o Twilight era mau... achava que a Corin Tellado escrevia repetidamente as as mesmas frases e fazia livros diferentes com aquilo, e que isso era mau.

50 Shades Of Grey é melhor que muita fan-fic que por aí anda. É. É melhor do que muitos autores publicados que por aí andam. É, embora isso seja mais um demérito para esses autores e para os seus editores que um elogio à senhora James.

Quanto à história, é a soma de todos os clichés que se possa pensar, salvo um ou dois.
Já toda a gente sabe a história portanto nem vale a pena falar nela, mas encantam-me particularmente os lugares comuns "menina virgem e pobre encontra príncipe encantado solteiro, lindo, inteligente, divertido e rico", "ele é misterioso porque tem traumas que não lhe quer contar, mas ela vai descobrir" e "ele tem problemas que fazem dele uma pessoa diferente do que ela gostava que ele fosse, mas ela vai ajudá-lo e vai mudá-lo". Autêntica caixa de ressonância daquilo que é um certo imaginário feminino pós Corin Tellado, em que essa certa mulher, libertada, já não anseia simplesmente "ser salva" mas sim "salvar", para então "ser salva".

Mas isso não interessa nada, falemos de coisas importantes.

50 Shades Of Grey é vendido e apregoado como livro "erótico".

A literatura erótica actua de uma forma específica, sobre um órgão sexual chamado "cérebro".**
Funciona de forma indirecta, actuando sobre a imaginação do leitor.
Só na literatura "erótica" é possível assistir a um acto sexual inteiro sem ter a mínima noção do tamanho das mamas da gaija nem se o pénis do gaijo é grande ou pequeno. (Ela diz que é grande. Mas ela é virgem. Sabe-se lá o que é a noção de "grande" de uma mulher que a coisa maior que já enfiou na vagina foi um tampão?)

Claro que isto é um truque. Ao não descrever a protagonista, a autora permite que qualquer mulher se identifique com ela, seja gorda ou magra, tenha as mamas grandes ou pequenas. A própria self-image da protagonista é o cliché da imagem que grande parte das mulheres tem de si mesma. Normal, banal, cheia de defeitos, comparada com a melhor amiga que é linda e deslumbrante.

50 Shades Of Grey não é erótico. É pornográfico. É pornográfico na forma como é construido para dissimuladamente permitir a identificação da leitora com a protagonista, a idealização física de Grey de acordo com as fantasias de cada um.

É pornográfico na forma como explora o BDSM em todo o seu cliché de lado "proibido" da sexualidade, de lado "vedado" à maior parte das pessoas, de coisa em que se entra porque alguém nos arrasta para ele, porque somos frágeis, e que quando estamos lá dentro nos "prende" e nos "estraga".

É pornográfico na maneira como utiliza os clichés para levar os leitores pelo caminho mais fácil.
Pela maneira como não os faz pensar. Não os faz questionar. Não os faz pensar fora daquilo que estão a ler.

É talvez o que distingue a literatura de um simples texto escrito.
A literatura produz em nós emoções e idéias novas, idéias próprias, idéias que são o que o nosso cérebro produz com o material que o escritor nos dá.

Por isso é que um manual de instruções de uma torradeira não é literatura, e não o pretende ser.
Pretende transmitir-nos indicações precisas e concretas, que passam do autor para o leitor sem produzir novas idéias e novos conceitos e novas sensações que nem o autor teve. E ainda bem, não se quereria as pessoas a tentar as torradeiras de formas próprias, individuais e criativas depois de ter lido o manual.

A pornografia é a manipulação imediatista da libido, através do uso de imagens, linguagens e fórmulas sexualmente sugestivas, de uma forma explìcitamente deliberada para provocar excitação sexual no leitor.

O objectivo da pornografia é, como nos manuais de instruções, o oposto da literatura. A pornografia é para ser tomada pelo valor facial. Se se diz que ele lhe "enfia o caralho na boca", não é para ficarmos a pensar no sentido metafórico disto, nem no valor simbólico do acto de fazer um broche. Pornografia não é literatura.

Do ponto de vista do texto, frase a frase, 50 Shades Of Grey é pornografia porque não está escrito para fazer ninguém pensar.

O problema é que a pornografia é suposto dar tesão. E 50 Shades Of Grey dá pouca tesão.

Mas um livro, dirão, é mais que o texto, é uma mensagem e uma história. E 50 Shades Of Grey não tem uma mensagem e uma história? Tem, mas é conseguida inteiramente à base de clichés. A relação de uma mulher mais pobre com um homem mais rico. O aceitar ou não de presentes, quando ele por um lado lhe diz que quer ter uma relação puramente sexual com ela e ao mesmo tempo lhe compra prendas caras. Aqui está um tema importante a explorar. E como lida o livro com ele? Ela resmunga um bocado, cala-se durante uns tempos, acaba por lhe dizer que sente que ele lhe está a pagar como se ela fosse uma puta, ele diz-lhe que não é nada disso, e a coisa acaba aí. Realmente não dá muito que pensar.

O mais importante de 50 Shades Of Grey é o que não tem a ver com 50 Shades Of Grey.
E é na verdade essa a razão fundamental que me leva a escrever sobre isto.

O mais importante de 50 Shades Of Grey é que, talvez pela primeira vez, um livro com um tema abertamente sexual atinge um público mainstream. E é isto que é novo. E atinge-o porque faz um bypass completo aos canais tradicionais de publicação. É algo que vem da fan-fiction, que começa a ser publicado num site, em capítulos, que só depois se transforma num livro, que é editado por uma editora online, que só é detectado e percebido pelas grandes editoras quando já tomou proporções que ninguém pensou atingíveis.

50 Shades Of Grey tem este grande mérito, o de mostrar que é possível atingir sucesso comercial em grande escala passando completamente ao lado dos gigantes da edição comercial.

Já tinha acontecido com a música.
Aconteceu agora com os livros.
Será mais difícil acontecer com o cinema apenas porque (ainda) é necessário mais dinheiro para fazer um filme, mas lá chegaremos.

A relação entre autores e leitores, entre produtores e consumidores está a mudar, a tornar-se menos mediada, a tornar-se mediada de uma forma diferente. Quem não perceber isto e não se adaptar vai definhar e desaparecer. Por mais que use os lobbies para adiar o facto.

50 Shades Of Grey continua a ser um mau livro, mas tem o mérito de demonstrar isto.

A dúvida, a grande dúvida, é se isto não é o princípio do fim da literatura.


* pobres/incultos/palermas/básicos/que não sabem o que é bom/deviam é ler Ezra Pound ou Delany ou Djuna Barnes/whatever

** que se situa na cabeça, caso alguém não esteja bem a ver o que é. Não, não é esse, esse é a língua. Isso. O outro.


*** estava aqui escrito "não tenho nada contra os homossexuais masculinos", o que é verdade mas não era o que que queria ali dizer. E não, também não tenho nada contra os homossexuais masculinos, ou femininos, ou contra seja quem fôr, e acho que o conceito em si - ter alguma coisa contra alguém por características individuais ou por opçoes que ele tomou e que não me impactam ou influenciam - é uma estupidez.


ah, e li o livro em inglês, portanto não sei se a tradução portuguesa está bem feita ou não. o título tem uma tradução duvidosa, que parece resultar bem e ser um bom título - antes de se ler o livro; depois de se ler o livro parece uma tradução feita por um gabinete de marketing que não leu a obra. e se calhar é. e se calhar têm razão. lê a obra quem já pagou. e o importante nisto é vender livros...

Afinal aquilo da berlaitada era só um aperitivo

Tentei, eu tentei, trazer para a discussão a Saúde Escolar e a possibilidade da criação na escola, como há em muitas outras, de um gabinete de apoio médico que funcionasse em articulação com o Centro de Saúde mas fui completamente cilindrada por qualquer coisa a que não quero chamar tacanhez e muito menos estupidez mas a que não posso chamar outra coisa sob o risco de estar a fazer uma avaliação menos correcta. É que assim que referi o facto de duas alunas da escola terem engravidado fui completamente esmagada, e emudecida, pela pergunta mais pertinente de todas:
- E sabes onde é que engravidaram?

I rest my case.
(Sim, achei que se referisse que na última secundária por onde as minhas filhas passaram o gabinete de apoio médico facultava preservativos e pílulas recuperariam o tal potro da inquisição e só sossegariam quando fosse queimada como bruxa no pelourinho mais próximo)

(E, já agora, dou por mim a pensar que ainda bem que as miúdas já cresceram e já não andam pela escola a dizer "a minha mãe é a cabra de serviço". Deus me livre!)

frases simples para um país em crise (I)


It was Braque who said about four years later when they were all beginning to be known, with a sigh and a smile, how life has changed we all now have cooks who can make a soufflé.

Gertrude Stein, The Autobiography of Alice B. Toklas

pequenos contributos para resolver a crise, parte 2

Para começar, não sou economista.
Nem percebo mais de economia que qualquer fulano que saiba ler e escrever.
E se cometer imprecisões graves no que vou dizer, avisem-me. É sinal que já posso ir para político, para analista dos mercados, ou coisa que o valha.

Então é assim:

O Produto Interno Bruto português para 2012 (só há dados, e preliminares ainda, dos primeiros dois trimestres, portanto o valor que avento é uma especulação, calculada por excesso, admitindo que o PIB dos 3º e 4º trimestre são iguais ao do 2º) é de 166 000 milhões de euros. *
Todas as previsões falam de contracção da economia, portanto o PIB em 2013 prevê-se menor que em 2012, sendo que o de 2012 já foi menor que o de 2011, que foi menor que o de 2010. Mas vamos assumir que o PIB de 2013 será igual ao de 2012.

O Orçamento Geral do Estado para 2013 é de 183 752 milhões de euros. **

Isto significa que o Orçamento Geral do Estado é, em 2013, maior que o total de transacções a cliente finais geradas pela economia portuguesa.

E isto pode parecer estranho.
Na verdade, isto é estranho, excepto para os economistas, que virão a terreiro dizer que o cidadão normal não percebe nada disto, e que deve deixar estas contas para "os economistas".

Não concordo que deva.
Afinal, é o cidadão normal que paga as contas, não são "os economistas".
É justo que queira saber o que paga, a quem paga, e porque paga.
E é lícito que lhe faça confusão que a despesa do Estado seja maior que toda a economia produtiva portuguesa.
E que se pergunte em que se gasta tanto dinheiro, se o valor do PIB inclui todos os salários de todos os privados, todas as despesas correntes de todas as empresas privadas do país, todas as refeições e todas as compras de supermercado, etc.
Como é que o Estado, nas funções que tem, gasta mais do que todo um país a levar a sua vida?

E isto faz-nos olhar para o orçamento geral do estado com mais atenção, para perceber que, dos 183 mil milhões de despesa, 124 mil milhões (mais de dois terços) estão afectos à rubrica "Gestão da Dívida e da Tesouraria Pública" **

E perguntamo.nos agora, e muito bem, de o PIB é de 166 000 milhões, de onde é que aparecem 183 mil milhões para gastar? É fácil, o Estado endivida-se.

O Estado planeia contrair, em 2013, 140 000 milhões de euros de novas dívidas.
Desses, vamos presumir que 124 000 milhões são para pagar juros e dívidas que já tem.
O saldo líquido é que Portugal vai estar a dever mais 16 mil milhões de euros no final de 2013 do que deve no início do ano. E isto é desastroso.

E mais desastroso é que um orçamento destes seja aprovado, e continuemos a ir cantando e rindo para este buraco.

Feitas as contas, a receita constante do orçamento do estado, exceptuada a dívida, é de 43 000 milhões de euros.
E contabilizada a despesa corrente e o investimento (exceptuada a dívida), a despesa total é de   59 000 milhões de euros.

Em resumo, o estado arrecada 43 000 milhões e gasta 59 000 milhões.
É este o verdadeiro défice para 2013, o défice que conta.

16.000.000.000.00 de euros.
Sem (a maior parte dos) artifícios financeiros e contabilísticos.

Já depois de um aumento brutal e histórico dos impostos, o Estado vive 37% acima das suas posses.

Quem vive acima das suas posses não compra nem aluga carros novos.
Quem vive acima das suas posses não patrocina eventos.
Quem vive acima das suas posses não paga campanhas de promoção da imagem do país no exterior.
Quem vive acima das suas posses não paga estudos a repensar o sexo dos anjos.
Quem vive acima das suas posses não faz festas.

O Estado não tem moral para dizer aos Portugueses que vivem acima das suas posses.
Mas os Portugueses têm o direito de exigir ao Estado que adeque a sua despesa à sua receita. Mais, têm esse dever, devem-no a si mesmos e aos seus filhos.

16 mil milhões de euros de despesas que não há dinheiro para pagar.

O valor é inacreditável, mas é este.
E não se resolve pedindo dinheiro emprestado e esperando por melhores dias, como todos os governos têm feito há mais de uma década.

Mas um défice desta profundidade é praticamente impossível de resolver por meios convencionais.
É necessário tomar medidas radicais.

E é dessas que falaremos a seguir.




* Dados do INE, aqui
** Dados do Governo, OE2013, aqui


A mão que embala as berças

Pensei criar um blog com este nome, já que a mão que embala as berças governa agora o meu mundo, mas vou usar o nome como etiqueta sempre que me apetecer fazer uns posts assim mais dedicados à minha nova condição de provinciana.
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Hoje voltei a ouvir o termo "berlaitada". Melhor, ouvi que gajo que é gajo quer as gajas para uma berlaitada e nem conversa lhes dá e isto dito tudinho com seriedade e convicção. Inclusive "quer as gajas", "conversa" e  "berlaitada". Fico feliz que o mundo volte a estar consertado, ter andado tanto tempo a tropeçar em tipos que não percebem o conceito do "é p'ró que é" e se ofendem porque o único projecto de futuro que temos com eles é uma queca andava a fazer-me duvidar que este mundo onde voltei a viver tivesse algum dia existido.

É bom regressar a casa apesar de, e isto é só um palpite, me parecer que a noite não me vai correr muito bem já que pretendo sugerir, na reunião que há-de começar daqui a um bocadinho, que a escola secundária cá das berças passe a ter um gabinete de apoio à saúde e que, sei lá, maluca que sou, disponibilize preservativos e pílulas. Para as berlaitadas dos gajos, claro.

Meninos novos

1. Aqui não há bodes, nem expiatórios nem dos outros, aqui há cabrões. Estamos conversados?
2. "Menino", recebo as cópias dos teus posts com o remetente "Blogger" e não com o nome com que os assinas como acontece com todos os outros. Como raio conseguiste isso? És geek ou quê?
3. Jaime, posso chamar-te Fernando?

As 50 cenas lá do outro

Logo de manhãzinha, entra-me pelos olhos dentro o Granadeiro. Já tinha dado para perceber que a PT esta a puxar os cordelinhos de tudo o que é jornais que tem no bolso para publicidade gratuita, ao mesmo tempo que consegue garantir que não há nenhuma investigação ao processo de consolidação de fornecedores (LTTM) mas, ter que gramar com uma criatura que não faz nada da vida tirando ter uma prateleira doirada, é demais.

Depois, fui finalmente conhecer o aspirinab, mais um blog a dizer que as coisas estão mal mas (e sim, isso foi uma surpresa), este é patrocinado pelo PS e revela o mesmo espírito de isenção que um qualquer fanático futebolista.

É caso para dizer, … não há cu que aguente. Mas, por falar em cus, qual é a reacção apropriada que um gaijo pode ter às 50 cenas lá do outro? Qual é a moda agora? Confesso que estou perdido.

Em primeiro lugar, nunca li este livro mas, já li resumos, criticas e excertos suficientes para estar, pelo menos ao mesmo nível que metade das gaijas que ouço comentar este tomo e, já que falo dos comentários, posso comparar as 50 cenas com o Sexus do Miller? E, se agora é permitido às miúdas falarem abertamente de porn, também posso discutir, assim numa festa de cocktail toda fashion o ultimo filme da Private? Tipo, não acham que as travessuras de uma enfermeira endiabrada 3 estava bastante melhor que a prequela? Eu acho que sim, …

Já agora, pelo que percebi, não é correcto chamar literatura porn ao dito livro. A parte de literatura eu percebo, afinal, ninguém chama de literatura à Maria mas, substituir o porn por “erótico”, … give me a break. “I pull him deeper into my mouth so I can feel him at the back of my throat and then to the front again. My tongue swirls around the end " isto não é erotico nem aqui nem na China, isto é pronografia. Ok, as far as porn goes, é bastante mauzinho mas, se alguem não percebeu algum detalhe do broche que aqui se passa, é porque saltou alguma frase.

Mas, parece que senhoras respeitaveis não lêm pornografia mas podem ler erotismo, então, vamos chamar-lhe erotico apesar da definição ser complectamente errada. É mais ou menos o mesmo que dizer que o Estado é uma pessoa de bem, O Socrates é um politico honesto e a Edite Estrela é a "mulher que mais bem fala Português".

Gostava de conseguir convencer uma das fãns do Grey (o que nem sequer um retrato tem) a ler o Sexus do Henry Miller. Qual seria a reacção? Convem aqui dizer que gostei do Sexus (também admito que o li com outra idade) e que, para quem nunca o leu, um esta para o outro do mesmo modo em que o Apocalipse Now esta para a Madame Butterfly ou os Filhos da Droga esta para um episodio do CSI Miamy (hint: aparecem drogados nos 2).

E, só para equilibrar as coisas, diz o Miller "Where is the chair you sit in, where is your favorite comb, your toothbrush, your nail file? Trot them out that I may devour them at one gulp. You have a sister more beautiful than yourself, you say. Show her to me-I want to lick the flesh from her bones.”

Enfim, fica a maneira engenhosa como evitei a discussão da tradução do nome do livro dever ser as 50 sombras ou os 50 tons e como consegui limpar da alma o lixo que me entrou pela manhã.

the 5th of november

Toda a gente fala de Guy Fawkes nos últimos anos, desde que o Plano da Pólvora se tornou moda. Mas, como acontece com grande parte da cultura que se aprende nos filmes, muita gente confunde Fawkes com o líder do Plano da Pólvora, e o Plano em si com uma intentona de motivações nobres e elevadas.

Mas o mito, não substituindo a verdade, sobrepõe-se tantas vezes a ela que hoje temos a imagem de Guy Fawkes, da máscara de Guy Fawkes, associada a uma espécie de anonimismo interventista a que tantos se associam.

O que não percebem é o reverso da medalha.

Guy Fawkes, para ser forçado a confessar, foi torturado num potro durante quatro dias, até confessar.

O potro funciona esticando as pessoas até - e para além - dos seus limites. Começa-se por lhes prender as mãos e os pés, e vai-se esticando lentamente. E quando parece que já não estica mais, estica-se só mais um bocadinho.

Ironicamente, quando tantos já usaram a máscara de Guy Fawkes para se integrar na tal turba anónima que é suposto inquetar os Governos, os mesmos Governos tratam-nos, a todos, como a Guy Fawkes.
Impõem-nos uma crise, de sua própria manufactura, e começam a esticar-nos devagar, com mais impostos, com mais taxas, um depois do outro.

E nós, como os torturados no potro, gritamos e dizemos que não aguentamos mais, mas estamos atados de pés e mãos por casas e por filhos e por famílias e fugir não é fácil e também dói.

Eles vão continuar a esticar a corda, até que os deixemos, até que uma qualquer espécie de síndrome de Estocolmo que nos é tão particular nos vá dizendo a todos que eles afinal até têm razão, que até estão a proceder bem, que não tinham outra hipótese. Coitados. Os torturados da Inquisição também acabavam por achar que quem os esticava tinha razão, e por agradecer terem sido levados à luz divina. Os que não morriam pelo caminho, claro, mas esses era porque eram demoníacos e maus - como maus e "a viver acima das suas possibilidades" são os que hoje se insurjem contra o potro fiscal.

Há quem diga, gritando como os torturados, que isto não se aguenta.
Na opinião deles, citando Fernando Ulrich, "aguenta, ai aguenta".


Sim senhor ministro, ...

Eu tento, ... eu juro que tento mas, eles não deixam, ...

Pois é. Por muito que eu tente manter-me afastado de discussões sobre tecnologia, e sobre os efeitos desta na sociedade, não consigo. Os casos estúpidos e, digamos, criminosos, são flagrantes demais.

O DN publica hoje que "Um estudo do Governo defende que as bases de dados de toda administração pública sejam centralizadas e guardadas por uma entidade privada, numa nuvem tecnológica (cloud)".

O texto que se segue, vem de um tipo que esta de acordo com o retirar do estado do papel de interveniente na actividade económica, mantendo-se como legislador mas, aqui tenho de perguntar:

  • Quem foi a CRIATURA que assinou este estudo?
    Indiquem-no, por favor, por nome para todos sabermos que obviamente se trata de um ser acéfalo ou de mais um agente pago pelas pseudo empresas Portuguesas de Trastes que por aí populam. Mais um estudo que visa favorecer alguma empresa e que, mais uma vez, será ruinoso para o Estado Português.

Mais, porque razão a Comissão Nacional de Protecção de Dados não esta já a saltar e a chamar o boi pelos nomes. A denunciar este estudo como irresponsável e ilegal (bom, por acaso, não sei se será ilegal fazer este disparate; seria se tivéssemos leis que valessem alguma coisa). Vão repetir a vergonha que já se passou na banca? E no cartão do Cidadão? Ou vão demonstrar que valem o dinheiro que custam e não são só um entrave ao desenvolvimento nacional?

Estamos num país em que o Presidente da Republica vai inaugurar a sede de uma empresa Americana de software, onde os monopólios são acarinhados e incentivados dando com empresas onde a lei é mera indicadora da sua conduta e o número de acções ilegais e imorais são contadas ao dia mas, nunca antes vi um estado disposto a alienar a sua informação estratégica e a pôr em causa a justiça, a privacidade e a segurança dos seus cidadãos.

Tão gritante é esta medida que não tenho qualquer dúvida que aqui se trata de um estudo patrocinado por alguma empresa privada e que, mais uma vez, estamos a hipotecar o futuro do país para servir a interesses privados. A confirmar-se esta medida, é de notar que a Amazon terá mais cuidado em salvaguardar a minha morada que o meu Governo em salvaguardar qualquer informação pessoal que tenha sobre mim.

Esperava ver um conjunto de jornalistas a saltarem em cima desta medida mas, honestamente não creio que ainda haja algum jornal no país que não esteja a soldo de quem me parece que patrocinou este estudo, ...

pequenos contributos para resolver a crise, parte 1

Ora vamos ao que interessa.

Portugal atravessa uma crise, bláblá, os mercados, bláblá, internacional, blábla.

A verdade é que é uma tradição muito portuguesa dizer que a culpa é dos outros.
A culpa é sempre do patrão que despede, dos filhos que gastam muito, dos vizinhos que passam a vida a comprar televisões novas e a obrigar-nos a comprar também.

O que é que os colegas vão dizer, se formos trabalhar com um fato do Continente?

A resposta é: não vão dizer nada. E se disserem é problema deles. Quando muito podem dizer "olha, o Antunes queixa-se que ganha pouco e é verdade, até usa fatos do Continente". A alternativa é o que eles acham hoje: "queixa-se da crise mas parece que até nem está muito mal, continua a usar fatos bons e almoçar fora".

E se isto é uma mensagem para os cidadãos, não o é menos para o Estado e para quem representa o Estado. Aliás, os cidadãos já se adaptaram à crise, e muitos se adaptam todos os dias. Mas o Estado não. E porquê? Porque as decisões do Estado são decisões de pessoas, mas o dinheiro do Estado não é delas. Dito por outras palavras: o dinheiro do Estado não custa a ganhar a ninguém. Custa a pagar aos cidadãos, mas não são esses que depois decidem de que forma é gasto.

Gerir um Estado, especialmente um Estado em crise, é, e que me desculpem as pessoas alérgicas ao antigo regime, como gerir uma casa de família.
A contabilidade geral do Estado, em termos macro, deve ser suficientemente simples para qualquer pessoa a perceber.
Se o objectivo é pagar as dívidas, o primeiro passo é deixar de fazer dívidas novas.
E no entanto, o Estado endivida-se cada vez mais. O valor da dívida pública quase triplicou entre 2000 e 2012. E sem fim à vista, sem se saber porquê, sem se saber para quê. 

Numa casa de família, quando isto acontece, alguém, normalmente quem traz o dinheiro para casa, diz "basta". E corta a direito na despesa, doa a quem doer.

Um Estado não é uma família, mas pode e deve ser gerido com o mesmo rigor. A diferença é que numa família quem contrai as dívidas é normalmente quem as tem de pagar. Num Estado, as dívidas são contraidas por Governos que já não estão lá quando elas têm de ser pagas.

Como se resolve? Fazendo com que o contrair de dívidas do Estado seja aprovado por quem o paga, ou seja, pelos contribuintes, pelos cidadãos.

Referende-se, prèviamente e dívida a dívida, a emissão de dívida e o contrair de empréstimos pelo Estado - faça-se com que os Governos venham à praça pública explicar, tintim por tintim, para que serve o dinheiro que vão pedir emprestado, e faça-se com que os cidadãos o aprovem.

Porque, afinal, eles é que o vão pagar.

E se acaso for aprovado que o Estado se endivide, que depois se garanta e se inspeccione se o dinheiro é empregue naquilo que o povo autorizou, que se auditem essas contas, com ampla visibilidade, de preferência por entidades estrangeiras que não devam favores aos nossos políticos. E se alguém desviar os fundos do povo para outra coisa que não a autorizada, que seja julgado, de preferência por juízes que não devam favores aos nossos políticos. Também podem ser estrangeiros, se fôr preciso.

Ah, mas a dívida serve para pagar despesas correntes do Estado, que é que se faz quando é assim?
Disso, falarei a seguir.

Um cabrão de folga

Bom, e com tantas referências à Lara Croft, tinha mesmo que dar por aqui o meu saltinho.

Sou gajo, calão, de pouca paciencia e, um bocadinho mais culto que a media dos defensores do Acordo Ortográfico. Também dou erros comó caraças (o meu odio ao AO não é por deixar de saber escrever, é por aquilo estar mesmo mal feito) e, por veses pragejo. Daí talvez, o título deste post tirar já as teimas e dar já o tom para posts futuros (que prometo passar num corrector ortográfico antes de os postar).

Politicamente, sou de direita, excepto nas coisas que sou de esquerda, fui Europeista pois achei que Portugal só tinha a ganhar se tirasse poder à corja que nos governa e o desse ao pessoal que aparenta perceber do assunto. Isto durou-me até o cherne ter ido para presidente da comissão Europeia e eu ter percebido que o contágio ía ser ao contrário.Odeio futebol e telenovelas e, o meu orgulho patriotico esta bem guardado no frigorifico para não se estragar. Escusado será dizer que o uso muito pouco

Este é o meu primeiro blog que não fala de tecnologia (e o primeiro escrito em Português). O mais proximo que estive de um blog "social" foi falar das alterações que a tecnologia esta a causar na nossa vida (e no mundo dos negócios) portanto, vamos a ver o que isto dá.

Venho aqui descontente. Sempre defendi que para pôr a casa em ordem, se começa pela justiça e, vejo-a cada vez mais longe. Nos jornais, vejo artigos encomendados por um tecido empresarial corrupto e impune, nos sindicatos vejo lixo e demagogia e, na politica, vejo um clube de poetas mortos em que em vez do Robin Williams no papel principal temos o Homer Simpson.

Neste momento assino isto como Jaime Cardoso, nome que partilha 2 grandes caracteristicas, é o meu nome, que uso regularmente nos vários serviços que tenho no google e, é um nome bastante chato para este sitio. Estou a pensar em muda-lo para "o Maquinista", a não ser que melhor ideia me venha à lembradura. Enfim, não é importante, a seu tempo se verá.

Fica por explicar a história da Lara Croft, ... pois, mas a explicação é tão chata que, deixo que usem a vossa imaginação, mas a história envolve alcol a uma menor, montes de miudas cá em casa e muitas loucuras.

(in)vocação

Porque uma Lara Croft com feridas
no joelho é, afinal, uma Lara Croft
muito mais sexy
Hoje em dia é fino começar os livros e as participações em coisas com uma citação de um autor qualquer que fique bem. Não é cá Saramagos nem Sousas Tavares, tem de ser um autor de jeito, mas uma coisa que o leitor perceba - não vale usar bocados do Finnegans Wake só para parecer culto. Assim um Gonçalo M. Tavares - que é homem que tem bom material para citações - ou um Rentes de Carvalho. O importante é isto constituir uma espécie de name dropping (já toparam, já?) que mostre ao leitor que quem escreve é uma pessoa informada e em contacto com a realidade cultural dos nossos dias.

Pois.

Já os escritores do período dito clássico usavam um truque diferente. Invocavam as musas, normalmente a do seu pelouro, pediam inspiração aos deuses.

Ora se eu fosse por aí, não era difícil escolher, que há um grego mesmo à medida para estas coisas. Com corpo de homem e pés de cabra, Pã é a personificação do epicurista com mau feitio que se dedica a assombrar gente tocando flauta e, sobretudo, a perseguir ninfas. Tirando a flauta, tem tudo a ver.

Pã também é, vá-se lá saber porquê, o deus grego da crítica teatral. Não fiquem à espera de encontrar muito disso por aqui. Mas se, como dizia o outro, "somos todos palhaços estrangeiros, a nossa vida é palco e confusão", pode ser que apontar o dedo ao mundo e ao país conte para o efeito (lá está a citação, é tão difícil não ser óbvio, pá...).

Invoque-se portanto Pã, esse mais pagão dos deuses, o deus das sestas, aquele que ensinou a masturbação aos mortais, esse outsider dos montes e vales que não quis nunca viver em Olimpos, esse único dos deuses que terá trocado a imortalidade pelo prazer.

Que é esta, afinal, a última verdade: não envergo o par de cornos com que escrevo para vosso benefício ou alegria, mas apenas, simplesmente, pelo meu próprio prazer. Se for bom para os dois, tanto melhor. Se o não fôr, eu trato do meu, tratem lá vocês do vosso, tá?



(ah, e a imagem que ilustra este post esteve quase para ser esta, mas não quis ferir susceptibilidades e ainda por cima parece que há uma regra qualquer contra isso, por isso fiquem lá com a Lara Croft...)


Tudo eu... Tudo eu...

Consta, então, que eu é que tenho que fazer a apresentação do novo contratado...

Basicamente, temos então um Menino. Sim, ao que chegámos... Agora contratamos meninos. Pior, deve ser pré-adolescente porque só pensa em gaijas nuas. É chegar ao blog dele e ver. Gaijedo nú! Deixa lá ver o que isto dá. 

Bem, Menino, regras da casa:

1) Deixar o curral arrumado;
2) Manitas longe das co-cabras (eu sou contra esta, mas a Chefa insiste!) e das gémeas do Santo;
3) Escrever de acordo com o novo AO dá direito a expulsão (esta inventei agora, mas acho que deve ser aprovada por todos);
4) Tratar as malucas com carinho;
5) E por último, manter o bar atestado e o frigorifico com cerveja fresca.

De resto, é fazer o que der na real gana.

Benvindo e boa sorte. Que eu agora vou ali ver se a Lara Croft vem ou não... Tudo eu... Tudo eu...


E já que disse que é Natal


Correm rumores de que a Lara Croft também poderá aparecer por aqui...

Natal é quando o Cabra quiser


 


menino já chegou.
Temos um novo cabra.
Comunicação feita.
Apresentação e CV, o possível, ficam por conta da Peixa assim que ela tiver um tempo morto*.



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* recadinho não muito privado mas com destinatário certo