Agenda.

Fazer um post sobre os sites de encontros e os chats. Se me esquecer, lembrem-me.

Amor é...

...usar o carregador do computador dele quando nos esquecemos do nosso no escritório e ele não fazer um escândalo por ficar em standby.

Devia ser a 13 e passariamos a celebrar duas aparições...


Caramba Alberto, vê lá se antecipas isso. Não és a Senhora de Fátima mas és o Senhor da Madeira e, tal como ela, há muito que defendes os portugueses dos perigos do comunismo. Serias o Padroeiro de Portugal. Só iriamos ter que mudar as regras das promessas, que ir a pé ao Funchal parece-me ainda menos sensato, mas até já tens a coroa e o séquito de anjos emplumados...

Só há uma maneira de dizer isto: Filho da puta!

Mulher sequestrada e abusada pelo pai durante 24 anos Mais um caso de sequestro prolongado veio a público na Áustria. Uma mulher esteve mais de 20 anos prisioneira do seu próprio pai, de quem terá tido sete filhos.

Na Áustria uma mulher foi mantida presa numa cave, em Amstette, durante 24 anos. Esta mulher terá sido sequestrada pelo próprio pai, que está detido desde sábado.

Os repórteres chegaram à vítima porque seguiam o rasto de uma rapariga de 19 anos que foi internada, em meados de Abril, num hospital austríaco com uma doença misteriosa que a deixou entre a vida e a morte.

As autoridades tentaram encontrar a mãe da jovem para identificar a origem da doença. E assim se chegou a Elisabeth Fritzl, uma mulher de 42 anos que esteve sequestrada pelo pai durante mais de duas décadas.

Desde 1984 que as autoridades austríacas acreditavam que Elisabeth Fritzl, sem número de segurança social, tivesse abandonado a casa para seguir uma seita.
De acordo com os relatos que fez à polícia, Elisabeth viveu como uma prisioneira, na cave da casa do pai, durante 24 anos, ou seja, desde os 11 anos. Primeiro, o pai drogou-a, depois algemou-a e finalmente trancou-a na adega.

O pai abusou sexualmente de Elisabeth durante todos estes anos. Da relação nasceram sete filhos, sendo que uma das crianças morreu após o parto.

O indivíduo conseguiu ficar com a guarda de três das crianças, fingindo que os bebés tinham sido deixados à sua porta com uma carta de Elisabeth a pedir que tomassem conta deles. Os outros três filhos viveram até agora na mesma cave.
A esposa do homem nunca se apercebeu do que se passava. Só a ida da filha de Elisabeth para o hospital levantou suspeitas.

Segundo a televisão pública ORF, a mãe e as crianças estão a ser acompanhadas por uma equipa de psicólogos, destacada para o caso. A polícia aguarda os testes de ADN para confirmar a situação.

Esta tem dono. Se não se importarem, voltem mais logo.

Norte? Não.
Definitivamente.

Stupid like Sunday morning.

E que orgulhosa fico...

Só posso ter feito alguma coisa bem feita na educação das gajinhas, que inato também não deve ser.
Neste momento, aqui em casa, ouve-se Zeca Afonso. Venham mais Cinco. Escolhido por elas, que o ouvem enquanto pintam cartazes. A banda desenhada dos Capitães de Abril já está acabada e ficou lindíssima. A cena do Salgueiro Maia no Terreiro do Paço está um encanto, com pormenores deliciosos.
Nada disto é político, que nunca na vida foram a um comício e se sabem o que é uma manifestação é porque não costumam ter aulas nesses dias. Também não lhes passei qualquer herança partidária, que tenho afectos e não partidos.
A explicação que me foi dada é que, tal como no Natal, também hoje se fazem as coisas próprias do dia e se ouve a música que não é o Jingle Bells. Digamos que é uma perspectiva mais antropológica, ou sociológica, ou histórica, ou o que quer que seja, mas sabe-me bem saber que elas sabem que dia é hoje.

E agora, atenção, ouve-se a Grândola por aqui. E está a ser cantada em voz alta.

Tinha 11 anos. Postei sim, mas foi no Diário que tinha cadeado e tudo.

25-4-74

Quando cheguei hoje ao ciclo ouvi falar das Forças Armadas e diziam que tinham cercado Lisboa. Quando cheguei a casa ouvi falar também das Forças Armadas e explicaram-me que tinha havido uma revolução.
Esta revolução acabou com o fascismo e trouxe a democracia.
Agora à noite já está tudo sossegado e o General Spnínola falou a todo o país na televisão e rádio.
Viva Portugal.

Emissores Associados de Lisboa. 34 anos atrás. Exactamente a esta hora.

E Depois do Adeus - Paulo de Carvalho.

Fim-de-semana prolongado com sol e subida da temperatura.

São estas notícias, perfeitamente enganadoras, que levam ao descrédito numa ciência tão nobre como a metereologia.
A todos os que vivem lá mais para os nortes e que já estão de sorrisito aparelhado a pensar nuns dias de férias de barriga ao sol, tenho de fazer um aviso - não vinde para os algarves, senhores, não vinde.
Aquela história do bom tempo só pode ter saído de uma mente perversa que brinca impunemente com a credulidade de quem labuta semanas a fio na esperança de uns dias de bronzeado nas praias do sul.
Pois meus caros, é tudo mentira. Por aqui o tempo está pouco convidativo ao descanso à beira mar. Chove a potes, o vento leva tudo pelos ares e o frio entra por nós adentro e deixa-nos os pulmões congelados. As praias têm barreiras de segurança, que as ondas são de mais de dez metros, e os centros comerciais de todos os passeios estão fechados para desparasitação.
Como se não nos chegasse, a Protecção Civil tem vindo a avisar as populações de que irão acontecer cortes prolongados de água e electricidade e as operadoras de telemóveis desligaram as antenas para manutenção. Internet nem pensar, que os hackers entraram nos servidores e desviaram as comunicações para Marrocos.
Com tanta desgraça só nos vale o Mendes Bota, que mandou instalar colunas de som por toda a região e amávelmente se voluntariou para nos cantar umas baladas de intervenção, com letra e música de sua autoria, pois claro, durante todo este fim de semana dos cravos.

Pronto, está o recado dado e como vêem é melhor não pôrem por aqui esses pezinhos que vão ficar muito melhor aí mais por cima.
Não me agradeçam, que cabra de serviço é para isto mesmo.

Legislação incompleta - nesta falta o nome, morada e telefone do senhor.

O Governo aprovou hoje mais uma alteração ao Código da Estrada, passando o presidente da Autoridade de Segurança Rodoviária a decidir a cassação da carta quando forem praticadas três contra-ordenações muito graves ou cinco graves e muito graves.

De acordo com o decreto-lei agora aprovado em Conselho de Ministros, será determinada a cassação da carta de condução mediante decisão do presidente da Autoridade de Segurança Rodoviária quando, no período de cinco anos, a partir da entrada em vigor do diploma, "forem praticadas tês contra-ordenações muito graves ou cinco contra-ordenações entre graves e muito graves".

"Ao ser o presidente da Autoridade da Segurança Rodoviária a decidir, a medida passa a ter aplicação prática", sublinhou o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, considerando que a legislação até agora em vigor, apesar de já determinar a cassação da carta de condução nas mesmas circunstâncias, "era inaplicável, porque não se tratava de um procedimento expedito e exequível".

E com esta também ficas bem?

Chico Buarque - O Meu Amor

Vai com nome, morada, código postal, selo e em correio azul.

Maria Bethânia - Teresinha (1977)

Até em terra temos alma de marinheiro. Felizmente!

Um em cada dez bebés que nascem em Portugal tem mãe estrangeira. Do total de casamentos, 11,9% envolvem estrangeiros e a esmagadora maioria liga um cidadão português e outro não nacional.
(...)
As brasileiras estão literalmente a conquistar os homens portugueses: do total de casamentos entre nacionais e estrangeiros, 60% envolvem cidadãos brasileiros e destes 80% são de mulher brasileira com um parceiro português.
(...)
A evolução dos casamentos mistos proporciona várias leituras interessantes. Antes de mais, a subida contínua, com acelerações entre 2001 e 2002 e entre 2005 e 2006. Neste ano (a que se reportam os dados mais actualizados) as uniões em que um dos parceiros é português foi sete vezes superior ao número de casamentos em que ambos são estrangeiros. Por outro lado, mudou-se de um padrão "caracterizado por uma larga proporção de uniões entre mulheres portuguesas e homens estrangeiros para um padrão em que casamentos mistos envolvendo homens portugueses são dominantes".

O Congresso do PSD devia ser na Cinemateca.


Apetites.

Estou sentada num dos topos da mesa da sala. Exactamente na minha frente tenho uma das portas para o jardim. Ainda há muita luz lá fora e vejo do outro lado dos vidros a rede a baloiçar sem ninguém, o hibisco das flores côr de rosa e parte de uma palmeira com os cactos à volta do tronco.

As crianças estão no quarto e o arroz branco está a acabar de fazer, na cozinha atrás de mim. A carne estufada com courgettes e cenoura está mais que pronta. Falta pôr a mesa e podemos jantar. Mais uns minutos e começam as ordens e as contra ordens, quebrando-se a calma que agora tenho à volta.
Acabou a música e não me quero levantar e ir mudar o cd, na aparelhagem mesmo aqui ao lado. Se o fizesse era para ouvir o Marinheiro Português, da Betânia.

Olhei para o ecrãn do computador e vi a imensa passagem que ele é - vou ao mundo e trago o mundo até mim.
Assim, apeteceu-me pintar nele o mundo que tenho aqui.

D. Afonso Henriques, pázinho, cada vez mais me parece que só fizeste porcaria...


Manifestação de um dos principais desígnios enunciados por Zapatero é a maioria feminina no novo Gabinete, com destaque para a pasta da Defesa que, pela primeira vez na história de Espanha, será dirigida por uma mulher, Carme Chacón, que já ocupou o Ministério da Habitação. Chacón, que se encontra grávida com o parto previsto para o Verão, já afirmou que será o marido a utilizar o período de licença mais longo que a lei espanhola concede ao casal.

Que inveja dos espanhóis....
Por aqui tenta-se mudar a lei das licenças de maternidade e discute-se o eles e o elas e quem faz o quê, quando e porquê. Por lá, que é mesmo aqui ao lado, poupam-se as palavras e fazem-se as mudanças a sério, aquelas que mexem com as gentes e as fazem engolir em seco e dizer Ah, cabrões, que com esta me lixaram e tiraram-me o tapete da argumentação de debaixo dos pés. Parece simples esta histórinha de uma mulher, grávida, e ainda por cima bonita, a passar revista às tropas, mas faz mais, muito mais, pela mudança das atitudes que conversas estéreis que gastam palavras e não deixam nada diferente...

Estou assoberbada...

No correr das notícias de hoje dei por mim a ler um artigo sobre futebol só porque me encantei com dois ou três adjectivos que apareciam no resumo do google. Era uma linguagem tão estranha que me fez abrir a notícia e lê-la, deliciada, até ao fim. Encontrei uns maneirismos no escrever diferentes de tudo o resto que conheço, com tiradas a quererem roçar a literatura erudita embrulhadas em cultura popular, requebros de anca e piscadelas de olho à escrita criativa, adjectivos aos molhos, metáforas, um cuidar do que se escreve e de como se escreve levado ao exagêro linguístico, e comecei a pensar se isto não fará parte da arte da elevação do trivial.
Será que se escrevem, assim, artigos de opinião sobre futebol pela mesma razão que a Playboy publica artigos com alguma consistência intelectual no meio de uns valentes pares de mamas? Haverá um branqueamento inconsciente da vulgaridade ou isto faz só parte de uma cultura que me era até agora desconhecida? É isto o chamado "futebolês"?
Fica o artigo das minhas delícias e esclareçam-me, por favor...

O tetra de Manuel José repõe verdades e faz desmentidos

Assoberbados pelo consumismo interno do nosso futebol, no qual, malsinadamente, somos menos vocacionados para apreciar e exaltar os méritos dos grandes vencedores, não tanto pela rotina viciante com que o fazem (F.C.Porto), mas porque a cidade Invicta parece distante e estranha para alguns, preferindo chafurdar na intriguices e desculpas de mau pagador, como que nos escasseia o tempo para abrirmos as janelas para vermos o que, além-fronteiras, consegue um homem da bola, por acaso português.
Com José Mourinho estrategicamente recolhido dos holofotes, surge Manuel José na ribalta dos treinadores, ao sagrar-se tetra-campeão do Egipto.

Com a mesquinhez e inveja que transportamos na mente como uma espécie de sarro que nenhum detergente elimina, dirão alguns que o futebol africano é rasca, de expressão menor, de qualidade enfezada, se calhar até da treta. Sem negarmos a distância entre o futebol europeu e africano - seria patético fazê-lo - importa, no entanto, não confundir o futebol europeu com as melhores equipas europeias, assim a modos como não identificar o futebol português com o F.C.Porto, porque as distâncias são uma constante. No entanto, mais do que discutirmos as assimetrias qualitativas do jogo, importa relevar o seguinte:
- um português conduziu uma equipa africana ao tetra-campeonato;
- um português já arrecadou três Ligas dos Campeões africanos;
- um português já somou quinze títulos (entre nacionais e continentais);
- esse português não tem espaço condizente no nosso futebol.
Nesta intrigante incompatibilidade - treinador vencedor, competente e respeitado, mas que se sentiu quase rejeitado e que foi obrigado a emigrar porque as portas dos clubes mais sólidos se lhe fecharam - há, porventura, uma explicação que tem mais a ver com a natureza (independente) do homem do que com a bagagem (rica) do treinador. Como quer que seja, Manuel José (com)provou no comando do Al-Ahly uma competência profissional indiscutível e que, inevitavelmente, alastra aos treinadores portugueses, cada vez mais solicitados de paragens distantes.

O triunfo de Manuel José (mais um...) vem desmentir alguns teóricos elitistas que vêem o futebol como uma ciência cuja descodificação se faz num linguarejar pretensamente sapiente, à custa de basculações, pressões altas, blocos e transições... Que maldades fez José Mourinho ao futebol português, ao produzir tantos (falsos e medíocres) acólitos...

Voltemos a Manuel José. Ao vencer - e como tem vencido! - com as «águias do Cairo», aos 63 anos, o treinador algarvio, remete-nos para outras verdades que, se calhar, extravasam do próprio futebol. Estas:
- a competência não se mede em função da idade (Alex Ferguson tem 65 anos; Arséne Wenger, 57; Eriksson, 60; Marcello Lippi, 60; Fábio Capello, 61; Jesualdo Ferreira, 62);
- um treinador moldado a partir do terreno, sem carga erudita-científica no currículo, pode ser um grande gestor dos recursos humanos colocados ao seu dispor ou por si escolhidos;
- é possível vencer sem estar dependente de «cunhas», de compadrios, de lobbies, de esquemas ou... sistemas.
Tão carregado de títulos e porque no futebol as vitórias não são eternas, Manuel José corre agora o risco de se querer suicidar, permanecendo no Al-Ahly até... perder. Por se ter deixado conduzir pelo coração, já perdeu uma vez em Portugal e só cometerá o mesmo erro duas vezes se quiser. Há outros lugares para o treinador que um dia esteve seleccionador nacional ser feliz, mesmo que aí não possa satisfazer o vício de comer caracóis...

Quer emagrecer? Pergunte-me como.

Não me perguntem é como se engorda, que essa é a pergunta a que não sei responder e que fiz muitas vezes em tudo o que era sítio. Mas agora sinto-me finalmente vingada, depois de andar anos e anos seguidos a ver publicidades para as gordas, sem nunca se lembrarem que no peito das magras/ no fundo do peito bate calado/ no peito das magras/ também bate um coração...

Ai não se lembraram de nós? Então desafinem lá de vez com isto:

O ministro da Agricultura, Jaime Silva, desaconselhou o consumo sem controlo médico de produtos dietéticos, como a Herbalife. Esta é uma aproximação à posição das autoridades espanholas, que ontem fizeram a mesma recomendação.
Em Portugal, no entanto, não há conhecimento de problemas com produtos da Herbalife que levem à suspensão da venda, como aconteceu com a Depuralina. Ainda assim, o ministro apelou à "prudência" dos portugueses em relação ao consumo sem controlo destas substâncias. O governo chama a atenção dos portugueses para a necessidade de terem muito cuidado quando consomem produtos naturais sobre a forma de concentrados, recorrendo sempre ao conselho de um médico ou nutricionista", disse hoje Jaime Silva. "Temos de olhar para estes suplementos alimentares não por aquilo que a publicidade diz, mas pelo que está escrito no rótulo", disse.
Jaime Silva considerou que "os consumidores devem usar da mesma precaução que os espanhóis", alertando para "as grande campanhas publicitárias que garantem milagres à custa de uns pozinhos". O Ministério da Saúde espanhol desaconselhou segunda-feira o consumo de produtos da marca Herbalife, depois de ter tido conhecimento de casos de toxicidade hepática presumivelmente associados ao consumo destes produtos.


Cabra velha não aprende línguas, mas faz uma chanfana deliciosa.

" O vinho do Porto é um vinho natural sujeito a criar depósito com a idade. Recomenda-se que seja servido com o cuidado indispensável para não turvar".

Esta sei eu de cor há muitos anos. E também sei que a matricula do carro do meu primeiro namorado era HU-77-28. E sei que o valor de Pi é 3,142857153... Sei números de telefone de cor e salteado, definições legais e ilegais, datas, o nome completo e morada do primeiro miúdo que me escreveu uma carta - mas sem código postal, que na altura não havia - e muito mais porcariazinhas que não interessam nem ao menino jesus. O que nunca sei são as diferenças entre os pares.
Complicado o que digo? Não, é muito simples. Não faço a minima ideia qual é a Estação de Coimbra A e qual a de Coimbra B, o que é côncavo e o que é convexo, bombordo e estibordo, proa e popa, sinal de maior e sinal de menor, escala do Ph - mais de 7 é ácido ou base? - traqueia e faringe, montante e jusante, e muitas muitas outras deste género. Distingo a direita da esquerda, mas é mais por olfacto que outra coisa qualquer. É inútil atirarem-me com quinhentas mnemónicas nos comentários, que juro que de tão lógico não me vou esquecer de certeza e esqueço-me no minuto a seguir.
Tenho vivido bem com isto, que penso um bocado, faço mais um esforço, vou ao google e resolvo a questão.
O problema grande é entre Sporting e Benfica. Distingo-os perfeitamente do Porto que não suporto e da Académica lá de casa, mas entre eles nunca sei quem é quem. Chego ao verde e ao vermelho, até sei quem joga onde e os pontos do campeonato, mas se começam a meter lagartos e leões já tenho de começar a pensar e a partir daí baralha-se-me o pensamento e já não sei mais nada. Deve ser por isso que tão depressa acudo por um como pelo outro e morro de desgosto com as goleadas de não sei muito bem qual. Tem dias, e isto de ser sportinguista e benfiquista porque baralho os lados da segunda circular até tem as suas vantagens, que sempre vou fazendo amores e ódios dos dois lados da barricada - e ao mesmo tempo, o que anima mais a festa.
Isto para dizer que nos últimos tempos tenho andado lá pelos lados do Sporting, o que não quer dizer que não possa ser Benfiquista ferrenha já amanhã. E as gajinhas aprenderam comigo, que se só nós sabemos porque não ficamos em casa também sabemos que ser benfiquista é ter na alma uma coisa qualquer. Tem é dias. E tem também é muito mais graça.

Grande imagem. Linda. Profunda. E, sobretudo, esclarecedora!

"É como se estivéssemos a assistir à 'revolta dos escravos' onde, quem está insatisfeito, pode criar um blogue ou um sítio na Internet e fazer as suas notícias", sustentou o presidente do SJ.

Para tiradas assim, que nunca a voz lhe doa, Alfredo Maia. Pode não passar de um mero exercício literário, mas tão revelador na sua arrogância, ou dislate, ou disparate ou estupidez profunda que não podia eu, uma escrava quase quase livre, que ainda gamo o Expresso de vez em quando, deixar passar em claro.

Fica o resto da notícia e, parece-me, o pânico de quem se sente incomodado com tanta blogaria.

"As pessoas não estão satisfeitas com a comunicação social de que dispõem e, por isso, criam os seus próprios meios de comunicação através da Internet", disse à Lusa Alfredo Maia.

O jornalista foi um dos convidados do fórum "Novas Plataformas Tecnológicas: Meios de Comunicação Social e Internet", organizado pelo projecto Vale do Ave Região Digital e pelo Gabinete de Imprensa de Guimarães.

O fórum, que decorre até quarta-feira no auditório do AvePark, na vila das Taipas, tem como objectivo saber como é que os órgãos de comunicação social se têm preparado para o "amadurecimento da Internet como principal concorrente, produtor e difusor de noticias".

Alfredo Maia apontou a Internet como sinónimo da "democratização do espaço público" e como "um novo paradigma de comunicação de massas".

"As novas tecnologias permitem a comunicação sem mediação, tendo por base uma única fonte e sem a imparcialidade necessária", salientou o jornalista.

O fenómeno dos blogues e dos sítios na Internet possuiu, segundo frisou, uma dimensão "incalculável".

"Há blogues que têm mais visitas que os sítios de muitos jornais considerados de referência", acrescentou.

O jornalismo, tal como agora o conhecemos, está, segundo Alfredo Maia, em vias de extinção.

"Os jornalistas vão produzir noticias em série para depois serem 'espalhadas' pelos vários órgãos de comunicação social de que determinado grupo editorial é proprietário", referiu.

Luís F. Vieira: «Ninguém morre se o Benfica não for à Liga dos Campeões»

Pode não morrer ninguém, mas o Benfica está cada vez mais côr de rosa.

As regras, os lápis e os carros do lixo.

Uma mulher de 29 anos foi hoje atropelada mortalmente por uma viatura de recolha de resíduos da Câmara Municipal de Alpiarça, disseram à agência Lusa fontes dos bombeiros e da autarquia.

Quando eu tinha dezassete anos e me deram carta de alforria e a chave de uma casa que passou a ser minha vieram também inúmeras regras no pacote. Uma delas, ditada pelo meu pai, era que "lá em casa não entra um rapaz nem que seja para pedir um lápis".
Na altura estranhei a secura do recado, que não estava habituada a que as coisas fossem tratadas assim, mas não discuti a aparente falta de inteligência da ordem, que o espaço para negociar não era muito e as tais chaves podiam voltar a mudar de mão a qualquer momento.
No primeiro ano que vivi sozinha, e apesar da ordem, nunca neguei um lápis a ninguém, usasse calças ou saias, e o único desgraçado que só conheceu as escadas do prédio foi o meu namorado - esse nunca entrou, que se quero negociar tenho de ter espaço e se ele queria um lápis que o trouxesse de casa que por ali não havia disponíveis.
A primeira vez que os meus pais apareceram por lá, assim a meio da tarde, sem aviso prévio mas também sem maldade ou sem queres ver que já te apanhámos, tinha a sala cheia de gente. Amigos, colegas, uns com calças, outros com saias. Acho que não estava ninguém de calções e muito menos com as calças na mão. Lembro-me bem de no minuto a seguir o meu pai estar na conversa com toda a gente e todos encantados com ele e da minha mãe fazer-me esgares para ir ter com ela à cozinha onde me perguntou, verdadeiramente preocupada, se não tinha medo que todos aqueles homens me fizessem mal.... O todos aqueles homens eram miúdos como eu e se não estávamos a jogar à Canasta estariamos a estudar, que lá por ser casa de estudanta não era uma república e sou cabra mas tenho, ou teria, juízo.

No segundo ano que fui para Coimbra, para a mesma casa, tratei de não levar as mesmas regras. Tinha feito tudo certo e para espanto, ou não, dos meus pais, os seus pesadelos mais negros não se tinham concretizado - o meu pai não viu as minhas notas descerem uma décima que fosse e a minha mãe não teve de tricotar sapatinhos de bébés, que afinal a filha não lhe tinha aparecido grávida e, vá-se lá saber porquê, até era ajuízada.
Com estas munições parva era se não as fizesse valer e tratei de convocar uma reunião séria antes que as férias acabassem - tinhamos de falar na regra do lápis. Expliquei-lhes que, como tinham tido oportunidade de verificar, a tal história de menino não entra nunca tinha sido cumprida, mas que preferia fazer as coisas sem pensar que estava a ir contra aquilo a que me tinha comprometido e que essa história do lápis era demasiado patética.
Foi aí que o meu pai me contou a história dos carros do lixo e de como podem ser mortalmente perigosos. O meu pai era uma pessoa muito calma, com uma enorme fleuma, bastante inteligente e um excelente educador. Explicou-me que, como era normal, morreu de medo quando me abriu as portas à liberdade e me deixou por minha conta. Que a vontade que teve foi fazer uma imensa e infindável lista com todos os perigos que me podiam aparecer e explicar como me defender deles. E falou-me dos carros do lixo. Disse-me que apesar de andarem a vinte à hora já tinha havido gente que tinha morrido atropelada. Aparentemente não representam qualquer ameaça, na sua modorra de mau cheiro e na imensidão que não os deixa passar despercebidos. Mas era essa a ratoeira - por não os associarmos ao perigo baixavam-nos as defesas e quebravam-nos a atenção. Explicou-me também que se me tivesse dito para ter cuidado com os carros do lixo eu teria achado ridículo e não daria qualquer importância. Ele até poderia preocupar-se, mas esse era dos tais perigos que eu teria de descobrir sozinha. Ele dava as regras gerais, ensinava a atravessar ruas e a ter cuidado, mesmo quando não parecesse haver necessidade de o ter.
Com os lápis a história era a mesma - na impossibilidade de me defender de tudo quis manter a porta fechada a esse tudo que o assustava. Estava claro que as decisões teriam de ser cada vez mais as minhas, e podia tomá-las e emprestar os lápis que quisesse, mas não me podia nunca esquecer dos carros do lixo.

Pelos vistos os carros do lixo não podem mesmo ser menosprezados e esta notícia de hoje fez-me recordá-lo mais uma vez. Com as minhas filhas nunca me esqueci dos carros do lixo e se sei que não poderei dar-lhes uma lista detalhada do podem e não podem, tento ensiná-las a pensar e a perceber que nem as coisas ridículas e inofensivas como lápis e carros do lixo são tão ridículas e inofensivas assim.

Já o arquivei como um dos concertos da minha vida.

And Now for Something Completely Different .

Gajo, que vamos fazer hoje para o jantar?

(sempre quis fazer um post assim.)

Uma dúvida do caraças.

Há uns tempos citei por aqui o livro " por que comi o meu pai?", do Lewis, um sociólogo e jornalista inglês.
Desde aí muita gente tem vindo parar a este blog através do google, quando escrevem na caixinha milagrosa da pesquisa as palavras "comi meu pai".

Será que há muito mais gente que, tal como eu, gosta do livro do Lewis ou será que .... pois, ... sei lá.... uma pesquisa normal, não é?

Como disse lá em cima, dúvida do caraças...

(POR QUE COMI A MINHA MÃE. esta agora vai como experiência, para ver se também cá aparecem alguns à procura.... será que também é uma das estrelas nas pesquisas do google ou o pai é mais tenro?!...)

Branco quer lavar a roupa suja mas as nódoas vão ser difíceis de sair.

Outra vez a Sul.

Norte, há muito que não tenho. Não o perdi por aí, distraidamente, numa curva qualquer de um caminho já feito, mas larguei-o lá atrás. Deixei-o, a ele e ao lastro todo que carregava, que virar as costas ao norte é diferente de perdê-lo. A lógica é simples, só se perde quem tem um caminho apontado e se não tiver norte não me posso desnortear. Guardei o nascente e o poente, que assim se fazem os meus dias, e apontei a sul, que é onde está a felicidade. Tenho vivido bem, com esta bússola perigosa, que me faz virar costas à força que atrai a agulha.

Posso brincar com as imagens e explicar a mim mesma que o que me incomodava nessa coisa dos pontos cardeais era a cruz tão definida - Norte, Sul, Nascente, Poente. Parecia não haver como fugir à regra do martírio, que as cruzes foram feitas para serem carregadas, mesmo que nos apareçam desenhadas nas estrelas.
Larguei o Norte e fiquei comigo e com a graça do Nascente, Poente e Sul que tão bem desenham a letra do meu nome. Era eu e os meus pontos cardeais.
O perigo é que distracções todos temos e se perco o sul na curva de um tal caminho onde larguei o norte sem o perder, fico sem referência alguma. Com uma direcção, mas sem um sentido. O Nascente e o Poente embrulham-se um no outro, que não há como saber onde estão, e a vida perde-se em dias que nascem e morrem ou morrem e nascem sem se saber onde.
Andavam assim os meus dias. Tinha perdido o cheiro da felicidade que me apontava o sul bem melhor do que a agulha magnética aponta o norte, e os dias e as noites passavam sem saber onde começava um e acabava o outro. Passavam por mim, ou eu por eles, numa linha contínua sem princípio nem fim.
Não percebi logo que tinha perdido o rumo, só percebia que tinha perdido o riso. Andei triste, profundamente triste, a dar gargalhadas por aí para ver se reconhecia o som, mas o eco que me chegava era de miséria, de dor, de desespero, de fuga para a frente em dias e noites baralhados.

Pensei, perdida assim, voltar lá atrás onde larguei o Norte e voltar a fazer com ele a minha cruz. Não era o que eu queria, mas tinha que voltar a ter um caminho, nem que fosse esse que larguei por me doer.
Mas a vontade do Sul ainda era muito forte e se se perde só tem de se voltar a procurar, que nortes e desnortes não quero mais na minha vida.

Foi o que andei a fazer por estes dias, a procurar a minha felicidade perdida, que se vivo bem sem Norte não quero nunca mais viver sem Sul.
Voltei a encontrá-lo. Não estava tão perdido assim, que a felicidade quando se nos pega às carnes não se solta facilmente e o cheiro dela entranha-se em nós com tanta força que só mesmo se não a quisermos é que a perdemos. E eu não a quis perder, nem quero.
Tenho outra vez os meus pontos cardeais. Tenho o meu riso de volta. Tenho os dias e tenho as noites que se lhes seguem, tenho a vida, tenho o nascente, o poente e o sul a dar-lhes o sentido.
Estou feliz e estou a sulidificar esta felicidade reencontrada para não voltar a ficar sem rumo numa distracção qualquer.
Sou outra vez a Teresa, a sul e assumidamente sem norte. E sem desnorte.

Neste blog pode-se (continuar a) fumar.

Eu é que já não fumo...
E uma das pequenas coisas, que foram grandes, que tive de fazer, foi fugir daqui. Já posso voltar sem olhar para os lados à procura dos cigarros, do isqueiro e do cinzeiro.

Voltei. Caso ainda esteja por aí alguém...

E nós não podemos ter o R.A.P. a escrever os do Sócrates?

Primeiro escreveu uma carta aos americanos, agora quer escrever os discursos do Barack.
Isto sim, é fazer política a pensar no cidadão.

Londres, 08 Abr (Lusa) - John Cleese, um dos autores da série de culto "Monty Python", anunciou que se oferecerá para escrever os discursos de Barack Obama se este vencer as primárias democratas para a presidência norte-americana.

O comediante britânico, que actualmente vive na Califórnia, disse numa entrevista ao Western Daily Press hoje publicada que o seu estilo humorístico, posto ao serviço do senador democrata, poderá ter um papel-chave na conquista da Casa Branca.

"Tenho de voltar à Europa em Novembro mas arrisco-me a ficar ocupado se Barack Obama aceitar a minha proposta de ser o redactor dos seus discursos", indicou Cleese, 68 anos, na entrevista àquele jornal regional do oeste de Inglaterra.

Em pequeninos torceram os destinos...

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) estima que o número de "adultos mais idosos" com problemas de consumo de estupefacientes irá aumentar para mais do dobro até 2020, previsão que classifica de "inquietante".

"Estima-se que o número de pessoas idosas com problemas de consumo de substâncias ou necessitadas de tratamento devido a perturbações causadas por esse consumo irá aumentar para mais do dobro entre 2001 e 2020", revela o último número da publicação do OEDT "Drogas em Destaque", intitulado "Abuso de substâncias entre os adultos mais idosos".

Embora sublinhe que o consumo de drogas ilícitas entre os adultos mais velhos seja menos comum do que entre os jovens, a agência europeia de informação sobre drogas adianta que, "na Europa, entre 2002 e 2005 a proporção de doentes com 40 anos ou mais em tratamento devido a problemas relacionados com o consumo de opiáceos aumentou para mais do dobro (de 8,6 para 17,6 por cento)".

Que as mãos não lhes doam.

Passatempo Dominical Pouco Políticamente Correcto

Ganhe 2 bilhetes e viagem com tudo incluído para os jogo olímpicos de 2008, a realizar em Pequim - China

Para participar, basta ver a foto e responder correctamente às questões colocadas.

Todas as respostas devem ser enviadas para o Comité Olímpico Internacional, Lausanne, Suiça.

1. Qual dos estudantes parece estar cansado / sonolento?

2. Quais são os Gémeos do sexo masculino?

3. Quais são os gémeos do sexo feminino?

4. Quantas mulheres estão no grupo?

5. Qual é o professor?

Boa sorte! ...

Todavia.

Teste de português. A Princesa e a ervilha. Conto do Anderson. A minha filha pede-me para ler o texto. Digo que não preciso, que esse conheço de trás para a frente. Insiste. Leio na diagonal, só para fazer boa figura, que o que lá está sei eu.

Já leste?
Claro...
Agora diz o nome da princesa...
(essa sabia eu, que ou tinham improvisado ou a princesa não tinha nome, como nunca teve, era só A Princesa.)
A princesa não tem nome.
Lê outra vez...
( Desta li tudo, que consciência pesada é complicado...)
Já te disse, não tem nome...
É uma rasteira, lê com atenção...
(Olha a pirralha a dizer-me como se lê um texto...)
Já li, conheço a história, não tem nome.
Olha, vou ler em voz alta e vais perceber.
E leu e eu não percebi.

Vi a composição dela a seguir e percebi ainda menos. Havia qualquer coisa estranha.
Queres ver, mamã, era uma rasteira. Olha aqui esta frase " Todavia, a princesa"...

Não é que ela não conhecia a palavra "todavia"? Quando fez estas perguntas já tinha o "contudo, no entanto..." na ponta da língua, mas quando respondeu ao teste não fazia ideia e lá achou que Todavia era nome próprio.

Hora das imprecações:
Caramba, ela até é boa aluna a português. Cá em casa não se fala mal, que não perdoo essas coisas, é filha de peixes e sai a eles, mas todavia...

Tinha obrigação de saber, mas se ela não sabe, como não será com os outros miúdos do 5º ano que nunca leram um livro na vida e que comem "chicha" ao jantar?
Que se passa com estas crianças que com 10 anos acham que "todavia" é nome próprio? Erro meu? Também, sem dúvida.
Todavia...

Dona Corleone

Está resolvido. Deu trabalho, tirou-me algumas das horas que costumo usar por aqui, mas a minha filha já tem o telemóvel outra vez.

Quarta-feira roubaram-lhe o telefone na escola. Não é que seja grande coisa, mas é o dela, é cor de rosa e se o leva é porque o precisa. Debulhava-se em lágrimas quando a fui buscar e eu armei-me em heroína e fiz a promessa idiota que me podia ter saído cara em credibilidade - deixa estar filha que vou resolver tudo.... E ela acreditou.

Ontem passei o dia na escola. Falei com o Conselho Directivo e a seguir fiz-me à vida. Visionei horas de imagens das câmaras de segurança, falei com todos os miúdos e mais algum, mostrei fotografias, comparei versões. No fim da tarde já tinha uma daquelas certezas certezinhas que só não são certezas absolutas porque lhes falta um bocadinho assim.

A loira suspeita estava fora da escola, sentada num banquinho de pedra com o namorado. São dos cursos profissionais, 16 aninhos que os tornam os grandes para os outros miúdos todos. Fui falar com eles. Disse quem era e ao que vinha, mas fartos de saberem isso estavam eles.
Que não, que nunca, que nem pensar, que ela até tinha dois telefones - e lá estavam dois topo de gama em cima da pilha dos poucos livros - que nada feito e eu que fosse chatear outra.

Perturbou-me a miúda. Se quando eu tinha 16 anos uma mãe qualquer me tivesse dito o que eu lhe disse a ela eu deixava de falar três dias, tal seria o susto. Atrever-me a abrir a boca e a responder com a arrogância com que ela me respondia era absolutamente inimaginável. E era isso que me estava a esticar a paciência e a deixar os nervos em franja, aquela atitude do estou-me nas tintas para isso tudo, o despreendimento, quase desprezo, com que me ouvia e, sobretudo, a consciência de quase impunidade.

Tenho a mania que sou justiceira, que as injustiças aborrecem-me assim um bom bocadinho, mas sabia que havia pouco espaço para me mexer, que provas eu não tinha, eram só aquelas certezas certezinhas e uma atitude onde estava escarrapachado em letras neon sim fui eu, e agora, bates-me? chamas a polícia?

Se a rapariga fosse dada a estas vidas blogueiras podia até saber que estava em desvastangem, que a cabra sou eu, e bem mais velha e sabida. Assim, foi apanhada fora de pé. Fiz-lhe uma proposta. Daquelas irrecusáveis. E dei-lhe um recado, que podia ser para ela ou não, fosse passando a outros se achasse melhor - durante a manhã de hoje o telefone tinha de aparecer. Não me interessava como nem onde, desde que fosse na escola.

Não é que a vida tem coincidências estranhas? Hoje, ainda nem eram dez horas, estavam a telefonar-me da escola. O telefone tinha sido encontrado num corredor..... sem o cartão, que esse deve ter caído!... mas itambém sem um risco e inteirinho.

Confesso que suspirei de alívio. Não pelo telefone, mas por me ter safo naquela promessa que a minha boca grande demais tinha resolvido fazer. E estou que nem posso, que passei a ser a heroína da miúdagem. Foi a primeira vez que um telefone apareceu e as histórias que já se inventam sobre o que todos me viram a dizer aos maus da fita, mas nenhum ouviu nem vai saber, fazem-me sorrir discretamente de satisfação e dar pulos de contente cá por dentro.
Não desfaço o mistério, que os mitos fabricam-se assim e, caramba, a mim sabe-me bem e as minhas filhas estão radiantes, que foi a mãe delas que conseguiu e isso dá-lhes um estatuto redobrado lá pela escola ...

Será? Espero que sim, mas sou sempre tão céptica...

O “excesso de doentes” e a falta de dois médicos foram as razões dadas pela directora clínica do Hospital de Vila Franca de Xira, Ana Alcazar, para justificar a demora no atendimento na urgência daquela unidade na segunda-feira.

Setembro. 10 anos atrás. A Expo98 estava nos últimos dias e eu resolvi aproveitar os bilhetes oferecidos no Natal anterior para ir com as miúdas fazer a visita que tinha de ser. Na altura vivia perto de Coimbra e a forma mais prática de viajar com duas crianças pequenas e a babysitter da altura era de comboio.
Vimos tudo, revimos, e dois dias depois voltámos para casa. Tem piada, era segunda feira. Apanhámos um comboio Alfa em Santa Apolónia, instalámo-nos com as crianças e esperávamos chegar a Coimbra.
Eu e a Clara não chegámos. Na passagem pela novinha Gare do Oriente, e enquanto o comboio estava parado, aproveitei para ir lavar-lhe as mãos, que já deviam ter mais chocolate que uma mousse caseira. Iamos a sair da casa de banho quando se cruzou connosco a senhora de vestido azul. O comboio já tinha arrancado, estávamos quase em Sacavém, a senhora devia estar com pressa de chegar a algum lado, empurrou a miúda para passar e a seguir só vi uma porta de casa de banho de comboio a fechar-se, uma coisa em aço com ar resistente, e o dedo indicador da Clara a ficar lá preso.
O que se seguiu não foi bonito. O comboio afastava-se cada vez mais de Lisboa, decidido a parar só em Coimbra, a cada segundo que passava eu via os hospitais a ficarem para trás, o alarme foi puxado, que queria era sair dali o mais depressa possível, a minha mão comprimia um dedinho minúsculo com a cabeça segura por fios, o INEM foi chamado, no sítio onde o comboio parou não nos conseguiam tirar - aprendi que isso de puxar o alarme pode ser a maior estupidez... - e quase uma hora depois seguimos viagem. Próxima paragem, Vila Franca de Xira...
Eu não tinha telemóvel, mas um passageiro qualquer tinha-me emprestado um e os avisos à família estavam feitos. Os pormenores deixei por conta deles, que tinha mais com que me preocupar.
Entrámos as duas no Hospital de Vila Franca ao colo dos homens do INEM, que já tinha sido assim que saimos do comboio. Estávamos coladas. A minha mão agarrava o dedo dela desde o primeiro momento, o sangue tinha secado e eu não a podia tirar que não sabiamos o que mais viria atrás. Tinha dado "jeito", que usámos as nossas duas mãos livres para cantarmos o doidas doidas doidas andam as galinhas enquanto esperávamos, demasiado tempo, que nessas alturas até um minuto é demasiado, que o comboio recomeçasse a andar e nos levasse até Vila Franca. A Clara, mesmo com dedos esborrachados, é capaz de cantar, e eu lá tive de ser capaz também.

Fomos separadas já nas Urgências. O dedo estava a desgraça que se previa, precisava de ser refeito e foi chamado o cirurgião de serviço. Foi chamado, juro que foi chamado. Mas não vinha. E nós esperávamos e ele não vinha. E esperámos. E continuámos a esperar. Passou mais uma hora e nós esperávamos que esperança tem de haver sempre. Cirurgião é que nada.
Já disse que era segunda feira? Era, mas esperávamos quase sozinhas, que as urgências estavam vazias. Tão vazias e ninguém nos via quando começaram a andar para trás e para a frente umas funcionárias com ar aflito à procura de alguém. Seria do cirurgião de serviço?
Nas conversas nervosas das senhoras eu percebia a insistência em Secretaria de Estado. Já teriam aberto um inquérito para descobrir o desgraçado do cirurgião desaparecido?, pensava eu... Não, não pensava, que quando pensei resolvi o mistério. O meu telefonema do combóio.... Claro que se metia hospitais tinham ligado ao meu tio A. e à M. que eles é que são os experts no assunto. Tão experts que na altura eram os dois assessores do Secretário de Estado da Saúde. Estavam a trabalhar ainda, começaram a ligar para o Hospital para saberem de nós e, milagre!, não é que assim que cairam as primeiras chamadas apareceu logo o tal cirurgião desaparecido?

Soube por onde andava ele quando o meu tio chegou para nos levar de regresso a Lisboa. O dedo da Clara já estava no lugar, o trabalho foi perfeito, apesar de ainda hoje ter um ar esborrachado, e o cirurgião, um tipo novo e mal disposto, não acabou de jantar nesse dia. Nem ele nem a namorada, com quem estava a jantar enquanto eu e a Clara esperávamos numa curva de um corredor de hospital.

Já referi que o cirurgião estava de serviço às urgências, não já? E que era suposto não sair do Hospital, ou isto ainda não tinha dito?

É.... Era segunda-feira e havia um "excesso de doentes". Foi essa a razão, ou teria sido, se nesse dia as contas não tivessem saído mais furadas que o meu passador do leite, para o dedo de uma criança de três anos ficar longas horas à espera de ser remendado...

E as agências de viagens? Sim, já pensaram no prejuízo que vão ter?

Mais de 1.800 genéricos baixam de preço a partir de hoje, o que permitirá uma poupança anual de cinco milhões de euros aos utentes e de 10 milhões ao Serviço Nacional de Saúde, estima o Infarmed.

Confesso que quando hoje li esta noticía fiz um ligeiro sorriso de satisfação. Não por achar que vá poupar grande coisa em medicamentos, que também não gasto quase nada, mas por pensar que se se poupam quinze milhões de euros é porque, e LaPalisse não o diria melhor, se deixam de gastar, logo deixam de ser recebidos.
Pois, o meu sorriso de satisfação foi direitinho para os Laboratórios Farmacêuticos, esses desgraçados que lá vão ver os seus enormes lucros reduzidos uma pevide. Achei que iriam ter de apertar os cordões à bolsa, que os tempos já não são de grandes esbanjamentos.

Nem de propósito, que logo logo a seguir li esta notícia.

I Congresso Virtual Medicina Geral da Família arranca amanhã.

«Sem sair de casa e aproveitando as novas tecnologias, este congresso vai permitir reunir médicos que de outra forma nunca estariam em contacto», disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG), Luís Pisco, que preside ao congresso.

À semelhança dos congressos tradicionais, o objectivo do I Congresso Virtual de MGF é a troca experiências e informação, visando «o desenvolvimento da especialidade e um desempenho médico cada vez melhor junto do utente», explicou.

«Inicialmente o congresso era só para pessoas de expressão portuguesa, mas o interesse foi tão grande que rapidamente se estendeu a outros países«, disse Luís Pisco, salientando que são 1.300 os médicos inscritos, dos quais cerca de 750 são portugueses.


Congresso virtual? Virtual ??!! Sem precisarem de se mexer para aqueles hotéis do outro lado do mundo em nome da ciência? Para troca de "informações e experiências"? Então mas assim não pode ser, que as informações e, sobretudo, as experiências que mais se trocavam nos congressos tradicionais não são muito práticas de trocar online...
Tenho pena, tenho mesmo muita pena. Lá se vão as férias pagas, não é caros doutores?