Deficiência: PSD vai questionar Governo sobre legislação que obriga escolas a acolherem crianças com deficiência

Não foi fácil tomar esta decisão, mas não posso falar da Clara sem mostrar a Clara. Dizer que é linda, esperta, com um sentido de humor refinado e uma impressionante capacidade de avaliação das pessoas, sem mostrar a Clara, é estar a pintar com vulgaridades de mãe um quadro que quem nunca viu não consegue imaginar.
Vou pôr a fotografia da minha filha num blog? Vou! Mas quantas fotografias das minhas filhas não estão espalhadas pelos Hi5 delas, dos amigos e dos amigos dos amigos, sem qualquer controle ou conhecimento meu? Quantas andam por aí em telemóveis, descarregadas em computadores, por sítios a que já perdi o rasto e a razão do ter estado? Não vale a pena tapar o sol com a peneira e pruridos de virgem são falhos de pudor se virgindade não há.
Assim, e para princípio de conversa, esta é a Clara. Que só podia ter este nome, Clara.


Esta é, então, a Clara.
Que foi operada ao coração aos 6 meses porque "agora já se acha que vale a pena operar estes meninos" e que, desde os dois anos, está integrada em escolas ditas "normais". A Clara. Uma criança que é igual às outras, porque sempre foi tratada como todas as outras e nem de outra forma podia ser.
Há vinte anos atrás a Clara não seria esta Clara.
Mas há Rosas, Joões, Manueis, Anas, Margaridas, Carlos e tantos tantos nomes a quem não é ainda permitido que sejam crianças. A quem, por razões mais ou menos nobres, que nós até não discriminamos ninguém, isso eram histórias do antigamente, não é ainda dada a possibilidade de se misturarem e deixarem as suas diferenças crescer no meio das outras diferenças todas e ficarem menos diferentes por isso.

Vou voltar à Clara, muitas e muitas mais vezes. Todas as que forem precisas para que uma folhinha, pelo menos, mude de lugar e destape mais uma Clara.

2 comentários:

Anônimo disse...

Felicito-a por este post. o amor é sempre arrojado!
"todos diferentes, todos iguais", slogan bonito aplicado na caixinha de pandora das ideias, dos conceitos, das reflexões, dos estudos, dos tratados,das dissertações, las leis, dos regulamentos, etc.
Na prática,a realidade é outra:na prática, uns são mais iguais e mais diferentes que outros; na prática os nossos "palhaços de Deus" dançam sozinhos "no fio da navalha".
Urge, pois, passar, no nosso quotidiano, das vãs palavras à acção sentida e continuada, a fim de alterar esta triste realidade.
Lamentávelmente,ainda estamos a anos luz do SENTIR profundo das palavras do grande poeta/pedagogo, Sebastião da Gama:

"E ainda se persiste no erro de que a grande desgraça é não saber ler.
qual coisa. A grande desgraça é não saber que os pássaros têm frio."

Bem haja!

P.S. A Clara é linda! Deixo-lhe,aqui, um grande beijinho.

Teresa disse...

os pásssaros têm frio, mas têm sobretudo vontade de voar. por vezes é só preciso um empurrãozito e tirar a mão de baixo. ou de cima...

obrigada, mãe. volte sempre.