É uma das minhas aventuras preferidas do Astérix, no meio das outras todas preferidas também. Para quem não conhece é a história da construção, pelos romanos, de um condomínio fechado, uma coisa assim para o luxuosa, ao lado daquela aldeia que resiste ainda e sempre ao invasor. Lá acharam os tontos dos romanos que os "...ix" todos, que não vencem pelas armas, seriam vencidos pela civilização. Claro que tudo acaba com o Obelix a voltar a caçar javalis no meio das ruínas do lindo empreendimento e os gauleses em mais um banquete.
Lembrei-me disto quando fui pôr gasolina depois de levar as miúdas à escola. Afinal o Reino dos Algarves é também o reino dos domínios dos deuses. Ali mesmo ao lado começam os hoteis, aparthoteis, condomínios e semdomínios, villages e town houses, flats, piscinas aquecidas que aqui o frio é muito, bares ingleses que sem cerveja quente os tipos não vivem e todas as maravilhas do progresso.
Fomos conquistados!
Fomos? Não, que pelo menos esta aldeia resiste ainda ao invasor. É, estava a pôr gasolina quando voltei a perceber que vivo no paraíso. Ou melhor, não estava a pôr gasolina, eu estava confortávelmente dentro do carro enquanto o empregado das bombas punha gasolina... E há mais duas bombas por aqui. Também não são das modernaças, com um self-service escrito a néon.
E tenho cafés com cerveja fresca e aguardente de medronho e letreiros a dizer "Neste estabelecimento PODE-SE FUMAR" (não que isso agora me traga grandes vantagens, mas gosto mais assim), e tenho ovos borrados das galinhas, e favas da D. Maria, e agriões da ribeira, e apanho alhos franceses e espinafres selvagens - por acaso já repararam, gente das cidades, que na Praia da Galé as dunas estão cobertas de espinafres, ali, mesmo em frente aos restaurantes?- e mais de dois carros na estrada já é um engarrafamento, e vejo perdizes e lebres e cobras quando saio de casa (sim, gosto de cobras, ainda devemos ser da família) e tenho um arranja tudo (por aqui tenho de dizer handyman...) que vem assim que é preciso e tenho a aldeia do Astérix à minha disposição. Até o bardo vai todos os sábados e domingos animar o baile no café da Lurdes, que eu bem o oiço cá em casa.
Os Domínios dos Deuses estão mesmo ali ao lado, mas servem-nos a nós e não nós a eles. Querem empregadas de limpeza? Pagam-lhes dez euros à hora e nem chiam, a mim nem digo quanto pagam que as paredes têm ouvidos e daqui a mais um bocadinho troco de roupa e vou almoçar na varanda do Sheraton - com o mar na minha frente e os romanos a servirem de figurantes.
Depois, depois volto para a minha civilização.
Lembrei-me disto quando fui pôr gasolina depois de levar as miúdas à escola. Afinal o Reino dos Algarves é também o reino dos domínios dos deuses. Ali mesmo ao lado começam os hoteis, aparthoteis, condomínios e semdomínios, villages e town houses, flats, piscinas aquecidas que aqui o frio é muito, bares ingleses que sem cerveja quente os tipos não vivem e todas as maravilhas do progresso.
Fomos conquistados!
Fomos? Não, que pelo menos esta aldeia resiste ainda ao invasor. É, estava a pôr gasolina quando voltei a perceber que vivo no paraíso. Ou melhor, não estava a pôr gasolina, eu estava confortávelmente dentro do carro enquanto o empregado das bombas punha gasolina... E há mais duas bombas por aqui. Também não são das modernaças, com um self-service escrito a néon.
E tenho cafés com cerveja fresca e aguardente de medronho e letreiros a dizer "Neste estabelecimento PODE-SE FUMAR" (não que isso agora me traga grandes vantagens, mas gosto mais assim), e tenho ovos borrados das galinhas, e favas da D. Maria, e agriões da ribeira, e apanho alhos franceses e espinafres selvagens - por acaso já repararam, gente das cidades, que na Praia da Galé as dunas estão cobertas de espinafres, ali, mesmo em frente aos restaurantes?- e mais de dois carros na estrada já é um engarrafamento, e vejo perdizes e lebres e cobras quando saio de casa (sim, gosto de cobras, ainda devemos ser da família) e tenho um arranja tudo (por aqui tenho de dizer handyman...) que vem assim que é preciso e tenho a aldeia do Astérix à minha disposição. Até o bardo vai todos os sábados e domingos animar o baile no café da Lurdes, que eu bem o oiço cá em casa.
Os Domínios dos Deuses estão mesmo ali ao lado, mas servem-nos a nós e não nós a eles. Querem empregadas de limpeza? Pagam-lhes dez euros à hora e nem chiam, a mim nem digo quanto pagam que as paredes têm ouvidos e daqui a mais um bocadinho troco de roupa e vou almoçar na varanda do Sheraton - com o mar na minha frente e os romanos a servirem de figurantes.
Depois, depois volto para a minha civilização.
Um comentário:
A descrição assim, é mesmo só para fazer inveja, tá na cara!!!
Faxavor de escrever outro falar nos inconvenientes?????
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