Se um génio de uma lâmpada mágica me oferecesse três desejos eu pedia-lhe um dia inteiro, ou dois, porque teria muito caminho para percorrer, a poder olhar para mim pelos olhos dos outros que me olham e a seguir, só a seguir, faria o segundo e o terceiro.
A mãe das minhas filhas não é a amante do pai delas, a amiga da loira não é a irmã dos outros dois, a cúmplice da Peixa não é a miúda do Santo, a penfriend não é a filha da minha mãe, a gorda não é a jeitosa, a vizinha da frente não é a vizinha do lado, a Teresa não é a Txintxin, e quando tento juntar estas todas até posso sair eu, só posso sair eu, mas a eu que sai desta balbúrdia é uma eu que sendo eu não sou só eu e de quem não consigo adivinhar os desejos porque tenho um par de olhos para olhar para mim mas vivo a ser olhada pelos muitos mais que me alteram a matéria tal como fariam a um quark qualquer confinado e sem estado livre que não pode ser conhecido mas somente inferido pela medida das partículas de que é feito.
E eu sou, mesmo que não o conceba, o resultado das visões dos olhos todos que me vêem.
As partículas da minha física
ARTUR E OS MINIMEUS
Dr. Daniel Sampaio,
Quando um adolescente nos diz "Tu ainda tens um rabo rijinho", devemos:
- dar-lhe uma lapada porque nos apalpou?
- dar-lhe uma lapada pelo "ainda"?
- dar-lhe uma lapada por não ter idade para ser pai dele?
Agradecida.
Mrs. Robinson
Já agora, doutor, que tá ca mão na massa...
Quando o Shark nos diz: "vais ter um rabo lindo até ao fim dos teus dias", devemos:
- dar uma trancada com ele por ter tão bom gosto?
- dar uma trancada com ele pelo "lindo"?
- dar-lhe uma lapada por ter demorado tanto tempo a dizê-lo e depois uma trancada para fazermos as pazes?
Agradecida,
leitora anónima
Diálogos Marinhos
OS AMIGOS DOS AMIGOS E OS AMIGOS DAS AMIGAS
É que nem dá para fazer sondagem
Mas que estou curiosa, estou. Digam, ali em baixo na caixinha, em que circunstâncias, tirando as óbvias em que elas servem de grampo e porque ninguém quer acabar a estatelar-se no chão, se tem um orgasmo com as pernas entrelaçadas no outro e terminado o orgasmo as pernas se mantêm entrelaçadas, ou seja, de músculos retesados tal qual estavam.
Só curiosidade, claro.
FÓNIX QUE EU DEVO ANDAR A FAZER A COISA MAL FEITA
E se, de facto, a prática corrente é quebrar o recorde dos 100 mts barreiras depois de se virem, eu não percebo mesmo nada de sexo. O que, bem vistas as coisas, é capaz de ser o caso.
P.S.: Os segundos têm tendência a estender-se se acabares debaixo do adversário. Dizem-me que é mais difícil sair debaixo do que sair de cima... Dizem...
P.S.1: O Coyote Ugly foi um mau exemplo, Chefa. "Did you ever wake up sober after a one night stand, and the person you're next to is layin' on your arm, and they're so ugly, you'd rather chew off your arm then risk waking 'em? That's coyote ugly." Não só estão entrelaçados como dormem juntos, Chefa. E abraçadinhos e tudo... Será amor?
Sócia, tu concentra-te, estás a falar de sexo.
Havia ali qualquer coisa que não me fazia sentido mas estava tão bem disfarçada que foi preciso começar a fazer o desenho para dar com o rabo do gato escondido.
"I THINK I COULD FALL MADLY IN BED WITH YOU."
Triste, muito triste....
É ter ido lá fora, reparado que o pátio estava cheio de folhas caídas e as sebes aparadas, ter pedido explicações à mais nova e ter ouvido um Ai tu não percebeste? Andaram aqui a cortar as nossas sebes.
- Ai foi? O anão aqui do lado veio tratar-nos do jardim?
- Não!!!.... Foi o da frente. O alto, giro e de olhos azuis...
Ora muito bem, tive um gajo alto, giro, de olhos azuis e de serra eléctrica empunhada a aparar-me a folhagem e não dei por nada.
Foda-se, ou estou cega e surda ou devo estar apaixonada.
(EU ESTOU DE GREVE! JÁ ALGUÉM REPAROU?)
Sexão correio sentimental, mais uma posta amorosa
Já que a Chefa anda distraída com casamentos reais e a tentar pôr ordem no curral, alguém tem de botar alguma titica no ventilador, de modos que vou já colocar a segunda questão existencial da sexão de correio sentimental. E vou já dizendo que isto - à diferença da posta anterior - não é um supônhamos. É um assunto sério e merece reflexão aturada.
Hoje ao almoço um amigo meu proferiu a seguinte frase: "Sexo não tem nada a ver com amor". Aguardo os contributos do rebanho.
UM TEXTO PARA UMA TARDE DE SOL
"Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos. Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas. Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro. Oferece-lhe outra chávena de café com leite. Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice. É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua. Ela tem de arriscar, de alguma maneira. Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo. Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois. Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo. Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo. Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype. Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas. Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê. Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve." (Rosemary Urquico)
VIÚVA NEGRA
(Tou quase a desistir desta merda. Atão não é que a Chefa acha que eu sou uma Viúva Negra?)
(É que nem uma letrinha me sairá destes dedinhos até a Chefa me dar autorização para enfiar a pila onde me apetecer!!!)
Ass: Mente em strike mode
Já que se está com a mão na pila
Regra #324-A do Cabra
1. No caso de se vir a verificar a entrada de novos elementos nesta casa fica rigorosamente proibida a introdução de pilas e/ou troca de fluídos com e entre os novíços;
a) A Chefa, e unicamente a Chefa, tem a prerrogativa de ANTES da inscrição se tornar definitiva fazer o devido teste ao material, se assim o entender, considerar necessário e/ou lhe apetecer muito ;
b) Em caso algum ficará a Chefa obrigada a prestar contas ou a apresentar relatório do serviço efectuado podendo, não obstante e se lhe aprouver, fazer descrições pormenorizadas em público ou em privado.
2. O previsto no número anterior não se aplica aos cabras com mais de dois anos de casa desde que o façam exclusivamente entre eles e cumpram, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Estejam devidamente autorizados pela Chefa devendo a referida autorização ser requerida com, pelo menos, uma hora de antecedência sendo que cabra que é cabra tem de se aguentar mais que isso;
b) Pagamento à Chefa de uma Bula a determinar caso a caso e podendo ser exigido por ela que este pagamento seja feito em espécie;
c) À cautela a Mente Quase Perigosa AKA Peixa nunca poderá beneficiar deste regime excepcional.
E por falar em pilas
Bom, diz que a nova cabra de serviço se emancipou mais um bocadinho de modos que eu gostava de lançar uma (ou várias, quiçá) acha(s) para a discussão primaveril aqui do curral.
Lembrei-me de vos propor uma sexão Consultório Sentimental e sem esperar pela resposta vou desde já inaugurá-la, colocando aqui uma questão existencial.
Apesar de ter ali afirmado numa caixa mais abaixo que tenho um amigo que sabe ser colorido sem imaginar que quero casar com ele, tenho algumas dúvidas sobre a possibilidade de manter amizades coloridas saudáveis e profícuas. Por exemplo, e isto é um supônhamos:
Gaija meets gaijo. Dão-se bué da bem. Gaijo mostra interesse em gaija. Gaijo é casado. Gaija é livre e desimpedida e começa a ver gaijo com outros olhos - e até corre sério risco de se apaixonar. Sendo que a) gaija pretende que a amizade seja preservada e até tem cadastro de amizades anteriores destruídas por via de coloração apaixonada; b) gaija e gaijo não falam de um assunto que está latente mas não é verbalizado; c) gaija e gaijo têm poucas hipóteses de se encontrar e em princípio estará sempre gente à volta a não ser que combinem e para isso teriam de verbalizar; que deveria a gaija fazer: a) atirar-se de cabeça ao gaijo e seja o que deus-nosso-senhor quiser; b) deixar-se ficar sugadinha e deixar que seja o gaijo a tomar a iniciativa; c) voltar-se para o outro lado e dar umas belas quecas com um amigo colorido por quem não corre o risco de se apaixonar e ficar com o coração partido?; d) nenhuma das anteriores; e) todas as anteriores.
Repito, isto é um supônhamos.
Mas que las hay las hay...
- Isto não funciona.
Ok, a gaijinha bloqueou o telemóvel que a Tia Peixa lhe desenrascou. Bloqueio de telefone, está lá, escrito sem margem para dúvidas e sem apelo nem agravo.
- Que fizeste?
- Não sei....
- Andaste a brincar com isto?
- Não sei.... estava assim....
Tenta, Teresa, tenta, inventa números, vá, começa pelo 1111 e vai por aí fora que as combinações não são assim tantas, devem ser 10 elevado a qualquer coisa ou assim que de números não percebo nada. Código incorrecto. Código incorrecto. Código incorrecto. 'bora lá tentar palavras. Código incorrecto. Código incorrecto. Código incorrecto.
- C., diz-me, tu estiveste a brincar com o telefone?, que números aqui puseste?
- Então, era ...., e era ......., e era......, e era.....
e ia debitando números aparentemente sem nexo e eu ia escrevendo, tentando, código incorrecto, e escrevendo outra vez, estás a inventar para aí mas olha, inventa que pode ser que acertes.
Não, não estava a debitar números ao acaso. Tinha-me dado o meu número de telefone, o da irmã, o do pai, o da avó, mais uma porrada deles e, a cereja no topo do bolo, a porra do PIN, do PUK e da referência multibanco em que tinha posto os olhos por poucos minutos há mais dias do que aqueles que consigo contar quando deixei o cartão do telefone esquecido em cima da mesa. Está tudo ali, certinho e sem falhas na cabeça dela mas a minha é que já não tem capacidade para lidar com mais isto porque talvez se eu não estivesse tão esgotada visse aqui qualquer coisinha boa, sei lá, deve dar para a pôr a render, ou não? Eu já vi aqueles filmes todos dos gajos que contam cartas em Las Vegas e dos outros que vão para a NASA e assim....
"NUM AMBIENTE DE GUERRA NINGUÉM CONSTRÓI. TUDO O QUE SE CONSEGUE É DESTRUIR."
Da amizade compilada
Isto dos blogues mistos tem a vantagem de a pessoa poder aceder a pontos de vista dos dois lados da barricada que afinal é uma barrigada (de riso), isto dos géneros, a menina e o menino e o mundo tão diferente como a gente afinal o vê.
E é isto.
Porque um dia também vamos ter o Dia Internacional da Blogaria e vão-me entrevistar como àquele velho castiço que é rádio amador há mais de sessenta anos e nem imagina menina isto é uma maravilha eu sento-me aqui nesta cadeira, ponho os auscultadores, ligo o rádio e falo com gente de todo o mundo e depois pode estar até Sol aqui e lá a chover e tenho amigos em todo o lado e nunca os vi e a malta dos sms e do facebook e dos tuítes e de sei lá o que mais vai olhar para nós, os bloggers empedernidos velhos e teimosos e fazer um sorriso condescendente como eu fiz ao ver aquela parafernália imensa - a onda entra, bate na válvula, esta aquece, já está a fazer barulho, e o som sai - que lhe permite, vejam lá, ter o mundo todinho aqui neste escritório, e quando me tentarem explicar que eu já passei à história e que quaisquer 140 caracteres podem muito mais porque até já fazem cair facínoras e tudo eu vou dizer que sim, pois claro, mas, que querem?, isto é um vício. Allo, D. Rosa, D. Rosa, chegou a sua filha do Brasil.
A ROSE IS A ROSE IS A ROSE IS A ROSE*
A premissa é simples. Uma gaija é amiga de um gaijo. Só somos amigos de quem gostamos, certo? Nós preocupamo-nos com os nossos amigos, certos?
ARRE PORRA!
(Acham mesmo que eu tenho vida para isto? Esta gente vem imbuida do espirito da Páscoa e do voltar à vida e assim e esquece-se que a malta já não tem mãos a medir e o tempo não estica. Eu vou ter mesmo que me desunhar e escrever posts? Era só o que faltava...)
Foi a Chefa que me obrigou a meter os cornos outra vez.
E a pessoa interroga-se, claro, como é possível acontecer tal coisa. Mas a pessoa olha para a exigência de um bocadinho de coerência e acha-a sempre pequenina, por comparação.
Isto não está para graças
Ontem perguntaram-me se gostaria de ser mais nova e, pela primeira vez na minha vida, respondi que sim.
F***-se, sinto-me velha.*
*e devo estar mesmo que já nem um foda-se de jeito escrevo.
Xou!....
A NOITE DOS MORTOS-VIVOS
Susto, susto era se tentassem ressuscitar este blogue também!