Do Mr. Smith só sei uma coisa - é um homem desonesto porque ou pagou cinco milhões em subornos ou ficou com o dinheiro para ele. Parece que há quem saiba muito mais, mas eu, que já há muito não vou ao cabeleireiro, só sei isto.
É que parece que o tal Mr. Smith, de quem não se conhece curriculum para além de ser inglês, o que deve ser certificado de alguma coisa, foi encarregue por outros ingleses de conseguir a aprovação de um projecto, acho que era um mega-projecto o que explica a quantidade de bites que agora por aí andam, daqueles mesmo mesmo difíceis.
Claro que foi uma manobra altamente inteligente por parte dos ingleses que não eram o Mr. Smith, porque está-se mesmo a ver que o Mr. Smith para além de conhecer todas as leis cá do burgo conhecia também quem lhes punha as virgulas e os pontos finais. E como não há inglês que não saiba que não existe qualquer povo civilizado para além do Canal da Mancha, convém ter um Mr. Smith no local que conheça bem os paus com que as canoas se fazem e saiba como fazer andar o homem dos remos.
O Mr. Smith, o nosso Mr. Smith, o quase tuga Mr. Smith, fez o que lhe pediram, ou foi fazendo, e os ingleses que não eram o Mr. Smith foram também fazendo o que lhes competia e o Mr. Smith lhes ia pedindo - foram-lhe enchendo as contas com as libras de Sua Majestade.
No fim estava tudo muito contente, os ingleses de lá com um shopping cá e o inglês de cá shopping lá. O pior foi que os ingleses de lá queriam saber ao certo ao certo para que tinha sido aquele dinheiro todo e o Mr. Smith, que até já sabia umas coisas daqui, fez o milagre do costume - com o regaço cheio de pão, e de mais umas coisas que cinco milhões em carcaças era muita carcaça, abriu o manto e entregou as rosas - subornos senhores, foram subornos, que estes selvagens são assim. E os ingleses, os tais que não deviam ser muito espertos porque até tinham contratado o Mr. Smith, acreditaram na palavra dele. Um inglês não mente, toda a gente sabe e a Felícia Cabrita jura.
Afinal até parece que o tal projecto foi aprovado sem ser preciso mudar virgulas e pontos finais, mas essa história não devia dar jeito nenhum ao Mr. Smith.
E eu até sei outra coisa do Mr. Smith - sei que não é capaz de prestar contas de cinco milhões de Euros. Ele diz que os pagou a uns gabirús mas os gabirús, como são gabirús, dizem que não sabem de nada e não viram a côr do dinheiro. Mas só podem ter-se afiambrado com as notas, que o Mr. Smith até escreveu isso nuns emails. Uns emails que mandou aos chatos dos outros ingleses que lhe estavam a pedir contas.
Este Mr. Smith é mas é um espertalhaço, porque ou conseguiu o que os senhores do BES não conseguiram, que foram apanhados mal puseram o pé naquela quinta tão gira para fazer um campo de golfe e que até tinha umas regras feitas só para ela e umas autorizações especiais assinadas pelo Telmo Correia no último dia que pisou o gabinete de ministro, ou embolsou os cinco milhões.
O que me intriga no meio disto tudo é porque é que o incrível Mr. Smith é tão crível. Muito mais crível que um primeiro ministro que por acaso até é nosso. Mas deve ser por o Mr. Smith não ser um Sr. Silva qualquer, ele é inglês e nós sabemos perfeitamente que lá fora é que é tudo bom, porque o Sr. Pedro, sócio do Mr. Smith, jura a pés juntos que nunca pagou subornos a ninguém. Valem-lhe de pouco as juras. É que o Sr. Pedro não é um mister, o Sr. Pedro é português e só pode ser desonesto.
Há 2 anos
3 comentários:
está bem visto, a n. subserviência tradicional com os ingleses tem implicações de que nem nos apercebemos, ainda bem que lembraste.
Temos desculpa: ficámos todos a achar que a Filipa de Lencastre tinha sido boa mãe, e nós ficamos sempre agradecidos às mães pelos mimos, durante séculos.
Ela armou os filhos cavaleiros. Claro que o melhor de todos, o duque de Coimbra lá se foi em Alfarrobeira, triste sina. O duque de Viseu abriu-nos os mares, tinha o monopólio do sabão, e muito das pescas, além dos recursos da ordem de Cristo.
Só no futebol é que a gente se vinga, pimba!
contra smiths
Ora aqui está um post que coloca as coisas na devida perspectiva.
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