Bem prega Frei Tomás

Como é que a Igreja Católica, que durante séculos tem vindo a educar crianças em ambientes onde a mistura dos sexos implicava pecado, porque, que eu saiba, colégios, mosteiros, conventos, seminários, missões, escolas, eram exclusivamente masculinos ou femininos, pode agora dizer uma coisa destas:

«Quando se juntam dois homossexuais, eles ou elas, se há crianças, evidentemente, aquela união, aquele casamento, não pode providenciar a formação das crianças»

"porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe. E não de dois pais ou de duas mães», acrescentou D. José Saraiva Martins.

23 comentários:

Visconde de Vila do Conde disse...

Teresa, Teresa...

(cansada, não é?...)

Anônimo disse...

é um nojo tão grande a hipocrisia da igreja que nem tenho palavras,

dissolvam-se no seu ácido, e eu vou ajudar

Cristo está fora disso tudo, esse está ressuscitado em tod@s @s que o amam,

Teresa disse...

Sim, Visconde?

Teresa disse...

Z, acho que já nem é hipocrisia mas falta de inteligência.

Visconde de Vila do Conde disse...

D. Saraiva Martins é, objectivamente, um tonto. Mas é um tonto coerente e eu, cada vez mais, aprecio os que não se escondem atrás da moita e que dizem o que têm a dizer. E não é nenhuma surpresa Saraiva Martins ter esta abordagem (ele cita a Bíblia e como Deus criou Homem e Mulher para defender a sua tese e esta argumentação diz tudo). O que me irritará é que, entre hoje e amanhã, virão uns quantos bispos colocar água na fervura e dizer que não é bem assim, e tal. É mesmo assim e a Igreja só tem a ganhar em vincar sem equívocos a sua posição, por mais ridícula que seja (e, neste caso, é...).

Agora, minha querida Teresa, não vejo a relação entre colégios de raiz religiosa em que há meninos de um lado e meninas do outro e homossexualidade. Porque aí teríamos que questionar as turmas de educadoras de infância, a rapaziada do Colégio Militar, o Guidismo e as forças militares ainda há poucos anos.

Teresa disse...

Visconde, se ler a pasta onde "enfiei" este post vê que retirei a homossexualidade da discussão.
Independentemnte da minha opinião sobre o D. José Saraiva Martins e a sua Causa dos Santos o que ele (também) disse foi que dois homens ou duas mulheres não podiam formar bem uma criança, que havia aqui uma lacuna porque faltava a outra parte. Para estas afirmação não interessa se são homossexuais ou não, o Cardeal apontou somente a falta que a faz a uma criança ter o equilibrio da educação dada por dois sexos diferentes.
É só este ponto que quero rebater e não tem nada a ver com homossexualidade, como já disse. Se a Igreja considera que o equilibrio é necessário não faz sentido andar a educar crianças sem lhes proporcionar esse tal equilibrio que defende.
Sim, esta é a tal coerência de que o Visconde gosta e eu gosto também. Como disse noutro post os argumentos que utilizamos são perigosos porque não podemos pretender que sirvam só as nossas razões. A regra, para ser válida, tem que poder ser aplicada em todos os casos idênticos e é isso que, neste caso, a Igreja não está a fazer.

Mas já que se fala em hipocrisias digo já que considero muito menos hipócrita a posição da Igreja sobre o casamento que a posição da maioria da nossa esquerda de boutique (e sim, sou de esquerda!). Acho mesmo incrível como se passou a defender um instituto que, até agora, era burguês e tinha resquícios de uma moral caduca. Muitos dos que agora reclamam o direito ao casamento são os mesmos que há uns anos atrás protestavam contra o facto de o Estado ter a pretensão de regular um contrato que devia ser livre.
Percebo que seja justa a luta pela igualdade de direitos mas continuo a achar que os fins não justificam os meios e passar a defender o que não se acredita é nivelar por baixo.
Neste aspecto a posição da Igreja, independentmente de eu concordar com ela ou não, que não concordo, é muito mais clara - não muda uma virgula em tudo o que sempre defendeu e que se baseia nos valores que para a Igreja são os relevantes e universais.

E eu nem estou a falar de "papo cheio". Apesar de ter tido uma educação católica não sou praticante e há muito que perdi a Fé, portanto se algum dia me casasse pela Igreja seria só pelo folclore, de que nem gosto muito. Como acho que o único sentido do casamento é o religioso, é encará-lo de uma forma sagrada, e para mim esse perdeu-se, nunca me casei. O casamento civil não tem qualquer lógica hoje em dia.
É um instituto obsoleto que tnde a desaparecer. Baseia-se num contrato em que as partes nem conhecem as cláusulas, que permite que estas sejam violadas sem qualquer penalização para a parte faltosa e com que elas só se preocupam no momento da rescisão. Institui alguns direitos, mas são meramente formais. Bastava alterar duas ou três regras do Direito de Família e do Direito Sucessório para se atingirem os mesmos fins e com muito mais eficácia, poupando dinheiro público em papeladas e processos. (para não correr o risco de ser mal interpretada estou a falar do casamento civil em geral, sejam lá os noivos quem forem)

Visconde de Vila do Conde disse...

Teresa, na verdade nunca leio as "etiquetas", reparará que eu próprio não as uso.

E, se retira a ideia "colégios unisexo implica homossexuais a médio prazo", então não percebi mesmo a linha condutora do post.

Como você, ao contrário de mim, tem sempre uma linha condutora no que escreve, vou ler outra vez. A não ser que você seja linda para mim e me mostre o caminho das pedras...

shark disse...

Fica-te bem, Chefa, o pudor de não teres ido mais além na exibição de incoerência para referires o recentes escândalos pedófilos nos EUA e noutros países do mundo que deveriam (pela proliferação) embutir algum tino nestas batinas desbocadas.
Mas eu não sou meigo para os bispos desde o dia em que aprendi a jogar xadrez.

E porque recorro eu a um exemplo que pode reflectir uma posição extremada, mesmo sabendo que não se deve tomar o todo pelas suas (abjectas) partes? Precisamente porque o bispo passa um atestado de incompetência geral, sem admitir a excepção de duas pessoas (que até podem ser católicas praticantes) do mesmo sexo poderem tratar-se de excelentes formadores de personalidades. Ou seja, basta não existir a combinação adequada para a coisa não resultar.
É um insulto e não um disparate, não é uma atoarda inocente e mostra bem o quanto a igreja abraçou a alma politiqueira nesta fase de desacerto.
E se o bispo das pretas se sente no direito de avançar na diagonal enviesada vestindo a todos a mesma pele de inaptos desde que possuam a mesma combinação de cromossomas, eu, que até sou mais desbocado e impune do que o bispo, posso perfeitamente assumir-me preconceituoso e afirmar aqui que jamais entregaria filho meu aos cuidados da instituição que ele representa. Por causa do tal problema das generalizações fundamentalistas...

Teresa disse...

Visconde não sei ao que o Cardeal se queria referir quando disse que duas pessoas do mesmo sexo não podiam educar bem uma criança. Eu presumi que quis dizer que faltava naquela educação a perspectiva masculina ou feminina. Não creio que a acusação fosse que uma criança educada por um casal homossexual será homossxual, pois essa conclusão é demasiado ridicula para ser usada até pelo Saraiva Martins.
Foi de acordo com a minha presunção que fiz o post - se uma criança prcisa sempre das duas prspectivas toda a educação nos colégios unisexo está errada. Isto levando até ao fim este raciocínio.

Teresa disse...

Shark, não é pudor, é achar que as coisas não têm de ser misturadas. Contesto o que foi dito como se de uma verdade absoluta se tratasse. Como depois a própria Igreja actua é matéria para muitos outros posts.

Quanto a não entregares um filho para ser educado por esta instituição não é fundamentalismo. Eu dificilmente gostaria que qualquer instituição educasse um filho meu, mas neste caso meto no mesmo saco a Igreja, os militares, a Albânia do Hoxha, a China do Mao ou até um selecto colégio inglês.

Anônimo disse...

Visconde, sinto-me inibido de exemplificar abundantemente por razões afectas a outros que não a mim.

Mas também acho bem que apareça este cardeal, assim já tenho um nome para mencionar em concreto, um anormal para exemplificar o que é ser ignorante e impostor.

E assim vai ser.

A homossexualidade sempre foi tolerada e alimentada dentro dos circuitos da igreja católica porque é muito conveniente para servir petiscos à hierarquia, e quanto mais púrpura melhor qualificado para o efeito.

Se fosse tudo de livre vontade estava-me nas tintas, é com eles, eu detesto aquelas roupas era incapaz de ir com um gajo assim - uma vez um bispo empernou comigo, ou tentou, com tal furibundicidade num carro, que até tive de mudar de lugar na primeira oprtunidade e fiquei a perceber que estão muito mal habituados a levarem negas, sequer a terem respeito pelas pessoas ao primeiro sinal de não interesse.

poder, sempre poder, nojento insisto, a única desculpa é que eu acho que isto é tudo por fases civilizacionais que contêm forças que estão para além do nosso controlo e que se arrumam em modus operandi que são as estruturas, nas épocas,

é normal que a igreja católica procure contrariar o máximo o casamento civil entre homos, porque vai perder mais clientela, e petiscos de futuro, e poder

a hipocrisia é toda quando é por demais evidente que Jesus Cristo teria coisas com homens, as ligações muito fortes entre homens passam pela partilha sexual, e João era o amado, aliás também deve ter sido por isso que ele foi crucificado,

sim Teresa, além de descalibrar a homofobia ou pelo menos basculá-la eu também quero que o contrato de casamento civil seja banalizado como solução

shark disse...

Tu achas, e muito bem, que as coisas não devem ser misturadas.
Contudo, quando analisamos o que diz o bispo percebemos que o problema não está no sexo que as pessoas têm mas sim no sexo que praticam.
Senão vejamos: se um padre viver com o seu sacristão e ambos acolherem um órfão desafortunado para o criarem não me parece que venha da santa mãe igreja algum tipo de censura ou de proibição.
O mesmo se aplica a duas daquelas benditas beatas que se prestam a acolher crianças e que até moram na mesma casa.
A mistura está no facto de o problema do bispo residir na homossexualidade assumida por inerência por quem reclame o direito de casar.
E se um bispo pode ir por esse caminho, eu merecerei o perdão.

Anônimo disse...

exactamente camarada Tubazão o problema na igreja católica não é ser homossexual desde que seja dentro dos circuitos da hierarquia e do comércio inerente de favores e sei lá que mais, o problema é ser homossexual livre e honestamente, aí é que cai o Carmo e a Trindade- onde é que vamos parar, já não há respeito pelas instituições e seus dignitários?

As instituições quando estão tremidas comportam-se como sociopatas, matam mesmo, simbolica ou mesmo realmente.

mas eu não desisto que os miúdos possa crescer num mundo melhor. E o meu pau também não.

shark disse...

Não lhes dês folga! Aos bispos e ao pau...
:)

Visconde de Vila do Conde disse...

Teresa, entendi. Eu sabia que havia uma linha condutora.

(Há sempre...)

Anônimo disse...

não dou não, e chega-me um ouriço caixeiro vir ter comigo para eu me sentir recompensado - tem um focinhito lindo o bicho,

bem logo tenho outra visita à casa vou esticar as patas

Teresa disse...

Shark, isso foi o que eu disse, não foi o que o Cardeal disse. Sim, todos sabemos que, para ele, a questão está no sexo que praticam e é por isso mesmo que não tolero estas fugas para a frente. O que o Cardeal fez foi tentar generalizar quando queria particularizar mas essas tentativas de abrangência só colam se estivermos distraídos e o tiro pode sair furado. Foi o caso.

Rectificando. A questão, para a Igreja, nem está no sexo que praticam, que como diz o Z e muito bem a homossexualidade sempre esteve presente na Igreja, o problema está em assumir publicamente o sexo que praticam.

Visconde de Vila do Conde disse...

z, os casos de homossexualidade (e, já agora, de relações heterossexuais, que estão no mesmo patamar de coisa proibida) nos que escolhem uma vida dedicada a Deus, seja ele qual for, estão aí, uns mais dissimulados que outros.

Quando eu digo que acho bem que a Igreja fale claro, digo-o porque sei que, falando, se expõe e fica mais vulnerável às suas próprias contradições. E isso vai sair caro, vão-se perder pelo caminho alguns padres e bispos que farão falta na condução do rebanho, perder-se-ão pelo caminho alguns fiéis que optarão por uma redenção mai fácil.

Anônimo disse...

Olha, eu assumo na boa que me farto de comer bispos (como-os ao pequeno almoço) mas o que me satisfaz mesmo a sério é comer a rainha.
:)

Teresa disse...

Não concordo, Visconde. Se a Igreja falar claro pode não perder mas ganhar. O que a Igreja já devia ter feito, há muito, era exactamente isso - ser coerente com os seus princípios. Se o for talvez chegue aos primórdios puros de que fala o Z e acredito que ganharia sguidores e fiéis.
Há pouco tempo um amigo comum, católico, explicava-me que o casamento, para a Igreja, era comunhão e que, sendo assim, não haveria qualquer problema de nele incluir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. O valor principal mantém-se só se altera a forma como é preenchido. Consigo perceber esta lógica e tenho alguma esperança que os altos dignatários desapareçam depressa para dar lugar a uma nova geração muito mais coerente com os valores cristãos.

Anônimo disse...

minha linda tomara que fosse como tu dizes mas não há solução, parece, essa era a igreja sem hierarquia, todos iguais, ora as instituições estruturam-se logo em pirâmide; só se fôr a Revolução Digital a bascular isso tudo, talvez, porque anda aí uma maré imprevisível.

eu não preciso de igreja para comungar com o sagrado, basta-me aparecer um ouriço caixeiro disparado a querer festas que salto logo para outro lugar fora do tempo. Será que se chama caixeiro por causa disso?

Anônimo disse...

Demasiado insulto e muita delinquência para um blog minimamente sério!
Para uma minoria, ainda é difícil ver que a Igreja é o único travão contra os verdadeiros males vindos do predador chamdado homem!
A Igreja cumpre o seu papel, a NATUREZA dar-vos-á a resposta!...

Teresa disse...

Anónimo, para quem tem um raciocínio assim tão lúcido e tão cheio dos valores cristãos este teu comentário é algo estranho.
Primeiro confundes até as tuas próprias crenças. O homem não é o predador. O homem, segundo a Igreja, é feito à imagem e semelhança de Deus e é a ele que compete travar a natureza predadora. São os instintos naturais, animais, que afastam o homem de deus e são eles que teriam de ser contrariados. Nunca o contrário.
Segundo, a Igreja é feita de homens, desses homens predadores de que falas, o que torna estranha a afirmação já que seria assim uma espécie de travão e acelerador. Acho que estás a confundir Igreja com Fé, mas deixa lá, ninguém repara.
Ai esse catecismo que foi tão mal estudado.
Acho que devias aproveitar estes dias de Entrudo para meditares um pouco porque anda a faltar a luz nessa cabecinha.

Terceiro, quem te disse que somos "um blog minimamente sério"? E como o poderiamos ser com comentários tão divertidos como o teu? Reconhece que a gargalhada é irresistível! Foi mesmo um momento Monty Python.