Absolutamente hilariante, devia ser de leitura obrigatória em todos os cursos de comunicação social.
Scoop, escrito em 1938 por Evelyn Waugh, conta a história de William Boot, um modesto cronista rural do Daily Beast, um grande jornal de Fleetwood Street.
A história começa quando um outro Boot, escritor e cronista de guerra, para se livrar de uma namorada americana mete uma cunha a uma amiga e pede-lhe que lhe arranje um lugar de correspondente no estrangeiro. A amiga fala com o dono do Daily Beast e este decide mandá-lo para Ishmaelia, país onde duas facções rivais lutam pelo poder mas onde nada acontece.
Um engano no nome faz com que siga viagem o Boot errado, que nada percebe de jornalismo. No entanto, assim que em Fleetwood se espalha que o Beast vai mandar um homem para Ishmaelia todos os outros jornais farejam um furo e mandam os seus melhores homens. De repente a capital de Ishmaelia enche-se de jornalistas e, se estão todos lá, então é porque os rumores de golpe de estado são mesmo verdade.
Boot não faz a mínima ideia do que tem de fazer para ter uma notícia, e também não há notícias, mas os seus movimentos são seguidos pelos colegas que vão tirando as mais fantásticas conclusões e vendo furos em situações que não passam de desastradas tentativas de Boot de arranjar uma história qualquer.
As notícias vão criando supostos factos, estes vão criando mais notícis e mais factos e mais notícias. O golpe de estado acaba mesmo por acontecer, e o contra golpe, e por um golpe de sorte Boot é mesmo o único a ter o furo.
Uma das melhores comédias que já li e uma fantástica sátira ao jornalismo sensacionalista, Scoop foi considerado um dos 100 melhores livros do século XX.
Recomendo a leitura. Nem sei porquê. Deve ser a chuva que traz a vontade de darmos umas boas gargalhadas.
Há 2 anos
3 comentários:
Será por isso que muita gente já vai ler (hoje 2009) os jornais ao barbeiro como há 42 anos quando eu cheguei a Lisboa para trabalhar. Talvez porque o sensacionalismo também cansa. a)JCFrancisco
Isso é o que costumo fazer, não no barbeiro, quando não gosto de um jornal - consumo o produto para saber o que dizer de mal, mas não o compro.
E curiosamente Evelyn é um homem.
Postar um comentário