Não há pachorra.

Foi há uns anos. Ela vinha com cara de caso e foi-me logo informando que o que tinha para me dizer era sério, que a Francisca tinha passado todos os limites e que eu tinha de a castigar. Então não é que a miúda, com oito ou nove anos, tinha tido a ousadia de escrever no diário que ela, a empregada, era mentirosa e parva? Isto era gravíssimo, como decerto eu compreendia, era uma falta de respeito que comprometia o seu bom nome e tinha sido o irmão, que na altura estava lá em casa, quem tinha apanhado o diário, lido e de seguida lhe tinha mostrado as provas do crime. Preto no branco.

Ainda me lembro, e muito bem, dos berros que dei. À empregada, ao irmão, à empregada outra vez, ao irmão e por aí fora até me dar por satisfeita. Com a Francisca, vá-se lá saber porquê, nem toquei no assunto.

Nos últimos tempos este pequeno episódio tem-me vindo à memória. Anda tudo armado em parvo, é?

Um comentário:

escarlate.due disse...

e este também é "sem legenda"