O ridículo

Lê-se o título do post e boceja-se, lá vem mais um falar do Saramago, caramba, as pessoas mobilizam-se por causas menores, ele é a Maité, ele é o Saramago, e sobre aquilo que realmente interessa, por exemplo uma petição para tirar o Angulo e o Grimi da equipa, ninguém mexe uma palha, parece que ninguém quer afrontar os poderes instalados, parece que tenho que ser eu a tomar conta desta causa e eu, meus caros, eu não posso estar em todo o lado, não há quem não saiba desta verdade, mas, apesar de parecer que eu ía aqui falar do Saramago, apesar de estar a escrever, digamos assim, num estilo Saramago, embora com mais vírgulas, a verdade é que o Saramago fala como falava o meu bisavô Eufrásio, também Visconde, e o meu bisavô Eufrásio dizia aquilo que entendia, sem filtro, sabia bem que ninguém lhe ía dar um par de chapadas, afinal era um senhor de uma certa idade, o que dava um estatuto, não só de imunidade eterna a uma par de chapadas, como também lhe dava a possibilidade de dizer o que lhe dava na real gana, sem filtros, com aquela genica dos que não sabem se amanhã cá estarão, e ele há contas a ajustar com o mundo, com os que cá ficarão depois de termos partido, o meu bisavô Eufrásio transfigurava-se, todos os filtros das regras de bem socializar lhe eram retirados, deixava de saber estar, era um incontinente verbal, e não só, o problema é que para as outras incontinências existia a Lindor, para as verbais é que não, ora aqui está um excelente nicho de mercado, a incontinência verbal, mas, meus caros, isto do ridículo não tem nada a ver com o Saramago, acontece é que visualisei hoje, ainda não há meia hora, um homem a espirrar de acordo com as regras dos folhetos que ensinam a não propagar a gripe A, ou seja, a estender o braço todo, a aproximar a cara do antebraço e, só nessa altura, a espirrar desenfreadamente, o muco absolutamente concentrado no terylene do casaco, em vez de tranquilamente depositado na mão, achei ridículo, era só isto que queria dizer, eu ía lá agora escrever sobre o Saramago, que ideia mais sem sentido...

13 comentários:

gaija do norte disse...

ó visconde, canoijo!!!

Visconde de Vila do Conde disse...

Jovem Senhora do Norte, aposto que nunca espirrará de acordo com as regras

shark disse...

Isso da Maitê foi uma pena. Mas quem cospe daquela maneira para uma fonte monumental espirra com toda a certeza para onde estiver virada...

shark disse...

Já isso do Saramago não passa de uma caricatura dinamarquesa...

shark disse...

(Esses estrangeiros com nome de vértice de figura geométrica e de duende irlandês não conheço. Já o bisavô Eufrásio era uma figura lendária cujos genes não se perderam no tempo.)

gaija do norte disse...

deixei de dizer nunca há algum tempo, visconde...

Visconde de Vila do Conde disse...

Shark, não dê ideias aos fabricadores de causas, já há quem queira que o homem resigne à nacionalidade...

(o meu caro sabe que eu não aprecio bola...)

Visconde de Vila do Conde disse...

Pois eu, Jovem Senhora do Norte, digo "nunca" a certas e determinadas situações.

(mas, lá está, eu sou bastante mais velho...)

gaija do norte disse...

era preciso lembrar a gaja, peixão? canoijo, outra vez!

gaija do norte disse...

(poizé...)

Anônimo disse...

(ela não cuspiu shark, o simbolismo é outro, agora que tenha que ser eu a vir sugerir que abras os olhos para ver uma ga(i)ja mostra bem que estamos a chegar ao contrário do contrário e que lá fica certo outra vez; aliás isto está sempre tudo certo, dá idéia; bem, vou fazer meditação para debaixo do edredon um nico para escapar-me à insídia de uma torta que as amoras já foram; o i fica entre parentesis por causa dos ciúmes; só preocupações)

shark disse...

O simbolismo é outro? Ó Z, só tu e esse coração de ouro para achares que a moça queria apenas certificar-se de que não falta água na fonte... :)
E gosto desse teu optimismo dos contrários, a sério.
C(i)umes são os pináculos da palermice que o amor nos dá.
Que te saibam muito bem, essas tortas magníficas.

Anônimo disse...

mas é a sério, eu acho mesmo que ela fez aquele vídeo com um monte de ternurinha por nós. Ternura provocadora é certo, mas o que mais podia ser nessa altura em que se votou salazar como o português mais não sei quê? Não fazem mal à maitê que eu esgatafunho tudo! ai, ai e isto está de chuva e os meus gatos ali do café que me deixam desespautabilizado de todo. O que me vale é a mata atlântica, não tarda e tufa.