Meus caros Tereza e Shark, quando digo que há amores impossíveis, não me refiro a amores que não podem ser consubstanciados por causa de circunstâncias várias. Os amores impossíveis são aqueles em que ambos amam, cada um da forma que melhor sabe. E o resultado desse confronto de formas de amar é o zero absoluto.
(nem no caso deste livro de Pepetela nem em Garcia Marquez se fala de amores impossíveis, antes se trata de amores interrompidos.parecendo que não, é diferente)
"Os amores impossíveis são aqueles em que ambos amam, cada um da forma que melhor sabe. E o resultado desse confronto de formas de amar é o zero absoluto."
E isso é impossível porque...?
(este conceito passa-me mesmo ao lado, meu caro. Ou eu estou com neurónio de 2ª-feira e não estou a ver a lógica ou discordo em absoluto)
Mente, imagine que você adora viajar. Gosta de conhecer cidades, gosta de comprar roupa em Milão, gosta de se perder nas galerias de arte em Nova Iorque, delira com os hotéis de cinco estrelas de Paris. Agora imagine que alguém seu conhecido também adora viajar. Tendas montadas em lugares inóspitos, o gozo de atravessar um maciço de montanhas (e passar três dias sem tomar banho), trincar rações de combate. Ambos gostam de viajar. Provavelmente, seriam infelizes se viajassem juntos.
MQP, se o amor fosse uma equação matemática não teria porventura tanto interesse. De qualquer modo podemos simplificar desta forma: se 1+1=0 é impossível logo se os dois se amam e o resultado é nulo é impossível de igual modo. Espero ter ajudado.
Visconde, e o que é que impede 2 pessoas que querem estar juntas de fazer confluir os seus interesses? Provavelmente, seríamos infelizes se viajássemos juntos, sim. Mas o que impede a magia de um reencontro num pequeno hotel para um fim-de-semana, comigo acabada de chegar de Milão e ele saído das areias do Sahara?
Olá Sérgio, eu agradeço o esforço e concordo que o amor está longe de uma equação matemática (aliás, é por isso que não entendo a comparação do meu ilustre colega).
Eu não entendo é como é que pode haver um zero. Quando há amor é possível um zero?
Visconde parece-me que o seu é um raciocínio viciado. Não percebo porque duas pessoas que gostam de viajar teriam de o fazer juntas para serem felizes e também acho que está a generalizar um conceito, o de viagem, para depois o particularizar tendo em conta o seu conteúdo. Hoje este blog devia adoptar o título do Shark, alhos e bugalhos.
O amor se existe, e por definição, não é impossível. Adoptando o raciocínio do Sérgio, estranho nas suas conclusões, 1 não é igual a zero. O que pode ser impossível, ou interrompida, como lhe queira chamar, é a partilha desse amor com o seu objecto mas isso não lhe diminui o tamanho nem lhe reduz a nada a existência.
Mente, o tal reencontro é estatisticamente impossível (sim, outra vez a matemática, sei que é políticamente incorrecto associar a matemática e o amor, mas parece-me que hoje é o meu dia do ano em que sou politicamente incorrecto). Ela nunca ficaria num pequeno hotel e ele escolheria certamente um bed&breakfast. Mundos diferentes, está a ver a ideia?
(e nisto dos amores é sempre arriscado escolher o mínimo múltiplo comum, o pequeno hotel soa-me a mínimo múltiplo comum)
Porque não acredita na cedência, Visconde! Porque prefere chamar impossível a um amor do que a acreditar que é possível amar apesar de tudo.
Para já deixe que lhe diga que a comparação que escolheu é redutor. Tem consciência disso, decerto. Porque um sentimento extravaza as nossas convicções.
Quando se ama, somos capazes de coisas impensáveis. (E antes de que venha aí já argumentar que não nos devemos anular, blá, blá, blá whiskas saquetas...) Deixe-mé que lhe diga que o facto de abdicarmos de algumas coisas importantes para nós em prol de um amor - quando feito com conta, peso e medida - não é sinal de falta de personalidade mas sim sinal de maturidade.
Se eu fosse a mulher das compras em Milão e de facto amasse o homem do Sahara, eu seria muito feliz no pequeno hotel. Porque eu não teria lá ido pelo serviço de quartos. E não, não era o minimo denominador comum. Era qualquer coisa mais grandiosa do que palavras e pequenos-almoços buffet.
Tereza, estamos a dizer a mesma coisa. Naturalmente, o amor não é impossível de um e de outro lado, o que é impossível é o encontro desses amores unos, o que é impossível é a celebração desses amores. E, como não concebo amores a correr em paralelo, separados por um não sei quê que os impede de se juntar e correr juntos (mais fortes), falo de amores impossíveis, sim.
Tem graça porque ainda não há muitos anos passei longos serões a discutir o que será mais gratificante - amar ou ser amado. Qual é, deste dois, o sentimento que nos traz maior felicidade. Claro que a resposta fácil será os dois ao mesmo tempo mas parece-me que até essa é uma resposta falaciosa porque no caso de amores correspondidos o que, no limite, nos dá felicidade não é o amor absoluto, porque isso não existe, não há aqui somas que nos transcendam mas só sentimentos, os nossos. O amor correspondido traz-nos a tranquilidade do descanso do guerreiro, a paz de sabermos que possuímos o outro, por muito cru que isto possa parecer, ou somos por ele possuídos. E isso leva-nos à primeira questão - preferimos amar ou ser amados? Precisamos de viver apaixonados ou preferimos ser objecto da paixão?
Tereza, temos um ponto de partida absolutamente divergente. O amor correspondido é tudo menos o descanso do guerreiro, caramba! O amor correspondido é o início de um nível superior, quando o amor é correspondido é o início d euma responsabilidade de cuidar aquele amor todos os dias, o nível de exigência mudou. O amor correspondido não é fim de nada, é o início de um nível muito mais exigente.
Mente, também estás a meter um bocadito as mãos pelos pés. Na vida a dois podemos fazer concessões, no amor não. Ou se ama ou não se ama. A gaja de Milão pode amar o tipo do Sahara sem precisar de fazer quaisquer concessões porque o facto dos interesses serem diferentes isso não altera em nada a paixão que, até pelo facto de serem diferentes, só pode ser irracional.E o amor, a paixão, não tem mínimos multiplicadores comuns (Visconde, esta é para si) porque são, só por si, redutores - o mundo, a felicidade, reduz-se aquela pessoa e nada, nem um colchão duro ou um café frio, a consegue macular.
Visconde, percebo o que diz quanto ao amor correspondido, mas continuo a fazer a mesma pergunta - continuamos a lutar para termos o objecto do nosso amor ou para sermos por ele amados?
Fazes concessões POR amor, Tereza! Não NO amor. Acho que está subentendido. E além disso só sigo a porcaria da ideia das viagens porque foi o que me deram para trabalhar!
E aí, minha amiga, tens que ceder. Tu tens sempre que fazer conscessões. Porque eu acredito tanto em amores perfeitos quanto acredito em amores impossíveis (segundo o evangelho de Visconde).
Fazes Tereza, fazes sempre. Porque não há duas pessoas exactamente iguais com os mesmos gostos e interesses. E se tu queres realmente que aquela relação/amor resulte tem que haver uma adaptação. Tem que haver o encaixe das duas peças do puzzle.
Realmente não há duas pessoas iguais Mente mas o objecto do nosso amor nunca é uma pessoa, aquela pessoa, mas o sentir que nós temos dela. Tu amas um filho, não amas o Zé o Manel ou o Francisco. Podemos fazer concessões em nome da harmonia e porque não queremos perder a felicidade que aquele amor nos traz. Concedo porque quero atingir ou manter determinado objectivo, não concedo porque preciso de mudar o meu sentir ou estar para continuar a amar aquela pessoa.
Tereza, acho que precisamos de definir os parâmetros. Estamos a falar de 'amor' em sentido abstracto tipo algo que sinto independentemente de tudo o que me rodeia. Ou em 'amor' no sentido de algo que une duas pessoas.
É que em sentido abstracto tu não precisas nem de concessões nem de impossibilidades. Não existem. Ou amas ou não amas independentemente de tudo o resto.
No sentido de amor com factor de união entre 2 seres a coisa é mais complexa.
É que eu acho que estamos a partir de pontos diferentes...
Mente, minha querida Mente, atento no seu último parágrafo, o das certezas absolutas, o do caminho único (ou é assim ou não concebo que seja de outra forma) e intuo que você não percebeu nada do que eu lhe disse (não se preocupe, está-me sempre a acontecer).
(sim, não costumo ser tão pouco polido, mas dá-se o caso de ter perdido um avião...)
Meu caro Visconde, não é o que eu não entendi. É o que o meu caro não explicou. É que eu de equações matemáticas e de viagens a Roma percebo pouco. Já de sentimentos... Se quiser passar para esse registo e dar uma abébia aqui à miúda e explicar-lhe como se ela fosse realmente muito burra (e não se preocupe, está-me sempre a acontecer) pode ser que eu entenda a sua posição.
Aliás, eu vou simplificar e perguntar directamente (o que provavelmente vai dar origem a um apagão bateristico mas que se dane que eu hoje também não estou nada polida).
Mente estás quase a chegar à outra questão - será que o amor só existe se não for vivido? será que uma vida a dois inviabiliza a paixão por limitar o que não pode ser limitado?
Mente atendendo à especial conta em que a tenho, passo a explicar-me (normalmente nuca me explico muito, ajuda à preservação da lenda). Quando falo de amores impossíveis não o faço em abstracto, o que me tira alguma capacidade de generalização (mas ganha, por um momento, um Visconde sem defesas). E o que eu sei (lá está, been there...) é que é possível haver duas pessoas que se amam (não falo do amor de pai para filho, nem do amor pelas artes, note, falo de duas pessoas que vão até ao fim do mundo uma pela outra, que funcionam melhor quando a outra está ao lado, que têm, uma pela outra, aquilo que alguns chama química imediata), é possível, dizia eu, que se amem incondicionalmente, totalmente, e, apesar de cada uma amar o outro de forma pura, total é ... um amor impossível. E não falo de amores impossíveis por existirem obstáculos sociais, por existirem distâncias entre ambos, isso eu sei que é ultrapassável (lá está, been there).
Este tipo de amor impossível tem a ver com a intensidade desse amor que é percebida pelo outro lado. Repare, podem ambos amar com o máximo das suas forças, mas o outro não capta a grandeza desse amor, parece-lhe um amor menor e quando um pressente um amor menor é caminho certo para um amor impossível.
(e agora, se não se importa, volto ao meu modo normal...)
Tereza, sei que lhe vai soar sobranceiro (aproveite os meus últimos momentos de defesas baixas), mas a verdade é que não tenho desgostos de qualquer espécie(aquilo do jogo com o Bayern já passou...).
Visconde ainda nem recuperei o fôlego mas preciso de lhe fazer uma pergunta - consegue conceber o amor como as contas de um merceeiro, com duas colunas de deve e haver?
"mas o outro não capta a grandeza desse amor, parece-lhe um amor menor e quando um pressente um amor menor é caminho certo para um amor impossível."
Não é o amor que é impossível. As pessoas é que são impossíveis...
Como diria a Manuela Azevedo, problemas de expressão. Ou um não amava tanto como o outro mas isso, como diria a Tereza, é outra questão interessante. E eu não vou abusar do seu momento de fraqueza, dissecando a sua experiência.
Ok, SSV, vou reformular porque tens razão. será que o amor só existe enquanto não for confrontado com a realidade do outro? Como diria o Alberoni (aquele homem foi o guru dos meus vinte anos) o objecto do nosso amor é sempre perfeito e é quase impossível não projectarmos no outro a imagem que temos dele.
mas tereza, bem... ok... tomemos como certo de que ja nao se fala do post do visconde, entao.
é assim: o amor sente-se. ponto. nao necessita de ser correspondido. ponto. enquanto sentimento ou existe ou nao. ponto. o outro nao tem que retribuir seja o que for. porque nem sabe que existimos, porque nao está nem aí, porque nao nos ama. ponto. se amo, amo. enquanto sentimento, enquanto existir como sentimento, é. é real. e se é real, nao é ou deixa de ser possível. é, tao so. como as florzinhas do caeiro. donde, a expressao 'amores impossiveis' nao diz respeito a esta realidade.
quando se fala de amores impossiveis, no sentido que o visconde esclareceu ou enqt literalmente tal, um amor impossível, é porque:
1. ele nao é retribuído, por
a) o outro nem saber da sua existência (amor platónico)
b) o outro saber mas nao retribuir (amor nao correspondido)
c) ambos saberem mas nao o viverem ou corresponderem da mesma maneira (amor condenado)
d) ambos saberem mas nao serem personalidades e o etc associado afins (amor insensato)
e) ambos saberem e amarem-se demais (amor louco, costuma ser impossivel porque ambos se suicidam por amor e aí se acaba a história)
E o meu recém descoberto Eu Demagógico pergunta: as alíneas do ponto 2 são impossíveis porquê? (tirando os falecidos, claro). Por causa das pessoas. E não é o amor que é impossível é o relacionamento, certo?
*pq se o relacionamento é impossível o amor também o é. ou torna-se. va de soi même. dai ter sido só jogo de palavras da tua parte, assim o senti.
mas, insisto, nao o sentimento, que esse até pode continuar ou permanecer mesmo para o resto da vida. a minha vida, nisto, tem sido um permanente being there, done that. só desgostos, nós, as gajas, não é tereza?
(estou toda orgulhosa de te ter feito descobrir em ti algo que tu mesma desconhecias!! eia!)
(não querendo opinar já que aqui está tudo dito apenas me ocorre a quantidade de questões que aqui foram trocadas e que dariam uns belos posts...até nisto o amor é grandioso)
Tereza, amor impossível é aquele que apesar de ter tudo para ser possível não acontece. Eu, tal como outros ilustres desta praça, só consigo imaginar o amor quando vivido de igual modo pelos dois. Sérgio
93 comentários:
O que é um "amor impossível"?
Não existem amores impossíveis. Impossível é resistir ao amor.
Shark, não podia estar mais de acordo contigo.
Meus caros Tereza e Shark, quando digo que há amores impossíveis, não me refiro a amores que não podem ser consubstanciados por causa de circunstâncias várias. Os amores impossíveis são aqueles em que ambos amam, cada um da forma que melhor sabe. E o resultado desse confronto de formas de amar é o zero absoluto.
(nem no caso deste livro de Pepetela nem em Garcia Marquez se fala de amores impossíveis, antes se trata de amores interrompidos.parecendo que não, é diferente)
"Os amores impossíveis são aqueles em que ambos amam, cada um da forma que melhor sabe. E o resultado desse confronto de formas de amar é o zero absoluto."
E isso é impossível porque...?
(este conceito passa-me mesmo ao lado, meu caro. Ou eu estou com neurónio de 2ª-feira e não estou a ver a lógica ou discordo em absoluto)
E que matemática é essa em que 1+1 dá 0?
Mente, imagine que você adora viajar. Gosta de conhecer cidades, gosta de comprar roupa em Milão, gosta de se perder nas galerias de arte em Nova Iorque, delira com os hotéis de cinco estrelas de Paris. Agora imagine que alguém seu conhecido também adora viajar. Tendas montadas em lugares inóspitos, o gozo de atravessar um maciço de montanhas (e passar três dias sem tomar banho), trincar rações de combate.
Ambos gostam de viajar. Provavelmente, seriam infelizes se viajassem juntos.
MQP, se o amor fosse uma equação matemática não teria porventura tanto interesse.
De qualquer modo podemos simplificar desta forma: se 1+1=0 é impossível logo se os dois se amam e o resultado é nulo é impossível de igual modo.
Espero ter ajudado.
Sérgio
Visconde, e o que é que impede 2 pessoas que querem estar juntas de fazer confluir os seus interesses? Provavelmente, seríamos infelizes se viajássemos juntos, sim. Mas o que impede a magia de um reencontro num pequeno hotel para um fim-de-semana, comigo acabada de chegar de Milão e ele saído das areias do Sahara?
O comodismo, talvez, não?
Olá Sérgio, eu agradeço o esforço e concordo que o amor está longe de uma equação matemática (aliás, é por isso que não entendo a comparação do meu ilustre colega).
Eu não entendo é como é que pode haver um zero. Quando há amor é possível um zero?
Visconde parece-me que o seu é um raciocínio viciado. Não percebo porque duas pessoas que gostam de viajar teriam de o fazer juntas para serem felizes e também acho que está a generalizar um conceito, o de viagem, para depois o particularizar tendo em conta o seu conteúdo.
Hoje este blog devia adoptar o título do Shark, alhos e bugalhos.
O amor se existe, e por definição, não é impossível. Adoptando o raciocínio do Sérgio, estranho nas suas conclusões, 1 não é igual a zero. O que pode ser impossível, ou interrompida, como lhe queira chamar, é a partilha desse amor com o seu objecto mas isso não lhe diminui o tamanho nem lhe reduz a nada a existência.
(É que tás cobertinha de razão, Tereza, que eu estou aqui a comichar para não exercer o 'direito de resposta' para não parecer uma cópia do Shark.)
Mente, o tal reencontro é estatisticamente impossível (sim, outra vez a matemática, sei que é políticamente incorrecto associar a matemática e o amor, mas parece-me que hoje é o meu dia do ano em que sou politicamente incorrecto). Ela nunca ficaria num pequeno hotel e ele escolheria certamente um bed&breakfast. Mundos diferentes, está a ver a ideia?
(e nisto dos amores é sempre arriscado escolher o mínimo múltiplo comum, o pequeno hotel soa-me a mínimo múltiplo comum)
(Se copiares o que é bom não te caem os parentes na lama, Peixa. Cof cof.)
Porque não acredita na cedência, Visconde!
Porque prefere chamar impossível a um amor do que a acreditar que é possível amar apesar de tudo.
Para já deixe que lhe diga que a comparação que escolheu é redutor. Tem consciência disso, decerto. Porque um sentimento extravaza as nossas convicções.
Quando se ama, somos capazes de coisas impensáveis. (E antes de que venha aí já argumentar que não nos devemos anular, blá, blá, blá whiskas saquetas...) Deixe-mé que lhe diga que o facto de abdicarmos de algumas coisas importantes para nós em prol de um amor - quando feito com conta, peso e medida - não é sinal de falta de personalidade mas sim sinal de maturidade.
Se eu fosse a mulher das compras em Milão e de facto amasse o homem do Sahara, eu seria muito feliz no pequeno hotel. Porque eu não teria lá ido pelo serviço de quartos. E não, não era o minimo denominador comum. Era qualquer coisa mais grandiosa do que palavras e pequenos-almoços buffet.
Tereza, estamos a dizer a mesma coisa. Naturalmente, o amor não é impossível de um e de outro lado, o que é impossível é o encontro desses amores unos, o que é impossível é a celebração desses amores. E, como não concebo amores a correr em paralelo, separados por um não sei quê que os impede de se juntar e correr juntos (mais fortes), falo de amores impossíveis, sim.
Tem graça porque ainda não há muitos anos passei longos serões a discutir o que será mais gratificante - amar ou ser amado. Qual é, deste dois, o sentimento que nos traz maior felicidade. Claro que a resposta fácil será os dois ao mesmo tempo mas parece-me que até essa é uma resposta falaciosa porque no caso de amores correspondidos o que, no limite, nos dá felicidade não é o amor absoluto, porque isso não existe, não há aqui somas que nos transcendam mas só sentimentos, os nossos. O amor correspondido traz-nos a tranquilidade do descanso do guerreiro, a paz de sabermos que possuímos o outro, por muito cru que isto possa parecer, ou somos por ele possuídos. E isso leva-nos à primeira questão - preferimos amar ou ser amados? Precisamos de viver apaixonados ou preferimos ser objecto da paixão?
(E o livro é mesmo bonito)
(Bruce, é uma honra poder imitar-te!)
Tereza, temos um ponto de partida absolutamente divergente. O amor correspondido é tudo menos o descanso do guerreiro, caramba! O amor correspondido é o início de um nível superior, quando o amor é correspondido é o início d euma responsabilidade de cuidar aquele amor todos os dias, o nível de exigência mudou. O amor correspondido não é fim de nada, é o início de um nível muito mais exigente.
Visconde, continuamos a falar de coisas diferentes. Como é que pode falar de amor se depois diz que ele não existe se não for em paralelo?
Mente, também estás a meter um bocadito as mãos pelos pés. Na vida a dois podemos fazer concessões, no amor não. Ou se ama ou não se ama. A gaja de Milão pode amar o tipo do Sahara sem precisar de fazer quaisquer concessões porque o facto dos interesses serem diferentes isso não altera em nada a paixão que, até pelo facto de serem diferentes, só pode ser irracional.E o amor, a paixão, não tem mínimos multiplicadores comuns (Visconde, esta é para si) porque são, só por si, redutores - o mundo, a felicidade, reduz-se aquela pessoa e nada, nem um colchão duro ou um café frio, a consegue macular.
Visconde, percebo o que diz quanto ao amor correspondido, mas continuo a fazer a mesma pergunta - continuamos a lutar para termos o objecto do nosso amor ou para sermos por ele amados?
Fazes concessões POR amor, Tereza! Não NO amor. Acho que está subentendido. E além disso só sigo a porcaria da ideia das viagens porque foi o que me deram para trabalhar!
Gosto dessa ideia, Peixa. Faremos nós concessões por amor?
E aí, minha amiga, tens que ceder. Tu tens sempre que fazer conscessões. Porque eu acredito tanto em amores perfeitos quanto acredito em amores impossíveis (segundo o evangelho de Visconde).
De onde, para resumir, poderei resumir em nome de todos os participantes na caixa de comentos:
"Sim, amores impossíveis existem".
(É isto, não é?)
(Já se lhe acabou a baterias, Visconde?)
Fazes Tereza, fazes sempre. Porque não há duas pessoas exactamente iguais com os mesmos gostos e interesses. E se tu queres realmente que aquela relação/amor resulte tem que haver uma adaptação. Tem que haver o encaixe das duas peças do puzzle.
Não, Mente. Apenas tenho o pensamento contaminado com um "been there, done that", que não me deixa debater o assunto como eu gosto (frio, geladinho).
(e tenho um avião para apanhar)
E quem não nunca esteve no fio dessa navalha, Visconde?
(god speed)
Realmente não há duas pessoas iguais Mente mas o objecto do nosso amor nunca é uma pessoa, aquela pessoa, mas o sentir que nós temos dela.
Tu amas um filho, não amas o Zé o Manel ou o Francisco. Podemos fazer concessões em nome da harmonia e porque não queremos perder a felicidade que aquele amor nos traz. Concedo porque quero atingir ou manter determinado objectivo, não concedo porque preciso de mudar o meu sentir ou estar para continuar a amar aquela pessoa.
(Fosga-se! O man não consegue estar muito tempo no mesmo sítio)
Tereza, acho que precisamos de definir os parâmetros. Estamos a falar de 'amor' em sentido abstracto tipo algo que sinto independentemente de tudo o que me rodeia. Ou em 'amor' no sentido de algo que une duas pessoas.
É que em sentido abstracto tu não precisas nem de concessões nem de impossibilidades. Não existem. Ou amas ou não amas independentemente de tudo o resto.
No sentido de amor com factor de união entre 2 seres a coisa é mais complexa.
É que eu acho que estamos a partir de pontos diferentes...
(o man tem places to go e people to see, pá)
Lá está, uma coisa é o amor outra é a vida a dois. E são realmente diferentes.
Lá está, Chefinha linda. É que como me reduziram a viagens e albergues, reduziram-me apenas ao dia-a-dia de uma relação.
Agora se nos deixarmos do sentido relacional da coisa, temos um horse of a different colour (o que eu adoro esta expressão...).
E nesse plano, venha Deus ou Diabo, se há amor não há impossiblidade. E quem acredita nisso nunca perdeu o ar com o som de uma voz.
Mente, minha querida Mente, atento no seu último parágrafo, o das certezas absolutas, o do caminho único (ou é assim ou não concebo que seja de outra forma) e intuo que você não percebeu nada do que eu lhe disse (não se preocupe, está-me sempre a acontecer).
(sim, não costumo ser tão pouco polido, mas dá-se o caso de ter perdido um avião...)
Meu caro Visconde, não é o que eu não entendi. É o que o meu caro não explicou. É que eu de equações matemáticas e de viagens a Roma percebo pouco. Já de sentimentos... Se quiser passar para esse registo e dar uma abébia aqui à miúda e explicar-lhe como se ela fosse realmente muito burra (e não se preocupe, está-me sempre a acontecer) pode ser que eu entenda a sua posição.
(vidas...)
Aliás, eu vou simplificar e perguntar directamente (o que provavelmente vai dar origem a um apagão bateristico mas que se dane que eu hoje também não estou nada polida).
O que é que é impossível, Visconde?
1. 2 pessoas amarem-se.
2. 2 pessoas conseguirem viver um amor.
esta tudo a sentir-se bem?...
amores impossíveis são o que nao sao possiveis. ponto. qual a controvérsia?
(só agora dei por isto, pensava que o unico post novo era o acima.
visconde, devia ter posto a imagem da capa bem maior...)
SSV La Palisse não teria posto melhor a questão.
(a controvérsia é que o Visconde tem uma opinião peculiar da impossibilidade, SSV...)
(Mas adorei a tua conclusão)
Mente estás quase a chegar à outra questão - será que o amor só existe se não for vivido? será que uma vida a dois inviabiliza a paixão por limitar o que não pode ser limitado?
Mente atendendo à especial conta em que a tenho, passo a explicar-me (normalmente nuca me explico muito, ajuda à preservação da lenda). Quando falo de amores impossíveis não o faço em abstracto, o que me tira alguma capacidade de generalização (mas ganha, por um momento, um Visconde sem defesas). E o que eu sei (lá está, been there...) é que é possível haver duas pessoas que se amam (não falo do amor de pai para filho, nem do amor pelas artes, note, falo de duas pessoas que vão até ao fim do mundo uma pela outra, que funcionam melhor quando a outra está ao lado, que têm, uma pela outra, aquilo que alguns chama química imediata), é possível, dizia eu, que se amem incondicionalmente, totalmente, e, apesar de cada uma amar o outro de forma pura, total é ... um amor impossível. E não falo de amores impossíveis por existirem obstáculos sociais, por existirem distâncias entre ambos, isso eu sei que é ultrapassável (lá está, been there).
Este tipo de amor impossível tem a ver com a intensidade desse amor que é percebida pelo outro lado. Repare, podem ambos amar com o máximo das suas forças, mas o outro não capta a grandeza desse amor, parece-lhe um amor menor e quando um pressente um amor menor é caminho certo para um amor impossível.
(e agora, se não se importa, volto ao meu modo normal...)
(será que o Visconde estará com algum desgosto de amor? ele até perde aviões e isso é estranho, muito estranho...)
(Chefa, deixa lá o sr que ele acabou de se despir para mim...)
Tereza, sei que lhe vai soar sobranceiro (aproveite os meus últimos momentos de defesas baixas), mas a verdade é que não tenho desgostos de qualquer espécie(aquilo do jogo com o Bayern já passou...).
Visconde ainda nem recuperei o fôlego mas preciso de lhe fazer uma pergunta - consegue conceber o amor como as contas de um merceeiro, com duas colunas de deve e haver?
alho com bugalhos versao da chefa:
«será que o amor só existe se não for vivido? será que uma vida a dois inviabiliza a paixão por limitar o que não pode ser limitado?»
Olhe Visconde, sei que isto lhe vai parecer sobranceiro mas, ao contrário de si, eu tenho tudo, até desgostos.
"mas o outro não capta a grandeza desse amor, parece-lhe um amor menor e quando um pressente um amor menor é caminho certo para um amor impossível."
Não é o amor que é impossível. As pessoas é que são impossíveis...
Como diria a Manuela Azevedo, problemas de expressão. Ou um não amava tanto como o outro mas isso, como diria a Tereza, é outra questão interessante. E eu não vou abusar do seu momento de fraqueza, dissecando a sua experiência.
Tereza, voltei ao meu modo normal.
(que bem me sabia agora um Old Bushmills sem gelo...)
isso é falso, visconde
vc tera sp o bayern cravado como flecha no coração
(mas olhe que é só porque o Visconde me tem em especial conta porque vontadinha não me falta...)
agora deu-te pros tracadilhos demagogicos mente? «Não é o amor que é impossível. As pessoas é que são impossíveis...»
MAs ianda não tinhas percebido que eu era demagógica, SSV?
Eu que sou tão previsível ainda não te tinha deixado ver esse lado?
olha, esse nao. estava mais habituada em encontra-lo noutros
;-)
Deve ser da retirada dos espinhos!
:p
Ok, SSV, vou reformular porque tens razão.
será que o amor só existe enquanto não for confrontado com a realidade do outro?
Como diria o Alberoni (aquele homem foi o guru dos meus vinte anos) o objecto do nosso amor é sempre perfeito e é quase impossível não projectarmos no outro a imagem que temos dele.
(Experiências, Mente)
(Plural)
(obrigado, você é mesmo boa pessoa...)
Visconde, tem um modo normal?
(Claro que sou, Visconde. Só agora é que percebeu? Normalmente, dou-me mal mas prefiro ser assim.)
Tenho, Tereza.
(respostas fechadas, as mulheres detestam...)
mas tereza, bem... ok... tomemos como certo de que ja nao se fala do post do visconde, entao.
é assim: o amor sente-se. ponto. nao necessita de ser correspondido. ponto. enquanto sentimento ou existe ou nao. ponto. o outro nao tem que retribuir seja o que for. porque nem sabe que existimos, porque nao está nem aí, porque nao nos ama. ponto. se amo, amo. enquanto sentimento, enquanto existir como sentimento, é. é real. e se é real, nao é ou deixa de ser possível. é, tao so. como as florzinhas do caeiro. donde, a expressao 'amores impossiveis' nao diz respeito a esta realidade.
quando se fala de amores impossiveis, no sentido que o visconde esclareceu ou enqt literalmente tal, um amor impossível, é porque:
1. ele nao é retribuído, por
a) o outro nem saber da sua existência (amor platónico)
b) o outro saber mas nao retribuir (amor nao correspondido)
c) ambos saberem mas nao o viverem ou corresponderem da mesma maneira (amor condenado)
d) ambos saberem mas nao serem personalidades e o etc associado afins (amor insensato)
e) ambos saberem e amarem-se demais (amor louco, costuma ser impossivel porque ambos se suicidam por amor e aí se acaba a história)
acho que nao me falta mais nenhum.
era isto.
a numeraçao ficou incompleta, pelo que acrescento
2. ele (o amor) nao tem objecto. ama-se um ideal de pessoa e/ou de relação, por exemplo.
esta merda ficou toda mal.
deve ser lido assim:
quando se fala de amores impossiveis, no sentido que o visconde esclareceu ou enqt literalmente tal, um amor impossível, é porque:
1. ele nao é retribuído, por
a) o outro nem saber da sua existência (amor platónico)
b) o outro saber mas nao retribuir (amor nao correspondido)
2. é retribuído, mas
a) ambos sabem mas nao o vivem ou correspondem da mesma maneira (amor condenado)
b) ambos sabem mas nao são personalidades e o etc associado afins (amor insensato)
c) ambos sabem e amam-se demais (amor louco, costuma ser impossivel porque ambos se suicidam por amor e aí se acaba a história)
3. ele (o amor) nao ter objecto. ama-se um ideal de pessoa e/ou de relação, por exemplo.
(chiça)
(so pa ficar com o 69, assim á laia de afugentar agoiros de qq especie)
E o meu recém descoberto Eu Demagógico pergunta: as alíneas do ponto 2 são impossíveis porquê? (tirando os falecidos, claro). Por causa das pessoas. E não é o amor que é impossível é o relacionamento, certo?
Ou seja SSV, o amor impossível para existir tem de começar por ser um amor possível.
E depois vêm as pessoas e dão cabo da cena!
(O meu Eu Demagógico é chato comó caraças!)
claro, tereza
lol, peixa, claro, né?? por isso falei em trocadilhos teus, rapariga
Ora lá está. Temos então uma contradição nos termos
*pq se o relacionamento é impossível o amor também o é. ou torna-se. va de soi même. dai ter sido só jogo de palavras da tua parte, assim o senti.
mas, insisto, nao o sentimento, que esse até pode continuar ou permanecer mesmo para o resto da vida. a minha vida, nisto, tem sido um permanente being there, done that. só desgostos, nós, as gajas, não é tereza?
(estou toda orgulhosa de te ter feito descobrir em ti algo que tu mesma desconhecias!! eia!)
terezinha, so haveria contradiçao se nao se estivesse, como se esta, a falar de duas dimensoes diferentes...
(mas tu hoje estas a querer implicar, nao é mesmo?)
implicar? longe de mim, sério. estou só desde o princípio a tentar perceber o que é um amor impossível
ahahahah
okok
eh pa, mas nem com aquele meu cardapio deu pra sentires assim uma luzita, nem que fosse de 10w?
(não querendo opinar já que aqui está tudo dito apenas me ocorre a quantidade de questões que aqui foram trocadas e que dariam uns belos posts...até nisto o amor é grandioso)
(se tu soubesses a quantidade de posts imaginários eu já escrevi na minha cabeça desde as 2 da tarde, AnaT...)
:)) ana T
e :)) mente, sendo assim :)
In progress, SSV. In progress...
Ficamos à espera Mente...:o)
(quem sabe me inspire e tb escreva...)
ah, eu ca n inspiro, se expiro atraves das inspiraçoes dos outros! fico a espera dos vossos posts...
:o))
(uma coisa é certa, nunca saberemos tudo o há para saber sobre o amor...)
Tereza, amor impossível é aquele que apesar de ter tudo para ser possível não acontece. Eu, tal como outros ilustres desta praça, só consigo imaginar o amor quando vivido de igual modo pelos dois.
Sérgio
Um só motivo para que não possa acontecer, Sérgio? Um só, s.f.f.
(eu sei que a resposta não era para mim, mas sou abelhuda, mesmo...)
;o)
Mas eu já me pus na fila...
mente e tereza, mas eu nao vos dei já vários?
bolas que mulheres mais cabeçudas!
jinhos, durmam bem
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