Abro a caixinha em branco e fico a olhar para as teclas.
Não sai nada.
Se não me apetece escrever? Talvez não. Ou talvez me apeteça escrever o que não devo. Ou o que não posso.
Devia fazer um post? Pois devia. Já me disseram.
Não me apetece!
Tem que ser, não é? Devia escrever qualquer coisinha sobre o tal encontro, o encontro de que toda a gente fala, o assunto do momento, o 1º Encontro do Cabra de Serviço.
Não posso. Não houve!
Sei que estávamos cá fora. Ele estava sentado no chão, costas contra a parede. Eu estaria na minha cadeira do costume. Não era a primeira conversa mas foi ali, com um tom qualquer que saiu diferente, ou igual, que eu reconheci o amigo com quem costumo ter as longas conversas de sexta feira à tarde. Aquele quase desconhecido afinal era a voz que eu estava habituada a ouvir. O desconhecido não era desconhecido, aquele tipo sentado no chão, de jeans e pólo azul era, estranho!, um velho conhecido.
E foi assim em tudo o resto. Não houve Cabras no encontro dos Cabras. Não houve, podem apostar, Encontro de Cabras.
Houve gente. Houve Maneis, Marias e Rapunzeis que se reconheceram no sábado numa casa do sul.
O Visconde não apareceu, não se viram os dentes ao Tubarão, o Santo tirou a viola do saco, a Peixa nunca escamou (e foi heróica, acreditem que foi), a Gaija do Norte não disse um único Balhamedeus, a CJ não tinha pólvora nas pistolas e eu não fui chefa de ninguém. O Cy? O Cy não precisou de caixinhas para dizer o que quer que fosse que também não foi ele quem lá esteve mas um outro que, por vezes, responde por esse nome.
Os Cabras desapareceram e quem lá esteve, quem eu vi, foram pessoas à volta de uma mesa num jantar que podia ser de outra coisa qualquer. Vimos, sentimos, cheirámos, apalpámos (se vocês não, eu sim, que se é para nos conhecermos não dou abébias) e fomos falando enquanto íamos acertando as agulhas, que não houve um único que não tenha estado de olho nos outros a compor o risco que, no boneco, tinha saído mais ao lado.
Fomos só pessoas, disse eu? Teríamos sido, se não tivéssemos uma sala cheia de crianças. Eles, os nossos filhos, foram os únicos que nos viveram como personagens de um ecrã. E eles são os únicos que nos tratam pelos nossos nomes de serviço e, muito provavelmente, não farão a mínima ideia de quais são os nossos nomes próprios. E com eles, só com eles, nós fomos os Cabras de Serviço!
O deslumbre que vi naqueles olhos todos, a magia com que olham para nós, a reverência com que tratam o Visconde, o respeito com que olham para o Tubarão, a cumplicidade que têm com o Santo, o afecto com que gritam Gaiiiija, o pedido de auxílio que vem em cada Peixa!, o desconhecido da CJ e o bater de continência que está implícito no Chefa deixam-me convencida que, para eles, somos mesmo os tais Cabras que, entre nós, já esquecemos.
Sim. Dizem que houve um encontro de Cabras. Eu não sei, mas se quiserem saber podem perguntar aos miúdos.
24 comentários:
Só te digo segue o link....
http://cabradeservicovercaounder18.blogspot.com/
Ó Tereza eu fiquei emocionada com o post e mais fiquei porque, curiosa como sou, segui o link da Cabra Jr e acho que é um orgulho ter uma assim! É o antever do passar de testemunho...
Já não bastava os pais, agora vêm os filhos destabilizar o (precário) equilíbrio desta pobre Peixa...
E nem posso comentar o post em si porque como o Sr. Visconde disse e muito bem (até fico doente de tão bem que o ando a tratar...), há coisas que a gente guarda no coração e não há palavras que as descrevam.
(E também apalpei que se a Chefa diz é porque está certo!)
Na qualidade de fiel depositário da imensa responsabilidade que me foi cometida de ter representado os inúmeros e incontáveis, tenho a declarar:
- Não creiam os incautos nas palavras que a Tereza aqui expressa.
- Estou com os putos... Os Cabras são os semi-deuses que todos consideramos. Super-heróis é pouco.
- Esta tentativa de desendeusamento destina-se apenas a confundir-nos.
- O que me foi dado ver, foi efectivamente a presença de seres evidentemente muito superiores aos simples mortais, com quem me foi dado conviver a breve trecho, em que me enriqueci a pontos que ainda estou a avaliar.
(Agora abram lá as hostilidades e tratem-nos com o desprezo e ironia que todos merecemos e a que temos direito, deixem lá o clima de paz podre... Senão ainda vos começo a mandar "beijinhos" no fim dos comentos)
ahahahahahahahah....
grande grande Cy... Tu estás é a ver se vais ao próximo mas tenho dúvidas, muitas dúvidas, que falhaste a prova principal - a colher ficou no chão!...
Xica, agora já podes dizer que "até" eu já fui comentar...
(raio da miúda!)
Peixa não te preocupes que ela vai ao sítio. Hoje vou comprar-lhe uma Barbie.
Ah! Assim está bem!
(Acho que foi o Tomás, ele esteve sempre a olhar para mim com um ar muito comprometido...)
:)
Compra-lhe uma Hello Kitty!!!!!
O Tomás não foi que ele estava sob outros 'efeitos'!!!!!
(Não sei porquê mas dizem sempre que foi o cão...)
bálhamedeus, chefa, bálhamedeus...
Pois... Pelo sim pelo não nunca optes por um jantar macrobiótico com convivas não praticantes e ele por perto...
Diz-te a voz da experiência que a comida desaparece, todos agradecem muito, pretensamente deliciados, mas é sempre o cão que fica mais gordo... (é que aquilo engorda, na mesma, se se comer aos quilos).
(não tinhas mordomo, peixa?)
Tinha melhor que mordomo, Gaija!
(tava aqui a preparar uma coca-cola para acompanhar o almoço e não sei porquê lembrei-me de ti...)
Uma Hello Kity? Tu queres que a miúda me mate, Peixa?
(se precisares de um limão a gaija disponibiliza que ela deve ter uma colecção deles...)
Gaija, já tinha saudades do Balha-me
porque gosto muito de coca-cola, não é?
(não tinhas que te lembrar do alfredo e do mota pinto? não te chegam dois???)
Cyber não te ponhas muito a jeito que a coisa está feia e à falta de mordomo ou de Tomás ainda apanhas tu...
Ah tens razão. Não quero que morras...
Compra-lhe antes a Barbie que ela só te deixa incapacitada.
Ai Gaija, tu não me lembres esses gajos que estou a comer...
porquê eu, uma criatura tão doce???
Porque és uma mulher cheia de ruralidades. É como eu...
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