De vez em quando, lembro-me do Corto Maltese e da "Balada do Mar Salgado", num quadro o Corto Maltese segura a Pandora pelos ombros e diz-lhe "O melhor que tu e o Cain têm a fazer é ficarem junto de mim. Eu dou sorte", ela responde-lhe aquilo que qualquer mulher responderia, "E acha que a sorte grande lhe vai sorrir a vida toda?".
No quadro seguinte, apenas um barco no horizonte, o Corto Maltese dispara "Claro, minha cara… Quando era pequeno, apercebi-me de que não tinha linha da sorte. Então, peguei na navalha do meu pai e zás! Fiz uma como queria."
Há 2 anos
32 comentários:
Isto, sim. É um post sério que daria azo a muitas perguntas.
Mente, é perguntar.
(eu avisei que só ía escrever posts sérios)
O senhor é que disse... Comecemos então por uma curiosidade simples:
Porque é que qualquer mulher lhe responderia daquela forma?
(E olhe que eu sei a resposta mas quero ver se está atento...)
Pode ter rasgado a linha da sorte mas nunca conseguiu rasgar a do sorriso.
Tereza, eu acho que o Corto sempre foi um bluff... Mas isso sou eu que passei ao lado da geração "Corto Maltese Forever".
Eu, que sou um chavalo, também passei ao lado do Corto.
Mas sei que nenhuma mulher iria perguntar-me tal coisa, antes iria colocar-se a mesmíssima interrogação.
Oh Sorriso, não percebi...
(tenha lá paciência mas isto está a funcionar com 1/10 do único neurónio restante)
Mente, antes de mais não posso deixar de notar que você escreveu "senhor" em vez de "Senhor"
Posto isto, em verdade lhe digo que faz parte da carga idiossincrática das mulheres duvidar da existência da sorte que dura uma eternidade. Mais, há mesmo alguns espécimens que colocam em questão o próprio conceito de sorte. Repare, neste caso concreto, a Pandora coloca em causa a única opção que tem, qualquer um intuiria que não havia melhor escolha do que ficar junto de Corto Maltese, afinal ele é o herói e toda a gente sabe que, depois da Balada do Mar Salgado saíram todos os outroa álbuns, logo, Corto Maltese sobreviveria a esta aventura. Ainda assim, em vez de aceitar de imediato a sugestão de Corto (repare, nem sequer é nenhuma razão de cariz mais sexual que move Corto a sugerir que Pandora ficasse junto dele, afinal a recomendação é extensível a Cain), Pandora prefere perder tempo com questões fúteis e que não são relevantes no momento. Em vez de aproveitar a sugestão de Corto (note, a única possibilidade real de protecção), prefere hipotecer as sua probabilidades de sucesso, questionando Corto (o herói, por Zeus, o herói...) sobre se este crê que a sua sorte será eterna.
(não sei se era isto que tinha em mente, Mente)
Simples, cara Peixa. De mim ela não duvidaria que qualquer sorte grande seria para manter ad aeternum, pelo que iria naturalmente interrogar-se se a sorte dela (por me ter ali à mão) seria, essa sim, duradoura...
Eu enfatizo o espírito prático das moças, sou assim. Isso e modesto. Resmas disso.
Visconde, nem imagina quanto me sinto envergonhada com o seu reparo. Só posso pedir imensas descupas e garantir que vou pensar numa forma conveniente de o compensar por tal indelicadeza.
Pois, de facto, a minha visão do porquê da pergunta, não é coincidente com a sua. Até porque tal como disse acima, eu passei ao lado do fenómeno Corto Maltese, consequentemente, à visão da personagem de grande herói.
Tinha a ver com o facto da pergunta lhe ter sido dirigida por uma mulher chamada Pandora. E de todos nós sabermos que de uma mulher nada virá de bom e de uma chamada Pandora (fazendo a analogia à personagem mitológica que decerto conhecerá) muito menos poderá advir algo positivo.
Acresce o facto de que, independentemente de se chamar Pandora, toda a mulher sabe que (quer na mitologia, quer na quiromância) a sorte é um sinónimo de destino e não de boa fortuna.
Podemos defender a simbologia de que o facto de o Corto ter talhado a sua própria linha é indicativo de que talhará o seu destino não fosse o aviso de uma mulher com o nome Pandora. Porque toda a gente sabe que as deusas são superiores aos homens.
(Acho que sou capaz de ter passado demasiado tempo da minha vida a analisar as tragédias clássicas e os indicios de desgraça...)
Quanto à ausência de cariz sexual na oferta, como lhe disse, não conheço bem o Corto Maltese, logo não vou fazer juizos de valor sobre o senhor...
E mai nada, Barbatana. Que os barbatanudos não se querem inseguros!
Já tinha lido isto no Comendador Antunes de Burnay, e, já na altura não tinha achado original nem particularmente bem conseguido. Mas se o Visconde insiste, haja paciência, vá.
Agora convenhamos, é feio dizer que "acha isto bonito".
É incrível, Anónimo, como há coisas que mesmo que não gostemos nos marcam e nós não as conseguimos esquecer, não é?
Acho isso fascinante...
Já eu acho isto bonito, Peixa, a pessoa fixar o que lê. Demonstra atenção e sentido crítico.
O Visconde é assim, um ferro em brasa...
Anónima, anónima...
E eu não disse que achava incrível? É que fico maravilhada!
E depois é coisa que dá sempre assunto! Não gostamos, achamos mau, mas temos sempre uma palavrinha a dizer.
(até se me acordaram o Comendador que andava nas catacumbas...)
Visconde, já gastou o Dun Dun versão especial para melgas? Se quiser podemos providenciar mais sem ter de esperar pelo próximo Encontro.
Mente, a Pandora (a da história do Corto, não a da mitologia) desconhecia que Corto Maltese havia traçado a sua própria linha da sorte. Ou seja, quando questiona a possibilidade de a sorte de um homem poder ser eterna, Pandora não tinha toda a informação de que precisava (desconhecia o facto, importantíssimo, de Corto ter traçado a sua linha da sorte e, sendo ele a traçá-la, podia fazê-la a seu bel-prazer, incluindo traça-la de tal forma que a sorte o acompanhasse sempre). Eu diria que é algo tipicamente feminino, insinuar sem ter pleno conheciemnto dos factos.
(Na caixa de Pandora, a da mitologia, também havia a esperança, não estavam lá apenas os males do mundo. Incrivelmente, disto ninguém fala...)
Comendador, é um gosto vê-lo aqui nesta caixa de comentários. Tenho muitas saudades suas.
Comendador Antunes de Burnay, faço minhas as palavras do Senhor Visconde.
Horácio Inácio, eu próprio já havia cumprimentado o Comendador. Parece-me um atrevimento que você o cumprimente também.
Peço as minhas desculpas, senhor Visconde. Não voltará a suceder.
Homem, também não é preciso ficar assim. Vá, por esta vez passa...
(será que também vão aparecer as amigas da anónima? Isso é que era... ia já buscar uma cadeirinha e ficava com a tarde feita...)
Reparo agora, Horácio Inácio, você escrever "senhor" em vez de "Senhor". Falamos depois em privado, sim?
(Horácio, parece-me que anda a passar demasiado tempo com as pessoas erradas...)
Ora, Visconde meu caro, deixe lá o pobre do Horácio em paz. Apareça lá no Club e tomamos un gin tónico. Que me diz?
Comendador Antunes de Burnay, será um prazer, meu caro. Tenho algumas coisas para lhe contar.
Senhor Comendador, fico-lhe agradecido pela sua benevolência e por se dignar interceder em meu favor. Bem haja, bem haja...
Ora, Horácio, meu bom homem, deixe-se dessas coisas. Temos que ser uns para os outros...
Comendador, meu caro, está combinado. Encontamo-nos no buraco catorze e seguimos para o Club.
(Caramba, tenho centenas de histórias com o Comendador Antunes de Burnay. Bom tipo...)
faltou aqui um, o meu preferido :))
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