Quer tenhamos a coisa em mente desde o início, quer não, o certo é que quando uma gaija quer, mantém o comportamento adequado, sorri nos momentos certos, não desvia o olhar quando não deve, cede aqui e ali (e mais uma data de coisas nossas que os gaijos não têm que saber), o gaijo vai tentar a sua sorte e se nós estivermos para lá viradas a coisa acontece.
Entre monossílabos e respirações mais ou menos ofegantes, um travão de mão que insiste permanecer no local errado, um volante que nunca devia ter sido colocado naquele sítio, um pisca com vida própria e um limpa pára-brisas que ensandeceu, lá chegamos a um local mais ou menos confortável (ou não, bálhamedeus, ou não…) e depois de tirarmos os casacos e os pullovers, o ambiente atinge uma temperatura tropical bem aprazível.
Chega então o momento de avaliarmos comme il faut e discretamente o que temos à frente (aquele coisa dos cabelos macios, dos braços e das pernas no sítio e tal). Se nesse preciso momento baixarmos os olhinhos até ao fim da perna dele e verificarmos que não tirou os coturnos, temos o caldo todo entornado. Como é que um gajo (sim, baixa logo de categoria) não tem frio nos braços e consegue submeter-se ao ridículo de manter os pés cobertos? Será que algum deles teve a audácia de se olhar ao espelho naquela figura? Terá sido uma recomendação da mãe com medo de um resfriado? Digam lá se não é de voltar a vestir o pullover e o casaco, dizer que nos esquecemos da torradeira ligada e desarvorarmos por ali fora?
Há 3 anos