THE ENGLISH PATIENT

cave Neste filme, há uma cena fascinante quando a expedição da Sociedade Geográfica se depara com uma caverna, no deserto, com imagens pré-históricas de homens a nadar – the cave of swimmers. Os membros da expedição ficam maravilhados com a beleza dos desenhos, com a imponência da sua descoberta.

Eu ontem senti isso. De tal forma que fiquei deslumbrada até às 3 e tal da manhã a contemplar os ‘desenhos’ que me fascinavam.

Andava à procura de uma data e, por isso, vim aqui. Sim, aqui ao Cabra de Serviço. O sentimento que tive, a principio, foi de que estava a entrar no sótão. Aquela sensação de estar a mexer em coisas que decidimos deixar para arrumar mais tarde e ficam muito tempo esquecidas. E como as deixámos lá demasiado tempo, sentimo-nos desconfortáveis. Porque queremos as coisas arrumadas. Não queremos questões pendentes que não sabemos que rumo lhes dar.

Quando entrei, fui direitinha ao mês que procurava e depois perdi-me… Perdi-me na CJ a perguntar pela enésima vez se lhe estávamos a esconder alguma coisa (claro que não!); Perdi-me no Visconde a chamar-me teimosa (nunca, jamais); Perdi-me nas gémeas do Santo (loiras. Sempre loiras); Perdi-me na Gaija a chamar-me Peixa Maria (garanto-vos que nunca mais ninguém chamou Peixa Maria com tanta autoridade); Perdi-me no Shark a ameaçar-me com palmadas na barbatana traseira (era mesmo barbatana do cú mas isto é um post, mais ou menos, sério); Perdi-me na Chefa a debitar ordens às quais ninguém obedecia (tu sabes que é verdade, escusas de empinar o nariz); Perdi-me na SSV e como me fazia sempre sentir uma xavalita (e odiavas a Lola e até hoje não percebo porquê); Perdi-me no Cy ainda à procura da colher de café desaparecida (e há a outra cena das gatas mas deixemos lá isso); Perdi-me na AnaT a ser provedora do comentador (um cargo mui nobre, diga-se de passagem, que aquilo não eram gaijos fáceis de contentar); Perdi-me na Mila que perdeu a vergonha (ainda estou é à espera do Magalhães, mas enfim…); Perdi-me na Elle e nas suas caipirinhas (e as garrafas de Alvarinho que ainda devem estar lá em casa à tua espera); Perdi-me na Rachel que havia encontrado ontem noutra “Junta de Freguesia” e na sua pronúncia do Norte (e o barrigão com que eu a imaginava grávida?); Perdi-me… Perdi-me… Perdi-me…

Entrei no sótão para ir buscar algo e acabei lá sentada, no meio do pó, a folhear álbuns de fotografias antigas. Entrei na Caverna e maravilhei-me com os desenhos.

Mas tal como nos álbuns de fotografias antigas, nós não podemos recriar aqueles momentos. Foram únicos. Inestimáveis. E irrepetíveis.

Tal como na caverna, nós não podemos redesenhar os nadadores. Esses retratam aquela realidade que hoje é outra.

E tal como nas fotos e nas gravuras da caverna, há sempre mais gente que, apesar de não aparecer, contribui em grande parte para o que ali ficou imortalizado.

Sabem aquela frase célebre que outro excelente escritor desta casa gosta tanto de citar e em que defendia que não devíamos voltar onde já fomos felizes? Hoje estive quase a dar-lhe razão. Mas não posso. Talvez não possamos ser felizes como já fomos naquele lugar, mas nada nos impede de ser felizes de outra forma.

Eu não sei se este post é o fim de uma era ou o principio de outra. Não sei o que está por trás da porta nº 1 ou da nº 2. Por vezes, gostava de ter o desprendimento de dizer que é só um blogue e que quem cá escreve(u) eram apenas nicks. Não tenho era coragem. Não partilho dessa opinião. Aliás, já o tinha dito nos golden days. BS (caso já não te lembres, é BullShit)! Eu acho. E podem vir com teorias de que sou uma sonhadora e uma idealista e o camandro que esta ninguém ma tira. Mas como dizia o outro: whatever get’s you through the night…

Mas lá estou eu a perder-me, como de costume… Como eu dizia, eu não sei como vai ser amanhã. Muito menos, sei os pensamentos dos outros membros deste estamine. Posso apenas falar por mim. E a Mim andava incomodada com o ‘pó’; a Mim achava que quem nos continua a visitar na esperança de ver algo novo, merecia mais de nós do que a remissão ao silêncio; a Mim, ontem, andou a fazer viagens down memory lane: e foi a Mim que hoje disseram aquelas palavras que eu tanto gosto (not) ‘um blogue é apenas um blogue’ (o que em si é uma contradição dos termos. Se um blogue é só um blogue porque raio importa aquilo que outro blogger sente ou pensa?). Logo, tornou-se urgente aquilo que a minha mente adiava há tanto, tornou-se prioritário escrever. Escrever aqui. Escrever-vos. Pedir desculpa a todos que ainda vão perguntando por nós nas caixas de comentários e que não tiveram resposta. É que um blogue não é apenas um blogue. Por trás de um blogue estão pessoas. Um blogue é feito por pessoas e para pessoas, por muito imbecis que sejam os seus nicks. Um blogue nunca é apenas um blogue porque uma pessoa nunca é apenas e só uma pessoa…

21 comentários:

Teresa disse...

(quando conseguir tirar o sorriso de orelha a orelha volto para comentar...)

Teresa disse...

(e vamos ter de falar sobre essa coisa de não ligarem bóia às minhas ordens)

Fusão do Atomo disse...

Leio este Blog há muito tempo e comento-o há muito pouco, não sei nem quero saber das razões pelas quais os opinadores desta coisa deixaram de aqui vir. Mas fico triste ao ver um espaço de grande criatividade e discussão, ser levado para o sotão e por lá ser guardado. Espero que a Peixa e a Chefe (á qual ninguém obedece) ponham a sua qualidade literária ao dispor leitores desta coisa.

Fusão do Atomo disse...

Leio este Blog há muito tempo e comento-o há muito pouco, não sei nem quero saber das razões pelas quais os opinadores desta coisa deixaram de aqui vir. Mas fico triste ao ver um espaço de grande criatividade e discussão, ser levado para o sotão e por lá ser guardado. Espero que a Peixa e a Chefe (á qual ninguém obedece) ponham a sua qualidade literária ao dispor leitores desta coisa.

Vontade de disse...

E tal como na vida real, nos blogues usamos máscaras...

Ze Maria disse...

Que agradável é ler alguém que nos mostra um pouco de alma por dentro das das palavras que lemos e julgamos entender, melhor, identificar-nos. Ainda bem que há quem aconteça.Obrigado.

Mente Quase Perigosa disse...

Zé Maria, obrigada eu.

Mente Quase Perigosa disse...

Vontade de, tal como na vida real, nos blogues, ÀS VEZES, usamos máscaras, sim...

Mente Quase Perigosa disse...

Fusão, o Cabra é - e sempre foi - tão mais do que 2 pessoas. Tão mais do que a Peixa e a Chefa!

(Hoje ela despede-me. É hoje, senhores)

Mente Quase Perigosa disse...

Oh Chefa, aquilo de não ligarmos nenhuma às ordens era só brincadeirinha. Liberdade criativa!!! Toda a gente sabe que éramos de uma obediência cega!!!!

Fusão do Atomo disse...

Mente, mas por isso é desolador ver a tasca ao abandono, não podem fazer isso. Não diz o Principezinho que "somos responsaveis por aquilo que criamos e cativamos", vocês são responsaveis por belos nacos de prosa.

E andas andas, a fazer tudo para ser despedida com justa causa, a chefa não brinca

Fusão do Atomo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mente Quase Perigosa disse...

Oh Fusão, tu não me fales do Principezinho que m'alembra dele!!!

Nacos de prosa é bonito!

(Achas que ela vivia sem mim?)

Mente Quase Perigosa disse...

(E levei o 13 e tudo! Isto parece-me um bom augúrio.)

sem-se-ver disse...

mqp, és uma querida.

eu venho sempre cá (quase diariamente, mantive o hábito) para me dirigir rapidinho para a lista dos blogs de vossa autoria, e dela parto logo para o teu (nao me perguntes por que raio não o pus nos meus favoritos; ficou assim; sempre associado ao cabra, que queres?)

penso que será irreversível. vcs descuidaram o blog tempo demais (no ano passado, +- a partir deste mesmo mês), e blogs carecem de actividade. ademais, suponho que houve desentendimentos entre vós (risco, sempre, de blogs colectivos), e entre deserções e amuos, as tuas tentativas e as da tereza nunca 'pegaram'. porque foram só isso, tentativas, sem muita convicção. e porque não basta aparecer com 2 ou 3 posts para que os comentários caiam de rompante e a animação das caixas aconteça de novo. houve aqui uma quimica, uma explosão quimica que se desvaneceu no ar. após os jantares de comensais, já pensaste nisso? pois, eu já. nada como ser sem-se-ver e manter o blog no sítio que lhe é devido: virtual. penso que essa é uma das lições.

claro que tu e a tereza se tornaram amigas para a vida, o que é excelente. claro que houve desilusões e traições, faltas de chá e de nível, por parte de quem desertou sem avisar. claro que sim. se eu, mera comentadora, sinto e percebo inteiramente o teu estado de espírito, imagino, querida mqp, como ontem te sentiste nesse sotão cheio de pó. 'ao pó voltaremos'?.

espero que esta tua vontade, toda ela emocional e sensível, de refazer deste espaço um de convívio, divertimento, dinamismo, entusiasmo, se concretize.

mas quem te avisa teu amigo é: não cometam os mesmos erros.

e vamos a isto, pois então.

sem-se-ver disse...

e agora vou ao teu blog.

Mente Quase Perigosa disse...

Ora que isto tem quase que ser respondido por capítulos, SSV...

Ou melhor, haverá coisas que eu não posso e/ou não devo responder.

Eu não sei se o 'pó' é irreversível ou não. Tal como disse no post há a porta 1, a 2 e, quiçá, uma 3 ou 4 e eu não sei o que está por trás de cada uma delas.

Tu não és uma mera comentadora. Aliás, não há 'meros' aqui. Não há hierarquias. Caraças, há pessoas.

Não concordo que a lição a aprender seja manter o virtual forsaking all other. Eu não tenho saudades do Cabra de Serviço. Eu tenho saudades das pessoas do Cabra de Serviço.

Se eu quiser um belo de um forróbódó virtual, há mais 'tascas' onde passar umas horas a mandar bitaites, mas nesses sitios onde vagueio, por alguma razão, se me falam em 'paio' é da CJ que eu me lembro; quando me falam de 'iogurtes gregos', é da pessoa SSV que eu me lembro (sim, eu tenho memória de elefante) e isso são coisas que não se passaram virtualmente.

São as pessoas que me fascinam. Sempre foram. É esse o motivo pelo qual acabo sempre por cair no mesmo. Acabo sempre a voltar a sitios onde já fui feliz. E, por isso mesmo, o teu último conselho é válido mas está sempre dependente dessa grande imponderável que é o ser humano. E esse talvez tenha sido o grande erro: tentar 'enformar' toda a gente no mesmo padrão em vez de se respeitarem as particularidades de cada um e tirar-se partido das diferenças, que ao fim ao cabo eram o que causava o fascinio.

E se queres a minha opinião sincera, eu acho que é impossível refazer aquilo que existiu porque há demasiadas dúvidas no ar, demasiadas perguntas, mas é possível construir algo a partir do que (não) existe agora.

Se tento? Tento. Se vai ser necessário um esforço de mais gente. Vai. E se não resultar, paciência. Arrumo as malas, bato a porta e volto para 'casa'. Como dizia o Vinicius o importante é "que seja infinito enquanto dure".

sem-se-ver disse...

pois que porventura a senhorita não me tenha entendido bem :))

claro que o que importa são as pessoas, e claro que prezo as que conheci por causa do cabra. claro.

quando mantenho que convém manter as coisas no virtual é no sentido de não se darem passos maiores do que as pernas que, creio, foi o que aconteceu convosco. e não confundir simpatia, criada através de um meio tão virtual quanto é o dos blogs, com amizade. muito menos verdadeira. respeitar as particularidades de cada um passa também por aí, entender que... olha, que nem todos são como tu.

mas quem sabe, oh pita, seja melhor eu continuar a conversar contigo via mail, por forma a não dizer demais num espaço público como este.

recebe um abracinho.

Teresa disse...

Já respondi. Num post lá para cima.

Rachel disse...

Ui, voces me desculpem!
Mil perdões.
Então decidem começar a re-abrir o estaminé numa semana danada de complicada para esta vossa serva, que eu nem me apercebi que isto estava a bombar outra vez!
Ainda não li comentários e ainda não li os outros posts, porque tenho a mais nova doente.
Mas estou cá também.

beijos para ustedes.

Mente Quase Perigosa disse...

Já te estava a estranhar, gaija!!!!

As melhoras da xavalita.

Bjs