E uma boa barrela de sabão macaco?

Foi galo, mas foi mesmo assim. Há uns anos, dez ou onze, a Fairy lançou uma enorma campanha publicitária. Mais uma. Nós, simples mortais, iamos passar a poder usufruir de uma nova maravilha, super concentrada, pois claro, o Fairy Anti-bacteriano. Aquilo era o Dr. House das cozinhas - e só não era porque o próprio House ainda não era House porque se fosse era de certeza - e não iria haver bicheza que resistisse. Uma maravilha, já disse, não já?

Mas foi galo. Mesmo galo. É que no mesmo dia, ou quase, a Organização Mundial de Saúde publicou mais um ralatoriozinho. Diziam os senhores que a tuberculose estava a reaparecer em força na Europa e que a culpa, imagine-se, como se pudesse haver culpados nestas coisas!, era, também, dessa corja de detergentes anti-bacterianos que andavam a dar cabo das nossas defesas. Os gajos, com aquele ar de Linha Maginot, estavam a lixar-nos as barreiras que tinhamos criado e a abrir enormes auto estradas no nosso sistema imunológico, e isto para não lhes chamar SCUT's já que nem consta que tivessem portagens, para entrarem todos os arqui inimigos que pensávamos ter derrotado há muito.
Percebem agora o galo, não é? Está bem que nem devia haver muita gente a ler essa coisa dos relatórios dessa outra coisa da OMS mas que era chato lá isso era. Logo na altura em que a Fairy tinha prateleiras de supermercados cheinhas com a tal maravilha que fazia milagres. Mas os senhores da Fairy não dormem em serviço e se tinham acabado de encher uma ponte de gente a comer feijão e convenceram meio pais - o outro estava lá a comer e não viu - que tinham lavado a pratalhada toda só com um frasquinho daquele líquido milagroso, também haviam de resolver este problemazito de nada. E resolveram.
Não passou uma semana até aparecer uma nova campanha. A Fairy, com o Alto Patrocínio da Presidência da Républica, ia contribuir para a campanha de vacinação contra a tuberculose em Moçambique. Altruisticamente iriam doar para a compra da vacina um escudo por cada frasco de Fairy Anti-bacteriano vendido.
E agora, assim en passant, apetecia-me dizer uma daquelas palavras curtas e grossas, mas nem agora nem na altura disse. Achei que talvez fizesse melhor se pegasse no telefone e ligasse para dois ou três sítios e falasse com dois ou três amigos e eles fizessem duas ou três notícias. Fosga-se! Com o Alto Patrocínio da Presidência da República? A comerem-nos por parvos?
Ligar eu liguei, e expliquei muito bem explicadinho, mas e bádádá, e bádádé, e a Fairy era Lever e claro que era um escândalo mas a Lever pagava-lhes os ordenados e não havia jornal, televisão, rádio ou boletim de paróquia que se atrevesse a levantar uma palha que fosse que fizesse uma comichãozita no bom nome da Lever.
Agora, passados tantos anos, eu acho que o nome que ouvi foi Lever mas já não sei, não tenho a certeza, se não terá sido Sócrates.

Lembrei-me disto por causa disto
Digam-me lá, senhores jornalistas que ficaram chocados com a história do sabão azul e branco, preferiam Fairy anti-bacteriano, não era?

10 comentários:

Mente Quase Perigosa disse...

Eu por acaso já mencionei que o Fairy me faz alergia?

E todos os tais desinfectantes que agora nos obrigam a usar? (Pedronuno, acho que precisamos falar que tu és o único gaijo que se rala com a minha pele delicada!)

Já o sabão azul e branco não interfere com a minha pele. Fica como se nada por ali tivesse passado.

Portanto, quero lá saber quem paga a quem e o quê.

(Estive a estudar TGDC portanto a pachorra também não abunda por estas bandas!)

O Santo disse...

(era tao bom q nao chateassem os meus clientes.... tadinhos

Anônimo disse...

Operação pandemia

http://www.youtube.com/watch?v=CcgCBiyGljM&eurl=http%3A%2F%2Fcartoonices%2Ewordpress%2Ecom%2F&feature=player_embedded#t=577

gaija do norte disse...

tá caladinha, chefa, que se toda a gente se lembra de começar a viver em "casas" sem as mínimas condições, a comer em louça mal lavada e a tomar banho quando, um dia, tiver que ir ao senhor doutor, estou arruinada!!!

Teresa disse...

Também gosto do sabão Clarim, Peixa. e esse, agora, é muito cá de casa.

Teresa disse...

(queres um recadinho para os teus clientes, santo?)

Teresa disse...

Interesseirona, Gaija.

(Olha cá por casa não tarda e é só saúde...)

gaija do norte disse...

interesseirona? tenho um filho para criar! em tua casa está bem, mas no país todo, tem mesmo que ser?

Teresa disse...

E, quando te respondi, nem pensava que poucas horas depois iria estar mergulhada em saúde até aos cotovelos... era saúde por todos os lados. se por cá não estamos já todas imunes a tudo dificilmente ficaremos.

gaija do norte disse...

só prejuizo, é o que é..