Diamonds are the girls best friends

E vão continuar mais quanto tempo de fita métrica em punho a discutir tamanhos de gaitas?

(por alguma razão a minha avó não admitia que dissessemos "gaita". Realmente, no contexto certo, gaita tem uma pujança que deixa qualquer pila murcha)

Não sei qual a experiência que os meus caros colegas têm do membro em questão, mas presumo, pelas enormidades ditas (sim, que pelos vistos é de enormidades que estão a fabular) que será da própria, da do urinol do lado e das dos outros meninos que tomam duche lá no balneário e que também têm os olhos tortos à força de tirar medidas enquanto falam de bola.
Meus caros, tenho uma novidade que talvez desconheçam - quem vê caras não vê corações e os senhores, ou admitem aqui e agora que é de corações que falam, ou resignam-se ao estatuto de meros observadores e mandam uns palpites cheios de centímetros no jogo da bisca com os outros gaijos lá do clube e calam-se, respeitosamente, na frente de quem tem a obrigação de perceber da poda.

Diamantes. Já ouviram falar? Falta-me aqui o Z para me dar uma mãozinha (achei a frase apropriada) mas mesmo assim aventuro-me a dizer que um calhamaço de um diamante em bruto pode nunca fazer brilhar os olhos de uma mulher. Ele grande até pode ser, mas a cor, o brilho, a transparência, a ausência de carvões, o corte e, last but not least, o engaste, é que farão dele uma jóia apetecível e o distinguirá de um vulgar calhau de praia, mesmo que graaaande! E isto para nem falar num chuveiro de diamantes, pedrinhas pequeninas mas que fazem babar qualquer mulher se lhes forem servidas em platina num fundo de veludo azul de uma caixa da Tiffany.

Todas nós sabemos que gajo, ou gaijo, começa por aterrorizar os amigos com a história do meu pai é polícia e a seguir, e para o resto da vida, aprende a dizer a minha é maior que a tua, mas acreditem, meus queridos, nunca ouvi uma gaija dizer a pila do meu gaijo é maior que a do teu. (bem, convenhamos que se estamos a falar de gaijas uma constatação destas seria devidamente dissecada na altura e não auguro nada de bom para a infeliz que tivesse o desplante de arronchar uma bacorada deste tipo). Mas continuando, e porque até ao lavar dos cestos é vindima, só mesmo os gaijos para se lembrarem de medir pilas, principalmente quando (e digam-me que não estou enganada) elas estão naquele estado em que nós, gaijas, não gostamos nada de as ver.
Eu, por acaso, e tal como todas as outras gaijas deste blog e a maior parte das minhas amigas (tenho uma ou duas que posso apresentar a quem estiver interessado, mas depois não se queixem) não percebo nada de sexo, é só mesmo o que ouvimos dizer e lemos por aqui e ali, mas mesmo no que vou lendo, clássicos, claro!, preciso sempre de não perder de vista o contexto ou corro o risco de engalanar em arco e dar com os burros na água que lá por essa estrangeirada se encantar com Mateus Rosé eu, que até sou da Bairrada, tenho obrigação de saber que aquilo não passa de uma pila grande e pedir Ponte da Barca (sou da Bairrada mas não sou parva...).
Mas, naquelas coisinhas que fui lendo aqui e ali sobre sexo e pilas, clássicos, como já referi, lembro o encantamento da Lady Chatterley ao ser possuída contra uma árvore pelo plebeu Oliver. Lady Chatterley, topam?
A Lady era a Constance que casou com o Clifford que ficou impotente pouco tempo depois. O Oliver, nesse livro maldito, era o gajo feio e rude que, como ele dizia e ela enrubescia, a fodia no jardim. A coitada vivia obsecada pelo "enorme membro viril" do tipo mas convenhamos que ao pé do Clifford qualquer gajo, ou qualquer pila, faria boa figura. Mas o certo é que o Oliver entrou para o imaginário popular como o macho e o seu "vergalho" (eu disse que tinha lido os clássicos) ainda hoje é invejado por gerações de mancebos mais ou menos eruditos. Pobres, pobres coitados, que se fiam na Constance, mulher do Clifford, para viverem na ilusão de que o tamanho conta. Conta, pois conta, conta é pouco, mas se a alternativa for o Lord Coitadinho (desculpem, Clifford Chatterley) qualquer coisinha é o paraíso.
É que se falamos de clássicos prefiro uma menos Lady. Viveu cem anos antes da Constance e chamava-se Fanny. Fanny Hill. Pobre, muito pobre, mas prontinha para se fazer à vida. E que vida. Pois a Fanny, que não conhecia os salões de Londres como a outra mas tinha uma vasta experiência nos colchões dessa cidade disse um dia, do seu chichisbéu da altura (e volto a referir a minha enorme cultura clássica), o que passo a transcrever:
... "dirigindo então naturalmente os olhos para aquele caprichoso chefe dos movimentos, em cujo proveito eram tomadas todas estas disposições, pareceu-me quase incrustado no seu corpo, mal mostrando o topo acima do monte de cabelos encaracolados que revestem essas partes, parecendo, como a Senhora deve ter visto, uma carriça a espreitar na relva."

Gaijos, acham que a Fanny deu de frosques e foi comentar o tamanho com as amigas? A Fanny não é a Constance. A Fanny é uma espécie de Anita que não é bonita mas acredita que a noite cai.

(...) a sua máquina que eu tinha, pela aparência, tomado por uma impalpável ou, no melhor, por uma muito diminuta, apresentava-se agora, em virtude de (...)- deviam estar a pensar que vos ia fazer a papa toda, não?!! - ... não só com uma dureza de erecção prodigiosa mas de um tamanho que até a mim assustou: uma espessura inusitada, na verdade! Só a cabeça ocupava a capacidade máxima do meu punho. E quando, por ele se erguer e revolver para trás e para a frente na agitação do seu estranho prazer, apareceu à minha vista, tinha algo do aspecto de um lombo da vitela mais branca...

Digamos que não foi fácil lá chegar e eu, que nem percebo nada do assunto, dispensava tanta trabalheira, mas a Fanny, há bem mais de duzentos anos, que provou que o tamanho não conta apesar de vocês, gaijos, ainda não terem percebido.
Querem que explique ainda melhor? Acho que não, já que nem me chamo Fanny e até, como disse, só toco de ouvido.
Diamantes. Não se medem em peso nem em largura.
Carats, percebem?
E, claro, o engaste também conta. Muito!

25 comentários:

Mente Quase Perigosa disse...

Já dizia o Alan Rickman no Die Hard: The benefits of a classical education...

Como eu dizia a respeito do tema, eu não me lembro de alguma vez - quer eu quer qualquer gaija que prive comigo - ponderar sobre o tamanho da pila de um gaijo por quem se interesse. Nunca houve nenhuma conversa do género:

- Ando a sair com um fulano e acho que a coisa se dá. Será que ele tem uma pila grande?

Ou

- Aquele tipo é giro. Qual será o tamanho da sua pila?

Eu, pelo menos, nunca ouvi nada do género. Mas lá está... Não percebo nada de sexo...

(Gostei deste conjuntinho de cama. E gosto de diamantes. Muito. É a minha costela Hepburniana. Lá está, mais uma vez os clássicos...)

shark disse...

she's back, que rica menina...

Teresa disse...

(peixa, confesso que há muito pouco tempo passei uma tarde a ouvir - o gajo tem uma pila grande, já viste? E está a sair do mar...e o mar está frio...bolas, deve ser mesmo grande... - mas apesar de me ter forçado a pôr os olhinhos no assunto tal a euforia nos meus ouvidos,só me lembro que os calções de praia eram pretos e brancos. Sim, há gajas que reparam em pormenores, mas também só devem saber fazer lasanha na bimby...)

Olha, eu também engraço, assim, do verbo "engraçar", com esmeraldas, mas confesso que um brilhante é um brilhante e se estiver bem embutido (convém que as garras sejam firmes, que já uma vez perdi um num taxi), com os contrastezinhos todos no sítio certo e com uma caminha que não o deixe ficar mal visto até com umas jeans rotas eu me sinto uma rainha.

Teresa disse...

Tubarão, Shark, Gaijo, há tanto tempo que não te punha os olhinhos em cima...

Mente Quase Perigosa disse...

Olha, eu é mais rubis e topázios. Mas confesso que bem engastada, qualquer ametistazinha me faz sorrir.

Anônimo disse...

isto é tudo ao contrário do que se diz e eu nem percebo porque fizeram assim, mas lá está deve ter um fundamento psicoantropológico. Quem gosta muito de imaginar paus y sus vires são os homens, mas não é por mal é que vir quer dizer força em latim e é a raiz de virtude e já agora de verde.

Anônimo disse...

só depois vi que andava ali, explícito. A frase está impec, acho eu. Tenho de ir à minha cruz: burocracias, mas deixo uma musiquinha, milho, verde!

gaija do norte disse...

um jantar levou-me a ouvir um comentário entre duas amigas que tinham privado com o mesmo gaijo... referiram que era meiguinho e depois, de passagem, uma disse que o documento era pequenito e a outra concordou. foi a única vez que presenciei um apontamento de reportagem do género!

Mente Quase Perigosa disse...

Essas conversas fazem-me sempre lembrar o episódio do Sexo e a Cidade em que a Samantha se apaixona por um gaijo e depois vai para a cama com ele.

Vou ao Youtube ver se lá está esse bocado.

Mente Quase Perigosa disse...

Ora cá está!

http://www.youtube.com/watch?v=C57G0TH3PHE

Mente Quase Perigosa disse...

(e os gaijos vão ver isto e pensar: "Eu sabia!!!! Estava coberto de razão!!!!")

shark disse...

Eu não acredito em tudo o que vejo na televisão. Nem mesmo no XXL.

CybeRider disse...

E eu desde que ouvi o nosso primeiro a dizer que conhecia um filme "Sei o que fizeste o Verão passado"... Já acredito em tudo...

Já, já...

CybeRider disse...

EPÁ, TEREZA! TÀS BOA?

Texto muita giro! O teu "Fanny Hill" também era do Círculo de Leitores?

(Se houve coisa que favoreceu a nossa cultura literária...)

Teresa disse...

Z, andava com saudades tuas mas vá-se lá saber porquê me lembrei de ti logo neste post

(verde ou verdinho? às vezes deve ser mais para o verdinho)

Teresa disse...

Gaija eu conheço uma única que se lembra com uma exactidão impressionante do talher de todos os restaurantes a que já foi, e isso é obra que a piquena deve ter uma avença com o guia michelin das estações de serviço, mas ou é a excepção que confirma a regra ou é regra mesmo e eu é que só me dou com excepções.

Teresa disse...

Olá Cy.
(ainda tens muita gente por aí ou também já bazou tudo)

Este não é do Circulo de Leitores. É uma coisa muito velhinha com as páginas amarelas e ar de mais de um século, o que lhe dá um sabor especial

gaija do norte disse...

ora essa! também me lembro de todos os talheres que usei em todos os restaurantes!!! tu não???

Mente Quase Perigosa disse...

(bolas, ainda bem que eu tenho a desculpa de ser Dory...)

gaija do norte disse...

olha outra! não acredito...

Mente Quase Perigosa disse...

Toda a gente sabe que a Dory é desmemoriada!!!!

(Se quiseres falar com a Lola, ela talvez possa ajudar. Mas tu não gostas de promenores... Além disso, a Lola está de castigo há quase 1 mês.)

gaija do norte disse...

queta! deixa estar a lola. não estou com disposição nenhuma para pormenores! além disso, quem quer saber de talheres, né?

Mente Quase Perigosa disse...

Exactamente a minha opinião. Eu não quero saber, de certezinha...

Teresa disse...

Para quem não gosta de pormenores vocês, belas peças, têm uma memória lixada. Eu por mim só posso garantir que a canja de bacalhau do Carrussel era uma delícia e que, de certezinha, que a comi com uma colher. Agora não me perguntem se era grande ou pequena, redonda ou mais espalmada, com design moderno ou mais anos vinte.

calamity jane disse...

Eu também me lembro dos talheres todos de todos os restaurantes, mas eu tenho uma memória à semelhança do grilo: de elefante...