Desde o início dos tempos blogosféricos a questão do anonimato tem feito correr muita tinta nos monitores, tanto no plano dos autores como no dos comentadores. Interessa-me hoje a questão destes últimos.
Começo por deixar claro que o exercício do direito ao comentário anónimo implica a aceitação do eventual troco opinativo que deriva da liberdade de expressão que é sempre invocada quando alguém se insurge contra o anonimato sob qualquer das suas formas. E é disso que se trata aqui.
Quando alguém opta por se esconder por detrás do anonimato (e é de esconder que se trata) é porque pretende salvaguardar uma de duas coisas: a sua imagem, por sentir que pode ser afectada pelo que diz, ou a sua pele (por temer a represália inerente a qualquer excesso que cometa, como um insulto ou assim).
Mesmo quando a pessoa anónima pretende apenas dizer uma verdade necessária mas receia as respectivas consequências, e por muito boa que seja a sua intenção, está a fugir à responsabilidade inerente ao seu gesto e nesse caso estamos perante um acto de cobardia, variando apenas no grau e no pretexto relativamente a tudo o que um insulto mascarado engloba de pejorativo. É a diferença entre um medroso e um merdoso, bem vistas as coisas.
Colocadas essas coisas no plano devido, é inevitável concluir que o anónimo capaz de utilizar essa vantagem competitiva para poder denegrir alguém sem ao menos aceitar o preço a pagar, as mazelas na imagem de pessoa de bem, com a formação pessoal elevada que transpira do que diz com a identidade destapada, não pode fugir ao estatuto que assim abraça. E a cobardia custa sempre a engolir diante do espelho, excepto se a pessoa em causa for demasiado estúpida para perceber esta lógica simples: insultar sob a capa do anonimato equivale a apedrejar alguém pelas costas escondido atrás de uma árvore.
Daí me parecer necessário chamar os bois (os anónimos, no caso concreto) pelos nomes para de alguma forma equilibrar a parada.
É que se a pessoa insultada ou denegrida acusa o toque mas tem que disparar às cegas e correr o risco de ficar mal vista se responder à altura do que lhe disseram, a outra pessoa que sentiu o prazer mesquinho, porque impune, de dizer algo que não teria tomates para repetir com a identidade a descoberto, não pode deixar de vestir a pele cobardolas perante os factos que estão à vista no que acabo de afirmar mas também na percepção de quem lhes lê as atoardas.
Menos cobardes só mesmo os que preferem fugir depois de atacarem os outros.
Pelo menos tiveram a coragem necessária para darem a cara pelas suas ousadias fedelhas.