As crianças finalmente adormecem depois de horas de gritos e apitos e de jogar a apanhada pela quinta com fantasmas, morcegos e muitos monstros. Andam sujos, descalços e corados. Confraternizam com galinhas, coelhos e cães e comem fruta que apanham das árvores. O Peixinho andam literalmente no engate às 2 gémeas e eu que me aguente à bronca a ouvir coisas do género à hora de deitar: “Já me podes levar? Para onde? Para a cama das Princesas! Quero dormir com as Princesas!” A mãe delas que se oriente…
Nós passamos longas horas de dolce fare niente e neste preciso momento estamos cada uma agarrada ao seu computador. Modernices! Estarão os mais velhos a pensar no salão…
Comemos comida feita em forno de lenha, ao lado do lagar, na adega, e enchemos a barriga com tomates e pepinos e alfaces da quinta. O tio Nito enche-nos de vinho caseiro e de mimo e vê-se nos olhitos que gosta de ver as ‘meninas’ por ali e, principalmente, os ‘meninos’ das meninas. E eles não o largam e quando levam algum ralhete ou açoite é para o colo dele que vão carpir as mágoas e eles estraga qualquer projecto pedagógico que possamos ter na nossa cabeça ao consolá-los e a levá-los a passear para longe das megeras das mães.
Ao serão, com a canalha toda a dormir, sentamo-nos na cozinha. Eles queixam-se do calor que faz e eu vou buscar um casaquito que para mim isto é mais polo norte e fazemos projectos de grandes viagens que vamos fazer um dia e desabafamos os problemas que atravessámos no ano anterior. Trocamos as prendas que fomos acumulando no Natal, aniversários e outras coisitas que íamos vendo e que comprávamos umas às outras e aos miúdos. Sonhamos e eu acredito que a vida pode ser boa desde que nós o queiramos. A vida é mesmo muito boa. Nós é que gostamos mesmo de nos queixar. Nós é que nos esquecemos que o que faz a vida inesquecível são as pessoas e passamos tanto tempo da vida a negligenciá-las.
E amanhã de manhã, quando abrir as portadas do meu quarto, vou olhar o verde e pensar que por muito que sonhemos com viagens fantásticas ao Taiti, muito provavelmente acabaremos sempre por nos encontrar aqui, ou lá, ou na minha antiga rua em Paço de Arcos, ou à porta do Pavilhão Atlântico, mas será sempre tão bom quanto encontrarmo-nos no Taiti, no expresso do oriente, no Tibete ou nas Maldivas pelo simples motivo de que independentemente do onde seremos sempre nós.
50 comentários:
ia dizer uma coisa do genero, deve ser o ar do campo.
mais logo vou tentar
É bonito o campo. As férias costumam ser praia e depois campo, festas nas aldeias dos avós. Eu este ano não vou, o ano passado a casa tinha sido assaltada e no regresso tive um furo na auto estrada...Fico pela cidade.
Eu gosto de sexo nos quintais.
Santo, aposto que nós estamos quase a poder competir com a Gaija a falar à nuorte, carago!
;o)
Gabs, o Senhor lá de cima sabe que eu sou um bicho de cidade, absolutely urban, mas preciso do campo para contrabalançar!
Eu é mais quintas!
Ah, mas olha que às sextas também é porreiro...
como é que queres competir comigo a dizer "nuorte"? também falas portunhol, é?
(pfff, sulistas... nunca mais aprendem!)
(nunca mais aprendem o quê, tripeira?)
que é preciso comer muita broa e chouriço desde pequena para se conseguir este maravilhoso sotaque!!!
E francesinhas, não dá?
Acabei agora a broa e a chouriça, Gaija!
(ando a ver se compenso o que deixei de comer nos últimos anos!!!!)
E o briole que está a fazer aqui, pá???
Agora entendo o Círculo Polar Ártico, Bruce!!!!
Tou quase a calçar peúgos!!!!
resmas disso todos os dias até que a morte vos separe, e talvez chegues lá...
Tás no norte, Peixa???
não sei, tubarão. a especialista não falou em francesinhas...
Tás a ser injusta, Gaija!
Sabes que o meu sotaque nortenho é IRREPREENSÍVEL!!!!
(Gaija, desculpa colocar a questão em público, mas não achas que estamos a exagerar?)
Toda a barbatana careta acaba no norte, Bruce!!!!!
(quem é a especialista?)
não é...
e estou no interior mais a norte do que tu. não está um calorão, mas não está nada mal!
peixa maria, volta para as tuas origens, sua ingrata! barbatana careta???
Podes crer, Peixa. E o aquela gente sai a ganhar com a nossa inestimável passagem...
(Gaija, querida, hoje não que dói-me a cabeça...)
(a especialista é uma sumidade do nosso tempo...)
Com Barbatana Careta referia-me a pessoas cheias de valor e bom gosto como eu e o Bruce...
Era sinal que só seres realmente excepcionais têm o privilégio de privar com tão nobre parte do pais!!!!
(a especialista é uma sumidade de qualquer tempo!)
(tubarão, querido, eu deixo-te pousar...)
Bolas, Gaija, aqui está frio!
Frio à séria!
vai falando, peixinha, que estás no bom caminho!
Peixa, não te estiques...
"Eles" é que têm o privilégio de privar com as nobres partes deste sul tão rico em... nobreza e assim.
aqui não :)
estás a falar de que partes, peixão???
Tou não estou? Um doce de criatura que eu sou e que aprecia as pessoas melhores como tu, Gaijinha Linda!
(Acho que com esta se me esgotou a quota de graxa do mês...)
Tou a falar das partes baixas (mais a sul e tal...).
Aqui ninguém priva com as minhas nobres partes!!!! Que isto é uma casa de familia e de bons costumes!!!!
(Cof... cof... cof... Querem lá ver que foi desta que apanhei a gripe do reco?)
partes sul mais a baixo?
queres fazer o favor de não falar difícil? sou uma gaija simples!
vou pensar no teu caso, ou na tua graxa...
Queres que te faça um desenho ou safas-te só com um mapa?
Okay... Agora chove... Estou mesmo noutro país, Bruce!!!!!!!!!!!!!!
(Saem os lápis de cor do Peixinho para a mesa do canto!!!!)
quero um desenho com os detalhes todos! nem sempre nem nunca, pronto...
Não te assustes se aparecer um urso polar à janela, Peixa.
Como está a derreter a calota, eles estão a dirigir-se para onde há terra firme e um clima adequado...
Já desististe da fotografia?
:)
E eu a pensar que estava a alucinar quando vi 2 pinguins a passar na janela...
Pinguins? Tu não vês que isso é tudo arraçado dos esquimós?
Se não fossemos nós a ir lá acima de vez em quando já tinha tudo virado picolé...
Escuta, Bruce, eles andam de manga curta. Eu estou de casaco e eles de manga curta!!!!!!
Estes esquimós são loucos!
Concordo contigo, Peixa, eu gosto de ir descontrair ao campo também.
Mas a casa da minha avó está fechada e um grupo de jovens (pensa-se) arrombou a porta e esteve por lá a beber, como não havia nada de valor a roubar "só" atiraram a TV ao chão. Infelizmente já não me sinto segura lá.
Ai a nostalgia das férias em casa da avó, subir às àrvores, regar a horta, aprender a identificar plantas e àrvores, fazer doce de tomate com a tia e as primas, dar banho ás bonecas no ribeiro....tanta coisa, tantos monentos simples e maravilhosos, longe do sufoco do apartamento, longe do "não te sujes" aquando das ida ao jardim.
Hoje, a mãe faz anos e vou levá-la a passear e reviver momentos das nossas férias no monte da avó Inácia e da tia Maria. Embora esteja tudo diferente, embora o monte já sem seja "nosso", com certeza q iremos fechar os olhos e sentir ainda o cheiro do pão acabado de fazer, da linguiça no fumeiro, da salada de tomate com os oregãos acabados de colher. E se estivermos bem quietas e atentas de certeza q havemos de ouvir no vento as vozes da avó Inácia e da Tia Maria a chamar para o almoço...
Muito bonito Peixa, gostei.
e não é, peixa maria e tubarão manuel, que quase me esquecia de voltar cá para vos chamar sulistas da treta (falam, falam mas cá é que estão bem!)? quando vierem à Invicta, abriguem-se à porta do Dragão, porque para entrar na casa da gaija vão ter que comer muita sopa!
(gandas feiosos!)
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