Há 24 horas na terra e as novidades estão quase esgotadas.
Boas notícias? Estou mais gorda, com bom aspecto e continuo na mesma, o que parece contraditório dado que afinal estou com melhor aspecto e mais gorda - esta sim, foi a grande e melhor novidade! - mas suspeito que este na mesma quer só dizer que ainda não passei à categoria das pessoas crescidas e respeitáveis.
O resto? O resto é o surrealismo do costume com muitas coisas para comer pelo meio.
As miúdas são tratadas como se continuassem ad eternum com dois anos - onde estão? que estão a fazer? olha se se magoam... estes bolos não podem aqui ficar que elas metem-lhes os dedos (nunca foi esquecido um certo merengue que a Francisca esburacou numa manhã de Natal!), não querem lanchar, tens de lhes fazer o lanche... (a alimentação é a grande preocupação aqui, como se não fosse uma casa que vive em economia recolectora e onde basta estender a mão para apanhar qualquer coisinha que se possa trincar. E elas tratam disso, ai tratam tratam...).
Parece que temos todos imensas coisas para fazer e eu não posso esquecer-me de ir dar um jeito ao cabelo que se vais ler na missa do galo não podes ir assim e é preciso ir buscar pão e pôr o perú no forno e embrulhar os últimos presentes e, e, e... Muito difícil isto de casa da mãe, principalmente quando ela não faz a minima ideia onde escondeu a chave da porta da cave, casas de mãe têm sempre muitas chaves e muitas portas fechadas, e sem aquela bendita porta aberta não há vinhos para o jantar...
E agora vou fazer uma das muitas coisas que, infelizmente, me competem fazer, que o estatuto não perdoa. Vou ter que me levantar, ir ao hall de entrada dar mais uns berros e pensar que são os mesmos, exactamente os mesmos, que eu ouvi da minha mãe e antes dela da minha avó - meninas, párem já de subir as escadas assim e estão proibidas de descer pelo corrimão!
Ainda não percebi muito bem porque se tem de gritar estas coisas no hall de entrada, mas parece que faz parte. E apesar de fazer o papel que me está distribuído - acho que já referi, de passagem, que esta é casa de mãe e em casa de mãe todos temos de obedecer - não sei se consigo segurar-me e resisto sem ir até lá acima, ao clube, ao velho clube que já foi o nosso e agora é o deles, a saltar os degraus fazendo mais barulho que o 20º de Cavalaria para depois descer dois andares às voltas pelo corrimão ao som dos gritos de guerra dos sioux tentando não aterrar em cima da manjedoura do presépio.
Iupiiii..... É Natal!! Que bom!!! E está quase quase a passar, que se fosse três dias, como o Carnaval, ninguém aguentava.
Há 2 anos
4 comentários:
Ei, a avó Maria nunca gritou, devia ser a minha mãe!
Teresa, isso são truques das mães, mas aproveita enquanto está viva porque depois tens que falar com Vénus como eu.
Têm sempre muitas saudades nossas e fazem tudo para ter-nos por perto. A primeira táctica é a do estamos escalavrados, magros, fanados, e só nos recompunhamos passando lá uns tempos.
Depois, verificado que essa não funciona vem a outra, até estamos bem, muito melhor do que antes, que é para ver se ficamos viciado em ir lá ouvir coisas simpáticas, mas atenção porque se ficamos revigorados levamos logo com uma.
Não é por mal: nós saímos lá de dentro e elas acham naturalmente que somos delas, mesmo dizendo que não, lá no fundo sim.
Bem, mas vocês que são mães hão-de saber isso melhor que nós, homens.
Enfim, haja compreensão e risota.
bem a chave da adega,faz-me lembrar muita coisa...ta como uma garrafita de licor beirão :) isso é que era de valor!!!
já agora feliz natal(finalmente,esta a passar)
Ah e a @n@?
Mas não ficas por aí até sábado?
São três dias...
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