Fadas, fados e fadistices.

Chama-se "As Fadas não Foram à Escola".
É um livro da autoria de Maria Augusta Seabra Diniz e foi editado pela ASA. Comprei-o há uns 4 anos, no dia em que, por acaso, o encontrei na FNAC, e no mesmo dia em que me tinham chamado à escola das minhas filhas para me falarem de ... fadas! Ofereci-o, no dia seguinte, à biblioteca da escola (pergunto a mim mesma se algum dia terá sido lido...).
Mas estava ainda no tal dia em que fui chamada à escola. Era urgente e importante!
As caras que me receberam estavam fechadas e as notícias eram dramáticas - a Francisca acreditava em fadas! Mais, pior!, a Francisca falava com as fadas.
Grave, gravíssimo. Tão grave que ela estava fechada na casa de banho, num choro compulsivo, porque a tinham chamado à razão - ou será Razão?! - e tentaram que ela percebesse como tudo aquilo era um enorme disparate, como ela não podia acreditar nessas coisas, muito menos viver como se fossem reais. Parece que, para aumentar ainda mais a tal gravidade de tudo isto, ela lhes respondeu que não queria viver num mundo sem fadas.
Pronto, estava o arraial montado. A menina não era normal, a mãe tinha de falar com ela e tirar-lhe essas coisas da cabeça, ela já tinha oito anos e não podia acreditar em fadas, e muito menos, ó heresia!, dizer que não queria viver num mundo sem elas.
A mãe, eu, ora pois, tentava decidir se ia dar a resposta simpática ou se iria treinar algum do vernáculo que corre o risco de ficar enferrujado se não se usa. Fui simpática! Muito simpática! Expliquei às senhoras que realmente tudo aquilo era um enorme disparate, sem dúvida nenhuma, e que iria tomar as devidas providências. Iria explicar à minha filha que, infelizmente, os professores sofriam de uma incapacidade, algum feitiço malévolo, que não os deixava perceber que as fadas existiam. Não era por mal, era mesmo assim, há pessoas que não conseguem ver fadas, e não devemos pensar mal delas por isso.
Não sei se entretanto o feitiço já foi quebrado e aquela boa gente consegue, depois de uma vida nas trevas, viver no mundo das fadas, mas sei que a Francisca continua a ter as suas fadinhas amigas e eu continuo a achar que ainda bem que assim é.

No livro, no tal livro que ofereci à biblioteca, a autora faz uma análise dos manuais de leitura escolar do último século, ao longo de quatro diferentes regimes políticos, e através deles tenta perceber o pensamento oficial sobre a escola, a educação e a criança. Infelizmente parece que a conclusão é que na escola não há crianças, há alunos!
Lourenço do Rosário, no prefácio que escreveu para o livro, conclui assim: "As fadas não foram à Escola… E as crianças, Senhores?”.

Hoje lembrei-me disto quando li esta notícia: Uma professora britânica «matou» o Pai Natal durante uma aula e deixou os seus 25 alunos num mar de lágrimas. Dias depois foi despedida. As crianças, com idades compreendidas entre seis/sete anos de idade, foram surpreendidas com a notícia de que o Pai Natal «não existe».
Não sei se poderemos chamar só de sensatez à linha que deixa fora da escola as cegonhas que trazem os bebés de Paris ou o Adão e a Eva e deixa entrar as Fadas e o Pai Natal, mas sei que as crianças, essas, não podem ficar nos portões. É que não é só de alunos que a escola trata, pois não?

31 comentários:

shark disse...

Outro post? Ainda por cima um lençol?
Já alguém deu uma apitadela aos gajos do Guiness?

Teresa disse...

Tu é que não te acreditas que tenho uma boca grande...

gaija do norte disse...

chefa, toda a gente sabe que quem traz os presentes são os bicharocos do presto. o pai natal sozinho, ainda que auxiliado pelas renas, pela mãe natal e os duendes, não conseguiria distribuir os presentes todos só numa noite!

shark disse...

Não sei se concordo com a douta colega Gaija, pois toda a gente sabe que o Pai Natal cedeu à pressão das associações de defesa dos animais e trocou as renas por um motor a jacto...

shark disse...

Foi uma ganda fada.
(A que lhe ofereceu o motor, com a sua varinha.)

gaija do norte disse...

o motor a jacto avariou e foi com o coelho no comboio ao circo! quem tratou do assunto foi a comandante rodolfo (única rena com o nariz vermelho), quando se apercebeu dos prejuizos ambientais que tal motor trazia.

gaija do norte disse...

a fada foi para a lapónia, limpar os vidros da casa do pai natal, de castigo. a varinha mágica ficou à guarda da mãe natal, e tanto quanto se sabe, tem sido uma mulher feliz desde então!

shark disse...

Com uma imaginação tão fértil compreendo como podes acreditar na cena dos glutões (a publicidade faz de ti o que quer...).
Mas não, a fada não ficou à guarda da mãe natal porque esta é um nadinha mouca e percebeu mal quando lhe falaram no motor referindo que tinha sido dado por uma boa fada ao pai natal.

shark disse...

E nem me atrevo a contar onde acabou a varinha mágica quando o velho das barbas chegou a casa...

gaija do norte disse...

na na na, tubarão. a varinha é que ficou à guarda da mãe natal enquanto a fada continua a limpar os vidros... e a mãe natal não precisou da audição para nada quando se propôs transformar um pequeno duende num garboso moçoilo coca-cola light. (ganda gaija, a mãe natal!)

gaija do norte disse...

depois, o pai natal, pensando que a mulher está xoné porque sorri ao mundo e mudou a cor dos olhos, inventou que o natal é quando um homem quiser, e sai berrando oh oh oh muitas vezes por ano. é certo que estranha (cada vez desaparecem mais duendes da fábrica), mas pensa sempre que é por causa dos salários em atraso...

shark disse...

Pfff...
Um garboso moçoilo?
E quantas formosas moçoilas julgas tu que o pai natal cuida com o tempo lhe sobra nas visitas ao domicílio da malta? É que o motor a jacto avariou mas a comandante Rodolfo passou a comer ração xpto e a usar gps e a coisa despacha-se mais rápido. Mas o pai natal chega à mesma hora a casa...
:-)

gaija do norte disse...

gaijos...
o que interessa não é o número nem a qualidade das moças que o pai natal cuida, mas o grau de satisfação da mãe natal... é só isso que está em causa!

shark disse...

Saíste-me uma rica prenda...
Mas não quero deixar a impressão de que considero a satisfação da mãe natal como algo de negligenciável, pelo que me deixo embrulhar e ofereço-te os meus respeitos pela firmeza nas convicções.
Já quase acredito nos glutões...

gaija do norte disse...

existem mesmo! acredita :)

shark disse...

Acredito, pois!
Quem sou eu para não acreditar em milagres?
:-)

gaija do norte disse...

ora, ora, não são milagres, são só uns bichaninhos que existem no detergente...

shark disse...

Refiro-me a milagres em sentido lato e não especificamente associados à lavagem da roupa...

gaija do norte disse...

(ò tubarão, ninguém vem para aqui lavar a roupa...)

desde que eu queira, não existe grande diferença entre uma paisagem da lapónia e o interior de uma embalagem de presto. basta eu querer...

O Santo disse...

e o anjinho? tb ajudava o pai natal... te ficou na arvore como reza a tradicao. Incultos

gaija do norte disse...

néca...
o anjinho era amigo da mãe natal e guardava a varinha mágica enquanto ela ensinava ao moço da coca-cola como se fazem rabanadas!

Anônimo disse...

eu também gosto muito de fadas, e para mim existem e pronto!

quem quiser contestar tem que saber falar sobre infinitos. Porque é que não existe o conjunto de todos os conjuntos?

Marias disse...

E se fo0ssem mas é fazer as vossas listas das coisas que já fizeram, e até eram originais? Han ?

Teresa disse...

olha quem fala... tu não fizeste uma lista, fizeste um post it...

Anônimo disse...
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Teresa disse...

Sofia, tenho pena. Por si. E por eles.

Teresa disse...

Parece que houve por aqui uma Sofia arrependida...

Marias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teresa disse...

O quê? O que ela disse eu tenho aqui, mas se queres saber não te percebo é a ti... a netbentos é chamada para quê?

Marias disse...
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Teresa disse...

Apagaste o quê?? Quem apagou não foi uma tal de Sofia??