Ao P.
Amigu, sim chamo-te amigo com u, saberás porquê. Há histórias assim, não sei como acabam, nem sabemos até onde continuam, mas acontecem e marcam. Lembro-me de quando nos cruzámos a primeira vez, há dois anos, já nem sei. Pedi muito aos deuses para te voltar a encontrar, nem o teu nome sabia, nem os teus olhos conhecia, alma a arder de pavio. Depois, já quase esquecido, e lá apareces tu um dia, e outro, e desta última a chamares por mim.
És parecido com Alexandre, tens o perfil igual enquanto conduzes sereno e atento a tua quadriga, o que se confirmou depois no teste que logo me fizeste passar: bomba atómica de ciúmes, naifada directa no coração. Mas eu gosto assim, gosto de frontais.
Não sei porque é que os deuses me retêm aqui, agora vieste tu ser mais um fio, nem sei se âncora. Quem me dera ter forças para cuidar de ti nos tempos que se avizinham. Não sei se consigo, nunca vivi com tanta impredictabilidade, mas vou lutar.
Engraçado foi ter descoberto que a única maneira de não te perder será mudar - já o astrólogo me tinha dito. Agradeço, farto de ondas avassaladoras de vermelho a flashar de amarelo e verde, deixa-me cá perder no azul do mar, numa onda a fluir, vou treinar. Noutros tempos isso seria insuportável para mim: tentar mudar por alguém - o que é isso? Agora não, o orgulho não é bom conselheiro, o amor-próprio sim, e o amor por ti.
Fui estudar. Deixo esse esquema aí porque pode ser que dê jeito a mais alguém, sabe-se lá. O esquema canónico proposto por Fontanille e Zilberberg para o desdobrar da paixão é o seguinte:
emoção->inclinação->paixão>sentimento,
E está certo: corri os passos todos e agora já só quero o sentimento. Não é assim tão simples, mas é verdade. O sentimento de amor é a única coisa que não erode facilmente, é a única coisa realmente forte, alíás seria o que ficaria mesmo que nunca mais te visse. Entretanto coisa aberta é multidimensional, para ti e para mim, riscos múltiplos, mas homens é assim.
Porque é que eu deixo isto aqui? Porque só as cabrinhas entendem o sabor a bronze do meu gato que eu guardo em mim, e penso que estão contentes.
FeliZ Natal
(post do Cabra Z)
7 comentários:
são boas as nossas histórias :)
dá um beijo ao teu gato!
(e já agora, pergunta-lhe se tem um irmão... parecido com alexandre...)
Ooopz...
pronto, um dia tinha de ser, tantos amores hetero por aqui, e ainda bem, fica um contra a corrente, só para exercitar, como canta a Adriana Calcanhoto,
o meu gato é volátil gaija, e nada nesta vida é adquirido, a não ser o sentimento, aprendi também com a resposta que Elira deu a D. Juan
Elvira, não nos devemos enganar nos nomes
e já agora :))),
http://sockandawe.com/
e bom natal Z
para ti também Santo, um feliz natal
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