Serei mesmo cabra?

Não que o assunto me preocupe muito, mas de vez em quando dava-lhe umas voltas para ver se percebia. É que tinha de haver qualquer coisa. Só podia.

Acho que hoje, finalmente, cheguei lá, mas é estranho. Muito estranho.
É que depois de anos e anos de educação inclusiva, de escolas mistas, de gajos e gajas a cruzarem-se em tudo o que é sítio, a dividirem secretárias, mesas de café, casas de banho públicas e filas de supermercado ainda há gente que insiste em marcar as diferenças de um sexo oposto e que não consegue perceber que, nalguns casos, as pilinhas só servem mesmo para fazer xixi. 
Há gajos, e gajas, que nunca na vida tiveram amigos de sexo diferente. Nunca!
E quer na versão masculina quer na feminina estes espécimes são facilmente distinguíveis dos demais e nem uns com os outros conseguem ser felizes.

A versão masculina, os chamados energúmenos, caracteriza-se por ser absolutamente incapaz de perceber que o Manel João vá de férias com a Luisa sem ser para a comer e não resiste em imediatamente assegurar lá na repartição, vindo de fonte segurinha, que o tipo é panasca.
São gajos que não podemos nunca convidar para almoçar, e muito menos para jantar, que não podem ver um tampão caído na nossa carteira sem ficarem tão à rasca que têm de fazer uma piada qualquer que meta o Benfica, que proíbem as namoradas de irem ao cinema sozinhas porque aquilo é só manganões e a quem nunca passaria pela cabeça perguntar a uma mulher qual é a opinião dela sobre sexo oral.
Gaja é gaja e tirando mães, irmãs e filhas (isto com sorte!) tudo o resto faz parte da tabela alimentar. O mundo feminino, para eles, divide-se em dois tipos de mulheres - as deles e as que se não são putas são umas filhas da puta.

A versão feminina é ainda mais interessante.
As nossas elas têm normalmente entre trinta e cinquenta anos - as outras todas aprenderam com a idade e pela idade - e nunca na santa vida tiveram um homem por perto sem o verem como caçador ou presa. São as chamadas gajas-gajas.
Nunca estas criaturas, nem mesmo no jardim escola, falaram com um homem sem requebrarem a anca e, por aquelas cabecinhas tontas, nunca passou o pensamento que as amigas também podem ter uma pila e não é por isso que a vamos querer usar.

Não consigo imaginar o meu mundo sem amigos homens. Seria o mesmo que o imaginar sem amigas mulheres. Não consigo imaginar-me impedida de falar de sexo com um gajo só porque é gajo e pode ficar com ideias, não consigo imaginar-me a deixar de dividir a minha cama com um amigo só porque homens são como o lobo da capuchinho, comem a avozinha e a seguir comem-nos a nós, não consigo imaginar-me a prescindir de fabulosas noites de conversa de deitar fora só porque na minha frente está um tipo com uma pila entre as pernas.
Não consigo imaginar como deve ser pobre uma vida onde existe um sexo oposto.

Mas acho que todos conhecemos gajas-gajas destas.
Elas dedicam os seus dias a tentar perceber os homens, porque homem é bicho estranho, elas já compraram as versões todas do livro Os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus, elas conhecem de cor e salteado as respostas que hão-de dar se um desconhecido lhes perguntar as horas, elas são incapazes de ir beber um copo sozinhas porque podem parecer oferecidas e elas são as mesmas elas que saem só com amigas em expedições de caça desesperada e se atiram para a primeira cama que lhes acene.
Elas são absoluta e completamente insuportáveis.

E isto digo eu, que sou gaija e até as devia compreender. Mas não, não consigo, estão para além de todos os meus esforços de integração e aceitação do diferente, porque não consigo compreender que alguém me tente insultar atirando-me com um "tu tens a mania que és muito amiga deles. Deves achar que és um gajo!"
Definitivamente, não há pachorra para energúmenos e para gajas-gajas.
Eu, pelo menos, não tenho.

24 comentários:

gaija do norte disse...

e duas!

(agora vou tratar do irs. deu-me o sono e adiei mais um bocadinho...)

Mente Quase Perigosa disse...

Apre que eu já tinha comentado e o blogger agora obriga-me a repetir tudo...

Fizeste-me sentir tão, mas tão normal, que estava capaz de ter arrefinfar dois bêjus nessas bochechas.

Teresa disse...

Tens pila, peixa? se tens pila não podes arrefinfar-me bêjus que eu fico logo encalorada...

Teresa disse...

Gaija, eu sabia que ias estar solidária comigo...

Mente Quase Perigosa disse...

Espera...

Espera...

Confirmando...

Não, minha linda, não tenho. Venha de lá esse bochechâme!!

Teresa disse...

Espera...

Espera...

Confirmando...

Não, minha linda, não tenho.

Bochechas!...
(mas gostava de ter!)

Mente Quase Perigosa disse...

Não, não gostavas! Trust me!!!!

Teresa disse...

Pedes-me o impossível, peixa. O impossível!

Mente Quase Perigosa disse...

Tu sabes lá o que é passares a tua vida com alguém sempre agarrado às tuas bochechas porque é "giro"!

Giro para quem????

sem-se-ver disse...

ahahah mqp



:)))

Teresa disse...

Para todos, claro! Giro é giro.

Teresa disse...

Bolas e bolas e mais bolas.... Outro 11...

calamity jane disse...

E eu faço o 12 que é para a Peixita ficar com o sê querido 13...
(o comento vem depois)

calamity jane disse...

Olha, enganê-me...

Mente Quase Perigosa disse...

E houve aquela fase em que havia um anúncio de um creme qualquer em que eram duas teenagers (eu era teenager na altura portanto já foi há algum tempo) e uma puxava a bochecha da outra e dizia: "Eláááááássstica..."

E a minha irmã achava que era tão giro fazer-me isso...

calamity jane disse...

Em relação à posta, tenho a dizer que ao fim de quase quarenta anos de convivência tão... digamos assexuada com gaijos cheguei ao ponto de eu própria me perguntar se terá nascido uma pila entretanto e eu não dei conta...

Teresa disse...

CJ, se te tivesse nascido uma pila as gajas-gajas que te rodeiam já tinham percebido. Segurinho.

Teresa disse...

(queres continuar-me a fazer inveja com as tuas bochechas ou preferes um despedimento liminar e sem processo disciplinar?)

calamity jane disse...

Pois é, Tereza, deves ter razão. Já
eles, são, como se sabe, deveras distraídos...

Mente Quase Perigosa disse...

Não há bochechas. Quem é que falou em bochechas? Quem é a porca que tem bochechas?

Ai ai ai... Vamos lá a acabar com a conversa das bochechas. Eu - QUE NÃO TENHO, AH POIS NÃO QUE NÃO TENHO, BOCHECHAS - não estou a perceber qual é o objectivo desta conversa.

Aqui ninguém tem bochechas...

Talvez... Maças do rosto salientes e rechonchudinhas?

Teresa disse...

Não é distração, é sobrevivência...

escarlate.due disse...

fogo... eu que tenho passado a vida inteira rodeada deles que até chateia, se tivesse que ir para a caminha com todos... caramba era pior que o camarinha ou la como é que o gajo se chama
querem lá ver que tenho um apendice e nem dei por nada...

calamity jane disse...

? sobrevivência? Mau, agora ou fui eu que não percebi ou foste tu que não apanhaste...

Unknown disse...

Há lá melhor do que ser uma Gaija-Cabra? Isto sim é um elogio!