A tal Lei de Lavoisier é que nos trama

E eles transformam-se, é claro que se transformam.

Andava para aqui a pensar que éramos nós que estávamos mais exigentes, mais saídas da casca, com vontade de aplicar uma vingança de séculos que nos levava a olha-los com uma certa complacência, quase como se de seres menores se tratasse, mas afinal é tudo uma questão de energia.

Toda a gente sabe que nos últimos tempos nós gaijas andamos mais mexidas, respiramos mais ar, fazemos mais exercício, tomámos conta do nosso nariz e não lhes damos sossego. Depois de sermos presas durante séculos virámos caçadoras mas estas caçadas não dão gozo nenhum. A eles falta-lhes o fôlego, não têm pedalada, encostam num canto à primeira flechada e olham-nos cabisbaixos pedindo misericórdia. Enfim, os homens, quase todos os homens, estão uma seca, não dão pica, fogem à luta, parecem umas meninas.

Se fosse só eu a notar o fenómeno podia considerar que estava enganada, embora só hipoteticamente que eu sou como o outro, mas as queixas são muitas e chegam das mais variadas proveniências. Eu acho que nesta coisa da igualdade as voltas trocaram-se num caminho qualquer. Nós quisemos ser como eles, eles resolveram ser como nós e lá andamos trocados outra vez. Todos os dias me chegam mais provas da aberração, com descrições verdadeiramente inverosímeis. Elas contam que os arrastam pela gravata mandam-os calar, despacham-os a seguir e eles nem piam, eles maçam-nas com longas conversas recheadas de pormenores de que nem uma gaija nos bons velhos tempos se lembraria, chegando a descrever com precisão a cor da camisolinha que ela vestia naquele dia como, e só pode, todas as noites dos últimos anos confiassem os seus segredos ao querido diário tão menineiro, eles amuam, ficam ofendidinhos se nos esquecemos de uma data qualquer daquelas que não lembram nem ao menino jesus, têm horas de recolher, desunham-se em desculpas esfarrapadas e justificam-se todos que morrem de medo de mal entendidos,  umas florinhas, eles viraram umas florinhas de estufa.

Eu andava intrigada, confesso que andava, não via razão para tamanho descalabro, até que percebi que a ciência explica tudo e o bom do Lavoisier já tinha avisado. Nós, gaijas, andamos a consumir muito mais energia, toda a gente sabe que ela tem de vir de qualquer lado que o fiat lux já foi chão que deu uvas, e o qualquer lado é deles que estão à mão de semear e não custa nada antes pelo contrário.

Minhas queridas, tenho muita pena de ser o arauto de tão más notícias, mas ou passamos a respirar mais devagarinho ou vamos ter de nos habituar a este circo que nos atira para o colo meninas barbudas.

7 comentários:

Anônimo disse...

Mas vocês gaijas, queixam-se de....?

Somos brutos, somos brutos!
Somos afectivos, somos afectivos!
Somos sensiveis, somos sensiveis!
ETC ETC ETC, porra é que não há pachorra.

Porque é que vocês não são como os electrodomesticos? Mesmo os de linha branca vêm com livro de instruções, é básico. Tudo melhorava e se houvesse entropia no sistema, fazia-se um reset, e pimba.

Fusão (Presidente da ADHI)

Anônimo disse...

"Eu acho que nesta coisa da igualdade as voltas trocaram-se num caminho qualquer. Nós quisemos ser como eles, eles resolveram ser como nós e lá andamos trocados outra vez"...

Excelente observação...

A igualdade em absoluto, penso, é um mito...

o próprio conceito parece-me muitas vezes um equivoco...

acho que existimos para convergir nas diferenças, desigualdades,

por modo a globalmente sabermos identificar, em cada caso, momento, como nos sentimos bem reciprocamente, em conjunto...

digo eu...

abraço

CybeRider disse...

Doravante não nascerão mais meninos nem meninas, nem haverá qualquer separatismo que nos divida. Nascem bebés, crescem pessoas. Fim aos maniqueísmos que nos definham. Abram-se os olhos à crua realidade. Fomos nós que criámos diferenças onde nunca deveriam ter existido. Negue-se assim qualquer "ipso facto" que algum dia nos tenha dividido.

Mente Quase Perigosa disse...

Ai Cy, como eu gostava de te dar razão. Mas não posso...

Anônimo disse...

mas ninguém tem culpa, são coisas da Ecologia e da regulação das populações. Até à II GM era a dizimar machos aptos nos campos de batalha, depois foi através da emancipação da mulher, tem que tratar de tudo e não pode ter tantos filhos, e do recrudescimento dos sexos homo. Realmente há três sexos {{h,m}, {m,m}, {h,h}} porque o sexo é uma unidade relacional e ainda podem misturar-se em triangulos,

Sérgio disse...

"...porque o sexo é uma unidade relacional e ainda podem misturar-se em triangulos" não sei bem porquê mas esta expressão deixou-me assim como que a pensar na Lei de Lavoisier.

Mente Quase Perigosa disse...

Chefa, sabes que continuo na dúvida se te comente se exerça o direito de resposta...