"Crescei e multiplicai-vos"

Esta foi a palavra de ordem. E nós multiplicámo-nos da maneira que podiamos e sabiamos. E até começámos a achar piada à coisa, que se nos correram do outro paraíso ao menos que tivessemos um por cá de vez em quando. Ou vários. E seguidos, de preferência.
Depois começaram a embirrar com a nossa insistência, com os nossos sorrisinhos de felicidade, o cigarro no fim e zero no resultado, que nós queremos é muitos bocadinhos de céu e não muitas criancinhas a correr pelos cantos da casa. E que era pecado, e que não tinha sido bem isso que tinham querido dizer quando nos mandaram fazer a tal multiplicação, e que Every sperm is sacred, Every sperm is great, If a sperm is wasted, God gets quite irate.
Nós, que não queriamos alguém lá em cima de dedo em riste só por nos querermos divertir um bocadinho trocando-lhe as voltas, virámo-nos mais uma vez para o criador e tomámos o seu exemplo. Olho por olho dente por dente, corremos com o sagrado do nosso paraíso e toca a esquecer a história do fazer filhos. Sexo. Inventámos o sexo. Nada de procriações e muitas excitações.
Faltava só resolver o problemita da tal multiplicação. Não dava jeito nenhum misturá-la com o nosso sexo tão exclusivo. Lembrámo-nos então de uma história, que também nos tinham contado, de como com uma costela se fizera uma mulher. Andámos uns anos por aí a tentar, que afinal somos só humanos, mas demos a volta ao osso. Para César o que é de César e para Deus o que é de Deus. Cumpra-se a ordem superior e façam-se criancinhas, mas tire-se lá o sexo disso que é carnal demais para tão divino mandamento.
Já está. Conseguimos. E agora não venham chamar-lhe heresia.

Lusa, 17 Jan (Lusa) Cientistas norte-americanos conseguiram produzir o primeiro embrião humano clonado a partir de células humanas adultas, segundo uma pesquisa publicada quinta-feira no jornal "Stem Cells".

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