TRAVISTO-ME E ATÉ ME TRADISPO, BEM CONVERSADINHO…

Dantes (que é uma expressão excelente para dizer “há bué de tempo”) era considerada vergonhosa para qualquer macho da espécie a mera hipótese de vestir qualquer peça de vestuário feminino fora do âmbito carnavalesco.

Isto a propósito da paridade que a Escarlate tanto preza e serviu de mote para um devaneio nas caixas a propósito da criação de um partido político nascido no Cabra que, como já toda a gente reparou, reúne portuguesas e portugueses de diferentes cores e sensibilidades. Eu, por exemplo, sou muito sensível aos múltiplos encantos femininos e também na zona por detrás das orelhas.

 

Pois em causa está o entusiasmo manifestado por algumas futuras militantes do partido em apreço quanto à primeira moção apresentada e que, em resumo, consiste na obtenção da dita paridade nas listas do Partido Cabras Unidos (PCU) por via da conversão (apenas indumentária e rigorosamente temporária) dos Cabras macho em fêmeas de ocasião (não no sentido aplicado às viaturas usadas com pouca quilometragem que toda a gente sabe que aqui no Cabra os gaijos é sempre a bombar estrada fora).

Falou-se algures até na possibilidade de existirem donativos (nisto do financiamento dos partidos temos sempre que acautelar a nomenclatura) para premiar o esforço hercúleo que tal gesto exigiria a qualquer dos absolutamente insuspeitos e declaradamente viris homens do Cabra. E foi aí que o amor à Democracia me vergou.

Sim, os tempos mudaram e hoje já poucos se escandalizam por saberem que alguns soutiens no estendal dos vizinhos do lado pertencem a ele (que os usa apenas nas horas vagas, claro) e não a ela. É mesmo o sinal do tempo de mudança no qual a feminilidade não implica qualquer tipo de vergonha, sobretudo para aqueles que fazem o culto das mais perfeitas criaturas do Universo, e mesmo que assim não fosse eu tenho mesmo que vos dar esta música para ninguém vir com chalaças foleiras.

Isto porque a ideia não me soa parva de todo, neste tempo de crise que atravessamos, essa de nos travestirmos pela Democracia, pela Liberdade e também um nadinha pelo Pilim. E eu, que nem sequer me depilo e sou muito homem, avanço destemido para a proposta formal e lanço o repto (não confundir com a zona do corpo quase homófona) aos meus parceiros para que criemos a paridade desejável (só gaijas all over) para um sistema político em condições.

Claro que isto para envolver dinheiros teria que passar necessariamente pelo comprovado encaminhar das verbas daí resultantes para uma instituição de solidariedade social que, no meu modesto entender, poderia ser seleccionada pelo nosso Santo.

 

Deixo aqui a ideia para que alguém a agarre (a ideia), disponibilizando-me para me confiar às Cabras de Serviço para o restyling em causa (talvez no decorrer de um evento conjunto) e para a subsequente publicação desse momento histórico nas páginas deste blogue.

 

Publique-se.