Minha Querida Tereza,
Quero-te falar do meu fim-de-semana. Adivinhava-se um fim-de-semana calmo derivado (o que eu sempre quis escrever isto e nunca tinha conseguido até hoje) da maleita que me afectava o pescoço e as costas. Sexta-feira como sabes tinha sofrido uma pequena irritação com essa espécie do sexo feminino que se denomina ‘gaja’. Sabes que nunca consegui entender porque essas criaturas – amiúde sem espinha dorsal – insistem em denegrir a nossa imagem e a lançar a sombra da suspeita sobre todas nós que possuímos uma vagina. Sabes que não encaro bem a mentira e sexta-feira lá tive que me socorrer do proverbial copinho de sumo de laranja e engolir a pastilha enquanto engolia também o anti-inflamatório.
Sábado encontrei-me com uns amigos e tive que dar o braço a torcer e, como diria o Visconde, toda a gente sabe que eu detesto dar o braço a torcer. As gajas são uma sub-espécie que por ter conseguido sobreviver no submundo feminino, aquando do movimento de emancipação, evoluiu de forma espantosa e domina o mundo. Margaret Thatcher? Anedótica. Condoleezza Rice? Uma frustada… Lembrei-me várias vezes do Senhor dos Aneis: “He who has the ring, rules the world.” E as gajas têm sempre o anel. Seja ele de noivado, a aliança, vaginal…
Observei durante as últimas 72 horas a diversas manobras de precisão militar digna dos Marines americanos e, surpreendentemente, verdadeiros machos alfa a sucumbir durante essas manobras. Juro que ainda tentei, atenta ao lema do Marines de nunca deixar nenhum homem para trás, tentar alertá-los mas era tarde demais. Eles enfeitiçados pelos sorrisos doces, os cabelos suaves e as mensagens calmas recusam-se a ver que o seu poderio foi destronado. Recusam-se a acreditar que le Roy et mort et vive la Reine.
Lembrei-me do que me disseste há uns dias. Que vivias sozinha porque não precisavas de viver com ninguém. Na altura acreditei, mas depois do que assisti... Depois de ver homens manipulados e felizes por sê-lo, posso apenas concluir que as regras do jogo mudaram e que, infelizmente, mais uma vez estava coberta de razão quando amaldiçoava as nossas avós por terem queimado os soutiens em vez de os tornarem mais decotados e os envergarem para seduzir os homens com quem à noite se deitavam. Essas que criaram as gaijas, devem estar agora arrependidinhas como o catano. Ao fim ao cabo, não há direito ao voto que valha isto.
Somos seres híbridos. As gaijas são seres híbridos e mutantes que não conseguem encontrar o seu lugar neste mundo e compete-nos a nós, porta-estandartes desta nova espécie, herdeiras das cinzas da roupa interior das nossas antepassadas, acreditar. Acreditar que se nós fomos criadas teve que ser criada também uma espécie compatível do sexo oposto. Algures por aí tem que existir uma espécie de homem capaz de manter a sua aura de arrogância ao sentir a sua supremacia ameaçada. Capaz de rir dos nossos disparates e sem medo de nos enfrentar. Capaz de nos trazer as pantufas quando lhe apetece sem se sentir humilhado e, simultaneamente, capaz nos mandar enfiar as pantufas onde o anjo meteu a árvore de Natal se nós nos convencermos de que é obrigação dele trazer-nos o dito agasalho pedonal. Temos que acreditar que existe uma raça que, apesar de gostar do cheiro de perfume e renda preta e mãos pelo pêlo, consegue olhar para além do óbvio e ser capaz de separar o essencial do acessório. O real do falso.
Somos seres hibridos e temos que ser crentes. Temos que lembrar a mensagem do presépio e acreditar que, tal como diziam aquelas que queimavam os soutiens, cada panela tem o seu testo. Porque se pensares nisso, é essa a mensagem do presépio: pois se há 2000 mil anos, uma gaija solteira e grávida arranjou um José que a apoiou, quem somos nós agora para decretar a morte ao emparelhamento?
Temos que acreditar que existe um desígnio maior para todas aquelas gaijas giras, inteligentes, que nunca na vida arquitectaram o Armagedão para levar um homem para a cama. Não porque não consigam arquitectar o Armagedão, porque conseguem. O Armagedão, o Apocalipse… Com a breca (também sempre quis escrever isto…), estamos a falar de mulheres que não só conseguiam arquitectar o Apocalipse como ainda comiam o 4 cavaleiros no decorrer da coisa!!! Mas elas não o fazem. Porque em tal não acreditam. Para essas tem que haver algo especial reservado. Porque se tal não for o caso, que nos resta senão pensar que o Luis Vaz era, efectivamente, um profeta e que o ‘Desconserto do mundo’ nada mais foi do que a revelação do destino de todas as gaijas que nós conhecemos?
Minha querida, esta carta já vai longa e o café está a arrefecer. Tenho pão-de-ló de Ovar e sabes mesmo o que é que me apetecia? Uma partida de Canasta…
MQP aka Peixa (in Dory mode)
9 comentários:
Hum.... denoto alguns resquícios (tb sempre quis escrever esta palavra!!)cor de rosa, e quiçá luzinhas a piscar.
Bem disfarçadas com as palavras bonitas. Mas estão lá!!
"Hello Kitty in the house!"
:D
Também estavas entupidinha, não estavas? Caramba, foi muito violento...
(Obrigada pelas gargalhadas que já me fizeste dar)
(Psst, ali o(a) anónimo(a) parece ter informações privilegiadas, ou será só impressão minha?)
Meu querido Anónimo, como tão bem parece saber as luzinhas e o rosa são coisas que pretendo erradicar da minha vida. Para sempre!
Confessn que é capaz de levar o seu tempo mas eu chego lá... Outros há que estão para além de qualquer reabilitação...
Dark Lady in the house...
Tereza, eu ainda nem passei da perplexidade!! Quando chegar ao entupimento nem sei o que pode acontecer!!!
(é impressão tua... Eu nem sei do que estás a falar...)
(man, é que tenho mesmo jeito para a dissimulação...)
E eu q tinha ali uns filmes tão janotas, guardadinhos para te mandar... mas se calhar é melhor não.
Não quero perturbar a empreitada-erradicação-de-luzes-rosa-a-piscar
"Hello-Kitty-versão-pequeno-diabo"
(tribunal com pc é outra coisa!!)
(ah! e Grey's tb estão fora de questão...)
"Hello Kitty querendo ajudar"
Não sejamos tão radicais, querido anónimo!!!
Toda a gente sabe que uma desintoxicação para ser bem sucedida tem que ser gradual!
(ainda tens a morada?)
(e tu sabes que eu sou sempre 'outra coisa' seja onde for...)
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