Estava eu aqui sossegadita da minha vida e dei por mim a pensar neste assunto, que até não tem nada a ver com nada, mas eu sou assim mesmo, às vezes estou assim sossegadinha da minha vida e dou por mim a pensar em coisas que até não têm nada a ver com nada. E o que dei comigo a pensar foi isto: a malta às vezes encanta-se - ou, pior ainda, apaixona-se! - por gaijos que até não nos ligam tanto quanto a malta gostaria. E versa-vice, claro. Eu quando era miúda achava que isso do amor correspondido era uma coincidência do caraças e que as probabilidades de acontecer comigo deviam andar na ordem do um para um milhão, ou menos (ou mais, sei lá, dependendo de a gente estar a olhar para o um ou para um milhão). Mais tarde apercebi-me que até era possível e numa certa altura tornei-me francamente eficaz na arte de conseguir que os homens por quem me sentia atraída me retribuíssem o sentimento. Pior era acertar agulhas na medida da paixão ou no tipo de relação que se almejava mas, durante muito tempo, isso não me preocupou por aí além: ao longo do final da adolescência e início da idade adulta mantive r(a)elações longas e apaixonadas. De forma que, exceptuando um ou outro desaire ocasional (por acaso até houve um que não devia considerar como excepção, mas agora dá-me jeito dizer assim para manter o efeito estatístico da coisa), fui sendo correspondida nos meus amores e fui observando em minha volta que as outras pessoas pareciam não se ir dando muito mal. Dei por mim a achar que se as r(a)elações não funcionavam era por outras razões: basicamente porque somos todos - homens e mulheres, mas sobretudo homens, está bom de ver - seres muito egoístas, de feitios difíceis e imprevisíveis, cheios de manias e obsessões várias, imaturos, autocentrados e controladores (Baseio estes dados científicos na observação não participante, como é evidente).
Mas dizia eu que mais ou menos desde o final da adolescência que mudei de ideias em relação às paixões não correspondidas e passei a considerar que estas sim, constituíam uma excepção à regra. A química entre dois seres humanos é um fenómeno poderoso e incontrolável e quanto a mim há poucas probabilidades de ela se verificar num só sentido. Se eu olho (ou nem ouso olhar) para um gaijo e sinto-me tremer por dentro e até parece que o elo invisível que nos une é palpável e que vai haver uma explosão a qualquer momento, como será possível que ele não sinta o mesmo, estando ambos a ocupar o mesmo espaço? Pois bem, estes dois ou três anos que decorreram desde a minha 21ª separação do pai dos meus filhos tem vindo a provar o contrário. E dou por mim a começar a achar, como achava quando era muito miúda, que o amor correspondido deve ser uma coincidência do caraças ou então que temos um número limitado de vezes em que essa sorte nos está reservada e que, ultrapassada essa quota, bem podemos ficar a chuchar no dedo até aos noventa anos e a olhar para os casalinhos de namorados à nossa volta como a Françoise Hardy em "Tous les Garçons et les Filles" que não nos voltará a calhar a benesse na rifa...
Mas esta posta não se destinava a tornar-vos cúmplice das minhas dores de corno. Longe de mim. Elas são minhas e muito minhas e com elas posso bem. Não. Aquilo que realmente me tira do sério é ter de levar com um gaijo que está embeiçadito de todo por mim e que não há meio de me largar a braguilha! E liga-me e manda-me sms e emaila-me e torna a ligar e eu já não sei o que hei-de fazer para que meta na cabeça que NÃO ESTOU INTERESSADA nele e que até gosto de outro gaijo. E não ando atrás do outro. Se ele gostar de mim as coisas dar-se-ão. Se não, paciência. Amigos como dantes e se for preciso o rapaz nem chegará a saber que eu lhe achei mais piada do que ele a mim. Dói? Ah pois dói. Agora dar em cima de alguém até à exaustão é coisa que não me apanharão a fazer por mais louca de paixão que esteja. Antes de mais nada tenho amor próprio. E nesse tenho a certeza que sou correspondida.
34 comentários:
maravilha! gostei especialmente do último parágrafo!
CJ apresenta-os um ao outro, sabe-se lá se não se dará um dos tais casos de paixão correspondida, tu ficas com dois problemas resolvidos e livre como um passarinho para te fazeres à vida sem precisares de um bloco de desenho...
Isto é só uma ideia, claro...
Eles já se conhecem, Tereza... ;-S
olha lá, ó miuda...
eu compreendo que não sejas gaija com apetência pró desenho, mas lembra-te que ele é gaijo. carece, pelo menos, de um esboço... uns rabiscos, vá!
(isto para os mais inteligentes, claro).
O junior e a mini estão bons?
Eh pá é que não tenho mesmo jeitinho nenhum (e se gostava de ter, Elle!). E juro q se o tipo me tenta beijar eu GRITO!
(estão óptimos!)
bjs pati
o gaijo é giro? conta-me tudo!
assim comássim, estamos sozinhas...
(ando sempre em contraciclo)
7 online!!
(está tudo atrás da moita)
"(...)começar a achar, como achava quando era muito miúda, que o amor correspondido deve ser uma coincidência do caraças ou então que temos um número limitado de vezes em que essa sorte nos está reservada e que, ultrapassada essa quota, bem podemos ficar a chuchar no dedo até aos noventa anos(...)"
Vou ali cortar os pulsos e já volto...
(já me ri!!)
(Quem?... Eu?...)
CJ será esse o problema? Mas continuo a dizer-te o mesmo - volta a baralhar e tira outra bola do saco...
«Antes de mais nada tenho amor próprio. E nesse tenho a certeza que sou correspondida.»
isto é das melhores, mais profundas, mais inteligentes, mais interessantes e de mais belo efeito que já li em muitos anos.
SSV, já me melhoraste a auto-estima!
:)
Em 31 de Maio de 2009 eramos6,792,467,727 indivíduos no mundo.
Dividam-se como quisermos.
Ainda que haja alguém que preste, como é que se escolhe? E além disso ainda tem que se lidar com a rejeição...
Somos tão complicadinhos...
(Até aos 90? Mais que fossem... É milagre, mesmo, até para mim que não acredito em coisas...)
Olhando a coisa de outro prisma...
Se nos limitarmos a amarmo-nos apenas a nós (ganda figura estilo), onde fica o sal? Onde fica a luta que dá brilho à vida?
não percebo. a que propósito te aumentei a auto-estima? foste tu que escreveste a frase por mim citada?
mas quem disse isso, quem defendeu tal? que só nos devemos amar a nós próprios? não eu, de certeza, e muito menos a cj, estou certa
SSV, acabas de me recordar que muito embora 6,792,467,726 possam não gostar de mim, há 1 que posso obrigar a gostar, e que se me rejeitar está lixado. Ter poder é muito bom.
A atitude da CJ pareceu-me apenas de entregar os pontos sem sequer saber o fim da história.
Mas isto foi o que eu li e toda a gente sabe que eu gosto de fazer filmes!
;o)
pois parece ser o caso, sim...
Eu sou um bocadito mais temerária, talvez. Se acho que o interesse é recíproco, tenho dificuldades em letting it go.
Acho que o meu maior receio é que um dia me arrependa de algo que não fiz, percebes?
mas ela nao diz o contrario. o que diz é que tem amor-proprio suficiente para nao 'dar em cima de alguem até à exaustao'. no que demonstra respeito pela outra pessoa, e, antes de mais, por ela mesma.
Tens que concordar comigo que uma linha ténue separa as duas situações.
Até porque a reacção é empirica, logo não há certezas de que não haja reciprocidade.
Mas se formos pelos 'ses', amanhã ainda cá estamos...
:p
Esclarecendo: se eu achar que o interesse é recíproco, não deixarei ir em hipótese alguma. Tenho é que, de facto, ter motivos suficientemente consistentes para achar que o interesse é recíproco.
E nunca tornar-me pesada e correr o risco de transformar uma centelha de interesse no maior flop da história da humanidade.
Anyway, por muito menos já teria tirado o meu time de campo há catempos!!!
Pronto CJ, tá bem. Confessa que são os meus emails que não gostas, os telefonemas que não queres, os SMS que abominas...
Parte-me o coração...
(Agora já podes, há afinal alguém que gosta de mim!)
Ó Cy, quem canta Tom Jobim como tu tem sempre lugar no meu coração!
(já vi que tens [mais] uma admiradora!)
Bom, mas pus-me a jeito...
("Mais" uma?... Já não durmo...)
Quem gosta de mim, como ficou descrito acima, sou eu!
Há mais alguém?...
E sempre adianto que se houver algum que te interesse e não te ligue... Pá, esconde-lhe a bengala e prende-lhe o cão. O gajo há-de pedir ajuda...
Ia a dizer uma parvoíce porque não tinha atingido o alcance das tuas palavras. Fiquei sem as minhas.
(hei de lhe transmitir o recado...)
Obrigada Cristal, volta sempre :-)
Elle, não é. Pelo menos para mim. Embora seja um gajo fixe, daí não me apetecer ser muito bruta com ele.
Também tu, Ana Sousa? ;-)))
SSV, quem ficou mesmo a precisar de babete fui eu...
Peixita laroca, acho que a tua opinião foi um tudo nada influenciada por alguns dados pré-adquiridos, if you get my meaning...
Por acaso, estava mesmo a generalizar...
Era uma tentativa de ver o reverso da medalha.
kpk! E das minhas preferidas... :-))
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