O meu mais secreto desejo era ser convocado para uma corrente da blogosfera, mesmo que fosse aquela de dizer o que está escrito no terceiro parágrafo da páguna duzentos e setenta e três do livro que tenho em cima do bidé. Nunca me tinha acontecido até agora, as pessoas intimidam-se e quando chega a altura de me acorrentarem, esquecem-se de mim. Felizmente a Sem-Se-Ver chamou a si o suprimento desta lacuna da sociedade em geral e acabou com este esquecimento a que eu, um tipo medianamente brilhante, bem apessoado nos limites mínimos daquilo que são os critérios mínimos do bem-apessoamento, tenho sido votado. E, enfim, eis-me a partilhar com um vasto auditório toda a problemática das quinze séries que me marcaram indelevelmente. Siga.
TV Rural – Era o tempo em que não era politicamente incorrecto que as famílias tomassem as suas refeições com a televisão ligada, por isso ouvia com atenção os ensinamentos do Engenheiro, bebia-lhe as palavras, procurando não me esquecer da técnica certeira para acabar de vez com o míldio, assegurando-me que não me escaparia o tempo certo para a poda (nunca escapou, de facto…). O momento alto era quando o Engenheiro Sousa Veloso, garboso, se despedia de mim “com amizade, até ao próximo programa”. Os desenhos animados vinham logo a seguir…
Space: 1999 – A Base Lunar Alfa, brilhantemente comandada pelo Comandante John Koening , acompanhou os meus serões de sábado. Na verdade, eu só tinha olhos para a Dra Helen Russel, creio mesmo que esta minha recorrente fixação em profissionais de saúde vem desse tempo…
Fame – Se hoje danço como danço, devo-o à atenta visualização das coreografias Leroy. Concedo, talvez devesse ter visto mais episódios…
La Piovra (para vocês, “O Polvo”, mas como eu não precisava de ler as legendas…) – O tema não me interessava muito, mas gostava do estilo do Comissário Cattani a conduzir os Alfa Romeo. Um dia, muito mais tarde, eu próprio tive um Alfa Romeo. E isso fez toda a diferença na minha vida…
Pequenos Vagabundos – Nunca cheguei a perceber se o Cow-Boy chegou a deglutir a Marion des Neiges. Quer-me parecer que não, ele e o Jean Loup ficaram muito amiguinhos depois de andar à porrada. Talvez o Byloke, que era uma espécie de Piranha do "Verão Azul", tenha tratado do assunto.
La Freccia Nera (Flecha Negra para quem lia as legendas…) – Quase ninguém viu isto. Eu vi. E lembro-me da música que era assim:
La freccia nera fischiando si scaglia,
è la sporca canaglia che il saluto ti dà.
Vieni fratello è questa la gente,
che val meno di niente,
perché niente non ha.
Calimero – Ter visto esta série deu-me uma quantidade de boas ideias que aplico ainda hoje na minha vida sentimental, com resultados muito apreciáveis.
Marco – Na verdade nunca vi nenhum episódio, mas achei que ficava bem evocar aqui a cena da despedida de Marco á mãe, no porto de Génova. Dá-me um toque de humanidade, quase a ilusão de que sou um homem sensível. E os homens sensíveis estão em alta…
E pronto, estas são as minhas quinze séries favoritas. Era só. Obrigado.
Há 2 anos
21 comentários:
Eu conto pelo menos 18 séries!
(mas isso, se calhar sou eu, que ando com a mania das contagens e das medidas...)
Tou só a brincar... Não se assuste que eu não mordo (nem depilo como as outras taradas querem fazer)!
Que honra Visconde! Eu adorava o Espaço 1999, e o Fame então nem se fala... o que eu dançava sozinha em casa... Tb me lembro do Polvo...mas dp aquelas sequelas cansaram-me...
Adorava o Mr Magoo, hilariante.
Ando desde ontem para mencionar o Espaço 1999, essa série de culto quer marcou as nossas infâncias...
Do Tv Rural lembro-me mas estava sp desejando que terminasse para ver os desenhos animados do Vasco Granja...
E o Oídio, Caríssimo, e o Oídio???
(se vamos começar a falar dos infantis, então temos de mencionar a Abelha Maia, a Heidy, Vickie o vicking, Oum o golfinho, o Carossel Mágico e até a incontornável Rua Sésamo...
Visconde, quer-me parecer que temos séries em comum. Seria já o destino?
Mente, tenho tanto medo que você troque as medidas todas...
(não é medo, é receio)
Ana T, os desenhos animados do Vasco Granja eram ao sábado à tarde, o TV Rural era entre o meio dia e a uma da tarde de domingo. Os desenhos animados a seguir ao TV Rural eram outros. Lembra-se do nome?
Calamity, não a achava capaz de apreciar uma série como o Espaço 1999. Achava-a mais intelectual, menos capaz de se entusiasmar com a vida na Base Lunar Alpha.
(e, naquele tempo, não era a Rua Sésamo, era o "Abre-te Sésamo". E tinha esse ícone sexual dos anos oitenta que era a Alaxandra Lencastre)
Nesse tempo, Tereza, tínhamos coisas em comum...
Ó Sr. Visconde é fantástica essa sua memória...
Joaninha, só você para me fazer corar...
Ai Visconde já me baralhou... mas lembro-me de estar em casa dos meus avós (o meu avô adorava o TV Rural) e estar à espera dos desenhos animados...
(olhe parabéns pela sua prodigiosa memória que eu cá não me lembraria da hora dos programas...)
Lamento, Caríssimo, contrariá-lo (eu sei que não gosta), mas era mesmo a Animação do (já saudoso) Vasco Granja, a seguir ao TV Rural. O engenheiro despedia-se "com amizade". O Granja saudava os "amiguinhos" e pespegava-nos com o Lápis Mágico, esse Ex-libris dos desenhos animados do Leste.
Tb tinhamos direito ao Vasco Granja aos dias de semana, salvo erro no segundo canal e já a horas ligeiramente mais tardias que as do Tempo dos Mais Novos, na 1...
( e é verdade, sempre fui muito intelectual para o Espaço 1999. Era tão só um pretexto para ficar acordada até mais tarde...)
Calamity, parece-me que é daquelas raras vezes em que ambos temos razão. Aproveitemos...
O que sugere, Caríssimo?
visconde,
chapeau. lembrou-se de uma série que se me tinha varrido da memória, e com a qual me apaixonei perdidamente pela língua italiana: a flecha negra. nem mais.
(hum. acorrentado por mim? hum. hum.)
Dê-me ideias, Visconde, dê-me ideias...
(encontrou o sitio?)
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