O teu porte majestoso, rasgando trilhos na multidão que se afasta do caminho só para melhor te ver passar.
Altiva, segura, senhora de ti e de cada olhar que desmobilizas na indiferença com o poder da tua presença impossível de ignorar.
Eu limito-me a observar sua alteza, à distância, misturado na improvisada corte mirone que te idolatra sem o admitir. Que te rejeita instintivamente por sentir o desconforto de uma inferioridade instantânea, irreprimível, perante essa aura esmagadora que alardeias consciente do impacto nas plebeias e nos seus embasbacados penduras à tua passagem.
E eu presto vassalagem à tua imponência, ajoelhado na reverência possível perante esse teu corpo palácio onde a minha imaginação faz reinar a emoção num render da guarda fantasiado em que me sonho teu namorado secreto, o teu amante discreto que se esgueira por inconfessáveis alçapões.
Tão furtivo como o olhar com que te espreito, agora mesmo, na vida real.
Iluminado por esse teu brilho que me deslumbra e me cativa como o mais cintilante candelabro de cristal.
Há 3 anos