Este meu ar compostinho não vai durar muito tempo.

Hoje, enquanto conduzia, dei por mim a fazer o que muitas vezes faço - a escrever um post na minha cabeça. Acontece-me muita vez. Anoto-os nos papéis que apanho, dito notas para as miúdas no banco de trás, vou escrevendo postes por aí. E depois aqui. Quando me lembro deles, que estavam todos escritinhos na memória que já lá vai, com título, rodapé e formatação, ou encontro a conta do talho, ou o talão de registo, com as frases cifradas que já não sei que significam.
Hoje parei a meio do post que não chegou a sê-lo.
Era um daqueles em que me viro do avesso e, de repente, lembrei-me que já não estava sozinha. Isto agora era casa onde já não podia passear nua. Nada de postes intimistas, nada de escrever duzentos num dia, que há mais gente a precisar da casa de banho, nada de ser a cabra de serviço, ou a cabrinha, para os tu cá tu lá. Por momentos senti-me perdida, que o recato não é uma das minhas qualidades e ia ser custoso vir aqui e sentir-me limitada.
Depressa percebi que nada disto é possivel. Conheço-me demasiado bem e sei que, passada a cerimónia dos primeiros dias, vou fazer mais um daqueles meus stripes de alma e coração e dar o corpinho ao manifesto.
Não sei se isto é uma promessa ou uma ameaça. Para mim é uma constatação de facto.

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