As saudades que eu não tenho.

(foto daqui)
Apesar de viver no meio do campo hoje, assim que acordei, tive um cheirinho da vida da cidade. A minha filha entrou-me no quarto e disse olha mamã, pisei! Não precisava de dizer o que quer que fosse mais, que eu já tinha violentamente percebido, mas ela lá ia explicando que o cão tinha feito cócó na cozinha e queres ver mamã? também está aqui na minha sapatilha. Pois estava, e estava também nas minhas narinas, a dar-me volta ao estômago, nos tapetes do quarto, ao longo do corredor e na cozinha própriamente dita. Manhã de merda, mas pronto.

Certo é que apesar de não ter ficado nostálgica, dei por mim a pensar na vida da cidade e no que tenho perdido desde que vim para o campo. Cócós de cão nos sapatos vem logo no topo da lista, que por aqui não há passeios e o campo tem largueza suficiente para não termos de andar a jogar à macaca na caca dos cães.
Como uma coisa traz a outra, quase que chorei uma lágrima pelas minhas amigas ratazanas que costumava ver lá de cima do oitavo andar a jantar o lixo da rua, pela emoção que era ter uma espécie de extraterrestres com armas espaciais a entrarem pelas escadas de incêndio do prédio novinho em folha para tratarem da saúde das baratas da cozinha e pelas verdadeiramente artísticas borradelas de pombo no capot do carro acabado de lavar. Coisas de cidade de que nós aqui, no campo, até sentimos falta, mas sabemos que não podemos ter tudo. Afinal temos internet, telefones RDIS, televisão por cabo, salas de cinema ali a dez minutos e com estacionamento grátis, Express Mail para nos entregar as compras à porta e verde que nunca mais acaba.


Não temos uma coisa, que isso nunca vi aqui por casa. Aranhas. Daquelas pretas, gordas, peludas, que me fizeram fugir de todos os apartamentos onde já morei. Não é por nada, que nem entro em pânico embora o possa parecer a quem esteja mais distraído, mas espero que esta moda das cidades de terem as aranhas dentro de casa e não na rua, como por aqui, demore muito tempo a cá chegar, que eu gosto de viver no campo.
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2 comentários:

cereja disse...

Ernestazinha, também, bolas, onde raio é que tu viveste antes de ir para o campo?....
O cocó de cão, sem a menor dúvida. No campo (tenho uma casita de fins de semana no que se pode chamar campo, e sei como é) também há cães mas parece haver muitos menos não sei porquê... Os pombos, também partilho da tua raiva. E há pardais que também salpicam um tanto a lata do carrito, quando estão de diarreia.
Mas lá ratos e ratazanas, nunca vi! As baratas, sim senhora, e já deram origem a alguns desabafos em posts, mas com alguma prevenção, a coisa resume-se aí a uma por ano, sem brigadas de saneamento no prédio.
De resto as aranhas (pequeninas!) isso é que pelo contrário só encontrei na tal minha casa de campo. Por aqui nunca vi nem uma.
Vivemos em cidades diferentes, só pode!

Espera. Esqueci-me de dizer: Viva o Campo! e com sinceridade.

Teresa disse...

Sabes que tenho olho de lince para aranhas, nunca me distraio que elas só estão à espera disso.
Deve ser por essa razão que sou sempre eu a ter encontros com elas e era com cada uma que nem me quero lembrar.
As gajinhas entram pelos tubos das canalizações - por isso aparecem tantas nas banheiras - que eu estudei o assunto para tentar vencer a guerra...