Reescrevam o texto substituindo como quiserem as palavras em bold.
O Manel faz parte da legião dos zangados, a qual vive com a certeza de que alguma coisa no seu quotidiano está completamente errada. Mas que será? O sentimento de confusão e insegurança aumenta com o declínio cognitivo, a ansiedade torna-se angústia, desespero. Algo está errado, e alguém tem culpa, mas nunca os zangados. Claro. A zanga só é possível num estado de narcisismo e projecção, não em abertura e renovo. A intensidade deste rancor justiceiro é a exacta medida da sua impotência política. O verbo solta-se cristalizado, lancinante, e substitui a acção. Aparecem as matrizes do social, os emblemas do poder, as forças coercivas a prometer a salvação. Quando o seu mundo parece ruir, os zangados acabam invariavelmente a chamar pela tropa. A tropa-fandanga.
Obrigada, Valupi.
Passatempo Dominical.
Onde se lê Obama escrevam o que quiserem.
Estou para fazer este copy/paste desde manhã, quando li este artigo do Nuno Brederode Santos no DN. Sai agora, um pouco em jeito de comentário ao post a seguir.
(...) falando agoiros em nome da prudência, com caras soturnas e olhar sombrio. É deprimente a militância no cinzento. É a recusa do encanto em nome de qualquer desencanto que aí venha. É a recusa dos afectos porque amanhã estaremos todos mortos. Nós sabemos que os valores iluminam o sentido da História e os interesses fazem a gestão do cruzeiro da vida. Mas os valores libertam muitos condenados e assustam muitos carcereiros. Devemos-lhes a literatura, a música, a pintura. Já os interesses, esses, são contas em papel pardo, sem as quais o merceeiro não nos fia. Depende deles o nosso dia. Nós sabemos. E creio que Obama, o "menino magricela com um nome esquisito", saberá que quase sempre os valores desaguam nos interesses e dissolvem-se neles. Mas, que raio!, isto avança por marés. Sigamos esta por agora. Se e quando esmorecer e sobrevier o desencanto, pois também esse é finito e precário - como nós e como o encanto que ele matou. Mas então sobrevirá outra maré alta de valores, trazida por outro alguém que ousou e que subirá um pouco mais no areal dos interesses.
Nuno Brederode Santos, DN, 9Nov08